terça-feira, fevereiro 28, 2006

TERÇA-GORDA

I CARNAVAL DO CENTRO HISTÓRICO
NATAL/RN

O Maestro, em plena escadaria da Igreja, faz um inferno.
Antoniel Campos


Hugo Macedo
Hugo Macedo
Maestro Gilberto Cabral


Dia 28 – Terça – Feira
12h – Folia de Rua
15h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
16h – Rachell Groisman – Canta sambas enredos do carnaval carioca
17h – Entrega dos Prêmios de Fotografia, Fantasia e Prêmio Câmara Cascudo de Destaque de Grupo Folclórico do Carnaval Natalense:Homenagem a Rubens Pessoa
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
22h – Khrystal e Banda – Cantam o carnaval de Caetano Veloso, Moraes Moreira e Alceu Valença
00h – Banda do Centro Histórico, do maestro Duarte



Dunga, faça chegar às mãos de Gilberto esse escrito, porque não sei se tornarei ainda ao Beco no Carnaval, mas queria dizer isso a ele, agradecendo os momentos de pura graça patrocinados.

Antoniel Campos


Nasce um Maestro

Hugo Macedo


"Você:" e o maestro aponta para o saxofonista que, tímido, ensaia uma desculpa. "Venha! faça o que você faz sempre, o normal", incentiva o Senhor de cavanhaque. E o saxofonista, vencendo a si, deslancha em acordes e improvisos inimagináveis — para ele e para a platéia atenta e embevecida. A orquestra, atenta, em uníssono, permeia o acorde clássico de Vassourinhas, dando ensejo ao próximo participante. Mais um o sucede; agora, o trompetista, mais improvisos, o compasso magicamente marcado pelos demais. Os trompetes riscam sonoramente o ar na hora certa. Agora, só pelo olhar do Mago, a vez dos trombonistas, cada um, inclusive Ele, Trombone de Vara, uma riscada no ar e o tarol sabe que é a sua vez. Vassourinhas segue inebriando. E todos — Todos — dão o show. A turma do Bombardine mandando ver em graves de fazer tremer todas as Adjacências, que dirá o próprio Beco. Mas a Orquestra tem que seguir — Aleluia! — Beco da Lama, João Pessoa, Princesa Isabel, cruza-se a Rio Branco, caminho da Igreja do Galo — parada estratégica: tocador quer beber — e então, senhores e senhoras, hora do espetáculo. O Maestro, em plena escadaria da Igreja, faz um inferno. Novamente, cada componente, todos já desinibidos, dizem para que vieram. Hora mágica: o êxtase de saber que está fazendo a coisa certa faz deitar o nosso Maestro no chão: momento apoteótico. Ele deitado e o trombone de vara riscando o ar, como a dizer: eu não sou nada: que paire sobre mim esse instrumento que fala mais do que eu, porque diz a minha alma. O frevo come rasgado nas ruas do Centro Histórico de Natal!. Mágica, mágica pura. Hora da água. Hora de seguir: o Beco espera. Eu disse que todos deram o seu show? não. Faltava a turma do couro. Agora sim. Nova rodada de acordes e improvisos, sempre Vassourinhas — a nossa dívida com Recife — e a surpresa propositadamente deixada para o final: espetáculo dos Surdos, Júnior Negão no comando: coisa maravilhosa: todos tocam em todos os surdos. E tudo ao mínimo gesto do Senhor da Banda da Ribeira, ele: Gilberto Cabral: O Maestro de Natal. Novamente deitando no chão, porque, ele sabe, Carnaval é isso: pé (e corpo alma) no chão!

Hora dos abraços, de agradecer: Valeu!

Viva a Gilberto Cabral!
Viva à Banda da Ribeira!
Viva ao Beco!
Viva ao Carnaval de Rua de Natal!


Antoniel Campos, com os acordes de Vassourinhas na mente, mas ouvindo "Último Dia", com a Orquestra de Cordas Dedilhadas de Recife.

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Ando toda brocoió, cum uma sodade do frevo, do carnaval de rua, das máscaras, das fantasias, das ladeiras, dos surdos....

Dália, com uma terça-feira .........GOrDa.......no imaginário.....


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Antoniel,


Ontem,
Gilberto acompanhou Valéria Oliveira num momento bonito do carnaval do centro histórico.
E veio Isaque e veio Donizete.
Emocionou ver o Jaraguá 'arrodear' Cascudo numa calma de cidade sob surdos, meninas em sopro na banda do maestro Duarte. Mais arrodeios ao Mestre, à Pedra, ao João Maria. Rua.

Hoje quero ver todos lá.

Ontem, para mim, foi um dia.

O momento mais emocionante da banda de Gilberto, para mim, foi na Travessa do Tesouro, chegando à Rua da Palha, Bar de Nazaret.

Beleza de texto e gesto, Bardin. Tô sem impressora.


Dunga

por Alma do Beco | 10:02 AM | | Ou aqui: 0




segunda-feira, fevereiro 27, 2006

SEGUNDA DE CARNAVAL


Segue o I Carnaval do Centro Histórico

O Prêmio de Melhor Foto do Carnaval do Centro Histórico está movimentando amadores e profissionais da fotografia em Natal. As inscrições serão feitas mediante a entrega de envelope lacrado e identificado contendo no máximo 10 fotografias coloridas ou em preto/branco, medindo 18 X 24 ou 20 X 25, com margem, no Centro de Promoções Culturais da Fundação José Augusto até às 12 horas da sexta-feira ou aos cuidados de Eduardo Alexandre no Bar de Nazaré, à rua Cel. Cascudo, por trás do Mercadinho O Cristóvão, próximo à Assembléia Legislativa. O vencedor receberá o prêmio de R$ 500,00 reais.
No sábado, a partir das 13:00 horas, quando será realizado o III Pós-Carnaval do Beco, uma festa da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências – SAMBA, o material colhido constará de uma exposição de rua e às 16:00 horas será proclamado o vencedor.

O I Carnaval do Centro Histórico tem continuidade hoje, a partir do meio-dia, com a saída do grupo Folia de Rua. Às 15 horas, será a vez da Banda do Galo da Santa Cruz da Bica descer ao logradouro que inspirou seu nome, seguindo-se a programação de palco segundo abaixo:


Dia 27 – Segunda -Feira
12h – Folia de Rua
15h – Galo da Santa Cruz da Bica
18h – Prêmio Câmara Cascudo Destaque de Grupo FolclóricoHomenagem a Evaldo da Silva
20h – Isaque Galvão – Canta o carnaval do RN
21h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
22h – Donizete Lima – Canta o carnaval de Moraes Moreira

Dia 28 – Terça – Feira
12h – Folia de Rua
15h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
16h – Rachell Groisman – Canta sambas enredos do carnaval carioca
17h – Entrega dos Prêmios de Fotografia, Fantasia e Prêmio Câmara Cascudo de Destaque de Grupo Folclórico do Carnaval Natalense:Homenagem a Rubens Pessoa
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
22h – Khrystal e Banda – Cantam o carnaval de Caetano Veloso, Moraes Moreira e Alceu Valença
00h – Banda do Centro Histórico, do maestro Duarte



Contatos:


Organizadores do evento:
Eduardo Alexandre (Samba): 9414-9394
Amélia Freire (FJA): 8839-8608

Assessoria de Imprensa
Leonardo Sodré: 9401-7333

por Alma do Beco | 9:19 AM | | Ou aqui: 0




sábado, fevereiro 18, 2006

ALMA EM PULSAÇÃO



"Eu deixo a 'presidência do Beco' com uma saudade danada, mas com uma alegria maior: desde a gestão anterior, quando estivemos na direção cultural da entidade, buscamos esse I Carnaval do Centro Histórico que estaremos realizando agora."
Eduardo Alexandre




Karma

Aceito o karma
De ter nascido no carnaval
Fevereiro, verão, sedução
Retiro a máscara (que alívio)
Palhaços, pierrôs, colombinas e bobos
Invadem sonhos
Inundam corações,
Afogam emoções

Deborah Milgram



Entrevista: O Mossoroense
Dunga: o embaixador do Beco da Lama

Eduardo Alexandre de Amorim Garcia, o Dunga, é natalense e tem 53 anos.
É jornalista, escritor e artista plástico com mais de 500 exposições de rua realizadas.
Criador da Galeria do Povo, movimento semanal de arte desenvolvido durante mais de 10 anos na Praia dos Artistas (Natal) é ex-presidente da Associação dos Artistas Plásticos Profissionais do RN e um dos iniciadores do movimento Dia da Poesia, em Natal (1978).
Há alguns anos, Dunga e mais um grande grupo de intelectuais residentes em Natal resolveram revitalizar um dos redutos boêmios mais tradicionais da cidade, o Beco da Lama.
Atual diretor executivo da SAMBA - Sociedade dos Amigos do Beco e Adjacências, foi com ele que conversamos esta semana.

Por Caio César Muniz

O Mossoroense - Apresente-nos o Beco da Lama?
Dunga - O Beco da Lama é o último reduto da verdadeira boemia natalense: o lugar onde a alma da cidade está guardada e em constante pulsação. Local onde se reúnem poetas, artistas plásticos, músicos, gente de teatro, dança, imprensa, mídia, médicos, engenheiros, comerciantes e comerciários, vagabundos, pedintes, desempregados, todo tipo de gente, sem diferença de classe social. Fisicamente, está quase na lama e não é nenhum cartão postal honroso. Mas estamos trabalhando para mudar essa realidade, ainda triste.

OM - Como surgiu a Sociedade dos Amigos do Beco e Adjacências?
D - A Samba surgiu de uma idéia do doutor Zizinho, médico, a partir da Sociedade dos Amigos do Largo da Carioca - SARCA, no Rio de Janeiro. Ele, junto a outro médico, doutor Chiquinho, iniciaram a coleta de assinaturas para constituir a Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências, que tem estatuto registrado em cartório e CNPJ. Zizinho foi o primeiro diretor-executivo e hoje é presidente de honra da Samba. Fui diretor cultural nessa primeira gestão e um dos elaboradores do estatuto e, hoje, sou diretor-executivo da entidade.

OM - O que mudou com a criação deste grupo?
D - Com a criação da Samba, mudou a forma de ver e pensar o centro abandonado e decadente da cidade. As pessoas passaram a ter consciência da necessidade de realização de um trabalho que evitasse acontecer à Cidade Alta, bairro que abriga o Beco da Lama, o que aconteceu à Ribeira, que perdeu o comércio forte dos anos 20 a 60 do século passado, perdeu seus moradores, e hoje é quase um bairro fantasma. Com o surgimento da Samba, passou-se a ver o potencial cultural da gente do lugar e a se aproveitar esse potencial para chamar a atenção da cidade e de autoridades para um trabalho cultural que pudesse ser desenvolvido trazendo renda e trabalho também para os artistas, que, em contrapartida, passariam a reivindicar por melhores condições ambientais do Centro, defender seu patrimônio histórico, arquitetônico, cultural e sobretudo humano dos que por ali convivem. Hoje, a Samba tem parceiros fortes na luta pela revitalização do centro histórico da cidade (foi ali onde a cidade nasceu), inclusive um bloco parlamentar na Câmara Municipal do Natal, que briga pelos nossos interesses. Temos reconhecimento e parcerias com o governo do Estado, Prefeitura do Natal, Fundação José Augusto, Capitania das Artes, Sectur, Agência Cultural do Sebrae, Semurb, sindicatos e mandatos parlamentares e outras. Conseguimos junto à Prefeitura, com a ajuda do bloco parlamentar, inserir no Orçamento Anual da cidade recursos para melhorias no espaço físico do Beco e Adjacências e, junto à Semurb, estaremos estudando esse projeto a ser executado pela Prefeitura. Para esse ano, também está prevista a vinda de recursos do Ministério da Cultura para o Festival Gastronômico, o Pratodomundo, via Fundação José Augusto, e cada vez se consolida mais a idéia de transformar o Beco e Adjacências numa praça de alimentação para receber, além dos seus, os turistas que nos visitam e percorrem o centro histórico, a procura de atrações. Temos visto a necessidade do desenvolvimento de uma política cultural forte e de identidade com a cidade, com nossas raízes, para receber com arte essa gente que se desloca muitas vezes de tão longe para nos conhecer. Temos a visão de que é com uma atuante prática cultural que evitaremos o turismo predador, de exploração sexual, por exemplo. O turismo cultural é o que nos interessa. E para receber bem turistas e mesmo o cidadão natalense, temos que ter a casa arrumada, em segurança, com praças e logradouros cuidados com zelo e também de gente receptiva, hospitaleira, informada.

OM - Os poderes Públicos têm colaborado de alguma forma para a revitalização do Beco?
D - Sim. Nossa principal meta foi a de buscar e consolidar parcerias. Esse foi o primeiro item discutido pela nossa diretoria e transformado em prioridade de gestão. Acredito que alcançamos esse objetivo.

OM - Quem pode participar da Sociedade e como os interessados devem fazer?
D - Participa da Samba quem freqüenta o Beco da Lama e suas adjacências. Qualquer pessoa, de qualquer proveniência social ou nacionalidade, pode assinar o livro de filiações da entidade. Estatutariamente, o candidato becodalamense à Samba deve ser apresentado por um sócio e aceito pela Diretoria Executiva. Na prática, não é bem assim: o livro é levado a festas da entidade e novas assinaturas são colhidas entre os que notoriamente são freqüentadores do lugar. Sempre é um prazer a chegada de um novo membro à entidade. O que não queremos é que, diante do crescimento que estamos experimentando, a sociedade se transforme em braço eleitoral de políticos ou partidos, como acontece a vários Centros Comunitários espalhados pelo Brasil. Nós temos consciência de nossas força e fragilidade e também de nossa responsabilidade social. A Samba é uma entidade lúdica, boêmia, mas também bastante severa consigo própria quando os temas em pauta são, por exemplo, defesa do patrimônio humano ou físico do nosso espaço. Todos temos um carinho bem especial pela entidade e não queremos vê-la dirigida a fins que não sejam o da defesa dos bens coletivos que construímos ao longo da história da cidade.

OM - Haverá eleição para nova diretoria da Sociedade este ano? Você pretende concorrer para esta nova gestão?
D - As eleições para a escolha da nova Diretoria Executiva da Samba ocorrerão em abril, com posse em maio. Não serei candidato, apesar de estatutariamente nada impedir, nem apoiarei chapas concorrentes. Na verdade, atuarei como magistrado, cuidando para que a lisura do pleito não seja maculada. Sou favorável à formação de uma chapa planejada, de consenso. Mas já existem candidaturas postas e estas não querem abrir para a tese de um pacto por uma chapa planejada, onde os melhores nomes seriam escolhidos, quer para a direção executiva, cultural, tesouraria, secretaria e diretoria adjunta. Pela experiência que somamos nas duas gestões que participamos, vejo a necessidade de ampliarmos a Diretoria Executiva. Estamos estudando o estatuto e vamos propor alterações antes da eleição de abril, para que a nova diretoria trabalhe com mais participação coletiva. O candidato que ganhar terá os meus apoio e empenho para uma gestão profícua e sintonizada com a cidade.

OM - Qual a avaliação que você faz do seu período administrativo?
D - Essa avaliação não me cabe. Deixou-a aos becodalamenses isentos de paixões.

OM - Compensa realizar um trabalho dessa natureza?
D - Sim. Congregar pessoas com propósitos elevados por ideais sempre é uma experiência de vida enobrecedora. E, como diz Fernandão, o cigano de Maracajaú, "o Beco é nobre". Esses sete anos que dediquei à Samba e à cidade acho fizeram um bem imenso à minha alma.

OM - Qual o passo inicial para quem deseja fazer esse trabalho de revitalização de áreas históricas em suas cidades?
D - Cada cidade tem suas características próprias, sua vida, sua maneira de ser. Em todas elas, o segmento cultural é sensível ao apelo da preservação. Quando a iniciativa de preservação vem desse segmento, vem desprovida de interesses menos monetaristas e mais humanizadores. Acho que é esse o início de caminho. Depois, procurar parcerias para o desenvolvimento conjunto de um projeto de defesa do que temos de mais caro e que nos foi legado pelos nossos pais, avôs, tetravôs, nossa própria história, que é onde pulsa o segredo da identidade que guardamos e precisamos fazer aflorar.

OM- Como será o carnaval do Beco?
D - Eu deixo a "presidência do Beco" com uma saudade danada, mas com uma alegria maior. Tenho que tocar minha vida, que nunca foi fácil e no mais das vezes muito tumultuada e sempre pobre de grana, apesar de rica de alma e determinação. Fazer ressurgir o carnaval urbano de Natal tem sido um desafio que me toca de modo particular e especialmente coletivo, enquanto executivo de uma entidade que zela pelo centro histórico da cidade. Desde a gestão anterior, quando estivemos na direção cultural da entidade, buscamos esse I Carnaval do Centro Histórico que estaremos realizando agora, a partir do próximo dia 24, graças, principalmente, à sensibilidade da governadora Wilma de Farias e do prefeito Carlos Eduardo Alves e ao empenho de Amélia Freire, Dácio Galvão e Fernando Bazerril. Ainda não será o carnaval que planejamos, já que a limitação financeira nos impôs também a limitação de sonhos. Muitas coisas não teremos agora, mas outros carnavais ainda virão. O deste ano, apenas três prêmios criamos: Foto, Fantasia e Destaque de Grupo Folclórico do Carnaval. Poderíamos ter prêmios para troças, carros alegóricos, bonecos, papangus, entre outros. Teremos uma programação de rua e outra de palco, além de uma Feira da Fantasia que será montada na praça André de Albuquerque. Para o carnaval de rua, duas bandas foram criadas buscando a história da cidade: o Galo da Santa Cruz da Bica e o Galo da Rua do Caminho da Água de Beber, como era chamada a Rua da Conceição. Convidamos também um grupo folclórico, o Folia de Rua. A já tradicional Banda Independente da Ribeira vai se somar em pelo menos um dia a esse carnaval que terá também atrações de palco, reunindo o que temos de melhor na música natalense, todos apresentando carnavais. Serão pelo menos doze horas seguidas de carnaval. Eu acho pouco, queria mais. Mas reconheço que é um bom recomeço. Só espero que o público compareça e torne grande essa festa que queremos deixar para a cidade. Destaco o Prêmio Câmara Cascudo de Melhor Grupo Folclórico do Carnaval, por saber que o folclore foi responsável pelo surgimento dos maiores e mais expressivos carnavais brasileiros. E fico torcendo para que já a partir do próximo ano possamos realizar concursos de melhores temas musicais do nosso carnaval e torcendo mais ainda para que as músicas a serem criadas venham com a pureza e o conteúdo forte deste folclore, para que comecemos a consolidar uma coisa bem nossa em termos de carnaval, que ainda não temos, mas podemos criar, e que pode ter no preservado popular uma inspiração para firmarmos essa identidade bem nossa, hoje ainda tênue, mas que pode aflorar rica e alegre como o próprio carnaval.



AMOR DE RAPARIGA

O coração é um moleque,
do bem safado e fajuta.
Na base da macieza,
ignora a força bruta.
Miguel caiu que nem pato,
pois se apaixonou, de fato,
nas Rocas, por uma puta.

A turma tentou abrir,
os olhos daquele amigo.
E alertaram o Miguel,
p'ro tamanho do perigo.
E Miguel, pobre coitado,
cego, surdo, dominado,
por capricho ou por castigo.

Mercedes, que era o nome,
da tão formosa mulher,
aprisionara o Miguel,
como um pássaro qualquer.
E a turma, pensava então,
que era só empolgação,
acredite se quiser.

O Dedé sentenciou:
Meu povo, isso é natural.
Depois de umas três trepadas,
o Miguel cai na real.
Se ela não for muito boa,
o sacana logo enjoa,
e volta tudo ao normal.

Porém, era ledo engano.
Após três meses de orgia,
Miguel estava mais doido,
contente, em si, não cabia.
Totalmente apaixonado,
com os pneus arriados,
como no primeiro dia.

Mercedes foi competente,
agindo desde o começo.
No arame, de olhos vendados,
andou sem nenhum tropeço.
Banhou o cabra com seu mel,
e revirou o Miguel,
em sexo, pelo avesso.

Magalhães, numa bebedeira,
falou: A coisa está ruim.
Do jeito que a coisa vai,
nosso amigo leva fim.
Me respondam esse quesito:
O que ela tem no priquito,
prá deixar Miguel assim ?

Mas, se encarava o problema,
ainda, como besteira.
Levavam o fato na troça,
tudo em tom de brincadeira.
Até Miguel começar,
a quase sempre, faltar,
às farras da sexta feira.

E uma força tarefa,
foi logo designada.
Para tratar do problema,
in loco, na madrugada.
Pra encontrar a solução,
e resolver a questão,
daquele irmão, camarada.

Cefas, Dedé e Rubinho,
numa noite de quarta feira,
quando Miguel trabalhava,
foram bater na Ribeira.
Da Rua Chile, nas Docas,
foram investigar nas Rocas,
se Mercedes era primeira.

Missão que para o trio,
foi até fácil cumprir.
Não era nenhuma mocréia,
tiveram que admitir.
Mas não podiam deixar,
o amigo se acabar,
e em Mercedes, sucumbir.

Que foram atrás de Mercedes,
Miguel logo descobriu.
E quem foi o delator?
Ninguém sabe, ninguém viu.
E Miguel, puto, de vez,
aloprou, mandando os três,
para a puta que os pariu.

Deixaram em paz com Mercedes,
o infeliz camarada.
Miguel rompeu mais ou menos,
porém, na trégua acertada,
um acordo sem brincadeira;
na noite da sexta feira,
a cerveja era sagrada.

A trégua, ali, foi selada,
sem brigas nem aperreio.
O Beco naquela noite,
da "resenha" ficou cheio.
Beberam em Nazaré,
em Nasi e desceram até,
à velha Praia do Meio.

E lá na Praia do Meio,
numa barraca decadente,
testaram a fidelidade,
do Miguel, nesse ambiente.
Miguel, amante porreta,
só lembrava da buceta,
de Mercedes, tão somente.

Arranjaram uma rapariga,
da qual os três eram fãs.
Frequentadora da praia,
tardes, noites e manhãs.
Que num papo ligeirinho,
ali, trepou com Rubinho,
no carro de Magalhães.

Enquanto isso Miguel,
num ronco ensurdecedor,
deitado ali na calçada,
sonhava com seu amor.
Nosso Dedé que o diga;
pois amor de rapariga,
é assim, devastador.

Eis que uma noite, Miguel,
chega no Bar das Bandeiras,
e o que ele falou p'ros caras,
lhes juro, sem brincadeira,
estremeceu as paredes:
Eu vou casar com Mercedes,
jurou, ali na Ribeira.

O Rubinho, já melado,
começou logo a cantar:
Do Odair José, "eu vou,
tirar você desse lugar".
Nosso querido Rubinho,
por pouco, muito pouquinho,
escapou de apanhar.

E outra força tarefa,
foi logo ali, instaurada.
Com Cefas e Cristiano,
que emburacou na enrascada.
Desprezando o perigo,
pra demover o amigo,
daquela sua empreitada.

E os dois lançaram mão,
de todos os argumentos.
Pouca idade, ganho pouco,
moradia, apartamento.
E o infeliz do Miguel,
que nem abelha no mel,
teimava que nem jumento.

Na sexta feira seguinte,
os pacatos cidadãos,
sofrendo com o Miguel,
do qual eram como irmãos;
estudando seus relatos,
que nem o Pôncio Pilatos,
lavaram as suas mãos.

Até que numa bela noite,
de um quente mês de Janeiro,
estavam eles, no beréu,
e chega o Miguel, faceiro.
Comunicando, animado,
que havia terminado,
com a Mercedes do puteiro.

Passada uma semana,
o Dedé, bom camarada,
convidou a turma toda,
para uma cervejada.
Uma festa de aniversário,
que tinha como cenário,
a casa da namorada.

Era um evento social,
de confraternização.
Que se levava as esposas,
para a tal reunião.
E também as namoradas,
várias mesas rodeadas,
na maior educação.

Cristiano lembra a Miguel,
ali, pra sua alegria:
Por que não leva a Shirlene,
que conheceu outro dia ?
Miguel, logo discordou.
Eu não sei, sentenciou,
se conveniente, seria.

E o pobre do Miguel,
prosseguiu encabulado:
Ela não estuda letras,
como eu havia falado.
E o que danado ela faz ?
Responde logo, rapaz;
diz Magalhães, aperreado.

Com um riso amarelado,
para não se aborrecer,
Miguel, com outra pergunta,
lhes aguçou o parecer.
Como quem está confessando,
ou um crime praticando,
disse: O que posso fazer ?

Nesse preciso momento,
cada um compreendeu;
mais um golpe do destino,
nosso Miguel recebeu.
Apesar da grande luta,
o vírus do amor de puta,
de novo, o Miguel, mordeu.

Após um breve silêncio,
um silêncio sepulcral,
o nosso amigo Miguel,
falou manso, ao natural:
Dessa vez, não vai ter briga;
mas amor de rapariga,
não existe um outro igual.

Ficaram todos calados,
não tocaram mais no assunto.
Pediram mais uma cerva,
com queijo prato e presunto.
E ali no Beco da Lama,
encheram a cara de "rama",
em Nazaré, todos juntos.

A moral dessa estória,
vou lhe dizer, meu irmão.
Sem mais, talvez nem porém,
sem qualquer inibição.
Pra concluir, seu menino;
o Sirano e o Sirino,
é quem têm toda razão...

Bob Motta
Estória em Prosa: Cefas Carvalho

por Alma do Beco | 8:51 PM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, fevereiro 16, 2006

PROGRAMAÇÃO DO CARNAVAL




"Incrível perceber como o carnaval era lúdico naquela época. A poesia, as melodias e os arranjos não têm nada a ver com a vulgaridade que vemos por aí.”
Camilo Lemos


Ilustração: Marcelus Bob Arte final: Valdelino



Hoje, Ensaio Final da Banda da Ribeira

Banda Pau e Corda traz a nata carnavalesca da cidade
16/02/2006 - Tribuna do Norte

Capiba, Tota Zerôncio, Nelson Ferreira, Levino Ferreira e Dosinho, mais Erivelton Martins, Noel Rosa, Chiquinha Gonzaga, Lamartine Babo e Zé Keti. Sejam ou não do seu tempo, o fato é que esses compositores fazem parte da ‘nata’ carnavalesca da música brasileira. As mesmas músicas que animavam os antigos bailes na primeira metade do século, se transformaram em clássicos e continuam embalando os carnavais da atualidade. É justamente esse encontro de gerações que impulsiona a recém formada Ribeira de Pau e Cordas, desdobramento ‘sofisticado’ da Banda Independente da Ribeira.

O último ensaio, antes da prévia oficial nesta sexta-feira, acontece hoje a partir das 18h, no Beco da Lama, onde a Banda Independente esquenta os foliões antes de sair em cortejo até a Ribeira — a previsão é que a turma aporte no largo da rua Chile lá pelas 22h. “Quando a Banda Independente parar de tocar, entramos em cena”, adiantou o músico Marcelo Tinôco, um dos integrantes da Ribeira de Pau e Lata. Em oito anos de existência, a Banda Independente da Ribeira busca resgatar a tradição e o clima descontraído dos carnavais de rua.

Sob regência do maestro Neemias Lopes, a Ribeira da Pau e Corda irá interpretar antigas marchinhas com instrumentos pouco utilizados nos carnavais de hoje em dia: violões, bandolins, cavaquinho, flauta e clarineta, mais coral feminino, ganharão o palco montado no coração do bairro histórico. “É um privilégio tocar essas músicas, verdadeiras pérolas. Incrível perceber como o carnaval era lúdico naquela época. A poesia, as melodias e os arranjos não têm nada a ver com a vulgaridade que vemos por aí”, observa o vilonista Camilo Lemos.

Ao todo serão 18 músicos, contando com Neemias. “As bandas de Pau e Corda surgiram para agradar pessoas da alta sociedade. Foi a forma encontrada para provocar o início de uma interação entre diferentes níveis sociais, para integrar moças de famílias aos bailes carnavalescos”, arrisca Tinôco.

Além de Marcelo (bandolim) e Camilo (violão de 7 cordas), ainda fazem parte da Ribeira de Pau e Corda os músicos Jr. Primata (baixo), Jorge Lima (bateria), Antônio de Pádua (cavaquinho), Domingos Câmara (violão), Heraldo Popó e Carlos Peru (pandeiros), Janilson Guanabara (surdo), Enéas (clarineta), Rodrigo (flauta), e as vocalistas Regina Guanabara, Lourdinha Ferreira, Yara Fabiana, Luciana e Rosaneide Trigueiro.


Serviço:
Último ensaio da Banda Independente da Ribeira e da Ribeira de Pau e Corda. Camisas do bloco estarão à venda no local. Hoje, 18h, com saída do Beco da Lama — previsão de chegada no largo da rua Chile: 22h. Acesso gratuito.




I CARNAVAL DO CENTRO HISTÓRICO
PROGRAMAÇÃO
Maestro Mainha – Patrono do I Carnaval do Centro Histórico

Dia 24 – Sexta - Feira
16h – Folia de Rua
17h – Prêmio Câmara Cascudo Destaque de Grupo Folclórico:
Homenagem a Tota Zerôncio
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
20h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
21h – Lucinha Lira – Canta sambas do carnaval dos anos 50,60 e 70
23h – Cirleide Andrade – Canta o carnaval pernambucano

Dia 25 – Sábado
11h – Banda da Ribeira
Troça Manicacas no Frevo
15h – Bloco do Shopping Popular
Bloco Cabeça Feita
Carlança e Banda
16h – Prêmio Melhor Fantasia do Carnaval do Centro Histórico
17h – Prêmio Câmara Cascudo Destaque de Grupo Folclórico: Homenagem a Nauda Medeiros
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
20h – Orquestra de Frevo de Maxaranguape – Clássicos do frevo pernambucano
20h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
22h – Waldir Luz – Canta o carnaval de Alceu Valença

Dia 26 – Domingo
12h – Folia de Rua
– Prêmio Câmara Cascudo Destaque de Grupo Folclórico:
Homenagem a Nonô Barros
16h – Rodolfo Amaral – Canta o carnaval de Lamartine Babo e Carmen Miranda
17h – Desfile das Kengas
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
20h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
22h – Alexandre Moreira – Canta clássicos do carnaval de Pernambuco e da Bahia

Dia 27 – Segunda -Feira
12h – Folia de Rua
15h – Galo da Santa Cruz da Bica
18h – Prêmio Câmara Cascudo Destaque de Grupo Folclórico
Homenagem a Evaldo da Silva
20h – Isaque Galvão – Canta o carnaval do RN
21h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
22h – Donizete Lima – Canta o carnaval de Moraes Moreira

Dia 28 – Terça – Feira
12h – Folia de Rua
15h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água

16h – Rachell Groisman – Canta sambas enredos do carnaval carioca
17h – Entrega dos Prêmios de Fotografia, Fantasia e Prêmio Câmara Cascudo de Destaque de Grupo Folclórico do Carnaval Natalense:
Homenagem a Rubens Pessoa
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
22h – Khrystal e Banda – Cantam o carnaval de Caetano Veloso, Moraes Moreira e Alceu Valença
00h – Banda do Centro Histórico, do maestro Duarte



Taí, um lugar que era um paraíso!

Meados dos anos setenta eu tinha um jipe Gurgel e andava por todo o litoral do RN. Acampei lá muitas vezes. Íamos por estrada até Barra do Cunhaú e, depois, só o jipe encarava as dunas e conseguia chegar à beira do Rio Catu. Tinha umas piscinas naturais fantásticas na praia.
Os 'quilombolas' apareciam para ajudar. Sempre arranjávamos gente para fazer serviços e até para trazer comidas (peixes, beijus deliciosos, cocos verdes, mangabas, etc.). Paraíso, repito!

Mas...

Passaram os anos e, quando eu era coordenador do Cluster do Camarão,aqui no RN (até 2002), fizemos um debate na Assembléia Legislativa que contou com a presença da hoje ministra Marina Silva (na época, senadora) e fato engraçado aconteceu: os ambientalistas levaram caravanas e caravanas de pessoas para se contraporem aos carcinicultores, dentre eles, os quilombolas de Sibaúma, que já enfrentavam esses mesmos problemas. Durante o debate, eu fui falar com uma pessoa e, perto, escutei um negão, cabelo rastafari, cheio de colares e anéis, com um bafo de maconha de deixar qualquer um lombrado de longe, dizer para os amigos deles: 'Esses porcos burgueses quando a gente pegar nas armas vão todos para o paredón’ (assim mesmo).

Eu olhei para o cara e o reconheci no ato, por um sinal que manchava o rosto 'melado', um menino que muito conviveu conosco durante os acampamentos... Olhei para ele, fui lá e disse: 'Diga aí, Melado, como vai você?' o susto dele foi grande, ficou branco e respondeu ríspido: 'quem é você?'. Eu disse que era aquele do jipinho branco, lá de Sibaúma, lembra? Lembrou-se, apertamos as mãos cordialmente, mas a 'luta de classes' tinha nos afastado. O moleque que vivia no nosso acampamento, que fazia uma festa toda vez que chegávamos, praticamente ficava conosco todo o tempo, tinha virado um militante pelo socialismo, defensor da luta armada.

Meses depois, um amigo da Emater de Arez me liga dizendo que ele - Melado - tinha sido preso com maconha, estava na delegacia de Goianinha e tinha pedido a ele para pedir minha ajuda. Mandei uma cesta básica para sua família, mais um dinheiro (uns 30 reais, se bem me lembro) e umas coisas para ele na delegacia. Foi solto e, meses depois, preso novamente. Dessa vez não recebi pedido de ajuda. Em 2004, fui jantar na Pipa e ele estava como pastorador de carros, só o caco, o crack o estava consumindo. Não tive mais noticias desde então.

Pois é: quem sabe, o desencanto dele com a assunção ao poder pelo PT tenha desencadeado a entrada feroz dele nas drogas... Pois antes de 2002, Lula ainda não tinha assumido e o Paraíso estava logo ali.

Oswaldo Ribeiro Filho
P.S.: Claro que é um caso isolado, mas uma mensagem de Chagas desencadeou em mim essas memórias e essa ilação.



CHET

Sulcos na face.
Palato em feridas.
Tua cena, na madrugada,
é o grito curtido
do trumpete.
Os acordes do instrumento
enferrujado
são golpes
de gilete
em garganta de meretriz.
O comprimido
se encrustra
no olho
que fecha
no escuro.
Silêncio pontua
o som manso,
e o éter
é cuspido,
pela derradeira vez,
na noite.
Serve-se o fel
em tua mesa
cercada de perfumes
e vômitos.
Não se vê,
no ambiente,
presença do esquisóide
denunciante.
O veneno
é a oferta
que sobra
de tua platéia
invisível.

Lívio Oliveira



Amor de rapariga
“Amor de rapariga é bom demais/amor de rapariga é que é amor...”
Sirano e Sirino

Pobre coitado... apaixonara-se por uma puta. Mais exatamente por uma puta de um cabaré na rua São Pedro, nas Rocas. Todos nós tentamos abrir os olhos do nosso amigo Miguel, mas parecia inútil. O homem estava “de quatro”, como se diz, por ela. Mercedes era seu nome. No início pensamos que era apenas empolgação. Depois que ele trepar com elas umas três vezes tudo acaba!, vaticinou Dedé. Ledo engano. Dois meses após conhece-la e dezenas de programas em motéis mais tarde, Miguel continuava tão enlouquecido como antes. O que essa mulher terá no xibiu para enfeitiçar assim um sujeito?, questionou Magalhães durante uma bebedeira.

Bem, o fato é que encarávamos o assunto com bom humor e galhofa (quem entre nós não havia se apaixonado por uma puta antes?). Porém, quando Miguel começou a faltar às sagradas cervejadas da sexta-feira concluímos que o caso era realmente grave e designamos uma força-tarefa para investigar a questão in loco e achar soluções para o problema. Eu, Dedé e Rubinho fomos escalados para descer numa noite de quarta-feira – quando Miguel estava trabalhando - até os cabarés das Rocas e conhecer a tal Mercedes. Não foi difícil faze-lo, graças a algumas perguntas, rum com coca-cola e fichas de música. Não era das piores, admitimos...morena, baixinha, de cabelos curtos e olhar sonso...talvez até fosse bonita, mas nem por isso deixaríamos um amigo preso naquela armadilha.

Claro que Miguel descobriu que fomos atrás de Merdeces e decidiu primeiro quebrar a cara de cada um de nós, depois, mais prudente, resolveu apenas romper a amizade com nós todos. Decidimos então deixa-lo em paz com sua Mercedes, com a condição de que a noite de sexta continuaria sagrada com a turma. Selamos a trégua com uma bebedeira que começou em Nazaré, passou por Nazir e findou numa barraca da decadente Praia do Meio em altas madrugadas, quando tentamos empurrar uma doidinha que Dedé havia feito amizade para Miguel, para testar sua fidelidade a Mercedes. Inútil. De tão bêbado, o homem mal conseguia trocar duas frases com a menina – que no final das contas caiu na lábia de Rubinho – e acabou vomitando dentro do carro de Magalhães. Amor de rapariga é assim mesmo, devastador!, sentenciou sabiamente Dedé, prevendo que só o tempo daria cabo de tanto sentimento.

Eis que uma noite Miguel chega de repente no Bar das Bandeiras, onde estávamos bebendo com umas amigas de Recife, e comunica que estava pensando em se casar com Mercedes. Bêbado, Rubinho começou a cantar Eu vou tirar você deste lugar, do velho Odiar José, e escapou por pouco da fúria quase assassina do pobre Miguel. Rapidamente escalamos uma outra força-tarefa formada por mim e Cristiano – recém chegado de uma viagem a Manaus – para dissuadir o apaixonado de tal insensatez. Lançamos mão de diversos argumentos...ele era jovem demais, ganhava pouco dinheiro, não tinha onde morar etc. Mas sabíamos que era questão de tempo que ele voltasse ao tema.

Na sexta seguinte, em reunião etílica de cúpula, decidimos por unanimidade imitar Pilatos e lavar as mãos quanto a Miguel...se ele quisesse se casar com Merdeces que o fizesse e que fossem felizes! Resolvemos não tocar mais no assunto, não dar opiniões, não tentar dissuadi-lo, nada mais! Iríamos até o casamento, de terno e gravata, se necessário fosse. Bem, fosse por um acaso do destino ou pelo instinto natural do ser humano de ser do contra, o fato é que Miguel passou a falar cada vez menos de sua amada e a ser cada vez mais assíduo nos encontros da turma, como antes. Até que em uma bela noite de janeiro, nosso amigo comunicou que tinha terminado o, digamos, romance com Merdeces. Por que?, perguntamos. Sei lá – respondeu – Acho que a relação se desgastou... – continuou, para nosso espanto. Mas disse ainda que já tinha uma paquera na alça de mira. Levantamos um brinde a nosso companheiro e desejamos mais felicidades no seu possível novo romance.

Passada uma semana, nos preparávamos para o aniversário da namorada de Dedé, um evento daqueles que chamávamos de “reuniões sociais” na qual íamos na companhia de esposas, noivas e namoradas e evitávamos os assuntos do “lado escuro” de nossa vida. Cristiano lembrou que Miguel talvez estivesse namorando a tal menina – Shirlene era seu nome - que ela havia mencionado e que seria de bom tom estender o convite a ela. Quando o fizemos, percebemos uma névoa no olhar de Miguel... Não sei se seria conveniente leva-la à festa... – respondeu. Indagamos o porquê. Bem, é que ela não é exatamente estudante de Letras como eu falei... – murmurou. Qual é a profissão dela? – Magalhães perguntou. Miguel esboçou um sorriso sonso e conformado como se dissesse “que eu posso fazer?”. Havíamos todos compreendido. Fazer o quê?

Cefas Carvalho



por Alma do Beco | 8:11 AM | | Ou aqui: 0




segunda-feira, fevereiro 13, 2006

I CARNAVAL DO CENTRO HISTÓRICO

Folclore, shows, bandas de rua, prêmios e Feira da Fantasia
serão atrações do I Carnaval do Centro Histórico de Natal

Hugo Macedo

O I Prêmio Câmara Cascudo de Melhor Grupo Folclórico do Carnaval Natalense será uma das atrações do I Carnaval do Centro Histórico de Natal


Ficará por conta do artista plástico Gilson Nascimento, o mesmo que fará a decoração oficial do carnaval da cidade, a confecção das alegorias que animarão o I Carnaval do Centro Histórico de Natal, a realizar-se de 24 a 28 próximos, tendo como base a Praça André de Albuquerque, na Cidade Alta. Além dos Galos da Santa Cruz da Bica e da Rua do Caminho da Água de Beber e dos estandartes das novas bandas especialmente criadas para o evento, Gilson está debruçado na elaboração de quatro bonecos que animarão a folia do carnaval urbano de Natal. Newton Navarro, Nasi Canaan, Mainha e Gardênia Lúcia serão os bonecos confeccionados.

O I Carnaval do Centro Histórico de Natal é uma iniciativa da Samba – Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências, com realização do Governo do Estado e Prefeitura Municipal do Natal. A produção do evento está sob a responsabilidade da Fundação José Augusto e Capitania das Artes e tem o apoio da Secretaria de Turismo do Município. A festa tem vasta programação, com espetáculos de palco e saídas de bandas pelas ruas e becos mais antigos da cidade. Serão premiados o melhor grupo folclórico do carnaval natalense (Prêmio Câmara Cascudo), a melhor fantasia e a melhor foto do Carnaval do Centro Histórico. Além disso, uma Feira da Fantasia estará em funcionamento na Praça André de Albuquerque.

A concentração da folia urbana de Natal será na Praça André de Albuquerque, onde a cidade nasceu, com palco montado entre a praça e o Palácio da Justiça, com frente para a Assembléia Legislativa. Atividades carnavalescas já tradicionais do centro da cidade serão incorporadas, como a escolha da Kenga – 2006 e novas atividades somar-se-ão ao evento, como a saída da já tradicional Banda Independente da Ribeira, que saíra a partir das 11:00h do sábado de carnaval.

Para animar durante 12 horas seguidas o carnaval do centro da cidade, além das Banda do Galo da Santa Cruz da Bica e Banda do Galo da Rua do Caminho da Água de Beber, que sairão em todos os dias do carnaval sob a regência do maestro Duarte, foi contratado o grupo Folia de Rua, com 50 componentes devidamente paramentados, organizado pelo maestro Jorge Negão. Khrystal, Valéria Oliveira, Rodolfo Amaral, Raquel, Donizete Lima, Valdir Luz, Lucinha Lyra, Alexandre Moreira e a Banda do Centro Histórico, do maestro Duarte, são algumas das atrações de palco do I Carnaval do Centro Histórico de Natal, cuja arte de mídia é do artista plástico Marcelus Bob, com arte final de Valdelino, da Offset Gráfica.

O evento será iniciado às 16:00h do dia 24, e acontecerá do meio-dia à meia-noite nos dias seguintes. A Feira da Fantasia será aberta ao público a partir das 10:00h da quinta-feira, 23 de fevereiro.

Hugo Macedo

I Réveillon do Centro Histórico/Samba

por Alma do Beco | 9:38 PM | | Ou aqui: 0




domingo, fevereiro 12, 2006

NA ORGIA

Marcus Ottoni



“Espero que eu sobreviva, aqui nesse barril de pólvora que é a Europa.”

Maria Augusta Maia Marques Linsner, na coluna Portfólio, de Alex Medeiros, Jornal de Hoje, sobre a polêmica das charges dinamarquesas

“Lula acha que, com sua retórica de assimilação fácil, Garotinho passou a disputar com ele a simpatia do naco mais pobre do eleitorado. Daí a sua decisão de aproximar-se dos evangélicos. O primeiro aceno nessa direção foi o início de um “namoro” com o senador Marcelo Crivela, principal liderança política do PRB.”
Josias de Souza, Folha de São Paulo

Ilustração: Léo Sodré Foto: Hugo Macedo


Reprodução

Múltiplas são as partes
Desse viver
Inúmeras, inteiras, mutiladas são as partes
Desse sentir
Intocáveis, infinitas, intransitáveis são as partes
Desse escolher
Imensuráveis, indomáveis, insuportáveis são as partes
Desse amar

Deborah Milgram




Mote

Não precisa mais carteira
A ordem é soltar a voz


Glosas

1.
A notícia é de primeira;
Cida Airam, muito obrigado.
Pois, segundo o seu recado,
Não precisa mais carteira.
A truculenta maneira,
como os fiscais vinham a nós,
os recolheu aos quixós,
a Ordem não mais ordena,
quando a Justiça entra em cena,
A ordem é soltar a voz...

2.
Cida, que bela notícia,
a que você nos passou.
Aos meus ouvidos, soou,
como gostosa carícia.
Com status de polícia,
a Ordem vinha até nós.
Tais quais, livres curiós,
cantemos a noite inteira,
Não precisa mais carteira,
A ordem é soltar a voz...


Bob Motta




Manifestação traduzida

A manifestação do sentimento
traduzida no poema
às vezes causa pena,
embora como recompensa
traduzindo compensa:
ou o sofrimento
ou a alegria!
Chama-se a isso poesia.
De qualquer maneira
a poesia é como uma peneira.

Helmut Cândido
R$2,00




Quem morre na boemia
com certeza vai pro céu

A alma de um boêmio
quer encontrar solução
da boca de um irmão
pra curar a dor do tédio.
Espera obter remédio
pra quem do amor é réu
e vai se tornando incréu
sem saber que todavia
quem morre na boemia
com certeza vai pro céu.

Miranda Sá




Na orgia

Bob vive na orgia,
doido pra acreditar
que Deus vai anistiar
quem morre na boemia;
que a Santa Virgem Maria
o livra do fogaréu,
deixa o Capeta pinel,
puto, de inferno vazio,
porque o povo vadio,
com certeza vai p'ro céu!

Meméia




E não sabes que

Vejo-te quando não te olho. Tua fotografia em mim independe de fotografia. Te sentas numa mesa, cerveja ao lado, bebo contigo. E tu vais à praia. Pousas à praia. Eu sou a areia sob os teus pés. Marula, salsugem, vela panda, onda quebrando no teu calcanhar. Água que te beija os artelhos. Todos os teus dedos. Teu calcanhar. Solado dos teus pés. Língua querendo o toque. Mão no teu biquíni. Não no corpo. No biquíni, que em ti não ouso. Reverencio-te. Lambo as tuas pisadas na areia. Beijo a foto descarada que se atreveu a dizer de você. Sou o vento que passa pela tua mão ao vento. Sou as tuas coxas, o par, uma porrada nos meus olhos. Sou quem te olha ao longe e te tem tão perto... eu sou a Banda da Ribeira descendo pra Ribeira ao lado teu. Tua boca há na minha. Todos os teus passos te sou e me és. Tu: de pé, na praia, coxas que beijo e não sabes que. Teu biquíni é detalhe: nua te vejo.

Antoniel Campos




O livro do meu vizinho

Acordei por volta das 8 horas, mas permaneci de olhos fechados, canalizando energias, buscando identificar sons que dessem pistas do meu paradeiro naquela manhã de quinta-feira. Estaria eu em Natal ou Mossoró? E em qual lugar de uma dessas cidades? A dupla residência às vezes me deixa atordoado. Não obtive sucesso na pesquisa auditiva, pois o ronco do condicionador de ar cobria as outras vibrações do ambiente.

Com esforço de halterofilista acionei alguns músculos do rosto e abri o olho direito cuja pálpebra pesava cinco toneladas, seiscentos e dois quilos e trinta gramas. Tentei ajustar o foco na direção de algo branco iluminado por uma luz intensa que invadia o quarto pelas frestas da porta. Não deu. Abri o outro olho, coloquei os óculos, levantei-me e me dirigi ao objeto. Era um livro, Contos do Cotidiano, de Gilberto de Sousa.

Há anos Gilberto prometia transformar em livro os contos escritos por ele para o O Mossoroense, pretensão alcançada com o selo da editora Queima Bucha em 2004, desde quando eu esperava para reler os textos e para conhecer as ilustrações, último trabalho do chargista Bob Melo. Pois em dado instante do dia que acabara de nascer, Giba o colocou por debaixo da porta com dedicatória "ao meu vizinho e amigo da madrugada".

Nunca imaginei receber um livro em tais circunstâncias. A dedicatória, no entanto, foi providencial, norteadora. Encontrei-me graças à lembrança de que, por algumas horas, eu e Gilberto fomos vizinhos. Passou até o sono. Senti-me feliz com o gesto, principalmente por haver assistido à gênese da obra a partir de histórias reais que nos chegavam à redação na boca dos repórteres e foram temperadas pela criatividade do autor.

Na época, de acordo com Gilberto, eu "engatinhava com a valentia dos grandes escritores de contos". Engatinhando, continuo. A lida com as palavras é dura e exige sacrifícios daqueles que não nasceram com o dom de manusear idéias. Às vezes passo dias adulando a prosa do domingo seguinte. E ela, tinhosa, ainda sai capenga. Queria ter tempo e engenho para escrever sem a afobação da rotina e com a mestria de tantos.

A valentia fica por conta da generosidade do amigo que incentivou o menino burro a escrever e a se tornar repórter. Observando à distância, sou obrigado a desconstruir episódios de suposta coragem inscritos no meu currículo. Penso por agora que só fui valente de verdade quando não me deixei levar pela raiva nem por intrigas, mantendo-me longe de guerras que nada têm a ver com a prática do jornalismo. O resto, imaturidade.

Parece que estou divagando para atingir as 40 linhas às quais tenho direito na geografia da quinta ou da sétima página, a depender do departamento comercial.

O fato é que o livro de Gilberto trouxe-me lembranças aos montes, inclusive dos sábados no Sertão Lusitano de Antônio Rosado Maia, Anabela e Dadazinha, porque o prefácio é de Toinho. Aliás, o prefácio é Toinho, a cara dele. Posso ouvi-lo falar palavra por palavra.

"Gilberto é artista multifacetado. Compositor, cantor, violonista, editor de jornal e um contista porreta de bom. Desses que escrevem e publicam diariamente para deleite de seus leitores... Pra falar a verdade, eu morro de inveja de quem escreve e publica contos. Não tenho imaginação, talento e disposição para tanto. Essa inveja saudável, que eleva...", diz o mestre Antônio Rosado. E eu, pegando uma carona, assino embaixo.

Cid Augusto




ZÉ DO ROJÃO

Quem dos remanescentes da Natal boêmia de outrora, não teve a felicidade e o privilégio de conhecer ou pelo menos ouvir falar em Zé do Rojão? Biriteiro, moleque (no bom sentido) até a raiz dos cabelos e "Palhaço de Circo Tomara Que Não Chôva"...Essa função; diga-se de passagem, desempenhava com grande maestria. Morava na beira da linha do trem, perto da feira do Carrasco. Era mais ou menos da minha idade, e quando não estava pelo interior do Rio Grande do Norte, como contratado de algum circo, estava nos botecos, feiras e/ou onde estivesse ocorrendo um "presépe" qualquer. Seu nome de batismo, jamais cheguei a saber qual era. Quando estava aqui por Natal, era companheiro quase que inseparável do também saudosíssimo sanfoneiro Zé Minhoca, que tocava na Lua, o cabaré de Chica Bocão, no Alto do Bairro Nordeste, lá nas Quintas. Às vezes, quando eu estava "de voada" e o encontrava, era uma verdadeira festa que a gente fazia. Geralmente íamos para a casa de Maria Taióba, lá na Rua do Mosquito, de onde, pela porta da cozinha, embarcávamos na canoa que ela, Maria Taióba, nos alugava para irmos pescar siri na margem oposta do Potengi; com Teimoso, Seu Chimba, O Véio Fulêro e Chapéu Cagado a tiracolo. Eu mesmo, quando trabalhava numa pesquisa de schelita em Lages, certa vez tive a felicidade de encontrá-lo exercendo a função que ele mais gostava de exercer, a de Palhaço de Circo Tomara Que Não Chôva! E eu, juntamente com Milson Cego, que trabalhava comigo na pesquisa, nos juntamos à mundiça de menino, e quase matamos de rir, os saudosos Ramiro Pereira (Ramiro Capitão) e o não menos saudoso Pereira Primo. Zé do Rojão, montado num monociclo e a réca de menino e eu e Milson Cego atrás, respondendo quando ele, o Palhaço, gritava:
- Hoje tem espetáculo ?
- Tem sim senhor.
- Oito horas da noite ?
- Tem sim senhor.
- Dona Chica ?
- Remexe a cangica.
- E o palhaço, o que é ?
- Ladrão de mulheeeeeeeer!
Pois bem; mas o que eu quero contar de Zé do Rojão, é que certa feita estava com ele na barraca de Dona Helena, na feira do Carrasco, bem pertinho de sua casa, quando chegou uma criatura da bunda bem grande junto de Zé, se abanando toda, folgando o cós da calça prá lá de apertada, e falando:
- Ô calô da bixiga; hoje tá como nunca; e eu inventei de sair arrochada desse jeito?!
Aí, Zé do Rojão detonou:
- Só se for as calça; pruquê você mermo, quando amanhece arrochada demais, parece um prato de mingau; mal dá prá passá uma bola de basquete!...

Bob Motta

por Alma do Beco | 5:57 AM | | Ou aqui: 0




sábado, fevereiro 11, 2006

SOCIOLOGIA DOS BECOS

Marcus Ottoni


"Nos becos, principalmente os mais clandestinos, reinventei a vida. E encontrei esse jeito simples de ser feliz."
Vicente Serejo

"O presidente passou a tarde toda sendo reverenciado com orações e danças feitas por feiticeiros vudus, líderes tribais e pelos descendentes de escravos brasileiros que formam uma espécie de colônia em Ouidá, nos arredores de Cotonou, capital do paupérrimo Benin."
Maria Lima, O Globo, hoje

Ilustração: Léo Sodré Foto: Hugo Macedo


Caro Dunga:

Adispôi de véio, no hôme,
o tezão disaparece.
Num tem jeito qui dê jeito;
quando a muié lhe inlôquece,
pru mais qui êle amasse a gata,
a infeliz da chibata,
cada vêiz mais amulece...

Feliz aniversário e "muuuuuunnnnnta confóimação"!...

Bob Motta
NATAL-RN
09.FEV.2006




BOEMIA

Se eu soubesse:
que deixando de ser boêmio
não morreria,
Confesso:
com certeza, deixaria.
Como sei
que mesmo sem ser boêmio
eu morreria,
Afirmo:
vou morrer na boemia.


Chagas Lourenço



M O T E

QUEM MORRE NA BOEMIA
COM CERTEZA VAI P'RO CÉU

G L O S A S

1. Chaguinha, sua poesia,
arrazou, foi de lascar.
Veio da culpa, tirar,
QUEM MORRE NA BOEMIA.
Tudo que é de milacria,
faz em tudo que é beréu.
Não dorme, é que nem tetéu,
mas tem amor na bagagem,
quem morre na fuleragem,
COM CERTEZA VAI P'RO CÉU...

2.

Quando chegar minha hora,
tenho que me conformar.
Ao Pai Maior, vou prestar,
contas do que fiz, outrora.
Andei pelo mundo a fora,
fiz escritório em beréu.
Fui vítima de cheleléu,
vou à zona, todo dia,
QUEM MORRE NA BOEMIA,
COM CERTEZA VAI P'RO CÉU...


Bob Motta

Noite escura

Atravessando a vereda
em noite escura
cheia de percalços
de pés descalços
de repente topou
com estranho animal
a rugir-lhe no matagal
quis voltar
era tarde
virou um cobarde.

Helmut Cândido
R$2,00



Decálogo do Aprendiz

Mais vale sugerir do que dizer
- diz mais quando se diz com sutileza -.
Falar como quem fala sem querer,
juntando, ao que disser, delicadeza.

E nada lhe pergunte. Dialogue.
Respostas surgirão naturalmente.
A chave é perguntar sem que interrogue
( e ela, respondendo, não se sente).

Sincero seja sempre a qualquer hora
(mentir é demodé e é um perigo...).
O que se vai dizer não se decora.
O que se vai dizer já vem consigo.

Jamais fingir saber o que não sabe.
O que lhe faz valer é sua essência.
Nem tudo há que dizer. Nem tudo cabe.
Mais vale o que se aprende em convivência.

Que seja a sua altura a altura dela,
falando olho no olho, sem rompante.
Que ele valha tanto quanto ela
e ela veja nele um semelhante.

Elogie. Mas só não gratuitamente.
Mais vale o elogio à hora certa.
Quem ouve só louvor, como se sente?
não sabe quando erra ou quando acerta...

A pressa é inimiga, diz o dito.
Se ela recuar, recue também.
Mas fique a esperar pelo desdito:
se ela avançar, avance além.

"Cantar"? não faça isso. Espere ser.
Cantar é pular fases. Sorva cada.
O encanto da conquista é perceber
que a boa é a que se dá compartilhada.

Presentes caros, "chiques"? nada disso.
A ela dê os simples, dê com calma...
Mas junte a cada um a gana, o viço.
Presentes dê quaisquer, mas dê com alma.

Por fim, lhe seja ombro, se é o caso.
E seja a qualquer hora. Firme e presto.
Passada a precisão, não por acaso,
a ela seja boca todo o resto.

Antoniel Campos



OS BECOS TÊM ALMA

Já li em algum lugar, Senhor Redator, que há, se bem vista e ouvida, uma sociologia dos becos. Diferentemente das ruas e avenidas - mas retas, mais largas, mais exibidas. Os becos, não. Há neles um certo mistério, velho como a vida. Foram trilhas, depois caminhos nascidos do chão pisado pelos homens e seus bichos. Uns ganharam um chão de pedra, outros não. Mas todos, feios ou graciosos, todos têm uma alma humana que os seus próprios nomes assinalam para o mundo.
Se querem saber, uns são gloriosos, como os grandes becos históricos ou boêmios; ou tão humildes que vivem sem nome, como órfãos da cidade. Mas servindo a todos. Os becos nascem de uma ocupação que os planejadores chamam de desordenada, mas é uma acusação injusta. Pelo contrário: se comparados aos homens, os becos nascem de parto normal. Naturalmente. Porque antes de tudo, são caminhos mais próximos, atalhos, um jeito humano de chegar andando menos.
É possível que tudo isso tenha nascido de velhos becos. De alguns becos lendários que levo comigo até hoje, partes inseparáveis da minha geografia afetiva. Como o Beco das Quatro Bocas, em Macau. Misteriosíssimo. Beco de homens valentes e de mulheres da pá virada, e a quem esse mundo inventou de dizer que eram de vida fácil. Ou becos nobres, como o Beco das Carmelitas, no Rio, naquela Glória boêmia e lasciva que durante anos e anos abrigou o poeta Manuel Bandeira.
Aqui na Redinha, Senhor Redator, temos os nossos becos. São pequenos caminhos que vão coleando como cobras esse chão antigo. Serpenteando entre casinhas, varridos pelos ventos, cheios de uma poesia humilde que não se declara. Pequenas vendas, e tão pequenas que nem são bodegas, aqui e ali plantadas. Cheios de passos e conversas. É como se sussurrassem num murmúrio baixo, numa confissão proibida a quem não é íntimo, afinal os becos, sobretudo, se conhecem há tempos.
Nos dias de sol, parece até que se espreguiçam como bichos. O sol aquece suas partes mais úmidas e escuras como se espantassem o mofo de velhas confissões que o tempo foi acumulando nas paredes. Como se as vozes estivessem ali, pregadas em toda parte. Os becos são seres vivos. Talvez bichos de estimação, talvez não. E, quando dormem, e parecem sem vida, recende de sua pele áspera um sono mágico, misterioso e leve. É como se respirassem tempos imensos de vida.
Gosto dos becos, Senhor Redator. Nasci numa praça de janelas para o mercado e depois fui menino numa rua aberta e larga, para o rio e o mar. Mas gosto dos becos. Vivi passando por eles, ternamente. Até hoje, nas minhas andanças, fujo das avenidas. Faço meus caminhos por onde a vida passa. Nunca desejei, talvez por pobreza de sonhos, as largas e grandes avenidas. Nos becos, principalmente os mais clandestinos, reinventei a vida. E encontrei esse jeito simples de ser feliz.

Vicente Serejo
O Jornal de Hoje, 10.02.05




por Alma do Beco | 10:26 AM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, fevereiro 09, 2006

COCA LIGHT

Marcus Ottoni


“Como o presidente está abstêmio há 40 dias, acompanhamos com Coca-cola light.”
Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento

Marcelus Bob
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DIPLOMA

Tem certos nomes que a gente não esquece.
Numa dessas minhas muitas viagens por esse interior brasileiro, certa feita estava passando por Carnaúba dos Dantas, num janeiro ensolarado com 40 graus à sombra de um juazeiro, tentando acertar, com o GPS, as coordenadas de uma Olaria, quando de uma casa próxima sai uma senhora com uma vassoura na mão gritando:
- Diploma! Diploma!
Achei aquilo realmente diferente e, como curioso que sou e, aproveitando que era estranho ao lugar, me aproximei da senhora e perguntei o porque daquele chamado. Foi quando vindo do nada apareceu um garoto magrelo vestindo apenas um calção.
- Que é vó? Atendeu o garoto.
Aquilo então me deixou mais curioso ainda, mas a senhora me esclareceu tudo:
- O nome dele mesmo é Fernando, mas é que minha filha foi estudar em Natal e depois de um ano voltou aqui pra casa com esse... Diploma.
Tudo esclarecido!

Tadeu Neri



Banda ensaia para a folia
Diário de Natal, hoje

Todos os preparativos, animação e ritmo carnavalesco. A banda Independente da Ribeira afina os instrumentos e realiza hoje às 18h o seu penúltimo ensaio no Bar das Bandeiras, que prepara a saída oficial na próxima sexta-feira pelas ruas do centro histórico natalense.

Há oito anos a agremiação agita o período de pré-carnaval da cidade. E este apressenta suasn novidades. Será lançada a Ribeira de Pau e Corda e será lançada oficialmente a camisa oficial .

O ensaio vem sendo realizado todas as quintas-feiras, a partir das 19h. A saída oficial da banda será no dia 17, às 17h, do Beco da Lama em direção ao Largo da Rua Chile. ‘‘A proposta é resgatar a espontaneidade do carnaval de rua, trazer as novas gerações para a Cidade Alta e a Ribeira. É uma grande festa que reúne a população e não tem cordão de isolamento. A banda utiliza o carnaval como veículo da educação patrimonial’’, garante o arquiteto Haroldo Maranhão, coordenador da banda.

O Ribeira de Pau e Corda é um dos principais destaques desta edição. Grupo coordenado pelo músico Marcelo Tinôco que resgata antigas marchas carnavalescas, frevos pernambucanos e autores potiguares ligados ao carnaval. na forma/cão estáo instrumentos populares como cavaquinho, bandolim, clarinete, flauta, pandeiro, além de um coral formado por cinco vozes femininas. ‘‘É um regional voltado para o bloco de rua formado por 17 integrantes’’ Na seqüência, o palco será entregue ao Ribeira de Pau e Cordas, ‘‘Marcelo e José Gaudêncio Torquato, também organizadores do evento, sempre tiveram a idéia de montar um grupo para tocar canções carnavalescas com instrumentos de cordas. Eles serãocompanhados por um coro formado por mulheres’’, complementa Haroldo Maranhão.

A Banda Independente, que tem 35 músicos e é regida por Gilberto Cabral, conduzirá os foliões até a Ribeira, onde se apresenta por mais 30 minutos. A banda também fará parte da programação oficial do carnaval, sairá no sábado 25, às 11h, do Beco da Lama e percorrerá as ruas do centro histórico. A banda conta com o incentivo da Lei Djalma Maranhão e o patrocínio da empresa Cidade das Dunas




FÉRIAS

Abençoado período, que sempre traz, implícitos, surpresas, descanso, fuga da rotina, realização de sonhos, novidades...

Época de desfrutar grandes prazeres, dentre eles, poder dispensar o relógio. Nada de despertadores, celulares ou rádios-relógios programados para atanazar nossos ouvidos nas primeiras horas do dia. Dormir até o sono dizer: “OK, já estou morto. Pode acordar!” é a maior delícia das férias. E na impossibilidade de cruzar os mares a bordo do polêmico Queen Mary, lá vamos nós para a Praia do Forte, fugir daquele mini-inferno tropical internacional chamado Ponta Negra. Nos preparativos, itens indispensáveis: biquíni, canga, óculos, sandálias, livro, bolsa com loção FPS 50 para o corpo e 100 para o rosto, pente, creme para o cabelo, espelho, baton, documentos, dinheirinho para a ginga com tapioca, churrasquinho de frango, picolé ou a laite água de coco. Na última hora, a dúvida cruel: combinar os brincos com a canga, o biquíni ou a viseira? Ufa, essas férias já estão dando uma canseira!

Ao chegar, muita areia à disposição. Ainda há espaço para sentar sem ter que pagar aos donos da praia. E, se preferir, claro, terá a postos aquele simpático vendedor de coco, cerveja, água, inclusive a que passarinho não bebe, oferecendo sombra e líquidos frescos.

Como o tempo é para descanso, espichar-se ao sol, isto é, metade do corpo ao sol, metade à sombra, para uma boa leitura, é a melhor pedida. Entre uma página e um gole de caipirinha geladíssima, uma prece para agradecer a Deus pela vida boa, pelo azul do céu que se funde com o do mar e pelo dom da visão para tudo apreciar. Mas os olhos de tanta beleza e leitura começam a ficar pesados, cansados. Repentinamente, o meu olhar cruza com o do comandante. Ele, um tipo longilíneo, bem torneado e bronzeado como deve convir a todo bom comandante, tem olhos que refletem as águas do Atlântico. No horizonte, já vislumbramos as formações rochosas do Rio de Janeiro. A cidade, envolta pelas brumas douradas do pôr-do-sol, parece um paraíso perdido no meio do mar. Em breve, atracaremos para viver suas maravilhas. Mas, se preferirmos, podemos usufruir das surpresas e brincadeiras que acontecem no navio: piscinas térmicas com água do mar, hidromassagens com vistas para o Corcovado, frutas de todos os matizes, drinques coloridos e perfumados, crianças esfuziantes que mais parecem pássaros saudando o dia nascente. E, novamente, os olhos cansados de tanta beleza olhar.

Mas o tempo passa, mesmo sem nos atermos a ele. Nesta noite, durante uma grande festa, serão dadas as boas vindas pelo comandante aos participantes do Cruzeiro. Um vestido fino, fluido, esvoaçante. Sandálias altíssimas e delicadas. Um perfume marcante e uma jóia discreta para brilhar na noite de gala. Entre o tilintar das taças de cristal e dos talheres de prata pousando na louça chinesa, ouvem-se os acordes do piano e uma voz magnífica cantando What Wonderful World. Casais bailam de rostos colados e olhares apaixonados, Entre eles, percebo o comandante dirigindo-se a nossa mesa. Caminha com elegância e sua bela farda branca contrasta com a tez curtida pelo sol. Estende as mãos em minha direção num gesto delicado e convidativo. Sinto, de súbito, uma estranha frieza nos pés. De volta à realidade, percebo que adormeci e as ondas da maré enchente me alcançaram e retornaram, levando consigo o meu belo comandante, o transatlântico e todo seu glamour que se desmancharam no ar como espumas flutuantes, sugadas pela areia quente e sedenta.

Se foi sonho ou realidade, não importa. Foram momentos maravilhosos que permanecerão guardados na memória. Basta fechar os olhos, abstrairmos o agora e viajarmos novamente até eles. Afinal, é tão tênue a fronteira entre os sonhos e a realidade! Sábio foi Shakespeare quando fez Próspero dizer: “Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos”. Ele sabia das coisas!

Cristina Tinôco

por Alma do Beco | 8:46 AM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, fevereiro 02, 2006

ESTATUTO DA SAMBA

Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências
SAMBA

ESTATUTO


DENOMINAÇÃO, SEDE, DURAÇÃO E OBJETIVOS

Art. 1º - A Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências – SAMBA é uma sociedade civil sem objetivo de lucro, suprapartidária, constituída por prazo indeterminado, exercício social coincidente com o ano civil, com a missão de promover a revitalização cultural do centro da cidade, visando seu resgate histórico, cultural, ambiental e social, com sede e foro em Natal capital do Estado do Rio Grande do Norte.

Art. 2º - Constituem objetivos da SAMBA:
a) promover eventos educativos, culturais e sociais visando oportunizar a população para o exercício de sua cidadania;
b) promover a defesa do meio-ambiente do centro da cidade;
c) implementar programas e projetos que visem a melhoria das condições de vida, no que diz respeito aos serviços e equipamentos sociais do bairro;
d) articular uma política de defesa e resgate do patrimônio histórico e cultural; com a recuperação e manutenção de monumentos, acervos, prédios e logradouros históricos do centro da cidade;
e) promover ações que visem a melhoria de vida dos moradores e freqüentadores do centro da cidade;
f) prestar serviços compatíveis com os seus objetivos culturais e sociais;
g) celebrar convênios, contratos e ajustes de cooperação técnica e financeira com instituições nacionais e internacionais;
h) criar e operar sistema de comunicação (rádio, jornal, televisão e outros meios audiovisuais) que atendam aos objetivos da sociedade.

Art. 3º - Para a consecução de seus objetivos poderá a SAMBA empreender as seguintes ações:
a) realizar estudos, pesquisas e eventos relacionados com a defesa do patrimônio histórico, cultural e social do centro da cidade;
b) elaborar, promover, formular e executar programas, projetos, eventos e campanhas que objetivem a conscientização da população e autoridades do acervo histórico, cultural e arquitetônico do centro de Natal;
c) encaminhar aos órgãos governamentais proposições de políticas públicas relativas defesa da memória e do patrimônio histórico, cultural e ambiental do centro da cidade;
d) constituir parcerias com órgãos públicos, privados, entidades civis, pessoas jurídicas e físicas na promoção da defesa da memória e do patrimônio histórico, cultural, social e ambiental do centro da cidade.

ASSOCIADOS: DIREITOS E DEVERES

Art.4º - poderão ingressar no quadro social da SAMBA pessoas físicas e jurídicas que atendam às exigências contidas neste Estatuto.

Art. 5º - As pessoas jurídicas associadas submeterão à Diretoria Executiva o nome da pessoa física para representá-las, cada uma em igualdade de condições com as demais pessoas físicas associadas.

Art. 6º - São duas as categorias de associados à SAMBA:
a) associados fundadores: aqueles que participaram da constituição da Sociedade;
b) associados efetivos: aqueles que ingressaram na Sociedade após sua fundação.

Art. 7º - Os associados serão admitidos na Sociedade mediante apresentação de proposta à Diretoria Executiva, subscrita pelo requerente e por um proponente, membro da entidade.

Art. 8º - São direitos dos associados:
a) participar das Assembléias Gerais;
b) propor novos associados;
c) apresentar sugestões à Diretoria Executiva sobre assuntos sociais;
d) usufruir dos serviços oferecidos pela Sociedade;
e) votar e ser votado para cargos e funções na Sociedade;


Art. 9º - São deveres dos associados:
a) respeitar e obedecer o Estatuto da entidade e demais decisões sociais;
b) pagar regularmente as contribuições sociais.

Art. 10º - Será excluído do quadro social o associado que violar o Estatuto ou deixar de pagar, por um período superior a 1 (hum) ano, sua contribuição.

Art. 11 – Os associados não respondem direta ou subsidiariamente pelas obrigações da Sociedade.

PATRIMÔNIO E RECEITAS

Art. 12 – O patrimônio e receitas da SAMBA são originários de:
a) contribuições sociais;
b) subvenções;
c) doações, patrocínios e legados;
d) bens móveis e imóveis;
e) rendas dos serviços e atividades da Sociedade.

ÓRGÃOS SOCIAIS

Art. 13 – A Sociedade terá os seguintes órgãos:
a) Assembléia Geral;
b) Diretoria Executiva;
c) Conselho Fiscal;
d) Conselho Consultivo.

Art. 14 – Os diretores e conselheiros não serão remunerados.

ASSEMBLÉIA GERAL

Art. 15 – A Assembléia Geral é constituída pelos membros da Sociedade e suas deliberações soberanas.

Art. 16 – As Assembléias Geral Ordinária e Extraordinária serão convocadas pela Diretoria Executiva, Conselho Fiscal ou por 1/5 dos associados quites com as obrigações sociais.

Art. 17 – A convocação será feita através de carta, fax ou edital..

Art. 18 – A Assembléia Geral deliberará, em primeira convocação, com a maioria dos associados e, em segunda convocação, com qualquer número, 30 (trinta) minutos após a primeira.

Art. 19 – A Assembléia Geral Ordinária reúne-se anualmente até 3 (três) meses do final do exercício, à qual compete:
a) analisar e aprovar as Demonstrações Contábeis de Relatórios da Diretoria Executiva;
b) apreciar os planos de ação da Diretoria Executiva;
c) eleger os membros da Diretoria Executiva e Conselho Fiscal, para mandato de 3 (três) anos, permitida uma reeleição.

Art. 20 – A Assembléia Geral Extraordinária reúne-se a qualquer tempo, à qual compete:
a) deliberar sobre a Reforma do Estatuto;
b) decidir sobre a dissolução da Sociedade e destinação do patrimônio;
c) decidir sobre qualquer assunto de interesse da Sociedade.

Art. 21. As decisões da Assembléia Geral serão tomadas por maioria simples de votos.

DIRETORIA EXECUTIVA

Art. 22- A Diretoria Executiva compor-se-á dos seguintes membros:
a) Diretor executivo;
b) Diretor Adjunto;
c) Diretor Cultural;
d) Tesoureiro;
e) Secretário.

Art. 23 – Compete à Diretoria Executiva:
a) promover a realização dos objetivos a que se propõe a SAMBA;
b) administrar a SAMBA, executando as deliberações de competência da Assembléia Geral;
c) cumprir e fazer cumpri o presente Estatuto;
d) elaborar as demonstrações financeiras e o orçamento anual com parecer do Conselho Fiscal para apreciação da Assembléia Geral;
e) elaborar e reformar o Regimento Interno para apreciação da Assembléia Geral;
f) elaborar projeto de reforma desse Estatuto, a ser submetido à Assembléia Geral, na forma Estatutária;
g) assinar convênios e demais instrumentos de interesse sócio-cultural para a SAMBA; contratar pessoal;
h) fixar os valores dos serviços a serem prestados pela SAMBA;
i) administrar as finanças da SAMBA, investindo os recursos existentes da melhor maneira possível;
j) emitir cheques e títulos, assinar quaisquer contratos e outorgar garantias, se necessário;
k) outorgar procuração a terceiros fixando no instrumento de mandato os poderes e o prazo de duração;
l) submeter à Assembléia Geral, anualmente, a proposta de Plano de Ação da SAMBA.

Art. 24 – São atribuições do Diretor Executivo:
a) superintender, supervisionar e fiscalizar os serviços necessários à administração da entidade;
b) cumprir e fazer cumprir os dispositivos do Estatuto e deliberações da Assembléia Geral e da Diretoria Executiva;
c) representar a Sociedade ativa, passiva, judicial e extra-judicialmente.

Art. 25 – São atribuições do Diretor Adjunto:
a) substituir o Diretor Executivo em suas ausências e impedimentos;
b) assistir o Diretor Executivo em suas obrigações na administração da SAMBA.

Art. 26 – São atribuições do Diretor Cultural:
a) coordenar as atividades culturais, tais como: realização de eventos e promoções culturais.

Art. 27 – São atribuições do Tesoureiro:
a) controlar e patrimoniar todos os bens e valores adquiridos ou doados, apresentar orçamento anual, contabilizar todos os resultados e rendimentos das campanhas financeiras, escriturar a cobrança das mensalidades sociais;
b) participar da abertura de contas bancárias conjunta em nome da SAMBA e assinar cheques juntamente com o Diretor Executivo, responsabilizando-se pelos documentos e livros contábeis, apresentar a prestação de contas anualmente.

Art. 28 – São atribuições do Secretário:
a) executar todo o expediente da SAMBA, escriturando e zelando pelo arquivo documental e pela memória da SAMBA, lavrar atas de reuniões da Diretoria Executiva e Assembléias, mantendo-as em ordem de arquivamento e providenciando suas autenticações, quando necessário;
b) organizar e manter em dia o cadastro de registro dos sócios, exercer todas as atividades designadas pelo Diretor Executivo.

Art. 29 – Os atos de qualquer natureza que envolvam obrigações sociais, inclusive aquisição e oneração de bens e móveis, bem como contratação de empréstimos, emissão de cheques e outras ordens de pagamento, serão obrigatoriamente assinados pelo Diretor Executivo e pelo Tesoureiro ou, no caso de impedimento de 01 (hum) deles, por procuração nomeado na forma do item “k” do Art. 23.

CONSELHO FISCAL

Art. 30 – O Conselho Fiscal, órgão de fiscalização econômico-financeira da SAMBA, compor-se-á de 9 (três) associados, membros efetivos e 3 (três) suplentes, eleitos pela Assembléia Geral Ordinária, dentre os associados com direito a voto.

Art. 31 – O Conselho Fiscal deverá reunir-se ordinariamente 2 (duas) vezes por ano e extraordinariamente sempre que se fizer necessário, com participação de 3 (três) de seus membros.
# Único – Em caso de impedimento de membros efetivos do Conselho Fiscal, será convocado um dos membros suplentes.

Art. 32 – As deliberações do Conselho Fiscal serão tomadas por maioria dos votos e constarão de Ata lavrada em formulário próprio, aprovada e assinada no final dos trabalhos de cada reunião, pelos 3 (três) Conselheiros Fiscais presentes.

Art. 33 – Compete ao Conselho Fiscal:
a) examinar a escrituração contábil da SAMBA, assim como a documentação a ela referente, emitindo parecer;
b) examinar o relatório das atividades da SAMBA, assim como a demonstração dos resultados econômico-financeiros do exercício findo, emitindo parecer quanto a esses documentos;
c) examinar, semestralmente, as demonstrações dos resultados econômico-financeiros da SAMBA, emitindo parecer;
d) examinar se os montantes das despesas e inversões realizadas estão de acordo com os programas e decisões da Assembléia Geral, emitindo parecer.
# Único – Para os exames e verificações adequadas dos livros, contas e documentos necessários, poderá o Conselho Fiscal, ouvida a Diretoria Executiva, contratar o assessoramento de técnico especializado e registrado em órgão competente.

CONSELHO CONSULTIVO

Art. 34 – O Conselho Consultivo terá, no mínimo 10 (dez) e no máximo 20 (vinte) membros, escolhidos pela Diretoria Executiva entre pessoas de notável saber e ilibada reputação para um mandato de 3 (três) anos.

QUESTÕES OMISSAS

Art. 35 – As questões omissas neste Estatuto serão resolvidas pela Diretoria Executiva e, em última instância pela Assembléia Geral.

Natal/RN, junho de 1998

por Alma do Beco | 11:57 AM | | Ou aqui: 0




quarta-feira, fevereiro 01, 2006

OTHONIEL E OS POLÍTICOS

Marcus Ottoni


“Quando os magistrados descem do Olimpo e se aproximam dos cidadãos, a democracia ganha sempre."
Lucia Hippolito

“O presidente Lula tem toda uma explicação para dar ao país. O tempo todo ele vai ter que voltar a temas desagradáveis, mas vai ter que voltar durante a campanha. E não é o tema da corrupção apenas, porque isso não adianta voltar porque todo mundo já sabe que teve muita. Ele também vai ter que explicar porque prometeu e não cumpriu tanta coisa.”
Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso


Orf


COLEGIAL

Desafio a lei
Da física,
Permaneço estática
Mesmo quando me sinto simpática
Nao temo a lei
Da química
Misturo doses que às vezes intimida
Me perdoe a geografia,
As marés, ilhas, oceanos
Todos pertencem ao mesmo plano
Digo não à matemática
Seja o ângulo reto ou obtuso
Com regra básica ou teorema
Sou a favor,
De um preciso, limpo, íntimo poema.

Deborah Milgram




O POETA E OS POLÍTICOS...

(Prefácio de CLÁUDIO GALVÃO à primeira edição do livro “A Cidade Perdida” – “Desenho Animado” e “Esparsos” – ColeçãoHumanasLetras/UFRN/1995, Centenário do Poeta OTHONIEL MENEZES.

O título acima – “O POETA E OS POLÍTICOS” é da autoria de Laélio Ferreira.
Aguardem a edição das Obras Completas)

Numa manhã chuvosa de julho, dia 7 do ano de 1950, um ônibus percorria a pista asfaltada construída pelos americanos durante a segunda guerra mundial e tomava a direção da Base Aérea de Parnamirim. Levava, como o fazia todos os dias, os funcionários civis para o trabalho no Posto de Engenharia.

Um dos funcionários, entretanto, não ia para o trabalho. O burocrata Othoniel Menezes desceria antes de todos, no aeroporto militar, sob as saudações, brincadeiras dos colegas e votos de boa viagem.

Sob a chuva fina, o poeta recebeu a pequena mala e se dirigiu ao hangar. Ali, diversas pessoas, militares e civis esperavam embarcar no avião do Correio Aéreo Nacional, rumo ao sul do pais. Um pouco mais e o C 47 -202226 deixava a pista molhada e rompia o cinzento da manhã de inverno.

Lá dentro, meio desajeitado, o poeta procurava melhor acomodar-se na sobriedade do avião militar.

Na Base Aérea do Galeão no Rio Janeiro estavam à sua espera a filha Terezinha e o marido Lauro Braga. E logo o táxi tomava a direção da residência do casal, no bairro de Marechal Hermes, onde ficaria hospedado.

Pelo caminho, uma agradável surpresa levou o poeta a inevitáveis reminiscências: as paredes de prédios e muros que passavam pela janela do automóvel estavam cobertas de cartazes com fotos e os nomes dos candidatos a Presidente da República.

Recordava os tempos que se sucederam à revolução de 1930, quando Café Filho, depois de duras experiências nos sindicatos e política partidária, fora eleito deputado federal em 1934, permanecendo no mandato até 1937 quando - que contra-senso! -, o seu companheiro de chapa Getúlio Vargas instaurava o Estado Novo e desencadeava forte perseguição aos seus adversários de então, obrigando Café a exilar-se na Argentina.

Ali estavam os dois, juntos na mesma chapa, quando antes se opunham...
E lembrava para a filha e o genro os acontecimentos do passado, até as inimizades que ganhara por ser cafeísta no seu Estado, a ponto de ser acusado de comunista em 1935, processado e preso durante mais de dois anos em Natal.

“Tudo por ser amigo de Café”, comentava.

Othoniel Menezes chegava ao Rio de Janeiro, a então capital da República, a menos de três meses das eleições de 31 de outubro que elegeriam Getúlio e Café. Estava em plena efervescência a campanha eleitoral.

Café Filho demonstrou muito contentamento com a chegada de Othoniel mas, alegando os afazeres da campanha, marcou uma audiência para alguns dias depois.

Enquanto esperava, Othoniel retirou da mala uma velha pasta onde colecionara seus poemas e resolveu, para encher o tempo, passá-Ios a limpo. Para isso, utilizou uma caderneta de capa de tecido verde escuro e folhas pautadas "Manufactured by U.S. Govemment Print Office", que trouxera da Base Aérea de Natal e começou a escrever o que havia trazido de sua produção poética.

Na primeira página e para intitular o livro, o título do primeiro poema; "A Cidade Perdida".

Eram 46 poemas, a maioria inéditos, alguns publicados em antigos jornais e revistas de Natal.

Era um bom número e daria um pequeno livro. E se acrescentasse mais alguns? Na verdade os poemas restantes nada tinham a ver com a essência dos primeiros quarenta e seis. Eram sonetos críticos, irônicos, onde o poeta expunha as qualidades e defeitos dos animais, visualizava-lhes a intimidade, induzindo o leitor a compará-Ios com os seres humanos, portadores de idênticas características. Inteiramente diferentes de toda a sua poesia, os 11 poemas do "Desenho Animado” poderiam ser anexados à "A Cidade Perdida".

Chega o dia do esperado encontro com o amigo candidato a vice-presidente da República.

Othoniel seguiu confiante e lembrava os tempos em que trabalhara na redação do jornal de Café Filho em Natal, que o ajudara a eleger-se deputado federal. Afinal, estava ali porque o próprio Café Filho o chamara por telegrama e, em anteriores conversas em Natal, prometera-lhe um emprego no Rio de Janeiro à altura de seu nível intelectual, chegando a aventar a possibilidade de um cargo de chefia na Biblioteca Nacional.

O encontro com Café foi dos mais amistosos mas, em vista dos atropelos do momento, o deputado pediu ao poeta que voltasse em outra ocasião para tratar o assunto emprego.

Othoniel despediu-se do amigo e marcou nova audiência com a secretária, voltando para Marechal Hermes. Revisou os poemas, burilou o que necessitava, corrigiu isso e aquilo. E já chegavam de Natal, via navio, a esposa Maria e os filhos Laélio e Netinho, e o sogro Hermilo Abílio Ferreira. Certo de que o amigo não falharia, pede demissão do emprego na Base Aérea de Natal a 22 de setembro.

Àquele tempo, a saúde do poeta começa a incomodá-lo. O atropelamento de que fora vítima em Natal, em 1947, parecia agravar-lhe os sintomas do que lhe parecia um persistente reumatismo.

Arredio e esquisito como sempre fora, detestava pedir favores e incomodar quem quer que fosse. A doença ainda mais lhe perturbava a serenidade de que necessitava para viver a poesia.

Enfim, o novo encontro com Café Filho. Escritório cheio de gente, amigos e políticos, bajuladores e conterrâneos em busca de favores e empregos. Depois de alguma espera, o deputado acolheu o amigo com alegria mas lhe pediu para voltar outra vez pois ainda não tinha tido tempo para tratar de seu assunto. “Café, você quer saber de uma coisa? Eu não vou mais chatear você com este assunto !"

"Não, poeta! Você tem todo o direito de me chatear !"...

"Eu não chateei você no tempo em que fazíamos comícios nas Rocas nem no tempo em que passei preso como comunista por ser seu amigo... Então, não vou lhe chatear mais !”

Retirou-se e não mais voltou à presença de Café Filho.

3 de outubro; Getúlio eleito e Café Filho vice-presidente, apesar da não simpatia do gaúcho companheiro de chapa. A 31 de janeiro do ano seguinte dá-se a solene posse no Palácio do Catete. Othoniel e família continuam na casa de Terezinha, e espera a ajuda dos poderosos, que apenas chegou a 13 de março, quando o poeta é nomeado Escrevente Datilógrafo do Instituto Nacional do Sal. Um oficio do Superintendente transcreve a Ordem P 51/66, assinada por Raul de Góes, presidente do Instituto. Era uma função modesta, apenas para começar. Tanto é que, a 15 de novembro do mesmo ano, é nomeado Inspetor interino, através da Ordem P 51/227, assinada pelo mesmo Raul de Góes.

Enfim, conseguira o tão desejado emprego. A vida agitada do Rio de Janeiro e a saúde a lhe perturbar a paciência e, certamente, as saudades, fazem o poeta decidir retomar sua Natal , Magoado e desiludido, relatou o acontecido à sua comadre, Sra. Letícia Cerqueira, sogra de Jessé Café, irmão do deputado que, na ocasião, ocupava o cargo de Superintendente
do Instituto Nacional do Sal.

A comadre não se deixou esperar. Telefonou para o genro, relatou o fato e exigiu um emprego para o poeta.

"... aldeia lendária, adormecida
aos suspiros do rio e aos trons do mar." (3)

Chegando a Natal em companhia da família, Othoniel assume suas funções e aproveita a oportunidade para prestar concurso para o cargo de Inspetor Efetivo, função na qual haveria de passar muitos aborrecimentos.

Para encher o tempo, continuou na organização do livrinho de poemas. Decidiu anexar o "Desenho Animado" a "A Cidade Perdida" e incluir, ainda, mais 3 sonetos com o título de "Esparsos": um poema em homenagem à Marinha Brasileira, outro ao seu ídolo e modelo cultural Henrique Castriciano e o terceiro, a Ricardo da Cruz, seu amigo de infância, a quem intitulara

"...Vespúcio canguleiro (4) ,
Rei dos peixes do mar de Camarão (5) !” .

Ricardo da Cruz fora um dos principais idealizadores do raid ao Rio de Janeiro, em iole a quatro remos que, a 3 de março de 1952 e com o apoio do vice-presidente Café Filho, navegou de Natal à Baía da Guanabara. Pronto o caderno e utilizadas exatamente todas as suas folhas, Othoniel, como era natural, sonhou em vê-Io publicado mas, em março de 1956, a doença, que julgava ser apenas de um reumatismo, ataca-o mais fortemente. No trabalho, o pagamento sofria constantes atrasos e o salário veio a receber um corte, trazendo-Ihe de volta os problemas financeiros. Os filhos Laélio e Netinho (Hermilo Neto), trabalham e ajudam nas despesas e residem todos em modesta casa na rua Correia Teles.

A saúde preocupa e os amigos e admiradores de Natal lançam campanha para ajudar o poeta.

Em 1959, problemas administrativos, (alguns alegaram perseguição pessoal), trazem-lhe uma redução em seus vencimentos. Muitos amigos e instituições culturais tentam ajudá-lo. O vereador Deoclécio Sérgio de Bulhões propõe e obtém, em novembro, na Câmara Municipal, a concessão de uma pensão no valor de cinco mil cruzeiros.

O recebimento de ajudas constrangia o poeta. A caderneta de poemas continuava a envelhecer no fundo de uma gaveta. Ficaria para quando Deus desse bom tempo. ..

Somente em 1959 consegue ser reclassificado no Instituto Nacional do Sal, melhora a situação econômica, recebe algum dinheiro atrasado e aposenta-se em 1960. Durante todo esse período de instabilidade pouco se sabe de sua poesia que, ao que tudo indica, não encontrava terreno fértil para reflorescer.

Naquele ano, em Natal, reúne-se o 1° Encontro Nacional de Escritores. Uma comissão visita o poeta. Impressionados com modéstia do ambiente que em que vivia, contrastando com sua potencial riqueza intelectual, os escritores resolvem apelar para o Governo do Estado, no sentido de conseguir uma forma de ajudá-Io. Como resultado do apelo, um funcionárie:da Secretaria de Educação e Cultura acompanhou Othoniel até a farmácia Santa Lígia (6) e comunicou ao proprietário que o Governo do Estado se responsabilizaria pelo pagamento de todos os remédios de que necessitasse Satisfeito, Othoniel ainda chegou a adquirir alguns medicamentos até que, tempos depois, o proprietário da farmácia lhe disse que o Governo nunca pagara nada do que fornecera.

Foi a gota d'água. Ofendido, Othoniel resolve retomar ao Rio de Janeiro e contactar o senador Dinarte Mariz, seu velho amigo e admirador. Lá chegando, a 25 de março de 1962, encontrou um carro oficial do Senado a esperá-lo no aeroporto e Dinarte o levou pessoalmente a um médico famoso, seu amigo, dando-Ihe toda a assistência de que necessitava. Os exames a que se submeteu revelaram que era portador do Mal de Parkinson, enfermidade de difícil cura e custosa manutenção.

Mesmo recebendo o que de melhor era possível no Rio de Janeiro, a saúde do poeta se agravava e sua poesia se restringia a versinhos circunstanciais e quadrinhas para as netinhas que chegavam, para lhe dar a alegria que a sua cidade negara.

A 19 de abril de 1969 falece em sua residência, no apartamento de n° 201 da rua Queiroz Lima 18, no bairro do Catumbi. Seu atestado de óbito indica edema agudo do pulmão e infarto do miocárdio Foi sepultado no cemitério de São Francisco Xavier.

Recolhendo os objetos que deixara, seu filho Laélio encontrou a caderneta com as poesias, as páginas já amareladas, manchadas e emendadas com fita adesiva. Guardou-a carinhosamente, como lembrança viva de uma sensibilidade que morrera. Minucioso trabalho de recuperação feito por computador permitiu limpar o manuscrito de suas manchas. Depois, foi necessário reavivar-se o que escreveu, cobrindo--se com tinta cada letra de cada verso.

Graças a isto, foi possível dar-se a público esta edição. Para que os leitores possam melhor lembrá-Io, além do seu conteúdo poético, vai o livrinho em edição fac-similar; a expressão da sua sensibilidade por sua própria mão poderá levá-Ios, ainda mais, à intimidade informal do poeta.

1. Sob a influência do "Desenho Animado", o seu grande amigo e poeta Esmeraldo Siqueira publicou o "Fauna Contemporânea". Longe da sutileza de Othoniel, Esmeraldo caracteriza como animais seus c inimigos pessoais de Natal, sugerindo quase que diretamente a quem se refere.)
2. Maria da Conceição Ferreira (Ceará Mirim, 1900 -Rio de Janeiro, 1968)
3. "Jardim Tropical", pág. 146, Imprensa Industrial, Recife. 1923.
4. Habitante ou nascido no bairro da Ribeira. em Natal.

5. Felipe Camarão.
6. Na época, à esquina das ruas João Pessoa com Princesa Isabel.

por Alma do Beco | 9:03 AM | | Ou aqui: 0


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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