domingo, abril 30, 2006

FOI BONITA

Marcus Ottoni



O poeta Cefas Carvalho lança na Livraria Siciliano, do Midway Mall, na próxima quinta-feira, 4 de Maio, a partir das 19:00h, o seu terceiro livro: Reinvenções.

Retrovisor

Também na quinta-feira, às 21:00h, no Veleiros Restaurante - Ponta Negra: Khrystal.
Quem não viu o show anterior do Retrovisor, não deve perder esse de jeito nenhum.
Muito rock. Ritmo.
Khrystal não perdoa, não economiza, ataca, beija, alisa...comunica!
Vai perder?????

Valeria Oliveira



“Não podemos permitir que em cada Estado prevaleça só a vontade do Estado. Se pode prevalecer, então não venham me dizer que a prioridade é o projeto nacional.”
Lula, ontem, no 13º Encontro Nacional do PT

Acervo Ceiça de Lima

À esquerda: Ceiça, João da Rua, Carlos Bem, Falves Silva e João Gothardo. À direita: Volontê, Luciano de Almeida e Severino Ramos.
Bar de Pedrinho, meados dos anos 90.

NAS ADJACÊNCIAS DO BECO

Acordei cedinho e, enquanto fazia o chimarrão, meu pensamento, acostumado a falar consigo mesmo, escapou, tomando voz: “...a eleição da SAMBA foi ontem...”, ele disse. Quando me dei conta, olhei para os lados e senti um alívio, pois pensei no quanto estranho soaria isso caso alguém aqui de casa – não muito familiarizado com o mundo virtual -, resolvesse perguntar. Até que eu explicasse... ihhh, ia demorar.

- Samba?!

- Ah, sim – eu diria.

E aí viria uma dissertação sobre o Beco da Lama, os intelectuais de Natal, os textos, as pinturas, as poesias, a luta pela valorização da cultura por puro amor, etc. e eu me lembraria de mais coisas que andei lendo...

E porque eu haveria de estar me importando com um movimento/grupo, sei lá o quê, lááááá do Rio Grande do Norte? E, pra isso, qualquer tentativa de explicar iria exigir um imenso esforço e tempo.

- Sabe? Um dia um poeta me enviou um endereço para olhar um poema seu publicado no almadobeco e eu vi uma crônica do Cid Augusto.

- Pára, pára... um poeta? Cid?

- Ahhh, não me atrapalha, deixa eu continuar. Pois então, vi a crônica do Cid, escrevi pra ele, que entregou um poema meu pra publicar no jornal O Mossoroense, de Mossoró, e depois outro que mandei também.

- Mossoroense? Lá de cima também? Um jornal de lá de cima? Poemas seus?

- É..., sim, por quê? Não pode? Eu não sou bairrista.

E antes que me respondessem eu continuaria:

- E acessando O Mossoroense e o almadobeco fiquei fã do grupo e entrei na comunidade do Beco da Lama no orkut, cujo dono é o Dunga.

- Dunga?! No or... o quê?

- ...kut. Orkut. É, Dunga. Na verdade o nome dele é Eduardo Alexandre, Dunga é apelido.

- E o que tem esse Dunga a ver com essa história enrolada?

- Também, você não me deixa falar... Ele, o Dunga, é o presidente da SAMBA, pelo menos, até ontem, era. O Dunga viu meu nome na comunidade dele e visitou meu perfil pra saber quem eu era, eu soube que ele me visitou porque ficou registrado no meu orkut. Escrevi pra ele, que visitou o meu blog e me convidou pra fazer parte da SAMBA.

- Te convidou pro samba? Visitou teu perfil aonde? Que raio é isso de blog?

- Não. Não é O samba, é A SAMBA – Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências.

- Te convidou pra fazer parte? Mas adjacência... adjacência não é...

- É, sim... O dicionário diz que adjacência quer dizer “proximidade, vizinhança”.

- E, desde quando, Erechim é adjacência de um Beco lá de Natal?

- Ai meu deuzinho do céu! Eu não vou começar tudo de novo... Blog, Beco, Orkut, SAMBA, perfil, comunidade, Mossoró... Explicar que estou adjacente por freqüentar os mesmos autores e textos...
...
Ufa!!!
Ainda bem que não havia ninguém por perto pra começar essa polêmica. Mas ela virá, eu sei. Ai, ai.

Neide de Camargo Dorneles




DUAS CRÔNICAS DE LÉO SODRÉ

Monólogo acontecido hoje, numa certa casa às margens
do Açude Gargalheiras:

O cabeludo balançava-se preguiçosamente. O único esforço era para pegar o copo de cerveja num tamborete, vez por outra. Ao seu redor, Tatá, Dimas e Dudé. A tarde estava indo embora, junto com alguns pingos de chuva. Ele começou:

- Eu não podia ir. Penso como Assis Chateubriant: somente se deve fazer comício duas vezes no mesmo local. Quando ele foi candidato a senador pela Paraíba, somente foi lá duas vezes, e ganhou! Então, para que ir ao Beco? Besteira. Alex está por lá e irá garantir a nossa esmagadora vitória. Chegarei nos braços dos bêbados, quero dizer, do povo. Além do quê, essa chuva pode ir embora de uma vez e pintar uma foto premiada. Pra quê ir? Tenho bem umas dez cervejas, as meninas estão quase
chegando, o chá de Mororó está quase no ponto e ainda por cima vou economizar 84 reais de passagem, sem falar nas esmolas que tenho de dar lá em Nazaré e na conta, que não sai por menos de trinta e cinco reais. E o táxi para ir para Ponta Negra? Mais umas 40 pilas! Vou nada! Alex que tome conta. E, cá entre nós, ele vai dar um show. Depois eu chego, serelepe, bem vestido, somente para tomar posse. Vige, a
chuva chegou de novo. Pega ali um umbu, Tatá, que eu vou é tomar uma de cana. Que chiado é esse? É o rádio? Tem alguma notícia nova?

- Você perdeu... - emendou Dudé.

LeoSodré




Sorriu chorando

Por Leonardo Sodré
leosodre@omossoroense.com.br

Eduardo Alexandre (Dunga), só dorme de rede. Faz tempo que o seu quarto foi tomado por quadros, painéis e tintas e não há mais espaço para uma cama. O guarda-roupa não existe. Suas roupas são guardadas por três cadeiras quebradas. Numa delas, coloca as camisas de tecido, vestindo o espaldar. Noutra, coloca as camisas de malha, sobre o assento, e na outra as calças. Quase não veste bermudas. Num canto, perto da porta, uns dois sapatos herdados e um par de havaianas. Equilibrado numa quina de lata de acrílico, uma carteira de cigarros Free, um isqueiro e uma caixa de fósforos, onde guarda o segredo mais conhecido da casa e da cidade.

Como dorme em rede, dificilmente olha para cima. Sempre está de lado. Mas, hoje, diferentemente dos outros dias, ajeitou-se para olhar o teto. Estava vestido como no Sábado anterior. Será que vim no meu carro? Quem me trouxe? Terá sido Chagas? Osvaldo? Na verdade, queria ver o céu. Estava escuro de chuva e o quarto, meio na penumbra, não tinha nenhuma brechinha de luz.

Ele queria ver claridade. Começou a pensar nos últimos três anos, desde quando assumiu a diretoria executiva da SAMBA (Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências) numa aclamação providenciada por ele mesmo no Bar de Pedrinho Abech, que agora é ator dramático e jogador profissional de baralho. Esboçou um sorriso de satisfação, quando se lembrou do que havia feito pela entidade. Tantos eventos!

Semicerrou os olhos quando pensou na influência cultural que a SAMBA exerce hoje junto aos gestores municipais e estaduais da cultura. Lágrimas desceram lentamente. Teimavam em descer. Como se quisessem perpetuar suas lembranças. Ele as sentiu na boca. Não tinham sabor, como se fosse água. Água Benta de Padre Lucas. Sorriu chorando. Pensou depois nas centenas de artistas que trabalharam no Carnaval do Centro Histórico e que ainda não haviam recebido seus pagamentos.

Chorou de novo, impotente. Queria ter resolvido a questão antes de entregar o cargo ao professor Bira, mas não havia conseguido. Ah! Se eu tivesse dinheiro, pagava a todo mundo, como já fiz com aquele músico que queria me agredir, e depois recebia. Mas não tinha dinheiro. Saíra mais pobre do que entrara na entidade. Finalmente, uma luz entrou por algumas frestas de telhas mal colocadas.

Viu alguns papéis. Umas tantas poesias. Livros que nunca publicou. Fotos desarrumadas. Cartazes. Lembranças. Apenas maneava a cabeça. Não fazia esforço. Depois de horas resolveu se levantar. Tomou banho, trocou de roupa e vestiu vaidoso a camiseta do Pratodomundo. Tomou café e pensou: Vou já fazer uma Galeria do Povo!

Já tinha dado a volta por cima – no caminho passo no Beco somente para sentir o ambiente, sem ninguém -, e numa mesa improvisada, onde dormia o seu papagaio, que era viciado em poesia, pegou pregos, martelos, poesias, quadros e se dirigiu ao portão. Quando abriu, havia um homem que pretendia deixar uma correspondência. Ele foi logo perguntando: “O senhor é o dono da casa?” Eu? - respondeu ele -, eu não! Eu, meu amigo, sou apenas:

O bobo da corte.
O perambulador.
O menino vadio...
Que sorri da vida...
Que sorri da sorte...
Que zomba da morte...
Eu sou! *

* Poesia de Eduardo Alexandre (Dunga), numa versão do autor do texto.




Canto de jardim
Foto: Orf

“Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente”

Chico Buarque de Holanda

Tomo como epígrafe os versos de Chico Buarque, para dizer do meu contentamento com a festa presenciada e vivenciada por um grande número de pessoas que foram ontem ao Beco da Lama para escolher a nova diretoria da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências, a Samba. Cem pessoas deixaram seus votos na urna, num pleito bem dirigido e organizado pelo poeta Plínio Sanderson.
Ganhou a chapa Beco Vivo, representada pelo professor Bira, com 72 votos. Uma vitória incontestável.

“Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar.”


E tomo novamente versos de Chico para lembrar o quanto ainda há a fazer.

Terminamos uma gestão que consolidou a Samba como entidade cultural ativa e atuante e isso é preciso manter.

Tenho esperanças na gestão que inicia e, mais que isso, confiança quanto à realização de um bom trabalho.

O clima fraterno em que transcorreu o antes e o durante, também o depois, da eleição é sintoma de um grande bem-querer existente. É desse bem-querer que se obtém o sucesso alcançado. E é essa a chama que passa agora a ser empunhada pela nova diretoria eleita e que assume no próximo 13 de Maio, quando da realização da primeira eliminatória do I MPBeco.

Parabéns aos professores Bira e Alexandro pela saudável disputa travada. E parabéns a todos os que fizeram dessa eleição o exemplo que deixará.

A partir da posse, novos sonhos se materializarão.

Dunga



AUTO RETRATO

Observo mais
Do que Vivo
Invisto menos
Do que preciso
Para ter sentido

Vivo
Respiro
Atiro
Morro
E falo mais do que escrevo
Sou assim a esmo
Aos outros atento
Muito mais que a mim mesmo
Sou um espelho
Uma imagem convertida
Em várias imaginações
Um homem da vida
Um mirante que vê a vida
Cego de alucinações
Nem por isso
Sou mais ou menos
Talvez apenas
Um ser normal
Um parecer ameno
Ou só mais um ancestral
Mas sou um filho da rima
Uma criança que brinca
De ser adulto nos trilhos

Observo
Vivo
Respiro
Atiro
Falo
Escrevo
E morro há anos
Eu sou um perigo
Uma fantasia
Desde o dia
Em que descobri ser humano

Mário Henrique Araújo



Testemunha

Nos idos anos 70, quando as vítimas da prostituição geralmente eram mulheres muito pobres e de pouca beleza ou nenhuma, que vendiam os corpos para sobreviver ou alimentar os filhos de pais que não assumiam, e que as mesmas não tinham amparo nenhum da lei ou do poder governamental, Severina Branca, uma das pioneiras da prostituição em São José do Egito (Pe), ao passar pela barbearia de Zé Rocha encontrou dois poetas repentistas improvisando versos numa cantoria de pé de parede. Severina Branca parou e ficou encostada ouvindo os vates na peleja da viola. No intervalo de um baião de viola, alguém olhou pra Severina Branca e disse: "Severina, diga um mote pra os poetas improvisarem". Severina Branca pensou um instante e disse um mote que hoje está imortalizado dentro do universo da poesia nordestina. O mote foi "O silêncio da noite é quem tem sido/Testemunha das minhas amarguras". Os poetas improvisaram belos versos. Quando terminou a cantoria, Severina Branca se dirigiu para seu pequeno quarto/casa e fez algumas estrofes que infelizmente eu não as tenho. No transcorrer dos anos, muita gente fez decassílabos em cima dos motes de Severina Branca. Hoje, depois de muitos anos, foi que a inspiração veio à tona e eu fiz alguns decassílabos usando o mote da poetisa marginal.

O silêncio da noite é quem tem sido
Testemunha das minhas amarguras

Mergulhei nos abismos infernais
Que nem Dante deu passos com Virgílio
Na Procura de achar algum auxílio
Eu sofri nos subúrbios marginais.
Vi o ocaso nas horas matinais
Entre os braços de estranhas criaturas
Que me abraçavam nas horas escuras
Pra sugar do meu corpo um gemido
O silêncio da noite é quem tem sido
Testemunha das minhas amarguras.

Troquei beijos com bocas amargosas
Sob as luzes de um velho candeeiro
E senti de alguns corpos podre cheiro
Entre as névoas de noites vaporosas.
Hoje as marcas das dores horrorosas
São sinais dos momentos de loucuras
Machucando minh'alma com torturas
E deixando o meu ser enlouquecido
O silêncio da noite é quem tem sido
Testemunha das minhas amarguras.

Inda sinto o tremor das mãos sujas
Afagando o meu corpo pecador
Ao invés do prazer sentia dor
E no meu peito a voz dizendo fujas.
Entre as brechas das telhas as corujas
Agouravam as minhas desventuras
Eu gritava pra Deus lá nas alturas
Leve logo este ser que é tão sofrido
O silêncio da noite é quem tem sido
Testemunha das minhas amarguras.

Quantos homens chegavam embriagados
Dando chutes na porta como loucos
Os gentis para mim foram tão poucos
Eram seres tristonhos, reservados.
Eu perdi a noção dos meus pecados
Pela fome com facas de perjuras
Que cortava minha alma com agruras
E sangrava o meu peito já ferido
O silêncio da noite é quem tem sido
Testemunha das minhas desventuras.

Sobre a cama meu corpo se tremia
De fraqueza, de fome e de sede;
Noutro canto meu filho numa rede
Quem olhasse pensava que dormia.
Mas a fome causava-lhe agonia
Lhe roubando fagulhas de venturas
Eram cenas cruéis de vidas duras
Condenadas num mundo corrompido
O silêncio da noite é quem tem sido
Testemunha das minhas amarguras.

Hoje eu vivo jogada ao relento
Sem um teto sequer para dormir
O passado, o presente e o porvir,
Me jogaram no duro calçamento
Condenada num frio isolamento
O meu corpo só tem as ossaturas
Pra os insetos fazerem aventuras
Ferroando o que já foi consumido
O silêncio da noite é quem tem sido
Testemunha das minhas amarguras.

Gilmar Leite




Doce coração de símio

Em 26 de outubro de 1984, o Dr. Leonard L Bailey transplantou o coração de um babuíno para o peito de uma criança.
A notícia correu mundo rapidamente, como rapidamente o assunto chegou ao esquecimento, depois que, no dia seguinte, a criança, chamada pelos médicos de Baby Fae, veio a falecer.
Na época, o movimento cultural, para nós, girava em torno do então Centro de Cultura (onde hoje funciona o Memorial Câmara Cascudo) e o Mintchura, bar comandado pelo jornalista Miranda Sá, nos fundos daquele prédio.
A ousadia do Dr. Bailey foi uma esperança para a humanidade e a morte de Baby Fae comoveu o mundo.
Quando soube da notícia do falecimento da criança, o poeta João (da Rua) de Morais escreveu um poema:

“Baby Fae
Doce coração
de Símio
Quem sabe
da próxima vez
Você dá certo?”
(João da Rua)

Eduardo Alexandre

por Alma do Beco | 8:24 AM | | Ou aqui: 0




sábado, abril 29, 2006

DIA DE ELEIÇÃO NO BECO

Marcus Ottoni


"Se agradei a todos, não tomei posição."
Barbinha, o filósofo do Beco

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esse ato, esse instante — essa arte?

esse ato, esse instante — essa arte? — esse
amargo da palavra fim.
como se você passasse e eu não visse: dói.
é como ouvir acordes compartilhados
nunca mais unidos. inverno e verão,
onde era: inverno ou verão: (os dois, juntos.)
era essa coisa de qualquer coisa haver de ser compartilhada.
aquele rito, aquele ensaio, aquela sina, aquela rotina
querida e esperada. aquelas manhãs e tardes.
aquela espera sabendo do encontro.
aquela certeza que sofria nas esperas.
(aqueles surtos. aquela — com licença da palavra — vida.)
era isso que ora me diz: é.
é essa coisa de suspenso de ruptura de final que diz início.
é esse instante — a certeza? dói. — de não mais início.

Antoniel Campos


SAMBA ESCOLHE HOJE NOVA DIRETORIA

Quem ‘paga’ a conta no Beco da Lama?
Votação é hoje
29/04/2006 - Tribuna do Norte

Prof. Bira, Dunga e Alex
A boemia natalense decide hoje quem paga a conta no Beco da Lama pelos próximos três anos. A partir das 10h, o professor universitário Ubiratan Lemos pela chapa “Beco Vivo” e o jornalista Alex Gurgel representando o grupo “Sempre Samba”, disputam a direção da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacência (Samba) na primeira eleição direta da entidade, que desde 1994 tomou as rédeas da cultura do centro da cidade.

Os 322 sócios da Samba terão até às 17h para escolher entre os dois candidatos. O pleito ocorre no bar Quatro Cantos (antigo bar do Nazi) em ritmo de festa com direito a apresentação de artistas potiguares.

O presidente da comissão eleitoral, Plínio Sanderson, conta que as chapas tentam convencer os eleitores há dois meses na base do boca-a-boca ou através de um grupo virtual na internet. “Está muito acirrada. A eleição vai ser no clima de showmício porque cada candidato vai trazer seus artistas”, disse.

Para ele, a Samba se confunde hoje com a cultura do centro histórico por conta dos eventos recentes criados pela atual gestão, como o primeiro festival de gastronomia do beco (Pratodomundo), o carnaval e o reveillon. “O beco é o epicentro das atividades culturais de Natal. A Samba conseguiu formar uma bancada do Beco na Câmara dos Vereadores que consegiu colocar no orçamento R$ 300 mil para a revitalização do Beco.

Os candidatos têm o mesmo discurso. A idéia é continuar no mesmo passo da gestão atual.

O professor universitário Ubiratan Lemos quer iniciar um projeto social do beco, da mesma forma que, hoje, a cultura é valorizada. “Temos um projeto chamado “Dê uma hora ao beco”, onde vamos incentivar que sempre uma hora antes da comunidade vir brincar, tomar sua cerveja, venha prestar um serviço social aos jovens e meninos de rua que moram hoje no beco. É uma outra realidade que merece atenção. Além disso, queremos ampliar o calendário de eventos organizado pela atual gestão”, disse.

Já o jornalista Alex Gurgel apresenta como prato principal de propostas a criação de um jornal já batizado de Almanaque do Beco, o primeiro arraial do centro histórico (Forrobeco), além de um festival de poesia declamada com a instituição do prêmio Jorge Fernandes de poesia. “Vamos dar continuidade ao que Eduardo Alexandre (Dunga) vinha fazendo. O beco é o centro vivo, a raiz da cultura”, disse.

Para ele, a vitória é certa. Mas deve ser apertada. “Acho que metade do pessoal que pode votar vai comparecer”, disse.

por Alma do Beco | 8:18 AM | | Ou aqui: 0




sexta-feira, abril 28, 2006

ALMA SERTANEJA

Marcus Ottoni



“Até o dia da eleição vai valer tudo no império do populismo.”
Woden Madruga, na Tribuna do Norte de hoje

"O comportamento indecoroso de alguns agentes públicos expôs ao desgaste as instituições do Estado, aprofundando o descrédito que já o fragiliza perante a sociedade."
Roberto Busato, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, na posse da ministra Ellen Gracie na presidência do Supremo Tribunal Federal


Acervo Ceiça de Lima
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60 SEGUNDOS

Quando os quês
Forem definidos
Quando os porquês
Forem respondidos
Quando os quandos
Forem sincronizados
Quandos os comos
Forem solucionados
Quando os aondes
Forem selecionados
Quando os quantos
Forem mesuráveis
Quando os se
Forem eliminados
A história
Será recontada…

Deborah Milgram




Caboclo nordestino

O poeta cantador Zé Marcolino foi pra mim uma espécie de iniciação musical; não como professor de música, mas, foi através das suas composições, que eu dei os primeiros passos como ouvinte das coisas belas que compõem a alma sertaneja em termos de identidade musical. Ainda me lembro no bar de João Macambira( atrás da minha casa), em São José doEgito, ele, com sua voz grave, tendo como instrumento musical uma caixa de fósforo e cantando composições inéditas e os grandes clássicos que foram gravados na voz de Luiz Gonzaga. Nesse tempo não existia essa massificação banal de músicas(se é que se pode chamar de música) vazias, agressivas, que tocam de maneira ditatorial nos principais meios de comunicação do Brasil. Era uma época onde o banal quase não existia, e a juventude tinha a oportunidade de conhecer e escolher o que mais lhe agradava, e geralmente eram coisas boas. Foi ouvindo suas músicas, ora cantadas por ele, ora cantadas por intérpretes como Luiz Gonzaga, Flávio José, Santana, Maciel Melo, Dominguinhos, Irah Caldeira, Xangai, Vital Farias, Socorro Lira, Quinteto Violado e demais cantores, que uma saudade bateu, fazendo-me lembrar daqueles dias de boemias, às margens do Pajeú, em São José do Egito(Pe). Por isso como gratidão por aqueles tempos fiz um singelo poema em memória ao poeta cantador, filho do Cariri paraibano.
Saudade de Marcolino

Marcolino, poeta cantador,
A "cacimba" secou de tanto pranto
O "carão" não escuta o teu canto
"Sabiá" padeceu de tanta dor.
O "ciúme da lua" se acabou
Hoje vives morando perto dela
Desenhando teu canto numa tela
Seduzindo-a com tua serenata
Despertando seu riso cor de prata
Num desenho de linda aquarela.

O "serrote agudo" está tristonho
Não por falta das grandes vaquejadas
Mas por falta das notas delicadas
Dos acordes mostrando a lenda em sonhos
Só os vates de cima estão risonhos
O teu canto é a "saudade imprudente"
Que machuca o sertão que há na gente
Como o pranto na "mágoa de um vaqueiro"
Que tristonho, num banco do terreiro,
Faz aboios saudosos e dolente.

Oh! Poeta "caboclo nordestino"
As caboclas "cintura de abelha"
Soltam prantos em forma de centelha
Com saudades do canto campesino.
A "cantiga do vem-vem" pequenino
Sobre os galhos da "flor do cumaru"
Faz sentir Cariri e o Pajeú
A saudade das noites de São Joã
Ou as tardes tristonhas do sertão
Entre os cantos dolentes do nambu.

Hoje já não se faz a mesma dança
Nicodemos partiu pra outros cantos
Não se encontram mais os mesmos recantos
Duma "sala de reboco" com pujança.
A saudade dos "tempos de criança"
A "rolinha" com passos delicados
Um poeta com sonhos encantados
Numa "estrada" pisando no destino
Pra partir nos deixando um lindo hino
Através dos seus cantos coroados.

Gilmar Leite



Breves recordações de um tempo meu

Depois que fui exonerado da Fundação José Augusto por ser "o marajá da cultura do Rio Grande do Norte", passei 10 anos distante do movimento cultural da cidade.

Fui criar meus filhos, que, à época da exoneração, estavam com 4, 5 anos de idade, respectivamente, ainda em fase pré-escolar. 10 anos dedicados ao ensino particular, na matemática, português, inglês, história, geografia, o que viesse, depois de 10 anos inteiros dedicados ao movimento cultural da cidade - Galeria do Povo, Festivais do Forte, Dias da Poesia, Passeios Poéticos, Bar Verso & Prosa e outros.

Não sei o que levou alguém a pensar o que pensou, até porque, até hoje, nunca tive dinheiro na minha vida e o que eu ganhava da FJA dava somente para pagar o aluguel de uma casa de conjunto na Cidade Satélite, sem nenhum luxo e sem nenhum diferencial das demais.

Depois de me recuperar do trauma, mantive uma escolinha de reforço escolar - no batente pela manhã e à tarde, e, à noite, até às 10 horas, fazendo o Mural Escolar, tipo Galeria do Povo, na E.E. Sebastião Fernandes de Oliveira.

Até que, um belo dia, um amigo me convida a uma ida ao centro da cidade, para uma cerveja, onde nos deparamos com uma espelunca que era estacionamento de veículos e que também vendia geladas.

Daí, fiquei freguês. Quando acabava o expediente na Sebastião, passei a ir ao 664 - Meia Meia Quatro, como era chamado o espaço.

Foi a minha volta ao movimento cultural, já que, apesar do mural na E.E. Winston Churchill e, depois, na Sebastião, mantinha-me isolado do coletivo artístico para não voltar a me contaminar e permanecer 'nesse mundo sem futuro', sem grana e sem perspectiva como é aqui em Natal o destino de quem se mete a besta no ramo.

O Meia Meia Quatro era um bar sui gêneres, ali na Gonçalves Ledo, onde passei a conviver diariamente com seus proprietários, Paulinho e Bigode, e reencontrar gente das artes plásticas, poesia, jornalismo, amigos que eu havia deixado para trás na convivência.

Um desses grandes amigos era Ângelo Demoulins Tavares, o Jotó, que, diferentemente de hoje, 'bebia, jogava e era perdido por mulher'.

Jotó era o meu parceiro de cerveja e, dizia o doutor Bigode, advogado cearense, aqui se valendo do boteco para sobreviver, depois de uma fugida de um casamento frustrado por Fortaleza, que mantínhamos, eu e Jotó, uma conta conjunta, já que o velho não pagava praticamente nada, deixando por minha conta, na maioria das vezes, os pagamentos das despesas. Coisa pouca, de três, quatro cervejas, quando muito, pois cedo a escolinha me esperava para as aulas da manhã.

Por esta época, reencontrei o velho amigo doutor Zizinho, que me levou para a direção da CUT, a gloriosa (à época) Central Única dos Trabalhadores, cuja sede ficava e ainda está ali na Rio Branco, próxima ao Banco do Brasil.

Quase defronte ao Meia Meia Quatro, outra espelunca funcionava: era o Bar de Pedrinho, o preferido de Zizinho.

Ele era presidente da CUT/RN e tinha um sonho, além dos devaneios políticos, que era criar uma Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências, esse adjacências providencialmente 'arranjado' por Volontê, para dar preciosidade à sigla - SAMBA.

O movimento cultural no pedaço cresceu.

Vieram as festas no Meia Meia Quatro e o movimento no centro da cidade tomou novo fôlego com novas adesões e muita festa.

Logo depois de fundada oficialmente a Samba, sem ter uma coisa a ver com outra, o Meia Meia Quatro entrou em decadência e os seus donos resolveram partir para outros negócios, enquanto Pedro Abech fazia uma boa reforma na espelunca de então, montando um bar que se tornou célebre por reunir, a partir do happy hour, uma boa moçada ligada às artes, tornando-se um ponto de convergência sempre em ebulição, especialmente no campo da música, fazendo surgir vários nomes para os palcos da cidade. Entre esses, Khrystal e Donizete Lima.

Do Meia Meia Quatro têm-se muitas estórias e muitas saudades. Prometo contar algumas delas mais tarde, aqui neste espaço.

Por enquanto, escrevo este não acabado pedaço de crônica, apenas para resgatar a foto que me chegou hoje a noite, de Ceiça de Lima, nossa diretora adjunta da Samba nas suas duas primeiras gestões.

Obrigado pelas boas lembranças que a foto traz, dona Ceiça.

Eduardo Alexandre

por Alma do Beco | 6:49 AM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, abril 27, 2006

NOVA PRESENÇA

Marcus Ottoni


“Desafio o Ministério Público ou qualquer pessoa que tente provar meu envolvimento com essa sujeira toda. Volto a dizer que não tenho nada com essa nojeira.”
François Silvestre de Alencar, ex-presidente da Fundação José Augusto, sobre o ‘Foliaduto’

Acervo de Ceiça de Lima
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Laia, Ivanizio Ramos, Ceiça de Lima


AFIRMO

Sou ameaça nefasta
Sou a verdadeira farsa
Meia palavra não me basta
A indiferença me afasta
Velho silêncio me engasga
Nao pertenço a sua casta
Vidas alinhadas entre
Exclamações,
Suspiros
Cruéis aspas…

Deborah Milgram



Encíclica Divina

Pois é...

O termo “realidade virtual” pode até soar ainda um pouco estranho, considerando o significado das palavras isoladas. No entanto, definitivamente entrou para o nosso vocabulário, uma vez que se tornou legítimo e passou a fazer inteiro sentido, nestes tempos de internautas em que navegamos em outros mares/ares.

Penso, também, que por causa da inserção de nossas vidas nessa nova realidade, em meio a novas formas de comunicação, novas palavras (inventou-se até outro jeito de escrever: naum, blz, kkk...), novas formas de se relacionar, fazer amizade, de comprar e vender, e uma infinidade de coisas, deve ter havido algumas inovações no astral... É, sim. Pois que se um universo tão grande foi inaugurado, há que se fazer, necessariamente algumas alterações. Tudo precisou ser adequado. E vai daí, que deve ter sido incluída uma nova categoria de anjos: os “Anjos Virtuais”.

Esses anjos, alguns encarregados de proteger pessoas (mas só as boazinhas, como eu!) de se meterem em alguma encrenca; outros de aproximar pessoas por afinidades; outros de promover encontros (seriam cupidos virtuais que lançariam suas flechas a partir do clic do mouse?!); outros, ainda, de fazer menos sós os solitários, menos infeliz aos infelizes...

Acho que tudo andava de uma certa forma tão difícil e as pessoas haviam se distanciado tanto geográfica, social, afetiva e psicologicamente, ensimesmando-se cada vez mais, que foi necessário uma última cartada do Criador, fazendo acontecer alguns milagres através da tecnologia. E tendo reunido todo os seu exército celestial, fez retumbar a sua própria voz na leitura de um Decreto que escreveu de próprio punho, “urbi et orbi”, para surpresa de todos.

Eis aqui alguns dos artigos da Encíclica Divina, tida como uma das mais importantes dos últimos tempos:

Art. 1° - Desfaçam-se todas as distâncias.
Parágrafo único: que nem oceanos, nem desertos, nem florestas, nem montanhas - muito menos regiões de um mesmo país -, sejam empecilhos e separem as pessoas que EU determino que se encontrem.

Art. 2º - Estejam a postos todos os anjos recém nomeados, da Categoria Virtual, cuja atuação deverá ser ininterrupta, por causa de muitos fatores, como o fuso horário e, também, porque os malucos internautas não têm hora para dormir, nem para acordar, nem para nada (- E isso nem EU consegui disciplinar! - teria dito baixinho a um de seus assessores mais próximos, que balançou a cabeça num gesto de compreensão). Dessa forma haverá plantão permanente.

Art. 3° - Protejam-se os ingênuos, mas não os tolos (vide Lei do Livre Arbítrio).

Art. 4° - Que as pessoas possam saber que não são as únicas no mundo e possam partilhar suas inquietações em tempo real, com amigos que podem vir ou não a conhecerem pessoalmente, mas que isso tenha uma importância secundária.

Art. 5° - Que haja uma nova concepção da palavra PRESENÇA. Pois que pessoas que estiverem a longas distâncias poderão estar mais presentes na vida umas das outras, do que muitas que se encontram a poucos metros ou centímetros.

E assim por diante.

E diabinhos virtuais?

Ah, certamente devem estar organizados... Mas esses... Sei lá... Talvez seja muito mais difícil que tenhamos acesso às atribuições que lhes são repassadas a todo instante, através de Ordem de Serviço. Sabe-se, porém, que andam sem descanso.

Quem viver, verá.

Neide de Camargo Dorneles

por Alma do Beco | 10:39 AM | | Ou aqui: 0




terça-feira, abril 25, 2006

OUTRO TANTO

Marcus Ottoni



"Não vamos aceitar isso pacificamente. Não seremos meros expectadores de ações golpistas, udenistas ou qualquer nome que se queira dar."
João Felício, presidente da Central Única dos Trabalhadores, sobre a eventualidade de pedido de impedimento do presidente Lula

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Breves recordações de um tempo meu

Depois que fui exonerado da Fundação José Augusto por ser "o marajá da cultura do Rio Grande do Norte", passei 10 anos distante do movimento cultural da cidade.

Fui criar meus filhos, que, à época da exoneração, estavam com 4, 5 anos de idade, respectivamente, ainda em fase pré-escolar. 10 anos dedicados ao ensino particular, na matemática, português, inglês, história, geografia, o que viesse, depois de 10 anos inteiros dedicados ao movimento cultural da cidade - Galeria do Povo, Festivais do Forte, Dias da Poesia, Passeios Poéticos, Bar Verso & Prosa e outros.

Não sei o que levou alguém a pensar o que pensou, até porque, até hoje, nunca tive dinheiro na minha vida (...)

Eduardo Alexandre

Mais, no:
http://eduardoalexandre.blogspot.com/




De Valéria Oliveira, felicidade de amizade e gente, recebi o e-mail abaixo:

Luiz Gadelha
no "Retrovisor"

Dia 27/04, quinta-feira, às 21:00hs, no Veleiros Restaurante, Ponta Negra
Informações: 3236 4532
Cantando samba esse menino vai longe.
Um misto de leveza e grito.
Um show diferente que vale a pena ser assistido.
Venham e conheçam um pouco das composições de Luiz.
Confiram no nosso blog as fotos dos shows anteriores, além de ouvir algumas das músicas que estão sendo divulgadas durante os mesmos.

http://www.projetoretrovisor.weblogger.terra.com.br/index.htm



Prezados Confrades e Confreiras,

A livraria Bortolai - situada na Afonso Pena, Tirol - está expondo belíssimos quadros de destacados artistas potiguares. São obras de Leonardo Sodré, Eduardo Alexandre (Dunga), Serrão, Valderedo, Ricardo Tinôco, Nilson Morais e Adriano França.
Visitem e prestigiem o artista potiguar.

Cordialmente

José Correia Torres Neto
Telefone: 84-8832.9261




MPBECO JÁ TEM AS 20 MÚSICAS CLASSIFICADAS PARA AS ELIMINATÓRIAS

A Produção do I MPBeco - Festival de Música do Beco da Lama anuncia que foi encerrada a 1ª etapa do festival, com a escolha, pela Comissão, das 20 músicas classificadas para as duas próximas etapas que vão se realizar nos dias 13 e 20 de maio.

Outra Comissão julgará 10 músicas para a final, que será no dia 27 de maio.

As músicas Classificadas foram:

01. Sonho de Palhaço - Genildo Mateus
02. Côco Existencial - Jorge Negão
03. 10 Cent's - Jorge Negão
04. Pra Desopilar - Henrique Pacheco/Marco Cornejo
05. Folguedos - Khrystal/Tertuliano Aires/Nelson Freire
06. Volta - Khrystal/Simona Talma
07. Natália - Tertuliano Aires/Nagério
08. Cultura - Nêguedmundo
09. Quatro Doses - Léo Ventura
10. Seu Lugar - Valéria Oliveira
11. Santa TPM - Franklin Novaes
12. O Exterminador de Sentimentos - Romildo Soares/Lupe Albano
13. A Filha da Lua - Yrhan Barreto
14. Cordel da Morte da Amada - Yrhan Barreto
15. Anglicana - Yrhan Barreto
16. Água de Moringa - Hardy Guedes
17. Afaga-me - Angela Castro
18. Ninguém Merece - Marcondes Brasil
19. Tarde - Tertuliano Aires/Nagério
20. Jesuíno - Zé Fontes/Tertuliano Aires

Para maiores informações
Dorian Lima - 9416.8016 - dorianp_lima@yahoo.com.br
Julio Cesar Pimenta - 9906.8740 - jucepimenta@yahoo.com.br




ACONTECIMENTOS

No meio da solidão
Meus amigos
Encontro
Sorridentes, coerentes
Tão entusiasmados
Com seus existenciais

No meio da multidão
Meus amigos
Sozinha me encontro
Sobrevivo, resisto
Insisto
Sorridente, coerente
E me pergunto:
Nunca, quando chegará?

Deborah Milgram



Redinha, 400 Anos

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Redinha velha cansada
Muito orgulhosa de si,
Deita o corpo embriagada
No leito do Potengi.
João Alfredo

A praia da Redinha comemora 400 anos com uma vasta história ocorrida em suas areias finas, onde o tempo generoso guarda todas as lendas de uma praia, habitada por pescadores, com suas casas de palha e seus humildes quintais.
A primeira referência existente, sobre o local onde é hoje a Redinha, figura no texto de sesmaria, concedida ao vigário do Rio Grande, Gaspar Gonçalves Rocha, por João Rodrigues Colaço, em 23 de junho de 1603.

Nesse recanto de mar aberto, os portugueses daquela época já conheciam o potencial pesqueiro da praia, que era o antigo porto de pescaria dos capitães-mores, os quais foram os primeiros colonizadores do lugar. Segundo o historiador Olavo de Medeiros Filho, existe um mapa intitulado “Perspectiva da Fortaleza dos Reis Magos”, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal, localizado pelo historiador pernambucano Antônio Gonçalves de Melo, referindo-se a um “Porto de Pescaria”, com a presença de “rede”, no mesmo local onde hoje é a Praia da Redinha.

O topônimo da praia, segundo Câmara Cascudo, faz referência a uma vila em Pombal, na beira baixa do rio Tejo, em Portugal. “Distrito vila, a margem esquerda do município de Natal. Redinha-de-fora é um local arruado. A Redinha-de-dentro fica na foz do Rio Doce, desaguadouro da lagoa de Extremoz”, diz o mestre Cascudo, no livro Nomes da Terra.

A igreja de pedras pretas, construída pelos veranistas, em 1954, foi erguida de costas para o mar – sem má fé, mas imperdoável para os pescadores. E é por isso que os pescadores continuam freqüentando a capela de Nossa Senhora dos Navegantes, bem mais antiga, construída em 1922 – igrejinha menor, “branca, como uma capelinha panda ao vento”, para usar a expressão da Praieira de Othoniel Menezes.

Na Festa de Nossa Senhora dos Navegantes há duas procissões, com duas imagens: a da capelinha antiga é a imagem da Procissão Marítima, pelas águas do rio Potengi, entre a Boca da Barra e os confins da Base Naval; e a imagem da igreja preta que vai por terra, levada pelos veranistas ao longo das ruas e becos da vila.

O toque de fé e lirismo é o encontro das duas imagens, sob o aplauso fervoroso do povo simples de lá, inclusive nós que cantamos o Hino da Santa arrastando a esperança de que, não tendo faltado à sua procissão, seremos felizes o ano inteiro. Uma velha certeza, mistura de lendas e crenças populares.

De pedras do mar, também foi construído o Redinha Clube, em 1937, para o deleite festivo dos veranistas e pescadores em épocas de carnaval e durante a Festa do Caju. Durante décadas, o Redinha Clube teve uma importância relevante para a sociedade que freqüentava aquele recanto do Potengi. Hoje, está abandonado e esquecido, quase enterrado pela areia que avança para a vila.

A praia da Redinha sempre foi cortejada por intelectuais, boêmios e artistas, os quais viam em sua paisagem balneárias, entre mangues de rio e mar aberto, um lugar mágico para inspiração e descanso.

Quando visitava Natal, em 1929, o folclorista e escritor paulista Mario de Andrade, de passagem pela Redinha, encantado, disse no seu livro Aprendiz de Turista: “Oculta nessa monotonia de banda do mar, fica a Redinha, praia de verão, bairro em que ninguém sonha pela preguiça do pensamento que atravessa o rio com esse sol.”

O escritor Mario de Andrade foi convidado pelo mestre Câmara Cascudo a conhecer o folclore e a beleza do povo potiguar e ficou maravilhado com a travessia de barco, que saía do cais da rua Tavares de Lira até o trapiche, em frente ao Mercado da Redinha. Naquela época, a travessia pelo Rio Potengi era feita de barco a vela, só dependia do vento e dos braços fortes do pescador que comandava a embarcação.

É na Redinha que o cronista parnasiano, Vicente Serejo, adotou sua morada e, cuja prosa poética não esconde a paixão pela praia quando escreve: “Redinha boa, Redinha mansa, Redinha cheia de solidão como Pasárgada de Bandeira, lá todo mundo é Irene e ninguém precisa pedir licença”.

Os versos do poeta João Alfredo, morador antigo da vila, contempla os 400 anos de história da Redinha com acalantos à praia amada, como se o eterno canto de amor do poeta saísse feito uma prece ungida da alma, exprimindo todo sentimento e orgulho de ser potiguar.

Alexandro Gurgel

por Alma do Beco | 7:06 AM | | Ou aqui: 0




domingo, abril 23, 2006

AO QUE DIZ-ME

Marcus Ottoni


“É nas mãos deste descerebrado (Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã), movido a radicalismo religioso e a delírios atômicos, e daquele outro de Washington (Bush), regido a prepotência belicista, que se encontra o futuro da economia global. Vai mal a humanidade.”
Josias de Souza, Blog ‘Nos Bastidores do Poder’, Folha de São Paulo

Orf
Oswaldo Ribeiro Filho

TRAJETÓRIA

Sisifico versar
Arrumar palavras
Canalizar emoções
Sensibilizar

Epidêmico versar
Contaminar corações
Inventar antídoto
Explosões

Trágico versar
Sussurram as musas
Acariciam, seduzem
Não morrem, se reproduzem

Sem nome
Sem idade
Sem sexo
Sem status
Sem identidade
Sem residência
Sem nacionalidade
Sem rima
Sem fama
Sem rua
Sem terra
Sem gozo
Sem rosto
Sem sotaque

Apenas se revezam
Esses poetas…

Deborah Milgram



Ao Que Diz-me O Ciúme me Convenço

"Os ciúmes sabem mais que a verdade"
Gabriel García Márquez

É de pedra a certeza que eu suponho.
É real toda a trama que eu invento.
É de encaixe perfeito o que foi sonho.
É-me audível o que diz teu pensamento.

Se disfarça o punhal meu ar risonho,
é porque mais prazer dá-me o tormento
em querer, no que é claro, o mais medonho
eu saber para o meu convencimento.

Se é real a certeza que eu suponho,
ao que não resta dúvida dou azo
e ao incerto, decerto lhe pertenço.

Pois é pedra essa trama que eu invento:
ao que diz-me a verdade, pouco caso;
ao que diz-me o ciúme, me convenço.

Antoniel Campos



O menestrel da Caatinga

Elomar Figueira Mello é um cantador do povo, um menestrel do sertão, um poeta da caatinga, um bardo medieval, um instrumentista virtuoso, um chiqueirador de bodes, um tangedor de gado, um fazedor de cercas e um contador de histórias. O vate da caatinga é o cronista de um povo humilde e pobre que vive escondido e esquecido nos rincões do sertão nordestino. Arquiteto por formação e criador de bodes por opção, o poeta cantador resolveu transformar em lendas as tantas e tantas histórias que ouviu na casa dos mais velhos, durante a infância, às margens do "Rio do Gavião", em Vitória da Conquista, Sul da Bahia.

Avesso ao mundo dos urbanos, principalmente das metrópoles, Elomar se afastou da suposta civilização pra viver na caatinga ao lado dos animais e do sertanejo humilde, tornando-se um cronista do seu povo, cantando através da sua singular música os fatos e acontecimentos da terra em que nasceu e se criou A criação poética, ambientada no sertão mítico e místico, tem raízes ibéricas, barrocas, medievais, clássicas e orientais; todas moldadas por um violão virtuosíssimo e cantadas por uma linda voz que soa como o som de um fagote. A sofisticação da sua obra reveste-se de uma beleza poética/musical, que engrandece e universaliza o telurismo do sertão nordestino; lugar repleto de adversidades naturais e de manifestações humana.

O cantador do sertão, usando o domínio técnico da música erudita, recria a tradição popular. Enquanto muitos compositores clássicos, que vão de Bach a Villa-Lobos, passando por Ravel e Mozart buscaram a fonte do folclore pra alimentar sua criação erudita, Elomar faz o caminho inverso: ele inunda com sua cultura musical e poética o mundo de sua gente.

A obra do bardo menestrel se afigura com um imenso vórtice de criação, com obras que remontam à sua juventude, trechos de óperas que ficaram inacabadas e que hoje grande parte já está concluída, canções populares, louvações, longos lamentos, concerto para violão, orquestra e coral.

O Sertão como elemento principal da sua poética é mostrado desde as canções até as óperas e sinfonias como um mundo místico e mítico. Nele o poeta cantador relata os dramas seculares das secas, como o êxodo, a fome e a miséria; fala das tragédias de casamentos não realizados, das festas, das donzelas sertanejas, dos desafios de poetas repentistas, do vaqueiro, da maneira dialetal do povo falar e da relação do homem com a terra e com Deus. Na sua obra magnífica o cantador transcende o medieval, quando mergulha na idade média, nos trazendo todo o universo da cavalaria, com seus cavaleiros, menestréis, reis, rainhas, príncipes e princesas. Mas é no sertão que Elomar torna a sua obra mais fincada na raiz da nossa identidade cultural. Nos seus cantos sempre há uma súplica do cantador pra que o caatingueiro não deixe a terra; mesmo nas condições mais adversas. O poeta afirma que a chuva um dia voltará e tudo renascerá; mas a saída do homem sertanejo, Elomar vê o não retorno, ou quando retorna, volta com outro corpo de valores culturais, influenciado pelo mundo dos urbanos, perdendo assim a sua alma caatingueira.

Embora a sua obra mostre através do épico as tragédias do universo sertanejo, onde a morte e as desventuras fazem parte do cotidiano, ela tem um compromisso profundo com a vida, e nos enche de um sentimento telúrico profundo, nos tornando mais humano e preparados para vida.

Apesar de ter um público fiel e crescente, Elomar ainda é rotulado por grande parte dos urbanoides, ou alguns "nordestinos", como radical e regionalista de maneira pejorativa, cheia de descriminação. Mas enquanto essas pessoas e grande parte da mídia o tratam com indiferença, o velho menestrel da caatinga mergulha cada vez mais na raiz profunda do seu povo e universaliza a sua aldeia através de um belo canto cósmico sobre o Homem, a Terra e Deus.

Gilmar Leite

por Alma do Beco | 9:56 AM | | Ou aqui: 0




sexta-feira, abril 21, 2006

O PÓ DO DINHEIRO

Marcus Ottoni


"O presidente Lula me chamou na terça-feira [21 de maio] à noite para conversar. Informei que o caseiro tinha tido seu sigilo violado muito provavelmente pela Caixa Econômica Federal, que o fato era muito sério, grave e relevante. O Lula disse: 'Isso é muito grave, é o Estado violando o sigilo de um cidadão humilde."
Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça

EFE
EFE

O pó do dinheiro

Não sou dasgrifes
Não sou Lulu
Daspu eu sou
Produzo e visto
Sou paga pelo amor
Amor que nunca tiveram
Me fodem, querem-me a boca
E dizem: assim,
Assim
Me embebedam
com vinhos caros
aromas, charutos raros
De volutas enchem-me o quarto
onde o carinho é só dor
Trazem o pó do dinheiro
Incensam maus cheiros
São porcos
sedentos, sebosos
Nojeira, mentiras, palácios
Na cama
Contabilizam prazeres
Porcentagens disputam na sala
Diante de mim, fartas malas
Querem de mim o braseiro
Não são sequer brasileiros
São puros, irmãos anglicanos
São trocos republicanos
Mandam-me, no pátria-mãe mandam
São senhores de falsos bispados
São longos os seus pecados
Originais, capitais
São ricos
São podres de ricos
São todos podres demais

Deuza Grasswell




Começou a maior revolução social da História:
a quebra das fronteiras


Posso estar enganado, mas, parece-me, foi iniciado o mais importante movimento social dos últimos séculos, quiçá da História. Esse movimento deverá ganhar força e o mundo, e ficar "em cartaz" nas próximas décadas na e para a História da Humanidade.

Trata-se do movimento dos imigrantes em terras do Tio Sam, que buscam o direito de permanecer na América, trabalhar, constituir família, obter direitos de cidadania.

O problema já atinge também a Europa, Japão, e países ricos ao redor do mundo.

Com a economia globalizada, o transporte rápido proporcionado pela aviação moderna, a Internet e outros fatores que fazem do planeta "terra pequena", o mundo tornou-se "paratodos", quase sem fronteiras.

Esse movimento, basicamente de imigrantes em terras americanas, deverá crescer para pedir ao mundo a quebra das fronteiras físicas para a cidadania. Não que as fronteiras geopolíticas se acabem, mas estas tenderão a um bombardeio cada vez maior, a população do mundo tomando consciência de que a nossa casa, a Terra, é única e que o homem deve ter o direito de viver onde quiser e bem entender, independentemente de seu local de nascimento.

Vai durar décadas, essa luta. Mas acredito que, com o avanço de uma economia cada vez mais universalizada, a universalização de cidadania se fará necessária ao novo mundo que começa a ser reivindicado neste começo de século.

Eduardo Alexandre


SOBRE O ARTIGO ACIMA:

Oi Seu Dunga,

Seu post me fez pensar...

Ok, já que a economia foi, está e será globalizada, pensemos em termos de cidadania, paises, línguas, movimentos...

A facilidade de se locomover, mudar, "tentar a vida", se tornará muito mais fácil, mais viável. Um mundo sem passaportes, documentos, identidades. Idílico?

Para os que se locomovem, sim, e para os que não?

Paises ricos, fortes, hoje em dia estão lidando com essa problemática, talvez porque algum dia acreditaram que a colonização iria prevalecer para sempre (leia, veja, escute notícias vindas da França, Alemanha, Itália...e também Espanha).

Primeiramente, temos que excluir do glossário, as palavras imigrante, gringo, yahkees, turcos, gallego, paysano etc etc.

Habitar é possível em qualquer lugar do mundo, viver em qualquel lugar do mundo é um aprendizado.

Israel é um pais formado de imigrantes vindos de vários lugares. Uma mescla de nacionalidades, línguas, mentalidades. Apesar dos anos de experiência em absorver imigrantes, Israel lida com sérios e graves problemas sociais, econômicos, políticos por não saber como fazer com que os imigrantes façam parte da população ativa.

Lembre-se: a sensação de pertencer é uma herança que ganhamos sem mesmo ter pedido. Ela vem dentro dos nossos genes.

Há muito o que aprender.

Voce fala em décadas, eu falo em séculos..

Deborah Milgram

por Alma do Beco | 5:01 AM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, abril 20, 2006

PLANTADOR DE AMIZADES

Marcus Ottoni


"Se invadirem a Venezuela, a única alternativa será fazer o mesmo que os iraquianos: vamos explodir os campos petrolíferos. O nosso petróleo eles não vão levar."
Hugo Chávez, presidente da Venezuela

Hugo Macedo
Hugo Macedo


Um Passeio com Augusto

Soneto 01

Visitei com Augusto um cemitério,
O lugar da nossa última morada;
Onde cada esperança é enterrada,
Num recanto que não existe império.

O poeta contou todo o adultério
Duma raça que foi degenerada,
E que um dia seria resgatada,
Quando o caos revelasse seu mistério.

Vi os crânios partidos e outros ossos,
Onde a vida resume-se em destroços,

Quando a morte aparece num estrondo.
O poeta apontou pra cada cova,
E mostrou alguns vermes dando prova,
De que homem termina no hediondo.

Soneto 02

Convidei o poeta da tristeza
Pra um passeio nas horas matutinas;
Pra sentir os aromas das campinas
Exalados das flores com leveza.

Eu mostrei o poder da natureza
Através das sementes pequeninas,
Que com beijos das gotas cristalinas,
Mostra a vida com plácida grandeza.

Ele viu, os pequenos beija-flores,
Dando vôos nos fantásticos verdores,
E sugando as essências numa dança.

Apontei para um bravo camponês,
Que tangia com calma a sua rês,
Num roçado coberto de esperança.

Gilmar Leite


Plantador de Amizades

Os amigos plantados no meu peito
Não são folhas levadas pelo vento;
São raízes que vêm do sentimento
Onde o tronco jamais será desfeito.

No jardim dos sentidos não aceito
A amizade que é feita do momento;
Não demora cair no esquecimento
Pra murchar num roçado imperfeito.

Quando planto meu abraço fraterno,
Faço o grão do afeto ser eterno
Pra vingar um roçado de amizades.

Cada amigo, que vinga no meu peito,
Foi plantado num solo, sem defeito,
Com adubos de mil sinceridades.

Gilmar Leite



PROPOSTA

Quero acreditar na co-existência
Na possibilidade de poder viver
Deixar viver
Morrer por motivos naturais
Quero acreditar na co-existência
Não por amor, não por sentimento
Simplesmente por saber
Que não haverá amor que una
Dois opostos
Só a pura, fina, verdadeira consciência,
De reconhecer a impossibilidade
De encontrar outra solução

Deborah Milgram

por Alma do Beco | 11:37 AM | | Ou aqui: 0




terça-feira, abril 18, 2006

SOU SANDRA

Marcus Ottoni


“Lula apresenta uma folha corrida de crimes de responsabilidade suficiente para conhecer a natureza compulsória da porta dos fundos.”
Senador Demóstenes Torres, (PFL-GO)



ETIMOLOGIA

Mesmo sem entender
Sua língua
Ela me encanta, me conquista
Me fascina, me aproxima,
Esse tom áspero
Me seduz, me faz vibrar
Me dá o choro, me dá o riso,
Me explico, me justifico
Mesmo sem saber
Inventamos uma nova língua
Nela não se fala
Apenas se sonha…

Deborah Milgram



Sandra de Amsterdã

Sou "Sandra" do dique e das docas... da compra, da venda, da troca de pernas, dos braços, das bocas, do lixo, dos bichos, das fichas.
Sou "Sandra" das loucas até amanhã, sou "Sandra".
Da cama, da cana, fulana, bacana.
Sou "Sandra" de Amsterdã.
Eu cruzei um oceano na esperança de casar, fiz mil bocas pra Solano, fui beijada por Gaspar.
Sou "Sandra" de cabo a tenente..
Sou "Sandra" de toda patente, das Índias, sou "Sandra" do Oriente, Ocidente, Acidente, Gelada.
Sou "Sandra", obrigada.
Até amanhã, sou "Sandra"
do cabo, do raso, dos ratos.
Sou "Sandra" de Amsterdã.
Arrisquei muita braçada
na esperança de outro mar...
Hoje sou carta marcada, hoje sou jogo de azar.
Sou "Sandra" de vinte minutos
Sou "Sandra" da brasa dos brutos na coxa que apaga os charutos.
Sou "Sandra" dos dentes rangendo
e dos olhos enxutos.
Até amanhã, sou "Sandra"
das marcas, das macas, das vacas, das pratas:
Sou "Sandra" de Amsterdã.

Sandra Shirley Galvão

por Alma do Beco | 5:48 PM | | Ou aqui: 0




domingo, abril 16, 2006

DEMOCRACIA X REPÚBLICA

Marcus Ottoni


"Penso que a trajetória da República não é necessariamente o mesmo percurso da democracia. A democracia, como construção do espaço político de igualdade, de aplicação das leis, e afirmação da cidadania, tem sofrido avanços e recuos desde 1930. Enquanto isso, a República moderna vem se consolidando de maneira mais positiva, porque os poderes, apesar de todos os intervalos, funcionam cada vez melhor e cada vez com mais autonomia.
Tarso Genro, Secretário das Relações Institucionais do governo Lula

Diário de Natal
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Democracia X República

A afirmativa de Tarso Genro, em destaque aí acima, vai de encontro à realidade exposta pelas denúncias de Roberto Jefferson e que depois foram confirmadas através de depoimentos às CPIs e investigações diversas.

Uma República como a nossa, que sobrevive através da quebra do pacto de independência entre os poderes, não pode ir bem. Aliás, não pode sequer ser chamada de República.

Se há uma inter-relação fraudulenta entre Executivo e Legislativo, Executivo e Judiciário, o pacto republicano está quebrado.

Foi esse o grande medo que se abateu sobre a Nação brasileira pós Jefferson. Daí a tese do Caixa 2 defendida pelo PT de Tarso e pelo governo Lula.

A democracia, hoje, poderia até estar sendo exercida com certa qualidade no Brasil, mas também não está. A tese do Caixa 2 de campanhas de PT, PSDB, PP, PL, PTB e outros partidos ficou evidente como praxis coletiva, apesar de procurar encobrir pecado maior, mas deixa claro que o fator "capital" (no Nordeste chamado 'milho') é de fundamental importância para os eleitos, e, portanto, mascarador do verdadeiro desejo do povo - que é o fim a que se destina a democracia.

Hoje, no Brasil, a bem da verdade, a democracia é falsa e a República aviltada, espezinhada, jogada a um 'Deus acuda' em terra de Satanás. É tratada, enfim, se nenhum valor tivesse.

O maior pecado do governo Lula, do primeiro governo do Partido dos Trabalhadores no Brasil, foi exatamente o de não respeitar o bem maior que é a República, construída pelo nosso povo, no decorrer de nossa História de lutas, revoltas e sangue para a afirmação da cidadania nacional.

A fala de Tarso, portanto, cai no vazio como, de resto, todo o governo do presidente que poderia ter sido e não foi.

Faltou responsabilidade. Faltou compromisso.

Sobraram, sim, muitas mentiras.

E vergonha para quem a tinha e tem.

Eduardo Alexandre




"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor"



Quando a mão derramando sutileza
Solta pingos de água num jardim
Cada pétala se abre dum jasmim
Num sorriso de dúlcida pureza.
Uma essência se exala com leveza
Dando beijos na mão com seu olor
Perfumando com plácido fulgor
Numa oferta divina do seu lume
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".


Cada dedo oferesse os orvalhos
Derramados do céu da sua mão
E a flor faz surgir do coração
O presente divino dos seus galhos.
Colibris fazem vôos dos carvalhos
Numa pressa coberta de temor
Como lindos parceiros do amor
Beijam flores morrendo de ciúme
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".


A presença dos pingos cristalinos
Derramados da mão como presente
Faz a flor se abrir toda contente
Igualmente o sorriso dos meninos.
Do seu corpo surgem perfumes finos
Com mil beijos dum grande sedutor
Infiltrando-se nos dedos com ardor
Sem ouvir beija-flores com queixume
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".

Gilmar Leite
Mote do poeta Chico Borges



"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor"


E do encontro se fez a despedida.
Do sorriso de então se fez o choro.
Da palavra singela, o desaforo
— a intenção se calou despercebida.
Mas se é fato que há vida além da vida,
tu serás minha vida aonde eu for.
Se do instante impensado resta amor,
em amar-te o instante se resume:
Sempre fica a presença do perfume
entre os dedos da mão que rega a flor.

Antoniel Campos



LAVAGEM DE ROUPA

Nunca imaginei que minha existência conturbada, meio maluca e boêmia interessasse ao high society da Capital da Cultura. Tenho notícia de que certa dondoca, bonitinha e passível de trato não fosse o miolo amolecido pela absoluta falta de afazeres, vem demonstrando excessiva preocupação no tocante ao meu bem-estar afetivo. Telefona para Fulana, aborda Beltrana, pergunta a Cicrana. Quer saber tudo e mais alguma coisa sobre mim e sobre a menina de há 20 anos que me apareceu de repente em carne de mulher, o brilho de nossos olhares, a força de nossos beijos, quantas vezes nos aninhamos, os decibéis de nossos suspiros e, como diz o inesquecível poeta Cazuza, os nossos confessáveis, mas particulares "segredos de liquidificador".

Será corista de Antônio Maria, cantando "Ninguém Me Ama"? Estará interessada em brincadeiras de alcova? Ou estaremos diante de um caso clássico de falta de boas palavras cruzadas? A curiosidade alheia quanto ao que faz ou deixa de fazer um reles cronista situado na fronteira étnica dos cabeças-chatas e papa-jerimuns, liso de pegar verniz, freqüentador de bares, amante da madrugada, amigo íntimo da embriaguez e da loucura, é digno de rigorosa abordagem científica. Imagine a relevância de um mapeamento psicanalítico capaz de levar a desgrenhada humanidade à suprema compreensão do desejo que muita gente nutre pela fofoca a ponto de, em vias patológicas, esquecer-se da própria vidinha em função da vida dos outros.

Sinto-me envaidecido com o interesse da beldade. Preocupo-me, no entanto, com os problemas conjugais que ela sofrerá insistindo nos comentários ao meu respeito. Ocorre que o marido dela, dublê de bode sonso metido a galo-cego, pode desconfiar da verdadeira face das palavras de escárnio. Preventivamente, declaro-me inocente e indisponível. Conheço a jovem senhora apenas de nome e jamais a encorajei a vasculhar os rastros de minhas paixões, inclusive porque, tomando emprestada a filosofia do mestre Laércio Eugênio, domador de ETs, meu negócio é "chupar juízo". Quer dizer, mulher de miolo-mole não me seduz. E para finalizar, fica aqui uma sugestão terapêutica para a tal dondoca: criatura, arranje uma lavagem de roupa!

Cid Augusto

por Alma do Beco | 9:58 AM | | Ou aqui: 0




sábado, abril 15, 2006

PREFEITOS DE NATAL

Marcus Ottoni


"A denúncia do Ministério Público, uma entidade insuspeita, de que há uma quadrilha com 40 criminosos levanta uma questão óbvia: está faltando alguém nessa lista."
Roberto Freire, presidente do PPS




AURORA

Luto a favor do impossível
Derrubo leis naturais
Perturbo meu sono
Acordo afônica
Converso com minha sombra
Hesito em duvidar
Procuro o esperado equilíbrio
Do existir, do sentir
Busca perdida
Me olho no espelho
Refletido vejo seu silêncio.
Bom dia!

Deborah Milgram




Mulheres servidas em Bloody Mary

Receito-me,
ousadamente,
o que se proíbe
ao vulgo.

Indico-me
uma inglesa,
uma colher de molho,
inglesa loira,
preferentemente
de Liverpool,
onde a música
renasceu, pós-Mozart.

Mililitros
de suco de tomates,
vermelhos,
sensuais,
pecaminosos,
com pele
aberta
ao tato,
à língua
cortante
e ácida.

Colher única
de suco cítrico,
limões
para salivar.

Gotas de tabasco
aquecendo
veias reentrantes
nos vôos rasantes
dos atos
do amor.
Vodka,
russa,
ruiva.
Esta serve-me,
entretendo-me,
fazendo-me poucas
as lembranças
vazias.
Vodka,
enchendo-me
de presenças
felizes, santas,
como o sangue de Maria.

Cubos de gelo
derretendo no calor,
milhões, os graus,
Celsius ou Farenheit.

Bocas e pimentas-do-reino:
bela combinação
de sensações
e loucuras latinas,
morenas.

E, quando a receita
parece estar toda,
recomendo-me,
ao gosto,
belos seios
negros,
intumescidos,
e uma pitada
de sal.

Lívio Oliveira



PREFEITOS DE NATAL

Natal dos rios Mossoró
Maxaranguape, Apodi
Mipibu e Potengi
Açu, Trairi, Seridó
Ceará-Mirim: das ruas só
Floriano, presidente
Rodrigues Alves, Prudente
Campos Sales, Deodoro
Hermes, Pena, onde moro
Tirol, meu corpo docente

Só na hora de aprender
encontramos um caminho
com um pouco de carinho
o povo aprendeu a ler
logo mais vai escrever
de olhos de pé no chão
o Brasil é uma nação
de amor e liberdade
aprendeu essa verdade
com Djalma Maranhão

Pela cidade eleito
acabou o “lacerdinha”
botou o povo na linha
Agnelo Alves prefeito
a cidade tomou jeito
o prefeito na cadeia
o general achou feia
a edição do jornal
assim contava natal
em noites de Lua Cheia

A ditadura chegou
com fome de futebol
e numa tarde de sol
Jorge Ivan inaugurou
a bandeira tremulou
onde é o “Machadão”
antes era escuridão
hoje é Lagoa Nova
o desportista aprova
o colosso “Castelão”

Esse grande engenheiro
da Cidade do Natal
traçou a Beira-Canal
Vauban Bezerra pioneiro
fez o asfalto ligeiro
o Baldo ficou adulto
teve a favela indulto
ligou Tirol e Alecrim
embaixo fez um jardim
construiu o Viaduto

A história faz carreira
pega o trem do destino
prefeito José Agripino
urbanizou a Ribeira
de segunda a sexta-feira
às enchentes deu um fim
para a cidade diz sim
o trabalho do mais duro
encontrou o seu futuro
o “galego do Alecrim”

Rua pobre agasalha
o prefeito lhe abraça
em cada bairro fez praça
Marcos Formiga trabalha
visita a choça de palha
manda encher a cisterna
de noite acende a lanterna
futebol e carnaval
para fazer de Natal
uma cidade moderna

Sabe o povo brasileiro
onde mora a boa idéia
discursa na Assembléia
de janeiro a janeiro
do Senado traz dinheiro
na Prefeitura tem brilho
o trem urbano no trilho
Com o lixo fez usina
fez de Natal oficina
Garibaldi Alves Filho

A professora altaneira
a história vem e filma
a cidade aplaude Wilma
Wilma Faria, a “Guerreira”
tem valor de brasileira
sua verdade é aceita
pelo povo é eleita
“nota dez” Constituinte
em Natal é “nota vinte”
nossa primeira prefeita

Já tirou a velha farda
a cidade progressista
eleito o socialista
Natal está na vanguarda
democracia ela guarda
com rigor e com ternura
seu “status” estrutura
sem medo de ser feliz
já tem uma diretriz
com Aldo na Prefeitura

Um Mossoró aclamado
do governador Dix-Sept
valoroso ele é
o povo todo Rosado
Vingt seis vezes deputado
aboliu a escravidão
Vingt-Un é o grande irmão
três prefeitos Dix-Huit
em francês ouve-se: “oui”
nas terras da Redenção

Religioso de Roma
homem de fé e pacato
assume novo mandato
Ernani Silveira soma
do poder as rédeas toma
por força das contingências
no Palácio continências
tocou a burocracia
entrou para a galeria
das melhores excelências

João Gualberto Aguiar

por Alma do Beco | 11:15 AM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, abril 13, 2006

CREDO

Marcus Ottoni


Há uma manobra que lamentavelmente envolve o meu partido. Os deputados do PT não estão aqui [no plenário da comissão]. A troco de quê? Do toma lá, dá cá? Isso é intolerável. Desde de setembro, o caso do Janene está sendo postergado."
Deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), relator do processo contra José Janene (PP-PR) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara

Orf

Natal/RN

Silêncio do Tempo

Estou mudo agora.
Mudo, tudo fora.
Mudo, mundo dentro.
Não sei até quando
a mudez será sempre.
Sei que a mudez,
às vezes,
é medo de gente,
é medo do tempo,
uivos do vento.

Minha voz,
nem eu a ouço.
Forço-a como quem,
num pesadelo sem fim,
grita no escuro profundo,
buscando a voz terna
da mãe.

Ficarei assim, mudo,
enquanto tudo durar
como algo que não se deve
ver nem acreditar.
Muito menos repetir,
com ato e voz.

Deixo de acreditar
e emudeço,
no tempo em que meu sonho
trava.

Quando o tempo abrir
e o arco-íris despontar.
Quando um vôo de pássaro
no céu,
uma vaga no mar,
uma folha seca de outono
cair sobre os meus olhos,
bailando, antes, lentamente,
no ar,
dança/esperança,
então, não só os olhos
abrirei.

Abrirei, lá, um sorriso,
o mais verdadeiro,
e minha voz, então,
vibrará, forte,
entre milhões de outras,
nas únicas palavras,
aquelas a que resisto
dizer agora:
creio no homem!

Lívio Oliveira




O AMOR DAS DUAS

Ainda estou paralisado no entreolhar daquelas duas. Tanto que há cinco noites, o mesmo sonho erótico me invade a cama, instalando-se entre mim e a mulher amada, enquanto ela dorme inocente, sem desconfiar da traição incendiando o próprio leito. Tanto que os meus dedos, rendidos à embriaguez por espasmos hormonais, confessam ao teclado do computador essas lúbricas intimidades.

As duas se cruzando num olhar são faca mirando faca, enquanto a platéia vai ao delírio, delírio contido de voyeur que não deseja nem de longe ser notado, para não interferir no jogo das feras. Belas? De que valem as belas entre as feras? Melhor as feras, o coração das feras, o sexo das feras devorando as belas. Desde menino sei que amor entre feras é mais terra, é mais peixe, é mais planta, é mais humano.

Perdoem-me os ditos puros, mas a carne que me envolve é fraca – muito fraca! – e a liberdade dos meus pensamentos é indevassável, a ponto de eu dizer, sem o confortável recurso da metáfora profunda, que mulheres que gemem na cruz e na espada são o maior tesão, a fantasia mais ou menos secreta de todo cabra macho e de muitas fêmeas no cio, fogo que devora fogo na maciez de uma língua.

Mulheres que gemem na cruz e na espada são a reencarnação da tempestade. O entreolhar daquelas duas me contou. Tempestade capaz de arrasar plantações, de sacudir montanhas, de arrancar telhados, de estremecer o corpo, devorar suspiros e desferir uivos na boca do estômago. Tempestade prenúncio de calmaria, bonança que sucede o gozo, se o orgasmo é mútuo, profundo e se completa.

Abençoa-me, Deusa da Águas Doces, pois o amor das duas é pureza. É mão dupla. É paciência. É miragem. Perdoa-me, Mãe da Natureza, por quando o amor das duas for lábio, língua, peito, quando for tremelique, quando for sacanagem, quando for mais desejo do que agora e eu morrer de tesão e de inveja, contemplando o duelo das coxas que em minhas torpes viagens já escorregam na saliva.

O amor das duas, quem me dera a graça, o pão e o vinho de morrer por um instante na conjunção daqueles seios! Ah, que os ventos me guiem nas estradas da luxúria, pelos campos selvagens do espírito onde a salvação e o pecado não oprimem o ser humano, porque estão bem acima das verdades, onde eu possa ser o mar bebendo as águas de dois rios mágicos e fundos que habitam a mesma foz.

Cid Augusto

por Alma do Beco | 8:28 AM | | Ou aqui: 0




terça-feira, abril 11, 2006

GOVERNADORES DO RN

Marcus Ottoni


“Estou anunciando oficialmente que o Irã agora entrou para o grupo dos países que possuem tecnologia nuclear.”
Mahmoud Ahmadinejad, presidente do irã


Museu Café Filho

ERA UMA VEZ

Vem gritando, cambaleando a memória
Carregada de saudades
Ora doces, ora cheirosas
Ora sinistras, ora traidoras
Vem brincando, insinuando a realidade
Carregada de surpresas
Ora ameaçando, ora acontecendo
Ora ferindo, ora agradando
Vem rindo, gozando a amizade
Carregada de humildade
Ora reconhecida, ora olvidada,
Ora introvertida, ora machucada
Vem memória, saudade, realidade, amizade
Aí chega o maldito tempo e apaga tudo…

Deborah Milgram



GOVERNADORES DO RN

O natalense tem glosa
e por ser um esportista
é quem abraça o turista
o doutor Sílvio Pedroza
de Cascudo tem a prosa
amigos de lar e bar
sabe a praia apreciar
encontrou no calçadão
de Natal a vocação
na Avenida Circular

A verdade que se diz
bondade é com ele só
formado no Seridó
Doutor Dinarte Mariz
fez o povo mais feliz
com seu vasto coração
da fazenda “Solidão”
de sua humanidade
no sertão e na cidade
o velho tinha razão

A gentinha compreende
com alto valor imenso
agita seu verde lenço
Aluízio Alves atende
os oprimidos defende
chegou a luz por aqui
o povo inteiro sorri
com voz e gesto de amor
aplaude o libertador
do sertão do Cabugi

De Natal a Mossoró
o povo grita “é o padre”
o monsenhor é compadre
dos pobres do Seridó
fibra longa tem Caicó
de esperança moderna
sua batina é eterna
exemplo de humildade
com o valor da verdade
Walfredo Gurgel governa

Hasteou uma bandeira
amigo do agricultor
da faculdade doutor
professor Cortez Pereira
Dona Aída pioneira
instalou o feminismo
com seu melhor altruísmo
na arena da criação
fez uma revolução
com seu bom idealismo

O Potengi é honrado
os mais sábios reuniu
as portas ao povo abriu
do governo do Estado
no inverno foi ousado
a seca reconheceu
um novo dia nasceu
de paz e prosperidade
com muita austeridade
Tarcísio Maia venceu

A Medicina tem norma
um novo campo ensaia
Doutor Lavoisier Maia
o chão natal se transforma
o povo une e informa
seu governo de certeza
valoriza a natureza
da paisagem brasileira
correu a Via Costeira
em turismo e beleza

Da ribeira vai à praia
um prefeito natalense
já no governo convence
José Agripino Maia
teve voto em vez de vaia
saúde ao trabalhador
bom ensino ao professor
é singular e plural
fez o “projeto curral”
o jovem governador

A zona norte mudou
Natal é um luxo só
fez a ponte de Igapó
Geraldo Melo ganhou
em seu governo lutou
pela sopa na favela
abriu do povo a janela
aumentou a segurança
o sorriso da criança
na potiguar aquarela

Povo é feito menino
quando gosta quer de novo
nas urnas tem “votopovo”
volta José Agripino
ao governo mandarino
desse bravo potiguar
a seca vai enfrentar
esperando breve chuva
o sertão só colhe uva
no talão do “ganhe-já”

Grande povo riograndense
com alma de brasileiro
Wilma, Lavô e Mineiro
Garibaldi Filho vence
O seu governo convence
quer reformar o Estado
de cargo comissionado
o erário tem seu tributo
o poder sem usufruto
no palácio ou no Senado

Cidadãos agricultores
Clóvis Motta do curtume
nosso governo assume
os vice-governadores
Garibaldi tem louvores
a Capital se ilumina
em Currais Novos tem mina
Radir Pereira bem seja
o homem da “Sertaneja”
um mandato determina

João Gualberto Aguiar

por Alma do Beco | 7:19 PM | | Ou aqui: 0




domingo, abril 09, 2006

MULHERES

Marcus Ottoni




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www.eduardoalexandre.blogspot.com



"Judas! Canalha! Filho da puta!"
Deputado Jorge Bittar (PT/RJ), para o companheiro de partido Delcídio Amaral, presidente da CPI dos Correios.

Hugo Macedo
Hugo Macedo/SAMBA


PINCEL

Deixe assim como está
Congele seu sorriso
Modele bem seu olhar
Retoque suavemente
Suas curvas, seu falar
Não se mexa
Deixe a tinta secar
Nesse conjunto de cores
encontrando movimento
chega o artista e faz
Da arte seu instrumento

Deborah Milgram



AS MULHERES QUE QUERO

Não quero mulheres em preto-e-branco,
nem em cinza.
Quero mulheres a cores,
mulheres com o brilho
das manhãs de sol
de Tabatinga
ou de Honolulu.
Mulheres que deitam
e dormem, de repente,
não se doam,
doem-se,
doença do tédio.

Quero as mulheres verdes,
mulheres cor de rosa,
mulheres azuis,
como o céu do sertão
do Cauaçu.

Quero a mulher que vibra,
a mulher com tremores,
a mulher sem pudores,
a mulher que me crava os dentes,
aquela que parte suas unhas
nas minhas costas.

Quero a mulher vital,
a fatal também,
mas mulher de tentos
e de tetas suculentas.

Quero a mulher-mistério,
a mulher que ri,
mas que guarda sempre
um ar de interrogação
e um segredo de mim.

Não aceito as mulheres
que não seduzem,
mulheres sem glamour,
mulheres sem fantasias,
mulheres sem música,
sem poesia,
sem uma gula impudica
que contamine
de desejo
todo ser amante.

Quero as mulheres
que não sejam só cérebro,
mas coxas entreabertas,
seios em órbita,
lábios em rosa,
coração explodindo,
champagne que explode
sobre seu corpo
e o meu.

Quero mulheres,
urgentemente as quero,
aquelas que me ninem,
como no primeiro dia,
que afaguem os meus cabelos,
que me façam dormir,
que me dêem o seu leite,
que me derramem seu vinho,
alimentando-me, loucamente,
de paixão.

Quero mulheres de sangue,
mulheres de luta,
mulheres que gritem
e façam irromper, no ar,
a força do seus sonhos,
dos seus vícios,
desejos, todos.

Quero as mulheres
que amem as artes,
que odeiem o dinheiro,
mulheres supérfluas,
mulheres manhosas,
como gatas no cio.

Quero as mulheres
vivas,
loucas,
apaixonadas,
prontas para o escândalo
do amor.

Quero-as, todas,
desesperadamente.

Lívio Oliveira




QUANDO PARTISTE

Fazia muito calor, como há muito vem fazendo em nossa cidade. Gotículas de suor fluíam nos rostos de muitos, apesar do sol começar seu declínio e da brisa arrefecer de vez em quando nas imediações.

Um pássaro, dissidente da orquestra que saudava o pôr-do-sol, desceu do galho e pousou bem próximo ao evento. Parecia querer entender o que se passava. Depois, indiferente ao misto de torpor, pesar e incredulidade visivelmente estampado nas faces de todos, alçou vôo por sobre nossas cabeças como se estivesse convidando-te a experimentar a nova leveza e sair daquele ambiente de tanta dor.

Os dias que anteciparam tua partida foram pontilhados por evidências, mas, para o inesperado, geralmente, somos cegos. Uma frase encontrada aleatoriamente em um velho livro - “Não temo a morte. É a vida que amedronta” – parecia anunciar mudanças. Depois, recompondo fatos, vimos que tampouco economizaste palavras e declaraste incondicionalmente o teu amor a quem amavas – e amas -, apesar da mudança de estado físico. Imaginar-te dizendo entre agitado, alegre e incisivo: “Eu te amo” à namorada, num dos últimos dias que estiveste entre nós, é ter a certeza de que essas palavras precisavam ser ditas, pois aquela era a hora certa. Depois seria tarde demais.

Foste tão cedo, que partiste como quem parte no melhor da festa. Consigo imaginar claramente a saudade que levaste: das tuas filhas, da amada, do pai, irmão e irmãs, primos, tios, sobrinhos. Dos amigos do Banco, da AABB, do curso, das madrugadas alegres, dos almoços em família, quando as cervejas e a animação faziam-te esquecer o volume da voz. Relembro esses momentos e vejo-te defendendo eufórico teus pontos de vista, expondo argumentos, advogando tuas verdades com a forte convicção tão característica de todo Tinôco.

Mas ficaste em Julia e Mariana que perpetuarão tuas características através das novas gerações, nas lembranças dos primos que compartilharam brincadeiras, aventuras e namoricos nas fazendas de São José, São Gonçalo, e em Natal. Permanecerás para sempre no coração de todos, quando lembrarmos do cara sempre disposto a ajudar, a orientar, a quebrar o galho apontando a melhor solução, pragmático e direto como sempre foste.

Era uma tarde bonita e triste, como provavelmente nunca terias visto. De onde estávamos, parecia não ter muita diferença entre a cidade dos vivos e a dos mortos. Os edifícios, além dos muros daquele recanto de paz, não mostravam-se tão diferentes das sepulturas. Todos pareciam guardar histórias de amor, de lutas, glórias, alegrias e tristezas. E o esmero do pedreiro ao sobrepor tijolos e argamassa foi o nosso maior suplício. Parecia que nunca iria ter fim aquela tarefa. A cada mexida na massa, a cada bocado jogado da sua colher sobre o lacre que se erguia, era um pedaço arrancado do nosso coração.

Concluída a tarefa, sob o lusco-fusco, uma voz se fez ouvir pedindo a Deus para receber-te de volta na verdadeira morada de amor e luz. E o Pai Nosso fechou nossa despedida: “(...) que seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu.”

Que tu possa Gustavo, através da ponte das orações dos que te amam, encontrar a paz.

Ana Cristina Cavalcanti Tinôco

por Alma do Beco | 7:45 AM | | Ou aqui: 0




sábado, abril 08, 2006

PREBENDA

Marcus Ottoni



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“Passado o impacto da derrota de 2002, a oposição se recompôs, sobretudo a partir do caso Valdomiro Diniz. Ao lado de um discurso sobre a ética republicana, para cuja autoria não tinha autoridade política ou moral, e que ganhou força em 2005, ela tentou sucessivamente caracterizar o Governo como “autoritário”, ou mesmo “totalitário”, “aparelhista”, desprovido de projeto nacional, buscando o poder pelo poder. Em sua ofensiva beneficiou-se dos erros cometidos pela direção partidária e de desacertos do governo em matéria de coordenação política e comunicação. O Partido não foi capaz de construir um discurso de apoio ao governo e, ao mesmo tempo, manter sua independência. Não mobilizou a sociedade. Ficou impotente e perplexo quando inteirou-se que membros de sua direção haviam enveredado pelo caminho da aventura, tentando, em forma temerária, construir uma base de sustentação governamental a partir de prebendas a partidos aliados.”
Das DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE GOVERNO DO
PARTIDO DOS TRABALHADORES - Eleição presidencial de 2006, documento preliminar para discussão



PRESIDENTES DO BRASIL

Em São Borja me retiro
grito “petróleo é nosso”
com Lacerda eu não posso
o ditador dá um tiro
ao trabalho me refiro
Getúlio Vargas de novo
seu testamento é um ovo
para nascer na memória
em seu Catete de glória
caiu nos braços do povo

O progresso dá um cheque
de Minas Gerais a prova
presidente bossa-nova
Juscelino Kubitschek
os salões abanam leque
com Lúcio Costa real
construiu a Capital
da arquitetura do mundo
Oscar Niemeyer vai fundo
no Distrito Federal

Com bilhetes e esquadros
da São Paulo da lavoura
vem aí com a vassoura
o professor Jânio Quadros
do seu povo ouviu brados
um galo na rinha morre
a gramática socorre
o biquíni proibia
acabou a mordomia
no poder tomou um porre

Brizola dá o recado
luta por legalidade
patrono da liberdade
João Goulart é empossado
logo depois derrubado
por força da companhia
mobilizou toda a “CIA”
contra reformas de base
o povo comendo frase
em nossa democracia

A liberdade findou
vale a força militar
ninguém mais pode votar
Castelo Branco assinou
nosso congresso fechou
um país em pé de guerra
as cidades vão às serras
há o maior rebuliço
por um novo compromisso
o Estatuto da Terra

Um estudante passou
no grande vestibular
pelas ruas vai lutar
Costa e Silva decretou
com seu 477 mudou
o nosso comportamento
as bandeiras do momento
gritam “fora ditadura”
na faculdade perdura
a força do pensamento

Somos milhões em ação
é gol para o mundo ver
a Taça “Jules Rimet”
Médici é tri-campeão
Pelé, Zagalo, Tostão
nas celas geme uma dor
nas mãos do torturador
a liberdade sofreu
brava gente padeceu
nesse filme de terror

As flores encarceradas
fazem das ruas jardim
o debate chega ao fim
mandam as Forças Armadas
O povo dá suas passadas
com esforço juvenil
ao encontro do Brasil
luta por democracia
indo às ruas resistia
a multidão dos cem mil
Um mar turvo navegou
na busca de “n” portos
manda enterrar os mortos
Ernesto Geisel pensou
uma anistia planejou
pondo fim a ditadura
um homem de cara dura
seu sorriso prometia
voltando a democracia
da gradual abertura

Até chegar esse dia
da ordem e do progresso
o exílio tem regresso
Figueiredo explodia
homem de Cavalaria
galopa no pensamento
de idéias é portento
com estudantes brigou
de seu palanque bradou
hoje prendo e arrebento

O capital quer usura
trabalhador explorado
patrão e assalariado
há imprensa na censura
de redator linha dura
estão cheias as prisões
o jornal só tem chavões
um repórter se perdeu
seu artigo escreveu
com os versos de Camões

Tubarão e lambari
corrupto e subversivo
na memória está vivo
o general Golbery
do “monstro” SNI
descobriu muita trapaça
se um dia é da massa
outro do pacificador
esse grande “cassador”
era o gênio de uma raça

Vem primeiro de abril
para o povo agitar
a multidão vai gritar
“diretas já” no Brasil
do movimento perfil
Ulisses velho valente
organiza nossa gente
a mais nova geração
quer ter livre expressão
quer votar pra presidente

Vem um novo Prometeu
para quebrar a corrente
fazer o povo contente
Tancredo Neves viveu
presidente se elegeu
com o voto congressista
um Del Rei idealista
de conversa no ouvido
deixa o povo comovido
na pátria tropicalista

O povo falou e ouviu
mas o destino desdisse
quem assume é o vice
José Sarney assumiu
o seu mandato cumpriu
com poesia nacional
liga canal a canal
da imagem mais amiga
sua Academia abriga
com fardão de imortal

O candidato do “belo”
vence o operário Lula
anda, corre, joga, pula
Fernando Collor de Mello
eleito quebrou um elo
de justiça e lealdade
confundiu a liberdade
com os amigos de campa
deixou de subir a rampa
do povo ganhou verdade

Dei meu voto de artista
ao votar pra presidente
há quarenta anos ausente
eu votei no comunista
quem bateu pegou a pista
a história registrou
o mundo todo mudou
o repórter deu um furo
ficou em cima do muro
o comunismo acabou

Mas o povo é arteiro
bebe, fuma, joga, dança
exercita a liderança
o impeachment brasileiro
o mordomo tem cruzeiro
ourodólar é o fundo
do fantasma vagabundo
em cada conta de banco
a justiça deu um tranco
é exemplo para o mundo

A nação votou em branco
mas chegou em boa hora
de Minas, Juiz de Fora
Presidente Itamar Franco
como vice era manco
no Planalto sem caderno
agora diz “eu governo”
e é isso o que se vê
igual a mim a você
um estadista moderno

Abril de noventa e três
vamos ter mais requisito
escolher em plebiscito
um governo de altivez
o sim, o não, o talvez
com o parlamentarismo
ou um presidencialismo
brasileiro quer um dia
República ou Monarquia
para sair do abismo

E assim a vida passa
um país se agiganta
Tiradentes tem garganta
os políticos têm graça
jogam de “passa-repassa”
esquecem eu e você
o que dizem ninguém vê
só em mês de eleição
levam mente e coração
para falar na tevê

Das velhas capitanias
aos novos governadores
de escravos e senhores
de guerras e sesmarias
das infames tiranias
no turbilhão da memória
há também dias de glórias
injustiças, maldizeres
dentro dos podres poderes
no cadafalso da história

Morto Getúlio, o vice
Café, o filho das Rocas
homem de nossas malocas
vem governar “self-service”
o povo falou e disse
Zé Areia gritou: “ei”
cumpre mandato por lei
muda tudo novamente
mas um vice é a semente
da monarquia sem rei

João Gualberto Aguiar

por Alma do Beco | 9:18 AM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, abril 06, 2006

CARAVELANDO

Marcus Ottoni



Visite
O BOBO DA CORTE, BLOG DE EDUARDO ALEXANDRE
www.eduardoalexandre@blogspot.com

‘Desta vez, a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) se conteve. E o público ficou sem a “dança da pizza”.’
Ricardo Noblat, sobre a decisão, ontem, da Câmara, absolvendo o deputado João Paulo Cunha, no Escândalo do Mensalão.

Hugo Macedo
Hugo Macedo
João Gualberto Aguiar aqui com o compositor Tertuliano Aires, o Cabrito

ANALISE SINTÁTICA

Agora faz parte do pretérito
Presente por vir no futuro
Imperfeitos são os tempos
Transitivos meus amores
Indiretas minhas dores
Sujeitos cultos,
Cruzam meu caminho
Sem nome, totalmente ocultos
Abaixo as regras
Não há acento, não há pontuação
Eu, tu, ele
Nós
A única exceção

Deborah Milgram




CARAVELANDO O BRASIL

Caminha traga papel
e lápis de pau-brasil
um dia livre de abril
do nosso avô Manuel
do reino que faz o mel
dos mares de Portugal
com seu poder colossal
navegou a lua e o sol
do samba e do futebol
em nossa tribo natal

Vai começar a conquista
em se plantando dá pé
quinhentos anos de fé
o grito de terra à vista
uma terra alquimista
das coisas da natureza
honestidade e vileza
o índio só tem preguiça
Anchieta reza a missa
com a língua portuguesa

O navegante Cabral
das caravelas perfil
caravelou o Brasil
uma selva tropical
do reino de Portugal
o seu futuro profundo
Pedro primeiro segundo
nos tempos de realeza
um tesouro de beleza
na descoberta do mundo

Ouro puro, mata virgem
da história a infância
sofre o olhar da ganância
um Brasil em sua origem
do novo mundo vertigem
dança de índio inocente
um espelho de presente
para a nação festejada
sua cultura dizimada
pelo velho Continente

Os tupis e guaranis
canibais sem ladainha
comem o bispo Sardinha
a história é que diz
de um guerreiro feliz
um fidalgo de brasão
aprendemos a lição
do valente aguerrido
Índio Poti apelido
de Felipe Camarão

A África enche o porão
a história tem um travo
o braço do negro bravo
no reino da escravidão
havia a Constituição
dos senhores a bengala
exposta em cada sala
no terreiro pelourinho
em Apipucos tem vinho
Casa Grande & Senzala

Arte, cultura, ciência
nosso peito varonil
na formação do Brasil
o grito de Independência
a mineira Inconfidência
o sonho dos Bandeirantes
esmeraldas, diamantes
Isabel foi proclamada
a pátria concretizada
no sonho do rei infante

Até findar isso tudo
a história deu um salto
houve muito sobressalto
de poesia é meu estudo
sem ela vou ficar mudo
escondido sob a cama
a minha musa me chama
vamos logo ao pós-guerra
um verso de pé na terra
a realidade reclama.

João Gualberto Aguiar

por Alma do Beco | 7:00 AM | | Ou aqui: 0


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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