sábado, setembro 30, 2006

DISSONÂNCIA

Marcus Ottoni


"Nós fomos atingidos"
Henry Yandle, passageiro do jato Legacy que teria se chocado com o Boeing 737 da Gol

Alexandro Gurgel
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Auto da Liberdade, Mossoró/RN

DISSONÂNCIA

Quanto mais perto chego
Mais distante me sinto
Quanto mais silêncio respiro
Mais um dia deliro
Quanto mais doce a indiferença
Mais cheirosa minha paciência
Quanto mais a poesia delicada
Mais profunda, impiedosa
A facada

Deborah Milgram



HOJE UM DEUS VEIO ATÉ MIM...

E eu que sempre duvidei
pudesse haver esse momento,
postei-me de joelhos
- não em ato -
mas em pensamento.

Ao vê-lo, assim, tão perto
e tão pra mim sorrindo,
fiquei numa euforia transbordante
e quase não contendo a alegria
eu quis poder tocá-lo
- que heresia! -

E foi talvez por isso
- por eu ter cometido esse pecado -
que algum anjo que estivesse mais atento,
percebendo a tempo o meu intento,
apressou-se a protegê-lo, nesse instante.

E foi assim, e foi tão de repente
- não sei se nessa hora houve protesto -
que ao atender do anjo o tal chamado
de mim ele evadiu-se, simplesmente.

Quisera que algum dia ele voltasse
- e todo soberano do seu tempo -
parasse o Universo, a sua lida,
por apenas mais um pouco,
um só momento,
e não me achasse santa ou atrevida...

somente uma mulher,
tomada de tamanho encantamento
e infinitamente embevecida.

Neide de Camargo Dorneles



Bendita Poesia

Na próxima quinta feira (05.10.) a partir das 21h., acontecerá no Teatro de Cultura Popular (F.J.A.) mais uma edição do projeto "Bendita Poesia", patrocinado pelo Governo do Estado/Fundação José Augusto.
O referido projeto privilegia o poeta que utiliza sua produção poética das mais variadas formas: com o auxílio de texturas sonoras, elementos visuais, data - show, performance.
O projeto tem dimensão regional, e já abrigou no seu palco, poetas do Ceará, Pernambuco e Paraíba.
Nesta quinta-feira teremos a seguinte programação:
Poesia Esporte Clube (RN)
Ivan Marinho (PE) e Malungo(PE)
e Carlos Emílio(CE) e Lindenberg Munroe(CE)

(antes do sarau, acontecerá lançamento dos livros dos poetas, e logo após a apresentação deles, um bate-papo com o público presente.)


NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE...

Poema Matuto

Assa noite, seu dotô,
meu coração tava aberto,
e a sodade, alí, pru perto,
no meu peito, imburacô.
Chorei munto, sim sinhô,
porém, parei de repente.
Butei uma idéia na mente,
prá matá essa danada,
e vô dá uma viajada,
NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

Vô fazê uma revisão,
na minha motocicreta,
prumode pegá a reta,
da caatinga do sertão.
Abraçá o meu povão,
meus amigo, minha gente,
vê canturia, repente,
vô brincá, vô fazê tróça,
vô prá Maiáda de Roça,
NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

Zé Ógusto, meu irmão,
paricêro qui Deus me deu,
vai de carona mais eu,
levando seu violão.
Vô chegá de supetão,
sastisfeito e surridente.
E p'ro meu povão carente,
de curtura populá,
nóis dois vai se apresentá,
NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

Prá donde eu sô cidadão,
minha amada Boa Vista,
vô rodá, cumendo pista,
vê Genilson, meu irmão.
No Bar de Sebastião,
eu vô decramá contente.
Pego a moto, novamente,
novamente, pé na istrada,
in procura da Maiáda,
NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

Lá na Maiáda, ao chegá,
eu sô mutivo de briga,
entre ais pessoas amiga,
qui tudíin qué me hospedá.
Prá aquelas banda de lá,
sô gente daquela gente.
E sô fruto da semente,
qui lá, eu prantei, de amô,
qui êles vão revê, dotô,
NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

Prá o qui eu quero revê,
um fim de sumana é pôco.
Dei caríin; e amô é o trôco,
qui eu sei, vô arrecebê.
Lá vô passá, pode crê,
uma sumana deferente.
Vô pagá munta aguardente,
p'ruis matuto, amigos meus,
que são presente de Deus,
NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

Vô levando meu poema,
canturia e violão.
Prá ajuntá, no meu sertão,
cum o canto da sariema.
Sertão, meu eterno tema,
do danô-se, vôte, ôxente,
da bela istrêla cadente,
qui de noite, a gente vê,
vô me incrontá cum você,
NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE...

Bob Motta

por Alma do Beco | 6:05 AM | | Ou aqui: 0




domingo, setembro 24, 2006

BANDAS PELA CIDADE

Marcus Ottoni


"Ibope: Alckmin se aproxima de Lula"

Manchete do Portal Yahoo

Orf/Klimt






























MOTE
Não vou brecar o martelo
Não virgulo o meu repente

GLOSA
Desafinar o meu “cello”,
Partir “prima” do meu pinho ?
Muito cabido – e sozinho ! –
Não vou brecar o martelo !
Teimoso vou – e me relo ! –
Discutir com muita gente...
Não sou Doutor, menos lente
- sou, só, bom no setissílabo,
Já mexi com decassílabo,
Não virgulo o meu repente !

Laélio Ferreira



DELIRIUM PLUTÔNICO


olho em expansão
não enxerga luz no fim do túnel
espia buraco negro.

Plínio Sanderson




Soneto Matemático

14 - 6 = 8 quatorze menos seis igual a oito
14 - 8 = 6 quatorze menos oito igual a seis
14 = [ 2x3 quatorze é igual a duas vezes três
+( 2x4 = 8)] mais duas vezes quatro igual a oito

Ǝ 1 14 | 8 existe um quatorze tal que oito
Ǝ ⇔ + 6, existe se somente se mais seis
14 ⊅ 8 + 6 quatorze não contém oito mais seis
14 ⊂ 6 + 8 quatorze está contido em seis mais oito

Ǝ 1 Ø ÷ existe um vazio dividido
>1 Ø (1 + 1) ? maior que um vazio “um mais um” ?
... Ø ∄ > vazio não existe maior que...

Ø + ℝ ⊂ vazio mais real está contido
∀ 1 | +1 qualquer que seja um, tal que mais um
⇒ 1 Ø < implica um vazio menor que.

Antoniel Campos



MÚSICA POR TODA A CIDADE
Seminário debate as bandas do RN
O Poti, 24.09.06

Depois de sofrer um pequeno adiamento para se adequar ao número de inscrições recebidas, tem início hoje o I Seminário Nacional de Bandas com o Grande Encontro de Bandas de Música, que conta com a participação de 50 bandas de todo o estado, e vai até o dia 29, com a apresentação do SaGrama, grupo pernambucano responsável pela trilha sonora do filme O Auto da Compadecida. Durante a abertura oficial no CAIC de Lagoa Nova, haverá nova apresentação da Filarmônica de Cruzeta.

A Fundação José Augusto pretende promover a integração entre bandas de música de diversas regiões do País e ainda possibilitar o aprimoramento da técnica de músicos profissionais e amadores. Por isso, serão oferecidas 21 oficinas, ministradas por renomados músicos e conhecedores da música no RN, como padre Pedro Ferreira, Germana Cunha e Cláudio Galvão.

Hoje, 50 bandas potiguares estarão dispersas por dez pontos da cidade, onde farão suas apresentações por volta das 17h. Os locais serão um mistério até para as bandas, que só tomarão conhecimento de onde irão tocar no momento da apresentação. O objetivo é fazer toda a cidade respirar música. Às 20h, todas as bandas se reúnem no Anfiteatro do Campus Universitário, onde fazem a apresentação de abertura, seguida pela apresentação da Filarmônica de Cruzeta.



MANOCA NO SOM DA MATA

Manoca Barreto inaugurou o palco do Anfiteatro Pau-brasil e a programação do Som da Mata em 2 de julho passado, dando a linha deste Projeto que acredita na música instrumental potiguar de qualidade.

Hoje, ele volta ao Parque das Dunas, fazendo-se acompanhar de Eduardo Taufic (teclados), Mário Cavalcanti Primata (baixo) e Jorge Lima (bateria), prometendo um repertório com composições do seu CD "Bom Sinal" e arranjos de músicas conhecidas da platéia.

Vencedor do II Prêmio do Diário de Natal pelos trabalhos desenvolvidos na área da música, o professor vem afinando seus intrumentos para a Aula Magna que vai proferir
envolto pela biodiversidade do Parque das Dunas, coração dessa Reserva da Mata Atlântica Brasileira.

O Som da Mata é uma iniciativa do IDEMA através do PROECO, tem a coordenação de programação da Agência Cultural do SEBRAE e apoio da Petrobras.


Show: Manoca Barreto

Local:Anfiteatro Pau-brasil | Parque das Dunas

Data:24 de setembro - domingo

Hora:16:30h

Ingresso:R$ 1,00 (um real)

Informações: 3201-4440



Alma da cidade

Presidente da Província,
passando da Rua Nova,
Sarmento limpou artéria
apontando para os morros
da chamada Solidão
(Tirol de antigamente)

Grande Ponto cheio de graça,
na esquina dessas ruas
um Café deu nome ao ponto
por onde cem anos depois
bondes cruzar-se-iam
e toda gente circularia
em busca de novidades

No entorno, lojas
cinemas, sorveterias
bares, confeitarias
e uma boca metálica
no poste daquela esquina
a dizer notícias de guerra

Porto de todo dia
de todas as horas do dia
a Rua Sarmento de ontem
tornou-se Inhomerim
depois, Pedro Soares
e João Pessoa, por fim

Esquecida talvez de si
foi, durante décadas
a referência maior:
- assunto -
alma de toda a cidade
crescida das glórias dali


Eduardo Alexandre


por Alma do Beco | 7:16 AM | | Ou aqui: 0




terça-feira, setembro 19, 2006

ENGADY EM PAUTA

Marcus Ottoni


"Se os padrões atuais de estranhamento e violência persistirem por mais tempo, há um grave perigo de que o Iraque entre em colapso, possivelmente em meio a uma guerra civil em grande escala."
Kofi Annan, secretário-geral da Organização das Nações Unidas


Karl Leite



Governo compra Castelo de Engady

Diário de Natal
19.09.06

O castelo custou R$ 219 mil e inclui além da edificação o acervo existente no local para compor um novo museu

O Governo do Estado comprou por R$ 219 mil o Castelo de Engady, ao Monsenhor Antenor Salvino de Araújo. Com uma área de 51 mil metros quadrados, foram incluídos na transação comercial , a edificação e o acervo existente no local, considerado durante muitos anos, um ponto turístico da região, que passa a ser administrado pela Fundação José Augusto.

Isaura Rosado, presidente da FJA informou que o Castelo de Engady está dentro da concepção do governo do estado, das ações propostas pela governadora Wilma de Faria, de interiorização da ação cultural.

"Então nós estamos fazendo muitas casas de cultura e o Castelo de Engady vai ser um equipamento cultural para a região. Abrimos uma discussão que deverá logo mais ser amarrada, ser complementada e ser finalizada. Estamos ouvindo a UFRN, através dos campi que estão instalados na região e em princípio o que nós estamos pensando é corresponder aos objetos da aquisição que foi feita, trabalhar com cultura e trabalhar com artesanato", declarou a dirigente da Fundação José Augusto.

Isaura Rosado enfatizou que além do pensamento de fortalecer e ampliar o núcleo de artesanato das bordadeiras de Caicó, há uma ação voltada para transformar uma parte do Castelo de Engady num museu.

"Que se refereria ao homem do Seridó, ao homem potiguar, seus modos de vida e também alguma coisa com relação ao fomento e ao estímulo do turismo jovem, transformando o Castelo num núcleo de apresentações nordestinas, que abrigassem o turismo dos jovens adolescente. Em princípio os estudos estão apontando nessa direção", disse.

A presidente da FJA, acredita que até o final deste ano o Castelo estará direcionado para as ações que estão sendo estudadas. "Mas nós vamos discutir esse assunto um pouco mais com a comunidade, a recomendação da governadora é que todos os movimentos culturais, não só de Caicó, mas da região como um todo, os movimentos da juventude sejam ouvidos para que a gente defina em conjunto", disse.

Segundo Isaura Rosado, a idéia é que o Castelo possa ter uma atividade permanente para divulgar, para catalogar e para guardar a história e a outra é que ele seja uma coisa mais vibrante, aberta ao público. "E seja um centro de difusão da arte e da cultura nordestinas direcionada para o turismo de juventude. Eu acho que até o final do ano nós teremos concluído essa discussão e iniciado o processo de instalação do que vamos fazer no Castelo de Engady".

Ainda segundo a dirigente da FJA, a originalidade do Castelo será mantida e o processo de tombamento está em andamento. O valor do montante pago, de R$ 219 mil, foi informado por Isaura Rosado, acrescentando que o Castelo não foi adquirido através da FJA, mas sim através de outro órgão governamental, que não soube precisar qual.

História

O Castelo de Engady foi idealizado pelo Monsenhor Antenor Salvino de Araújo em estilo que se aproxima o mouro-medieval, para lugar de recolhimento e oração, com sete torres, em honra ao número sagrado da Bíblia. Na entrada há uma grande estrela de Davi, em ferro, cravada acima da porta principal. É uma homenagem ao referido personagem bíblico, que teria usado a fonte de Engady, na Palestina, quando fugia da fúria do Rei Saul.

O Castelo é assentado sobre um rochedo tendo sua estrutura composta de pátios, terraços, peitoris, balcões, guaritas, torres, pontes, escadas, batentes, poços, tanques, fortificações, ameias, salas, dormitórios, capela, dependências de serviços domésticos, vigias, muralhas e portões. O mobiliário foi adquirido nas fazendas, propriedades e sítios da região. As peças chegaram por meio de compra, troca ou oferta. Seu acervo é composto de velhas arcas, velhos armários, baús, bancos, oratórios, pilões, rústicas camas, cadeiras, tripeças e largadas peças de engenho, de casas de farinha e de vapores de algodão. É decorado com quadros de representação clássica com emblemas, estandartes, espadas, lanças, carrancas, correntões, peças bíblicas e religiosas, objetos de boiadeiros e vestígios da vida bucólica.

A iluminação do castelo em noite festiva é feita de archotes, lampiões a querosene, castiçais à vela, lanternas, toscos candelabros e de algumas lâmpadas a gás. O Castelo de Engady para se tornar habitável , foram necessários onze meses de trabalhos ininterruptos, de 04 de junho de 1973 a maio de 1974. Nesse período, foram aplicados Cr$ 25.000,00 (vinte e cinco mil cruzeiros), desde a compra do terreno até serem fechadas todas as portas.

por Alma do Beco | 7:33 AM | | Ou aqui: 0




domingo, setembro 17, 2006

O UFO DE MOSSORÓ

Marcus Ottoni


O papa Bento 16 disse pessoalmente neste domingo que "lamenta profundamente" ter feito referências ao Islã e à guerra santa de um texto do século 14 que ofenderam a comunidade muçulmana.
BBCBrasil
















CESSAR-FOGO

Como apagar as brasas?
Como tapar os escombros?
Como plantar nos campos?
Como enxugar as lágrimas?
Como abraçar sem medo?
Como olhar as feridas?
Como filtrar as notícias?
Como enfrentar a crítica?
Como defender a sanidade?
Como sentir-se humano?

Deborah Milgram



Sunday, September 17, 2006
A bolha no país de Mossoró

Todo mundo de Mossoró viu. Até Cid Augusto, que confirma a história, segundo Léo Sodré, editor de O Mossoroense.
Dix-sept viu. Vingt-un. Dorian Jorge Freire, até Lampião também viu. Colchete e Jararaca.
Cid Augusto estava no jardim e tomou um susto.
Era uma bolhinha como as de sabão que foi crescendo.
Crescendo, crescendo, cobriu toda a cidade da chuva de bala.
Tarcísio Gurgel vai escrever o roteiro para fazer um auto.
Carlos, o poeta de Deífilo, já está em contato com João Marcelino para dirigir o espetáculo.
Tudo na Estação das Artes Elizeu Ventania.
Quando a bolha ficou do tamanho da cidade, começou a diminuir.
E foi diminuindo, diminuindo, quando estava bem pequena, tomou o rumo dos céus da barreira do inferno, e, numa velocidade espetacular, zuuuuuuuuuuum, foi embora feita bólido.
Diz Léo, em Mossoró ninguém fala nesse assunto.
Virou lenda, patrimônio imaterial valioso do Oeste dos royalties, guardado para o grande dia de Santa Luzia de não-se-sabe-quando.
Léo quer o texto em 30 linhas e é uma arenga sem fim com Alex, que ouvia histórias do pai chefe-de-reportagem Alexis, em pelejas homéricas por conta dos laudatórios de Dermi Azevedo na redação do Diário de Natal.
O certo é que a bolha existiu, Léo afirma e vai contar n'O Mossoroense.
Essa história passou a ser contada logo depois que o Graf Zeppelim sobrevoou Natal e dele foram jogadas flores sobre a estátua de Augusto Severo, na Ribeira.

Dunga

por Alma do Beco | 10:14 AM | | Ou aqui: 0




sábado, setembro 16, 2006

RICA RUA DA PALHA

Marcus Ottoni


"Nossa estratégia tem de, claramente, se opôr às tendências sinistras de associar o terrorismo com o Islã e à discriminação contra muçulmanos, que está incentivando uma alienação entre o mundo ocidental e o mundo do Islã."

Pervez Musharraf, presidente do Paquistão

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Becodalamense Olinto Rocha, memória e saudade


MANDALA

Como aprender
O soar da palavra?
Como aceitar
O curto momento?
Como entender
O inexplicável?
Como esperar
O que não chegou?
Como evitar
O que não aconteceu ?
Como tocar
O que não foi seu?
Como terminar
O que não começou?
Como escutar
O estrondoso silêncio?
Como decifrar
A rota do sol?

Deborah Milgram




O chão dos maiorais



Por trás da Rua Direita
a pobreza das casas de palha

Entre elas,
a Rua do Meio
Na verdade, um beco de águas servidas

Mau cheiro, lama
- e doces sem-vergonhices -

Alvenaria chegando
choupanas substituídas
a pobre Rua da Palha
ficou rica, charmosa

Vieram desfiles, festas
virou chão de maiorais

Os primeiros carnavais foram ali
também, os sábados de zés-pereiras

Rapazes em festa na rua
moças discretas, em altas janelas

Rua de poetas, políticos
seara de intelectuais

Palco de cultura e perfídia
comércio,
Maçonaria

Boemia do Potyguarânia,
noites sem fim de cachaça
serestas, amores
de lá planejou-se a cidade
E muitas conspirações.

Eduardo Alexandre



MEU SONHO DE CARNAVAL
Poema Erótico

Quero te encontrar na cama,
literalmente despida.
Debruçada no colchão,
languidamente estendida.
Com as pernas semi-afastadas,
nem totalmente acordada,
nem tampouco, adormecida.

Ao te ver naquele estado,
sinto uma alegria imensa.
Tu sentirás um arrepio,
que é a minha presença.
Te percorrendo inteirinha,
ao longo da tua espinha,
sem, sequer, pedir licença.

Sentirás a minha boca,
umedecendo tua nuca.
Ao morder as tuas costas,
nem causa dor, nem machuca.
E com beijos atrevidos,
lambidas em teus ouvidos,
quero te deixar maluca.

Entre a cama e o teu corpo,
acomodo as mãos, com jeito.
Enquanto beijo por trás,
teu corpo, mais que perfeito.
E assim, oh! Musa querida,
contente e feliz da vida,
te massageio cada peito.

Que se arrepiam, de pronto,
com meus dedos enxeridos.
Deixando em alerta total,
em ti, todos os sentidos.
Os teus pelos, eriçados,
o teu púbis, orvalhado,
mamilos, enrijecidos.

Continuo percorrendo,
tal qual um desbravador,
abro caminhos incríveis,
em teu corpo sedutor.
E tu, ali alma gêmea,
soltando o cheiro de fêmea,
teu perfume embriagador.

A minha boca não pára,
de explorar tuas estradas.
Tua boca pronuncia,
palavras apaixonadas.
Sem fazer qualquer barulho,
eu, de cabeça, mergulho,
em tuas coxas afastadas.

Viro teu corpo pra cima,
com a barriga p’ro ar.
Qual peão a uma poltranca,
chucra, tentando domar.
Numa louca cavalgada,
montado em ti, desvairada,
quero ao clímax chegar.

Tu em transe, desvairada,
me querendo mais e mais.
Pela boca e outras portas,
pela frente e por detrás.
E eu te amando loucamente,
beijo apaixonadamente,
os teus lábios verticais.

O teu néctar de amor,
em profusão a jorrar.
Entre orgasmos e estertores,
tuas coxas a me imprensar,
deixam-me extasiado,
com o peito acelerado,
mal podendo respirar.

Isto seria, querida,
felicidade total.
Te amando fora da conta,
em orgasmo pleno, geral.
Com amor, junto com tesão,
eu realizava, então,
MEU SONHO DE CARNAVAL...

Bob Motta

por Alma do Beco | 11:02 AM | | Ou aqui: 0




sexta-feira, setembro 15, 2006

PELO TALVEZ

Marcus Ottoni


“Se a Bolívia teimar em tomar atitudes unilaterais, o Brasil vai ter que pensar em como fazer uma coisa mais dura com a Bolívia."
Lula

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Postscript

Com tantas dúvidas
Opto pelo talvez
Talvez alguma vez?
Talvez nunca mais?
Talvez haverá paz?
Com muita timidez
Me escrevo, me afago,
Me afirmo, me renego
Me abro, me entrego
Com brilho nos olhos
Te guardo, te escondo,
Te esqueço, te exponho
Talvez?

Deborah Milgram



Relíquia esquecida


Os bichos sempre rondavam
no índio, não se confiava

Eram difíceis os dias

As noites da Rua Grande
eram escuras qual breu

Meninos sempre chegando
rapazes e moças casando
famílias se multiplicando
a exigir outras casas

Assim, beirando o caminho
seguindo o risco d’areia
por trás da capelinha
a Rua Direita se fez

Estratégica segunda rua
levava a pontos extremos:
À bica, ao Forte,
passando pela Ribeira
tornada bairro depois

Tal rua, hoje pequena
de nome “da Conceição”
foi Governo, Tesouro.
Hoje é História;
é solidão.

Eduardo Alexandre

por Alma do Beco | 6:58 AM | | Ou aqui: 0




quarta-feira, setembro 13, 2006

MAIS UM CAMINHO

Marcus Ottoni


"Os Estados Unidos deveriam aproveitar a oportunidade para rever suas políticas, olhar para as causas do terrorismo e adotar políticas amplas de paz para o Oriente Médio."

Manifestação da Embaixada da Síria em Washington
































Dunga, aos 11 anos


CORES EM CIRANDA
Exposição: Cores em ciranda
Eduardo Alexandre

13 de setembro a 01 de outubro de 2006
No Bardallos - Comida e Arte
Rua Gonçalves Ledo, 671
Cidade Alta - 9409-4440

Visitação
Terça a sexta-feira, das 16:00h à 00:00h
Sábados, das 11:00h à 00:00h
Domingos, das 11:00h às 16:00h

Contatos Eduardo Alexandre
9414 - 9394
3222-0821


Criador da Galeria do Povo, movimento artístico desenvolvido entre 1977 e 1986 em muros da Praia dos Artistas, Natal, Eduardo Alexandre já realizou mais de 500 exposições de rua e apenas uma individual, em 2004, no Palácio da Cultura: Portais de trevas e luzes. Ganhou este ano o Prêmio Poti, de cultura do Diário de Natal, como produtor cultural do ano. Foi diretor cultural e executivo da SAMBA - Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências.


Ciranda viva como a cor

A arte de Eduardo Alexandre é corajosa ao redescobrir a exuberância do ato de "pintar" no acariciamento farto da tela, como se mostrasse ao mundo e ao homem desse mundo que a cor é viva, que a cor vive, que nós somos como ela, vivos, jamais cadáveres ambulantes, cegos conduzindo cegos numa via escura e úmida esperando pelo milagre de um guia protetor.

É ousada por ser antes de tudo pessoal, inimitável e intransferível. Tem sua marca visível em cada milímetro de tinta espalhada como mágica sobre a tela, como uma mandala tibetana, como um quilt navajo, como o som do shofar ao fim do dia.

Poucos foram capazes de serem fieis a si mesmos da forma fervorosa, meditativa, com que Eduardo engendra sua processualidade criativa. Ele ultrapassou o prisma teorético de indagação ou questionamento sobre "processos". Para ele, o que existe é o ato criativo, puro e claro, transfigurado pela sua inimitável compreensão do que é a cor NO mundo, do que é a cor PARA o mundo, do que seria estar COM a cor e o mundo.

Por último, a resolução do dilema bi-milenar da arte e do objeto estético. Eduardo resolve essa querela de forma absoluta: ele demonstra, mostra e anuncia o fato artístico como a única realidade existente. Qualquer indagação ou abordagem teórica sobre o seu trabalho é irrelevante porque, para Eduardo, pintura (como poesia, como produção/promoção cultural), arte de uma maneira geral, é um oficio, uma destinação, um compromisso inerente à sua condição de ser humano, perceptivo, sensível, e único.

Ver os seus quadros é obrigação de qualquer um que participe e seja atento (por um mínimo que seja) a essa perturbadora ciranda intersubjetiva à qual damos o nome de vida.

Marcílio Farias

Sobre sua pintura, disseram:


Vicente Vitoriano, crítico de Artes Plásticas do Diário de Natal e professor de Artes da Universidade Federal do RN:
Portais de Trevas e Luzes, a exposição de Eduardo Alexandre, na Pinacoteca do Estado, é uma overdose, pois se compõe de uma quase infindável série de pinturas, todas se dirigindo ao padrão "all over" de aplicação gestual das tintas. (...). É preciso atentar para a sutileza cromática por sob o manancial de tinta preta e de gestos apreensível nas telas. Aliás, ... está no uso literalmente incrível de tinta preta a grande sacada deste artista tão prolífico. Alexandre consegue manter uma limpeza genérica e uma integridade de cada cor em particular que faz alçar a sua prática pictórica a uma maestria. Daí ser necessário fixar-se na observação de cada obra, no esforço de abstrair-se das demais.

Amélia Freire, diretora do Centro de Promoções Culturais, da FJA:
A pintura de Eduardo Alexandre é impactante, instigante: ela nos obriga a penetrar em si mesma.



Morais Moreira e Sinfônica
na Praça do Campus


A Orquestra Sinfônica do
Rio Grande do Norte fará,
na sexta-feira 15 de setembro,
mais um concerto
popular na Praça Cívica da UFRN,
com a participação
de Moraes Moreira.
O espetáculo é gratuito e
começa às 20:30 horas.
Você está convidado!


Réquiem para Jean brasileiro de Gonzaga

Oito tiros mataram um trabalhador
Oito tiros roubaram a vida em flor
Oito tiros mataram a ameaça.
Oito tiros atingiram o tronco de uma nação partida
Nenhum remorso diz o imperador.
Vamos continuar atirando
Tu que criaste a máquina a vapor.
Ensinaste a fazer ciência,
e aprendestes logo cedo a dominar
hoje mata um trabalhador
A nação que sepultou aquele que mais entendeu a “mais valia”
Estilhaça o cérebro frágil de alguém que tem medo
E transforma cada trabalhador em homem bomba
Ele é sempre uma ameaça:
Correndo
Com fome
Parado.
Étnico
Gritando
Professando outro credo
Ou atravessando a nado
Um mar de impunidade.
Não, não adianta correr.
Em cada canto um olhar.
O menor gesto fotografado.
E a arma apontada para o crânio de cada trabalhador.
Assim foi, assim será.
E ninguém sabe o próximo alvo a ser atingido.
Quem se eu gritasse?

João da Mata Costa



Caminho e praça

Defronte à capelinha
Rua Grande traçada
foram moldadas em taipa
residências perfiladas

Terreiro destocado, praça
e um caminho
a beber água

Anos e anos
de caminho e praça
vida sem graça
pouco afazer

Cidade nem era,
mais era um caminho
ou Rua do Caminho
De água beber

Eduardo Alexandre




"O espinho é o vigia
Da inocência da flor"


A flor com doce candura
Representa a singeleza
Onde a mão da natureza
Lhe defende com bravura
Ela mostra a forma pura
Tendo ao lado um protetor
Pra vencer o agressor
Na defesa da magia
"O espinho é o vigia
Da inocência da flor".

O espinho de prontidão
Protege a sua criança
Que de leve se balança
Como um mundo de ilusão
Deus lhe pôs um coração
Onde habita o puro amor
Que mostra todo esplendor
Quando a essência extasia
"O espinho é o vigia.
Da inocência da flor".

Suas pétalas delicadas
Precisam da proteção
Do aguçado guardião
Com as pontas afiadas.
As formas sofisticadas
Seduzem o invasor
Que logo sente uma dor
Através duma sangria
"O espinho é o vigia
Da inocência da flor".

Só quem pode invadir
A sua pura inocência
E tirar a doce essência
É um sutil colibri.
O seu beijo faz fluir
A grandeza do amor
Fazendo o seu protetor
Render-se a tal fantasia
"O espinho é o vigia
Da inocência da flor".

Gilmar Leite




ENCASTELADOS


Bardallos/sexta-feira, Dunga convida para a missão de tomar posse do Castelo de Engandy, em Caicó, no dia seguinte. Interessante a idéia da viagem pendular ao Seridó, principalmente se no programa a volta é via as paragens do Gargalheiras, para comemorar o natalício do amigo Huguito e conhecer sua encantada Pasárgada, em Acari.

Entretanto, quem diz que o poeta tem alforria para embarcar na tarefa nada árdua. Depois de curtições da galera (Orf, Serrão, Sandrinha e Zécarlos), a estratégia foi Dunga ligar para patroa e argumentar um habeas-corpus preventivo ao manicaca juramentado. Saiu pela culatra. Telefonema atrevida da madame (que me doma). Resoluto, enfrento a fera em meio à hecatombe. Que se dane, ô bicho macho!

Sábado, 4.30, despertador anuncia as providências... Cinco e quarenta e cinco, o Santana chega com Karl, Dunga e piloto Érico. Dez para seis, Orf liga querendo saber se tinha lugar. Como o mesmo ainda não havia feito sua higiene pessoal, declinou; e seguimos, o cheiro do orvalho no ar, e o sol nasce (renasce, morre, remorre) despertando as chalanas...

Em Tangará, café na parada tradicional. Encontramos o staff do Cláudio Porpino (dep. da cultura, êpa!). Em campana, podemos fazer uma leitura da conjuntura política a partir da presença dos carros na estrada ou dos cartazes afixados nas casas e cidades. Sem dúvida, no Seridó, ficou nítida a presença do candidato João Maia.

Entrando em Caicó, e a profª Isaura liga, dizendo que nos espera no castelo. Barrados no castelo. Encastelados. Sem contatos prévios, Dunga ainda precisa entender o funcionamento da estrutura, a única informação era de Marcotoni, que afirmou ter uma família morando nas dependências do Engandy. Então, cadê as chaves, não havia nenhuma família morando lá, o Padre, tinha sido visto numa van, só Deus sabe pra onde embarcara. Os funcionários da FJA de Caicó, também não sabiam de nada. Incrível como ninguém sabe de nada neste, país, neste estado, naquela cidade, eis o problema do Brasil, falta de conhecimento.

Imaginem o propósito inusitado de construir um castelo no meio do semi-árido nordestino. A idéia foi do padre Antenor, edificar sob afloramentos cristalinos um castelo de estilo eclético. O Castelo de Engandy, “a erva do deserto”. È uma visão surreal, tal qual a cena inicial do filme “Cabeças Cortadas”, do cineasta Glauber Rocha. Num Castelo medieval, na península Ibérica, um rei delirante, atende dezenas de telefones, como se estivesse negociando numa bolsa de valores.

O estado do castelo é de abandono. Práxis, demência, útero: transformá-lo num espaço de ambiência cultural. Instalando em suas tortuosas dependências um acervo que aglutine víveres e saberes da cultura seridoense. Salas temáticas: ciclos do algodão e do couro; artefatos minerais, pequena biblioteca, mostra de artes plásticas, fotos memoriais da cidade e/ou região, implantação de cursos arte-profissionalizante, oficinas de iniciação à música, ao teatro, artesanato; enfim, tornando o castelo num amálgama da produção cultural da região, realizando interface entre a cultura e turismo, pensando sempre na sustentabilidade do lugar e na geração de renda. Claro que o espaço deve receber eventos multimídias. Festival de Arte Nordestina? Não sei, acho que deveriam reter-se as manifestações seridoenses, e no grand finale, Chico César, cantando Caicó Arcaico aos peitos catolaícos.

Ficamos sabendo que o motorista teria que voltar no mesmo dia, o que inviabilizaria a tão almejada dormida em Huguito. Tínhamos nos programado para festa e dormi por lá: bebidas, redes (“tipóias de amores clandestinos”) na bagagem. Sem poder nos comunicar com Hugo, só depois ficamos sabendo pelo mesmo que a festa havia ocorrido na noite da sexta, ou seja, sem raspas, nem restos. Ele estava “noivando” com Ana Lia em Cruzeta, combinamos nos encontrar no açude.

Ainda em Caipolera, bebemos cervejas com churrasco à moda caicoense no Galileu e rumamos para Acari. Entortamos outras cervejotas, esperando o Hugo e primeira dama, comemos uns filés de tilápias na Pousada do Gargalheiras. Enquanto Karl tentava descolar dois air bags fenomenais. Chega o casal, acompanhado pela dona do bristô, esposa do Francês. Despedimos-nos lamentando a falta de comunicação, “quem não se comunica se trombica”.

Indo de volta pra casa... Constamos que o Dunga, heroicamente conseguiu sobreviver a quase trezentos km de distância do beco, contrariando a tese que o cordão umbilical entre ele e o Beco agüentaria apenas vinte km de separação. Quanto à rainha do castelo acho que o bobo, dublê de rei, deveria emigrar Gardênia, que cada dia está mais lady. Chegamos a Natalópolis, recebendo a notícia da vitória do mecão em Brasília. Sou da América do Sol, do Sal. No domingo, pedalando a beira do atlântico, protelo a morte e levito sob as águas placentárias do oceano.

Plínio Sanderson

por Alma do Beco | 1:01 PM | | Ou aqui: 0




segunda-feira, setembro 11, 2006

AOS CUS-DE-CANA DA CIDADE ALTA

Marcus Ottoni


"Neste quinto aniversário (dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra os EUA), o xeique Nasralah e seus Hezbollahs estão firmes no Líbano, o Hamas governa a Palestina, o Irã aparece como potência dominante no Oriente Médio e os americanos se afundam na democracia que plantaram no Iraque. Osama, mesmo sem comparecer, está mais presente do que nunca."
Lucas Mendes

Orf


Negociar sempre

não esse volume do som, mais baixo.
deixa eu ver o controle (remoto) . (isso: não quero ver isso.)
quem acorda primeiro, não; quem levanta para fazer isso ou aquilo (qualquer isso ou aquilo).
quem dá o primeiro afago. faz tanto tempo que não sinto (ele ou ela, qualquer um dizendo isso).
a conta (qualquer). a porta a abrir (qualquer). a espera (qualquer).
já que você está aí, me traz... (qualquer coisa).
virá ao meio-dia? então me leva... (qualquer um na fala, qualquer o canto).
(celular:)
— oi, tá onde?
— chegando já.
— passa ali...me traz isso...
(qualquer um na fala, qualquer o canto, qualquer isso).
acabou o gás. ninguém passa sem gás. cortaram a água e a energia. ninguém passa sem água ou energia.
(qualquer um na fala).
reclamos? mas que nada...

o nome disso é magia.

Antoniel Campos



a panturrilha. o calcanhar. o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos


pudesse, lamber-lhe-ia a panturrilha.
e o calcanhar. e o joelho. e a coxa. e o cotovelo. e as mãos.
pudesse.
mas não posso.

sim eu posso.
então lambo-lhe a panturrilha, o calcanhar. o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos.

mas,...
tens a panturrilha mais disputada.
e...
enciumo-me ao vê-la objeto de predileção de outrem.
salva-me saber que, de mim — e não de outrem—, é-me o calcanhar.o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos.

ápice ao saber que, à panturrilha (prometa-me: segredo), idem.

então eu lambo tudo o que é meu: a panturrilha. o calcanhar. o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos.

quero todas as ruas antigas. quero o dizer de ana luísa amaral. rua que for de antanho, quero-a no cheiro na ibéria.

sei dela perto; quero-a próxima.
dizer-lhe versos.
cantar-lhe e, ao mesmo tempo, sorver: a panturrilha, o calcanhar. o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos.

Antoniel Campos



Xêque Rocas Quintas


Minha gentinha reiada do Rio Grande do Norte.

Não é sopa de capão gordo nem escaldado de farinha seca o cabôco ficá num sei quantos anos se alevantano derna do cantá do galo, tumano café preto com pão carteira nas carreiras pra mode levá "catabilho" o dia inteiro na porra duma lotação, assentado num banco duro, estufano as hemorróias, aturano passageiro malcriado e rodano catraca na bunda da humanidade.

Por isso mermo vô logo avisano pro sinhô, seu Clárqui. D'agora em vante, neste lugá de budejado e latomia, eu vô cumeçá a fazê minha campanha política pra mode vê se me arrumo e me dô bem na vida.

Eu sei, sinhô redatô, qui carioca já votô em "Cacareco" e "Macaco Tião", assim cuma pernambucano deu voto pro "Bode Cheiroso de Jaboatão". Mas aqui nesse meu Errigenê lascado, o inleitô tem muntcho mais conciença de crasse e termina votano em gente qui nem eu só mermo pra mode fazê cachorrada e serví de mangação. Abasta vê qui nos anos sessenta o povo deu voto pro jornaleiro "Cambraia" e pra cambista "Maria Mula Manca", uma inleitora aleijada e arriada pelo véio "fechadô" Dinarte Mariz.
Tomém já foram alembrados pelos inleitores - principamente os de Natá - os candidatos "Cu-de-Ouro"; "Velocidade"; "Duruca"; "Tubiba"; "Barrabás" e "Chevrolé". Eu lhe agarantcho, seu Clárqui, qui nenhuma dessas incelenças ia fazê mais desfeita pro povo de Poti do qui toda a catrevage oficiá qui nóis tem hoje, sêje a níve municipá, estaduá ou federá.

Por via disso mermo foi qui um cabra pusitivo de nome Geraldo Lafayette, paraibano lá das bandas do Monteiro, dixe qui "Nada de bom nem de mau acontece no Nordeste que não comece em Natal. A melhor invenção...começou em Natal. A maior safadeza... começa em Natal".

Eu só num sei mermo pruquê, inté hoje, o "Ovni" ainda num adecolô na carreira... sostô!

Pissuíno tanta ciença e fama, abastava prumetê um campo de pouso de disco avuadô lá nas dunas de Genipabu pra mode truvê turista de tudo quanto é praneta, becos e adjacenças, néra mermo cumpádi Dunga?

Queria só vê a ruma de nêga parino menino cabeção, dos óios abuticados e de tudo quanto é cor. Principamente os mais puxados no cinzento e no verdoso. Pense no rebuliço de quenga passiano em Marte, Netuno, Saturno e Plutão!

Mas eu num tô aqui pra mode ficá vendeno ginga e tapioca dos ôtros não, visse? A minha prataforma política é muntcho mais arretada e aprumada.
Em premeiro lugá, pra cumbatê o anarfabetismo, vô apoiá o ABC Futibó Crubi e mandá tudo quanto é frasqueira pra escola.

Num é pussive um time dessa qualistria, por num sabê o bê-á-bá cumpreto, ficá seno sujingado a vida toda e passano vergunha por num dá conta nem do devê de casa, sêje lá no Machadão ou no chiqueirinho de Parnamirim. Todo ano essa prejura num passa da "corrente" e num bota quêxo nem prus times da Paraíba!Já na inducação sexuá, pra desarná tudo quanto é menino cabido e menina com cabelo no priquito, vai sê obrigatóro se escuitá todas as musgas do compositô Cabrito. Agarantcho qui num vai escapá nem a Escola Doméstica da prefessôra Noilde. Quem quisé suas fias pra sê santa qui bote no Patronato!!!

Como segunda medida, vô erguê um Cristo Redentô lá no morro de Ponta Negra. Adispois, mando serrá na base o pico do Cabugí e carrego pra Natá no lombo de carrinho de cocão e patinete de rolimã. Só nesse tipo de transporte já economizo uma grande soma pro erário público dos Alves, dos Maias, dos Melos e dos Faria. Aí, basta alinhá o bruto com o Morro do Careca e atochá toda a produção de açúcar das usinas Estivas e São Francisco em riba dêle... pronto! Tá feito o comprexo "Corcovado - Pão de Açucar" pra mode intelectuá daqui se sentí acuma se tivesse no Rio de Janeiro.

Será tomém um grande marco culturá de minha guvernança, sinhô Supermã, a construção de uma torre muntcho mais paidégua do qui aquela de Paris... a tá da Eiféu. Boto ela em preno Grande Ponto, na encruzilhada da avenida Rio Branco com a rua João Pessoa, no merminho lugá onde o prefeito Djalma Maranhão alevantava suas árvores de natá, lá pelo cumeço dos sessenta.

Tal investimento terá a serventia de mirante turístico pra mode se urubuservá o "maió pôr-do-sol do mundo", já qui o alcance da vista vai além do Potengi, podeno se vê, em tardes desanuviadas, inté o Alto de São Manoel lá no país de Mossoró.

Juntano o cajueiro de Pirangi com essa "torre do Grande Ponto", eu quero só vê a chiadeira de pernambucano dizeno qui tudo de lá é o maió e o mió do mundo!
Pra acabá de compretá, sinhô redatô, prumêto arremudelá totalmente o "trem do grude". Ao contráro de se chamá "trem-bala", vai sê batizado de "trem-bola", apois o carburêto de Cabrobó vai cumê solto dentro de cada vagão com muntcho sonzão de roquininrôu...brúis...régui...forrobodó nordestino e a gota serena.

Por derradeiro, vô inaugurá chafariz no Beco da Lama e adjacenças pra mode distribuí zinebra e celveja gelada de graça. Tal inovação faz parte do "Birináite Rocas", um programa de apoio aos cu-de-cana e papudinhos da Cidade Alta e Canto do Mangue, apois eu num sô doido de butá persiga pra riba de xaria e canguleiro.

Por isso, eu pido encaricidamente a tudo quanto é conterrâno daqui e do ôco do mundo.
Aos meus pariceiros e meus desiguais. Num interessa qui sêje cumunista, bucetista, cachaceiro invertebrado ou maconheiro de marca maió. Vamu "tudo encangado" nessa empreitada e adivulguem o meu prefixo, bando de côrno!!!!

- "Vote Rocas Quintas, o candidato dos pintas".

Rocas Quintas

por Alma do Beco | 1:00 AM | | Ou aqui: 0




domingo, setembro 10, 2006

AH, O AMOR!

Marcus Ottoni


"Os brinquedos sexuais contêm as mesmas substâncias tóxicas que a União Européia proibiu para uso em brinquedos infantis.”
Greenpeace, em release publicado pelo QG da organização, em Haia

Karl Leite
















No Castelo de Engady, Caicó/RN


AQUI OH! KAOS


P.S e Washington Virgínio (in memoriam)
Manifesto do Movimento Anárquico SONRISAL-UFRN/1985



Você aí populacho que não tolera o vazio
detesta o mórbido e se apavora no simlencium..

Você genniozinho que se senta na primeira fila e
apenas dizzz: yes!
as psic ologias sos ociais e resumum sua
pseudo-práxis academicista a meros pré-pós-fácios
e outrorelhas de clássicos e bestasellers....

Você que nunca andou de bond não se pode
deixar atropelar por hum passado que
nada representa e perder o trem do pôr-vir...

Você aí que ainda chama painho
tratetente de dormir com édipo
filho de família catolicista e bem
reside in sobradus art nouveart
cultua o corpo Christi:
ah! lácrima Christi it’s here...

Você mocinho transparece vanguardoso
mas se curva diante todas as seitas
prê-fere-e-rigir yours mit’s em papéis
in-rola-im-pre-gnados-of-fezes...

Você que yet think que o Peter-o-Álvares & kabralll
realmente descobriu the earth brazilian e os
silvícolas apenas ex-peravam
vinhos-brindes-do-porto
our coca-colas que o valham...

Você aí populacho que descaminha no muro
frontspício caído em Berlins Bonfins
galga degraus do im-becilis-nato
dezligue sua tv entre prá história
re-tire antena-do-tetu-ponha-non-tatoo...

Você rapeize que in tardes cinzentas veste
um jeans/justo/busto/desbotado
a angariar orgasmus efê-meros
in shopping centers co. 100% national...

Você cidadão que obdesce a sinais luminosos
expera o verde encruz-a-mentos
a linha do breu e a luz do buraco neglo
é-bem-sob-embaixo de todo solstício...

Você nativo das kapital
habitante plástico espírito consumista
selvagem troglodita-poliglota nesse imundo
sisteima fiador do tódio...

Você populacho se dizzz comunistóide
não passas de um rídiulo pseudo lntelectualóide
dreamer over is ir à cuba ébrio de vodka kreemlins
riste em trancilins a proferir
jargões bolchevistas milnovecentosdezessete...

Você que pensa ser a anarchy uma
badernabalbúrdiaesculhambação
pré-pare-se-para se tornar imortal da A.B.L
o que mui denota ser culto/inteligente
talqualmente general terceiro mundista...

Você populacho filantropoboboprobo
acredita que sua loja maçônica
apenas-mente doa re-médio/mass
aos índios da amémrica central norte caribe sul...

Snow você aí ridículo que
sentiu náusea bufou
sentiu tonteiras /doideiras
delírios in-tremens e
asco-ao-ler-ao-leo:

NÃO VOTE, REVOLTE, ARROTE!

Plínio Sanderson



ENIGMARGENS DO ENSANDECIDO

"A alegria é a prova dos nove" (Oswald)

Na Era do Póstudo, sincronicidades/simultaneidades, Enigmagens do Ensandecido, "uma poética da leitura", pastiche borgeano...

"Panaroma", expressão cunhada em título de uma tradução fragmentária do "Finnegans Wake" de James Joyce por Augusto/Haroldo de Campos. "Panaroma no Kaos", paideuma inter/semiótico; de "Simmias" de Rhodes, há dois milênios ao "Ovonovelo" (1956) de A. Campos, eis "O Cio D’ócio", uma irônica alegoria ao bel prazer, heráldica poesia pulsante tipologialternativa, in alternância, claro/escuro, universo semântico.

Uma simbiótica relação se desenvolve entre os poetas do Pós-Tudo, um verdadeiro diálogo antro(pop)lógico, de apropriações, "poétiches" (Bianor Paulino) e/ou versões processuais. "Ex-Tudo" também é um poemantológico produzido pelo mesmo A. C no final do século XX, gerado por uma enorme polêmica intelectual: "quis mudar tudo, mudei tudo, agora mudo: ex-tudo". Eu, primeira pessoa do singular, compus uma versão, um poema/objeto (rolo de papel higiênico), exposto na 1ª Panorâmica da Escultura e do Objeto Pernambucano, anos 80.

"Polética" conflue ao livrobjeto de Júlio Plaza (poética/política= Polética); idéias convergentes, o fósforo queimado e a sua chama em "Afetart", o segundo livro de P. Sanderson (1985) coincide com um poema que posteriormente J.P. materializou a idéia num zine do "Lei Seca", Café do Bexiga, em Sampa.

P. S. e os seus hai-kais radicais: meta-irônicos, como referia-se Octávio Paz a "Marcel Ducahmp ou o Castelo da Pureza". Do Poema Visual à Prosa lítero-Poética este inventor de neologismos (vide "Contemporaneiguar") sempre instigou performaticamente fruição na cena artística pelos diversos ambientes trafegados: ruas, becos, bares, botequins, palcos a(r)mados a céu aberto, passeatas comemorativas ao Dia Nacional da Poesia (14 de março), Festivais do Forte dos Reis Magos, Galeria do Povo na Praia dos Artistas; Oropa, França y Caicó...

Protagonista irrequieto desta ação contemporânea, entre contemporâneos seus, nesta "antilogia" de influências herdadas e reinventadas, desde Oswald de Andrade e/ou José Bezerra Gomes; João Cabral de Melo e/ou Glaber Rocha; da Poesia Concreta ao Poema Processo. Entroutras signagens experimentais como a Arte/Correio...

Jota Medeiros



Ah! O amor...

Certa vez conversando com o jornalista Vicente Serejo, um dos bons cronistas da terra de Poti, ele dizia que o complicado no amor era a questão da cronologia da paixão. E explicava: "Quando os casais se apaixonam geralmente é de uma vez só. Os dois se apaixonam e tudo fica muito fácil. Para acabar a relação é muito diferente, pois a cronologia deixa de existir e sempre um se desapaixona primeiro".

Nesses tempos corridos, de muitas mudanças, umas nem tão perceptíveis assim, é comum às notícias de relacionamentos desfeitos, como se o amor não conseguisse mais fincar raízes como nos tempos mais calmos, sem tantas informações. Antes eram incomuns as separações, os desenlaces. E, para a sociedade, principalmente para as mulheres, não era bom. Na minha infância e adolescência ouvi muitas conversas assim: Ela é uma boa pessoa, mas é uma mulher desquitada, o marido a deixou, sabe-se lá por quê? Não queriam nem saber se o marido a havia trocado por outra.

Hoje, a pergunta é: Lá vai fulana, está bonita, será que ainda está casada?

Vivemos um novo tempo?

É provável que as cabeças tenham mudado, mas mesmo diante de tantas descobertas na área humana, de tantos novos conhecimentos comportamentais, parece que as mentes estão se voltando para o material, apenas para o tangível, como se uma nova glândula puramente sexual esteja atuando na maioria das cabeças. O amor, o sublime amor de quem apenas ama, observando o todo da pessoa, começa a parecer uma coisa antiga, démodé, tão fora de moda que passou a ser pouco respeitado. Muitas pessoas se protegem do amor. Isso mesmo. Protegem-se dele como se fosse um vírus. Não querem amar, simplesmente porque querem se manter só, livres, leves e soltos. Somente não contam com o imponderável, porque um dia o vírus pega, a alma gêmea aparece e o amor o vibrante amor incondicional penetra como uma espada e finca-se para nunca mais querer sair.

E, enquanto escrevo, penso no meu amor maduro que chegou à minha vida com a cumplicidade de Deus, que não me queria sozinho. Foco na minha mente uma saudade que me inquieta enquanto ela viaja por muitos dias. Penso que o sofrimento da saudade repercute no coração de forma positiva e sonho com nosso reencontro e nos momentos mais significativos de nossas vidas. Aliás, repartimos o sonho em telefonemas e e-mails. Estamos a milhares de quilômetros e, pelo respeito e carinho que nos dedicamos estamos, também, perto. Coisa que somente o extraordinário vírus do amor consegue fazer. Ah! O amor...

Leonardo Sodré

Karl Leite

















Plínio Sanderson, Isaura Rosado, Eduardo Alexandre e Laélio Ferreira visitam o Castelo de Engady

Definitivamente, na era da informação;
portanto: blog-se!


Os primeiros números apresentados no “Simpósio sobre informação na internet” foram estarrecedores: somos 377.374.496 (trezentos e setenta e sete milhões, trezentos e setenta e quatro mil, quatrocentos e noventa e seis) hosts conectados na grande teia mundial.

O Brasil ocupa o 1º lugar em número de acessos na América do Sul, o 2º em relação às demais Américas e o 9º no mundo. Em 2005 éramos 1,08 (hum vírgula oito) bilhão de usuários. Em 2010 estaremos bem próximos de dois bilhões.

Nesta avalanche de informações, como e onde encontrar o que se procura? Respostas e sugestões a estas e outras questões foram objetos das apresentações do Evento que reuniu autoridades no assunto, em nível nacional e internacional. Entre os palestrantes, estiveram representantes das empresas mais significativas da área: Google, Yahoo, MSN, UNESCO, IBICT, OAB, FGV, UOL, Terra, IG/IBEST, NetLibrary, Editora Abril, CAPES; dos jornais: Folha de São Paulo e Estado de São Paulo. As Universidades também se fizeram presentes através da Unicamp, UnB, University of Groningen, Faculty of Law para discutir temas que versavam sobre “Mecanismos de busca: impactos no ensino e na pesquisa”, “Blogs: práticas e perspectivas”, “Comércio eletrônico de informações”, “Informação na sociedade: impactos na inclusão social”, “Internet e direitos autorais” e “Portais: impactos no ensino, pesquisa e inclusão social”.

Nos quatro dias do evento, novos conhecimentos descortinaram-se, a grande maioria digna de registros, tendo, porém, insuficiência de espaço para todos. Chamou a atenção o novo olhar sobre os blogs. Antes tidos como diários pessoais abertos, são hoje considerados um dos veículos de comunicação mais ágeis, não só entre os jornalistas, que são inclusive aconselhados pelos seus gerentes a criarem os próprios blogs, como por executivos das grandes empresas tais como a Ford e General Motors, que os usam como ferramentas de trabalho e canal aberto para clientes, fornecedores, colaboradores e consumidores.

São 51 (cinqüenta e hum) milhões de blogs em todo o mundo, desde os temáticos, como os sobre Joelmir Betting, mas não de autoria do mesmo, como os pessoais e polêmicos como o da Bruna Surfistinha, que tanta confusão causou. Ficou evidente, entretanto, que mesmo com toda ambigüidade, é de inteira responsabilidade do seu proprietário o que é publicado – sendo inclusive passível de penalidades legais -, e que só a ele cabe o absoluto poder de apagar postagens inconvenientes a até vetar o acesso aos visitantes indesejados.

Boas surpresas foram anunciadas como os novos mercados de filmes e músicas em CDs e DVDs, agora lançados diretamente do produtor ao consumidor. Nestes últimos, tendo a Nigéria superado a produção de filmes indianos com 1.200 (hum mil e duzentos) novos títulos por ano. O curioso é que, mesmo com essa super-produção, há cidades na Nigéria que não possuem salas de projeção. Outra novidade foi o destaque dado pelo palestrante da Fundação Getúlio Vargas, um professor doutor especialista em direitos autorais que apresentou a Creative Common, um projeto global de licenciamento e compartilhamento da produção artística onde há o compromisso da permissão de reprodução de obras, desde que citadas as fontes, ficando o autor livre para reservar alguns trechos ou partes para cobrança dos direitos.

O melhor da festa, digo, do evento, foi constatar que muitas vezes um movimento de periferia, olhado com desdém por alguns segmentos culturais, tal como as “festas de aparelhagem” que surgem com toda força em Belém do Pará, é considerado por outros como uma nova maneira de produzir e difundir cultura popular, tendo inclusive projeto custeando o estudo dessa emergente cadeia de produção. São as periferias globais apropriando-se de alta tecnologia para produzir uma nova cultura, agora remixada com elementos universias.

Ana Cristina Cavalcanti Tinôco

por Alma do Beco | 6:52 AM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, setembro 07, 2006

ROTEIRO

Marcus Ottoni


“Temos de reconhecer que estamos um pouco surpresos com o nível de intensidade (da violência), e com o fato de que a oposição em algumas áreas não se baseia em táticas tradicionais de atirar e correr.”

James Jones, comandante militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), surpreso com a reação talebã no Afeganistão

Hugo Macedo














Era rio

Depois da resistência,
holandeses vencidos,
muitos se foram
poucos ficaram
a contemplar o rio
como em vigília

Foram anos, décadas
Três séculos de monotonia
e medo da escuridão

Uns, guardados pela Fortaleza
outros, na duna alta
ribanceira oposta ao mangue
de longe, a vigiar a barra

Em volta da capelinha,
deixada da fundação,
cabanas foram ficando
a demarcar meio à mata
sítios ermos, ali, ali

A oeste, o rio pequeno
de beber água boa, pura
como aqueles dias
de muita espera
- Tijuru?
- Tissuru, respondia o índio

A pesca, a caça, a coleta
a criação de pequeno porte
a agricultura de poucos elementos
o cuidar dos animais
eram o fazer do dia-a-dia.
Marasmo da vida inteira

Natal nem era cidade
mas o Potengi era rio

Eduardo Alexandre



Cantões é roteiro


Demorará décadas, séculos.
A coisa já foi contada uma vez. E bem.
Houve uma paciência, uma parcimônia, um querer dizer as coisas e escolher as pessoas para dizê-las.
Diria que o tópico primeiro seria a tatajubeira, por tão óbvio, dado o cascudiano tratamento — diga-se: tudo a ser dito bebe nessa fonte (não na da vila cincinato, mas na de Cascudo).
Porque décadas e séculos, só por isso: a história do centro da cidade do Natal tem nome: "Cantões, Cocadas - Grande Ponto Djalma Maranhão". Ele, Djalma que, década de 50, inaugurou uma bossa marqueteira: uma faixa, cruzando a Rio Branco (Nova), margeando a João Pessoa (Tocos), na hoje C & A.
Diria, mas não digo. Digo desse tempo, posto ser esse meu compromisso, como foi, antanho, o de dizer, alguém, o supra rabiscado.
Beco da Lama. Tarde qualquer de Sábado. Tarde qualquer de um dia qualquer de qualquer mês e ano idem.
Hugo Macedo, vasta cabeleira, indefectível sorriso independente de ter morrido o Papa, o Presidente, a mãe, o amigo, o raio que o parta.
Manias gargalheiras de mostrar o que lhe apraz. Mas é puta sacanagem circunscrever um artista num rótulo: quando eu digo: "Gargalheiras", eu sacaneio Hugo. Diminuo Hugo (embalde saber que NINGUÉM jamais retratou o Gargalheiras como ele, eu o diminuo). Hugo é mais. É o grande nome das artes dessa Poti mais bela e vã. Sei da cor azul conseguida a ângulo de 45º no Pataxó — invenção sua. Coisa de gênio. Sei dos raios furando nuvens nas serras curraisnovenses tantas vezes motivo de papel de parede nesse micro que ora teclo. E o que digo das cores dos brincantes desse Agosto folclórico de dois mil e seis? Cantão é roteiro.
Digo de Alex, pato rouco, irmão, com quem compartilho o momento ímpar de sua produção jornalística. À profusão. Está aqui e, de repente, em Mossoró. Volta, dá-nos o Potengi, sabe do nascer da Ponte de Navarro. Vistas primeiras de onde nascerão outras. Ouve, Alex: sob o teu ângulo potengi, daqui a vintanos, outros ângulos virão; mas o teu, agora, é primeiro. Aproveita. Não deixa nada sem que seja agora visto. Dá-me esse presente: eu, já velho e carcomido, direi: já vi isso quando Alex viu por mim. Vê tudo. Escreve tudo. Clica tudo. É o que vale, mano.
Cantão é roteiro.
Abraço Leonardo. Meu irmão. Estou sempre com ele. Ele está a umas centenas de quilômetros, mas está aqui. Ninguém parte quando nunca vai embora. Li a tua viagem ao céu. Fiquei calado, como muitos, porque sabemos que assim deve ser. Invejo-te a compulsão. Tudo para ti é motivo para se dizer no papel — e dizes tão bem. Rio às escâncaras no teu inimitável "ó quê?". Vibro, igualmente, nessa tua fase editorialina: esse é o teu espaço e o teu momento. Cantão é roteiro.
Chega Laélio, gênio filho de gênio. Quanta honra em saber que esse cara, independente de ser filho de quem é, passou por isso: ouviu, na intimidade do lar, a voz do grande bardo da segunda metade do século passado. Basta isso. Juro que adoraria e pagaria tudo o que tenho ou não para: ouvi-lo. Imagine ouvir-lhe dizendo: "Laélio, ajeite as meias!". E aí eu me pergunto: será que esse puto aquilata essa dádiva? Mas quero falar d'O cara. Do poeta Laélio. Do teimoso e difícil Laélio. Esse que é o MAIOR glosador vivo nessa terra potiguarina. O cara que pira e inspira quem ao seu derredor. Ninguém fica imune: desça-se o malho ou se lhe erga o pedestal. Sou dos que se lhe erguem. Combato-o e o admiro. Assim, tudo ao mesmo tempo. Sou feliz por testemunhar umas das mais perfeitas glosas já vista nessa terra: aquela onde Malgênius Netto é vítima (risos). Cantões é roteiro.
Lourenço: O Chagas. Nome completo: Chagas Lourenço. Charutão por disfarce. Amo esse cara. É irmão de Leonardo; logo, meu também.
É O MELHOR PÉ-QUEBRADO QUE JÁ OUVI EM TODOS OS TEMPOS. Puta poeta. Sonoríssimo. Passo uma tarde toda ao lado desse camarada. Sabe de histórias de corar Pe. Agostinho e Orf, o Oswaldorf — dois cabras bons. O primeiro, irmão, literalmente, da gente. O segundo, da gente, literalmente irmão. Uma lapada de cana para os três.
Cantões é roteiro. Sempre.
Digo do queridíssimo Dunga, dito Eduardo Alexandre, o culpado pelos "Cantões, Cocadas - Grande Ponto Djalma Maranhão", papafigo e mandachuva do CEDOC, da Fundação José Augusto, o mestre e menestrel de todos nós, o homem da Galeria que é do Povo, dos Primeiros Dias da Poesia, dos pratos del mondo. E da nossa razão de estar aqui e dizer e dizer: Dunga, te agradecemos por tudo. Cantões é roteiro.

Antoniel Campos

por Alma do Beco | 9:55 AM | | Ou aqui: 0




domingo, setembro 03, 2006

SONHEI CUM VOCÊ

Marcus Ottoni


"tu gimía, tu chorava,
dizendo palavras lôca.
Sua voz cansada e rôca,"
pidia mais meu calô.

Bob Motta




M O T E

SONHEI CUM VOCÊ SONHANDO
CUM NÓIS DOIS FAZENDO AMÔ

G L O S A S

Tava sintindo tezão,
mode nóis dois chamegá.
Ontonte eu fui me deitá,
pensando in tu de muntão.
Na minha imaginação,
dei-te um buquê de fulô.
Disso, tanto tu gostô,
qui a rôpa já foi tirando,
SONHEI CUM VOCÊ SONHANDO,
CUM NÓIS DOIS FAZENDO AMÔ...

Isso é verdade e dô fé!
Tu nuínha, um aivião,
“um sete quato setão”,
um istrupiço de muié.
Da cabeça inté o pé,
êsse véio trovadô,
sem um derréis de pudô,
cum caríin, foi lhe bêjando,
SONHEI CUM VOCÊ SONHANDO,
CUM NÓIS DOIS FAZENDO AMÔ...

Dei logo um bêjo na bôca,
inquanto ais mão te apaipava,
tu gimía, tu chorava,
dizendo palavras lôca.
Sua voz cansada e rôca,
pidia mais meu calô.
Seu prefume imbriagadô,
minha rispiração tumando,
SONHEI CUM VOCÊ SONHANDO,
CUM NÓIS DOIS FAZENDO AMÔ...

Cum meus bêjo eu fui descendo,
do pescoço p’ruis seus peito.
Cum caríin, cum munto jeito,
você; tôda se tremendo.
Prá mim, se oferecendo,
tranrmitindo seu calô,
me ofereceu “a fulô”,
e eu fui logo ixplorando,
SONHEI CUM VOCÊ SONHANDO,
CUM NÓIS DOIS FAZENDO AMÔ...

Se o seu poeta sô eu,
lhe juro, minha princesa:
Pode ficá na certeza,
qui meu sonho é o sonho seu.
Se no pensamento meu,
nossos côipo saciô,
mais eu, tu tombém sonhô,
passô a noite gozando,
SONHEI CUM VOCÊ SONHANDO,
CUM NÓIS DOIS FAZENDO AMÔ...

Bob Motta

por Alma do Beco | 12:44 PM | | Ou aqui: 0


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