domingo, abril 23, 2006

AO QUE DIZ-ME

Marcus Ottoni


“É nas mãos deste descerebrado (Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã), movido a radicalismo religioso e a delírios atômicos, e daquele outro de Washington (Bush), regido a prepotência belicista, que se encontra o futuro da economia global. Vai mal a humanidade.”
Josias de Souza, Blog ‘Nos Bastidores do Poder’, Folha de São Paulo

Orf
Oswaldo Ribeiro Filho

TRAJETÓRIA

Sisifico versar
Arrumar palavras
Canalizar emoções
Sensibilizar

Epidêmico versar
Contaminar corações
Inventar antídoto
Explosões

Trágico versar
Sussurram as musas
Acariciam, seduzem
Não morrem, se reproduzem

Sem nome
Sem idade
Sem sexo
Sem status
Sem identidade
Sem residência
Sem nacionalidade
Sem rima
Sem fama
Sem rua
Sem terra
Sem gozo
Sem rosto
Sem sotaque

Apenas se revezam
Esses poetas…

Deborah Milgram



Ao Que Diz-me O Ciúme me Convenço

"Os ciúmes sabem mais que a verdade"
Gabriel García Márquez

É de pedra a certeza que eu suponho.
É real toda a trama que eu invento.
É de encaixe perfeito o que foi sonho.
É-me audível o que diz teu pensamento.

Se disfarça o punhal meu ar risonho,
é porque mais prazer dá-me o tormento
em querer, no que é claro, o mais medonho
eu saber para o meu convencimento.

Se é real a certeza que eu suponho,
ao que não resta dúvida dou azo
e ao incerto, decerto lhe pertenço.

Pois é pedra essa trama que eu invento:
ao que diz-me a verdade, pouco caso;
ao que diz-me o ciúme, me convenço.

Antoniel Campos



O menestrel da Caatinga

Elomar Figueira Mello é um cantador do povo, um menestrel do sertão, um poeta da caatinga, um bardo medieval, um instrumentista virtuoso, um chiqueirador de bodes, um tangedor de gado, um fazedor de cercas e um contador de histórias. O vate da caatinga é o cronista de um povo humilde e pobre que vive escondido e esquecido nos rincões do sertão nordestino. Arquiteto por formação e criador de bodes por opção, o poeta cantador resolveu transformar em lendas as tantas e tantas histórias que ouviu na casa dos mais velhos, durante a infância, às margens do "Rio do Gavião", em Vitória da Conquista, Sul da Bahia.

Avesso ao mundo dos urbanos, principalmente das metrópoles, Elomar se afastou da suposta civilização pra viver na caatinga ao lado dos animais e do sertanejo humilde, tornando-se um cronista do seu povo, cantando através da sua singular música os fatos e acontecimentos da terra em que nasceu e se criou A criação poética, ambientada no sertão mítico e místico, tem raízes ibéricas, barrocas, medievais, clássicas e orientais; todas moldadas por um violão virtuosíssimo e cantadas por uma linda voz que soa como o som de um fagote. A sofisticação da sua obra reveste-se de uma beleza poética/musical, que engrandece e universaliza o telurismo do sertão nordestino; lugar repleto de adversidades naturais e de manifestações humana.

O cantador do sertão, usando o domínio técnico da música erudita, recria a tradição popular. Enquanto muitos compositores clássicos, que vão de Bach a Villa-Lobos, passando por Ravel e Mozart buscaram a fonte do folclore pra alimentar sua criação erudita, Elomar faz o caminho inverso: ele inunda com sua cultura musical e poética o mundo de sua gente.

A obra do bardo menestrel se afigura com um imenso vórtice de criação, com obras que remontam à sua juventude, trechos de óperas que ficaram inacabadas e que hoje grande parte já está concluída, canções populares, louvações, longos lamentos, concerto para violão, orquestra e coral.

O Sertão como elemento principal da sua poética é mostrado desde as canções até as óperas e sinfonias como um mundo místico e mítico. Nele o poeta cantador relata os dramas seculares das secas, como o êxodo, a fome e a miséria; fala das tragédias de casamentos não realizados, das festas, das donzelas sertanejas, dos desafios de poetas repentistas, do vaqueiro, da maneira dialetal do povo falar e da relação do homem com a terra e com Deus. Na sua obra magnífica o cantador transcende o medieval, quando mergulha na idade média, nos trazendo todo o universo da cavalaria, com seus cavaleiros, menestréis, reis, rainhas, príncipes e princesas. Mas é no sertão que Elomar torna a sua obra mais fincada na raiz da nossa identidade cultural. Nos seus cantos sempre há uma súplica do cantador pra que o caatingueiro não deixe a terra; mesmo nas condições mais adversas. O poeta afirma que a chuva um dia voltará e tudo renascerá; mas a saída do homem sertanejo, Elomar vê o não retorno, ou quando retorna, volta com outro corpo de valores culturais, influenciado pelo mundo dos urbanos, perdendo assim a sua alma caatingueira.

Embora a sua obra mostre através do épico as tragédias do universo sertanejo, onde a morte e as desventuras fazem parte do cotidiano, ela tem um compromisso profundo com a vida, e nos enche de um sentimento telúrico profundo, nos tornando mais humano e preparados para vida.

Apesar de ter um público fiel e crescente, Elomar ainda é rotulado por grande parte dos urbanoides, ou alguns "nordestinos", como radical e regionalista de maneira pejorativa, cheia de descriminação. Mas enquanto essas pessoas e grande parte da mídia o tratam com indiferença, o velho menestrel da caatinga mergulha cada vez mais na raiz profunda do seu povo e universaliza a sua aldeia através de um belo canto cósmico sobre o Homem, a Terra e Deus.

Gilmar Leite

por Alma do Beco | 9:56 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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