domingo, novembro 26, 2006

QUASÍMODO

Marcus Ottoni


"A verdadeira pesquisa diz que a Venezuela terá outro presidente dentro de poucos dias."
Manuel Rosales, candidato de oposião a Chávez, na Venezuela

Hugo Macedo



Always


um beijo na tua boca.
gosto de álcool e de perfume
trazido do pescoço aos lábios.
pausa para te olhar nos olhos.
beijar teus olhos.
colher teu rosto entre as mãos
e perto da tua boca te jurar
qualquer coisa tipo assim: linda demais.
deixar que me lambas,
levantar meu queixo,
teus peitos nos meus pêlos,
dedos cravados no cós da tua calça da gang
ou sei lá que raio de jeans.
um vem cá meio desnecessário
posto que mais perto impossível.

um beijo na tua boca
e de novo a jura tola: linda demais.

Antoniel Campos


A luz da Alma

Quando a alma recebe a poesia
Como o lírio acolhe o beija-flor,
O sentido da vida mostra o olor
Que perfuma, com lírica magia.

Quando o verso no peito extasia
O sutil coração sente um fulgor,
Afastando o tristonho sol se pôr
E trazendo a manhã da fantasia.

A poesia através do seu encanto
Faz o riso acabar a dor do pranto,
Acendendo o viver do ser humano.

Até Dante, usou o grande Virgílio,
Um poeta, que foi o seu auxílio,
Pra chegar ao lugar do Soberano.

Gilmar Leite



Quasímodo

Tão triste me pareceu Xi Shun, o homem mais alto do mundo. Não uma tristeza assim dessas que vez ou outra todos somos acometidos por algum motivo. Uma tristeza maior, vinda do fundo da alma, que transparecia na sua expressão, nos seus movimentos lentos e estranhos de um quase gigante obrigado a viver em um mundo que não foi feito pra ele; que não se podia ver mas que se adivinhava nos seus olhos quase fechados de chinês e no seu sorriso que era um risco não muito elaborado na sua face enorme. Foi assim que o vi no programa do Jô, acompanhado de uma intérprete, também chinesa, que ao seu lado parecia quase uma miniatura de mulher. Não bastasse isso, havia ainda a barreira da linguagem, cujo esforço de tradução pela chinezinha parecia não conseguir sinônimos para os gracejos do entrevistador, que cá entre nós, dava a impressão de também não estar muito à vontade. E talvez porque eu estivesse muito comovida com a sina daquele homem, cujo desejo aos 55 anos - confessou durante a entrevista - é encontrar uma mulher para lhe fazer companhia (à sua altura, brincava um jornal de mau gosto), o espetáculo da sua exposição ao público me pareceu extremamente bizarro. Mostrava-se, no programa, as fotos onde acentuava-se a diferença entre Xi Shun e as pessoas “normais”. Não me sentia bem com o enfoque dado, senti pena daquele homem que dizia-se satisfeito com a fama, mas nada me comoveu mais e tanto do que vê-lo entoar uma cantiga que soou nos meus ouvidos como um estendido e triste lamento, traduzida pela intérprete como uma canção de amor, onde o cavalheiro diz estar pronto para receber a sua amada, ou algo assim. Ao vê-lo cantar aquela música naquela língua tão esquisita aos nossos ouvidos ocidentais, de uma maneira que me pareceu ainda mais triste, pensei no motivo da sua peregrinação pelo mundo todo, na razão que o fazia mover lentamente a cabeça, dirigindo o olhar para os lados e à sua frente: quem sabe um fio de esperança de encontrar o amor que não encontrou na sua pequena cidade na Mongólia Interior, nem no seu país, e que por isso ainda procura em todos os cantos por onde passa. Um homem solitário, aparentemente infeliz e assumidamente romântico, que acredita no amor. Chorei ao ouvi-lo cantar, enquanto em minha mente desfilavam outros personagens tão solitários, tão tristes e tão sofridos, talvez, como o próprio Xi Shun. Lembrei de Quasímodo, O Corcunda de Notre Dame, no romance medieval e uma das obras primas de Victor Hugo - o maior poeta romântico da França. Quasímodo e o seu amor impossível pela linda cigana Esmeralda, num clássico que atravessa séculos. Na tragédia francesa, o Corcunda que cuida de tocar os sinos da imensa catedral, filho de uma prostituta, está fadado à solidão de permanecer escondido na torre da igreja para não chocar as pessoas com a sua aparência monstruosa. A palavra quasímodo, que significa mal-acabado, resume o asco e o medo que causa a sua imagem que, no entanto, guarda no seu interior a mais doce e afetuosa e também carente das criaturas. Lindo, por dentro, Quasímodo. Triste quasímodo. Triste, também, não pode deixar de ser o príncipe enfeitiçado de A Bela e a Fera, do conto dos Irmãos Grimm, que vive enclausurado, escondido em seu próprio castelo e só tem o seu feitiço quebrado quando a filha do mercador passa a amá-lo por suas virtudes e não pela sua aparência. Era triste e solitário e causava nojo, medo e terror, também, o adorável Schrek – o ogro – antes de encontrar a sua Fiona, num conto de fadas moderno que conquistou o mundo todo.
Agora acompanho via internet a peregrinação de Xi Shun pelo mundo, o triste gigante da vida real, e torço, com todas as minhas forças, para que a sua vida se transforme num conto de fadas com final feliz. Que por uma obra divina ou do destino ou do acaso, ele encontre o seu amor, para que possa sentir-se menos inadequado, menos deslocado, menos estranho nesse mundo que fala em inclusão e promove espetáculos de exploração das diferenças.

Neide de Camargo Dorneles

por Alma do Beco | 7:20 AM | | Ou aqui: 0




terça-feira, novembro 21, 2006

SEXUS DEO

Marcus Ottoni


"Cerca de 620 mil portadores do vírus HIV vivem no Brasil, segundo relatório da ONU (Organização das Nações unidas) divulgado nesta terça-feira. O número representa um terço do total de soropositivos da América Latina."

Folha Online



às vezes
as vezes
de nossas vezes
às vezes

Antoniel Campos



PRATODOMUNDO
III Festival Gastronômico do Beco da Lama e Adjacências

Ultima etapa
Sábado, 25 de novembro de 2006


Premiação e entrega do PRATODOMUNDO aos vencedores/2006


Música, poesia, arte e gastronomia


Programação:

Bares e restaurantes abertos a partir das 10:00h, com os pratos concorrentes ao festival:
Bar de Mãinha: Pato na Laranja
Bar da Meladinha: Feijoada
Bar/Rest. Caicó na Brasa: Churrasco de Carne de Sol
Bardallos: Peixe ao Beco
Bar da Amizade: Galinha Caipira com Feijão Tropeiro
Bar da Fátima: Arrumadinho
Bar de Nazaré: Cupim ao molho Beco
Bar/Rest. Inverno e Verão: Vaca Atolada
Bar do Seu Pedrinho: Costelinhas de Porco ao molho Samba
Bar do Aluísio: Língua ao molho bacon

Artes Plásticas
Artesanato
Brechó
Livros
Poesia

Apresentações musicais:

14:00h - DJ Macaco
16:30h - Romildo Soares
18:00h - Os Grogs


Palco armado na R. Cel Cascudo entre as ruas Dr. José Ivo (Beco da Lama) e Vigário Bartolomeu.



RAUL E ALCATÉIA MALDITA
Apresentam GLORIA IN SEXUS DEO

“Raul e Alcatéia Maldita”, a lenda urbana que deu play e avance na música udigrudi potiguar nos anos 70, sai da toca para sua cons|piração anual e contínua no show GLORIA IN SEXUS DEO.
Contemporâneo e sem apegos a estilos musicais vigentes, jogam no vodu do caldeirão da bruxa rock, lues, jazz, regionalidades e a tão falada atitude alternativa(!!?), roker(!!?), underground (!!?), maldita (!!?) que fez de Raul Andrade e sua infindável Alcatéia Maldita uma entidade cult que transpassa sucessivas gerações potyguares desde os 70.

Se você detectar algum cartaz desse show poraí, ele foi pessoalmente colado pelo irrequieto “jovem” Raul que comenta: “para sair bem feito, eu mesmo faço, sempre fiz e faço questão de fazer”.

Para instalar o seu vodu sonoro, Raul vem, desta feita, com a sua mantilha escalada de:
Jorge Macedo: guitarra, Franklin Novaes: teclado, Júlio: Contrabaixo e Fidja: bateria,

* Arnaldo é Batista
* Mick is Jagger
* Raul é Alcatéia Maldita

O QUE: Raul e Alcatéia Maldita
SHOW: GLORIA IN SEXUS DEO.
ONDE: ESTAÇÃO RIBEIRA – antigo show bar - (Rua Dr Barata, 238 / Ribeira)
QUANDO 23/11/2006 (quinta)
HORA: 21h
QUANTO: R$10,00


•CONTATOS COM RAUL: 3234-4912 / 9973-9614



CURIOSIDADES SOBRE O FORTE

Serviu de apoio à conquista do Ceará, Pará, Maranhão e o restante do Norte do Brasil.

Possui um sistema de captação de águas pluviais que era armazenada em uma grande cisterna.

No centro da Praça de Armas, sob a abóbada que sustenta a Casa da Pólvora, existe um poço que, nas marés altas, oferece água doce, e cuja construção é, conforma alguns pesquisadores, responsabilidade dos holandeses.

A Casa da Pólvora era elevada para que a pólvora negra, usada nos primeiros séculos, não absorvesse umidade.

A Capela primitiva era a um canto da construção e possuía um alpendre. Alguns poucos vestígios deste alpendre foram encontrados na campanha arqueológica de 1994.

As escadas da Casa da Pólvora e da Cisterna são do século XVIII quando de uma das reformas da Fortaleza.

Por detrás da Casa da Pólvora foi encontrada, durante escavações arqueológicas, em 1994, parte da estrutura de um fogão, feito de pedras amontoadas e que é da época da construção do Forte. Junto havia vestígios de escória de chumbo derretido para fazer pelouro.

No pavimento superior existia um cais estratégico por onde era possível abastecer o Forte por barcos. Os volumes eram erguidos através de uma grua manual. Coincide com a abertura que chamam de ‘porta falsa’ que permitia as pessoas embarcarem em condições de cerco, pois o Forte fica isolado durante as marés cheias.

A fortificação foi residência de muitos Capitães-mores.

Vultos importantes marcaram presença no Forte, dentre eles o Conde Maurício de Nassau, Franz Post, Barleus, Eckout, Felipe Camarão, Calabar, Jaguarari, Potiguassu, Jacob Rabi, Janduí, Antônio Paraupaba, Jacumã, Pero Coelho, Padre Luiz Figueira, Padre Francisco Pinto.

Serviu de prisão a heróis e mártires, bem como viu finarem-se outros. Dela saíram tropas holandesas para massacrarem moradores portugueses no Engenho Ferreiro Torto e Uruaçu, na região de Macaíba. Pessoas sensitivas dizem já ter visto imagens fantasmagóricas circulando pelo local.

Conforme alguns pesquisadores, existiu um ‘quarto escuro’ no subsolo da Praça de Armas, construído pelos holandeses, mas que não foi encontrado na metade da Praça que foi escavada.

A parte posterior do calçamento do pátio central é, muito provavelmente, de meados do século XVIII, e adota o estilo de calçamento dito açoriano: um quadrado reforçado de pedras largas preenchido com pedras menores não encaixantes.

Segundo Raul de Valença, a construção do Forte se deu quando “as necessidades de ordem militar e econômica forçaram os portugueses a expulsar os franceses do território potiguar, a fim de tornarem mais efetivo o seu domínio sobre a terra conquistada, surge o Rio Grande como fator geográfico de acentuada importância. Por constituir uma magnífica via de penetração, que permitiria aos lusos estenderem o seu domínio terra adentro, transformou-se o Rio Grande em ponto de apoio para a fixação dos
colonizadores no solo potiguar”.

Walner Barros Spencer

por Alma do Beco | 10:04 PM | | Ou aqui: 0




domingo, novembro 19, 2006

ENCANTAMENTO

Marcus Ottoni


"Algumas fábricas italianas estão cortando o salário de funcionários fumantes para compensar o tempo que eles gastam fumando - em média uma hora, segundo uma pesquisa divulgada recentemente."
BBCBrasil

Plínio Sanderson
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PEDRO PERALTA

Ainda no desbunde dos Festivais de Arte do Forte, explorava os corredores da fortaleza em companhia do jornalista Moura Neto, quando esbarramos numa barraquinha do Atelier Central e lá estava aquele rapaz vendendo licores naturais e um inusitado retrato do poeta João da Rua - óleo de Alcides Sales. Ficamos pasmos, da rua ao cosmo, João nosso contemporâneo já virara estrela? Porém, o que nos chamou mais atenção foi o cara franzino que se dizia poeta. Trocamos rápidas figurinhas e para surpresa geral o bendito (e feito, pois já havia lançado um livro com o musicista errante Wlamir Cruz) poeta sobe ao palco e começa a recitar suas poesias com seu peculiar jeito interiorano e cognição incipiente. No entanto, havia ritmo, pureza, uma força de vontade excepcional; era uma preciosa pedra bruta e gutural, com um brilho intrínseco, carecendo o polimento do tempo e da verve. Assim, as Moiras do destino nos revelaram o Pedro Pereira, caba nó cego!

Encontramo-nos depois em vários locais, eventos, ele fazendo road e back vocal na banda Cabeças Errantes, e, principalmente, nos chás da cinco no boteco "Verso & Prosa", do Dunga. Passei a admirar o Peralta pela sua determinação e incessante alegria de viver. Na época, ganhava a vida como sargento de proletariado em uma empresa de construção civil. Mas, pulsava arte por todos os seus poros, como sina ou catarse.

Convidei-o para uma coadjuvância no 3º Festival de Poesia e Música da UFRN (86) e ele rufou os tambores na performance "Vis lumbrâncias pó te guares". Arrebatamos os prêmios de melhor poesia e melhor apresentação. Em 88, devolvo a gentileza, fazendo a claque na sua apresentação no Circo da Cultura durante o concurso de poesia da Candelária, quanto também se sagrou campeão com "Pós-Lennon" - dois laureados pimentas do planeta.

Inauguramos uma parceria que marcaria espetaculosamente os happenings/performances posteriores na capital do futuro. Foram inúmeras participações nas comemorações do Dia da Poesia, sempre um Dom Quixote e/ou Sacho Pança do outro. Nossas vidas se fundiram ao ponto de marcar a arte na terra de Poti com teimosia, criação e práxis. Via de regra, gastando romanticamente os últimos trocados que nos arranhavam os bolsos, pegando no pesado para viabilizar a celebração da musa dadivosa. Quando não realizávamos nada e o branco do papel suplantava o santofício, a maledicência nos imputava na fogueira das veleidades, ossofícios.

Predestinado, Pedro, corajosamente, foi além. Deixou sua função na construção civil, dedicou-se de alma, troncos e membros à labuta artística. Derrubando a idéia do "dom", provou que na arte o determinante é o movimento corpo/mente. Lembro quando morando na vila de Ponta Negra, lançou-se sem volta nos percalços da plástica. Exercitando, imolação, penitência até desabrochar na primavera de 90 em um estilo próprio e instigante - conceituei de florense. O Artista Pedro, eclodia oriundo das próprias entranhas, sempre rebuscando novas linguagens, suportes (arte camiseta), novas formas de expressão. Reconhecido, ganhou vários prêmios, tornando-se persona obrigatória em exposições e vernissagens. Heroicamente, sobrevivendo de Arte (e pela Arte) nessa cidade tão ríspida e desmemoriada com seu patrimônio cultural e humano. In memorian, o desabafo do Rei-Vassalo prof. Melquíades: quem quiser me prestar uma homenagem que seja em vida. Deixarei escrito e registrado em testamento e cartório que não poderão usar meu nome para grupo escolar, de logradouro ou rua, ficando proibido a minha alma baixar em centro espírita e/ou terreiro de umbanda!

Não, essa não é uma homenagem moribunda! É um suspiro, um lampejo de vida. Lutando o bom combate, guerreiro aguerrido, Pedro vai contradizer a filosofia fatídica de Augusto de Campos: "Arte longa vida breve". "Tu es petrus et super hamc petram aeclesiam meam aedificabo". Pedros Est, ele está no meio de nós. E, testemunhará com arte os muitos caminhos que ainda iremos trilhar, todos juntos, numa pessoa só. Pedro Pereira, poeta peripatético, plástico pintor, peralta prático, pajé pai-d’égua, perito praxista, professor performático, Passa e Fica.

Plínio Sanderson

Plínio Sanderson
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Rodolfo Amaral, ontem, no Pratodomundo do Beco

A distâça entre nóis dois,
é grande, quage sem fim.
Prá qui ela fique pequena,
minha fía, eu faço assim:
Irmago, qui nem cicrone,
entre o uvido e o telefone,
trazendo você prá mim...

Bob Motta



ENCANTAMENTO

Como um náufrago
que não resiste ao canto mágico da sereia
e se atira às águas, por querer,
eu vou ao seu encontro.
E ao mergulhar, sem medo e sem pensar,
na imensidão oceânica da sua ausência,
sigo em busca do seu abraço.
Logo à minha frente
você me estende os braços e eu vou indo...
enquanto vou sendo tragada, pouco a pouco,

pelas ondas gigantescas da minha própria saudade.

Neide de Camargo Dorneles



Filatelia

Rodas de bicicletas
transportavam,
junto com os pesos-meninos,
irmãos,
seus sonhos de mundos outros,
ensolarados.

A busca das cores
partia de um bairro
em vermelho.

O homem do guichê
filatélico,
na agência Ribeira,
idílica,
dos correios,
fornia às mãos
cores e filigranas,
marcas d’água,
carimbos comemorativos.
E a data era mesmo
monumental.

Selos do Brasil,
perfeitos, lustrados,
impressos e picotes,
nenhum pedacinho faltando.

O homem do guichê
era exigente,
fazendo medo:
– Se rasurar, paga!

Dinheirinho pouco,
o classificador aberto
e os dedos soltos,
delicados.
Imberbes tateavam,
levemente,
música, cromática história,
obliterações no papel couchê.

O valor facial era o sorriso infantil.

Lívio Oliveira



ENCONTRO NATALENSE DE ESCRITORES VAI
MOVIMENTAR A CIDADE COM ATRAÇÕES NACIONAIS E LOCAIS


Mega-estrutura montada no Largo da Rua Chile vai reunir nomes nacionais e locais . Ao final de cada noite, shows musicais com Paulinho da Viola, Ná Ozzetti e Roberta Sá. A entrada é gratuita

Natal será palco de um grande evento da área literária, com direito a shows de alto nível ao final de cada noite. A Prefeitura do Natal, através da Fundação Cultural Capitania das Artes, promove, entre os dias 23 e 25 de novembro, o Encontro Natalense de Escritores (ENE), no Largo da Rua Chile. Evento inédito na Cidade, primará pela discussão do momento atual da literatura no Brasil: formas de linguagens, temáticas, público-alvo e público atingido. Nessa sua primeira edição, o Encontro presta uma homenagem ao escritor e folclorista potiguar Luís da Câmara Cascudo.

O ENE vai reunir 32 nomes com reconhecido talento literário para debater o momento atual e os rumos da literatura brasileira. A metade é composta de escritores potiguares — ou que aqui moram. Doze mesas de debates serão distribuídas na tenda climatizada, estrategicamente armada no Largo. Shows musicais de nível nacional encerram cada maratona.

Grandes nomes da literatura brasileira participam do ENE, como Zuenir Ventura, Ignácio de Loyola Brandão, Affonso Romano de Sant’Anna, Murilo Melo Filho, Ruy Castro, Heloísa Seixas, Antônio Cícero, Nelson Mota e Villas-Boas Côrrea. Escritores potiguares consagrados também participarão do Encontro: Nei Leandro de Castro, Humberto Hermenegildo e Marize Castro, entre outros. Os “Jovens Escribas”, grupo de novos escritores natalenses com visível atuação no cenário da literatura, estarão no evento discutindo a nova literatura.

A proposta do ENE é proporcionar discussões com grandes escritores da literatura brasileira, oportunizando ao público formador de opinião natalense o debate com os escritores mais lidos do Brasil e colocando Natal no circuito das cidades brasileiras que promovem eventos literários. O Encontro pretende também promover uma discussão sobre as correntes literárias da atualidade.

Durante os três dias, o Encontro de Escritores contará com quatro sessões diárias, começando sempre às 16h.

Para o primeiro dia (quinta-feira, 23/11), está programada a participação de Carlos Fialho, Patrício Júnior, Pablo Capistrano e Thiago de Góes, que vão discutir o tema Jovens Escribas – Uma Nova Literatura. Logo em seguida, às 17h30m, os escritores Marcelino Freire, André Laurentino e Antônio Prata vão abordar o tema Novas Narrativas: Do Blog Ao Livro. Às 19h, Affonso Romano de Sant’Anna e Jorge Mautner discutem o Centro e a Periferia. Dando seqüência ao evento, os escritores Rui Castro e Heloísa Seixas apresentam, às 20h30m, o tema Ficção e Não-Ficção. O primeiro dia do ENE será encerrado com show do cantor e compositor Paulinho da Viola.

Na sexta-feira, 24/11, segundo dia do Encontro, as escritoras potiguares Cristina Tinoco, Marize Castro e Carmem Vasconcelos e o pernambucano Antônio Mariano abrem o evento, às 16h, com a comunicação Qual é o texto novo?. Na seqüência, Evanildo Bechara, Murilo Melo Filho e Arnaldo Niskier discutem com o público natalense A Importância das Academias de Letras na Vida Literária, a partir das 17h30m. Às 19h, os escritores Zuenir Ventura e Villas-Bôas Corrêa debatem o tema Jornalismo Político e seu parentesco com a Literatura. Às 20h30m, Nelson Motta e Antônio Cícero discutem Poesia e Música. O segundo dia do ENE será encerrado com show “Piano e Voz”, de Ná Ozzetti e André Mehmari.

No sábado, 25/11, último dia do evento, os estudiosos da Literatura Potiguar Manoel Onofre Junior e Diva Cunha e o editor independente de autores locais Abimael Silva discutem Literatura Potiguar — História e Futuro, a partir das 16h. Em seguida, às 17h30m, os escritores Humberto Hermenegildo, Marcos Moraes, Constância Duarte e Emerson Tin discutem A Escritura Epistolar de Câmara Cascudo. Às 19h, o poeta e compositor baiano José Carlos Capinam e o poeta pernambucano Jomard Muniz de Britto conduzem a comunicação Entre a Poesia e o Poema. Ignácio de Loyola Brandão discute, às 20h30m, o tema Processo de criação. O romance. A crônica. O Encontro Natalense de Escritores será encerrado com show da potiguar Roberta Sá.

O ENE terá acesso gratuito, com senhas distribuídas antecipadamente, sobretudo para professores da rede municipal de ensino. A estimativa de público direto é de seis mil pessoas.

Mais informações:

Capitania das Artes
Telefone: 3232-4599
Dionísio Outeda – Assessor de Imprensa
Anna Maria Jasiello - Estagiária

por Alma do Beco | 9:11 AM | | Ou aqui: 0




sexta-feira, novembro 17, 2006

COSTELINHAS

Marcus Ottoni


“As urnas deram ao PMDB o direito de reivindicar a presidência da Câmara.”
Geddel Vieira

Rodrigo Sena/Divulgação SAMBA

Costelinhas de Porco, Bar de Seu Pedrinho

O custo da saudade

A distancia machuca os corações
Faz as almas viverem da lembrança
Onde a luz refulgente da esperança
É a aurora nos campos das paixões.
A saudade vomita os mil vulcões
Do desejo que estar sempre ardente
Onde a lava da angústia em corrente
Queima as almas que estão na ansiedade
Quer saber quanto custa uma saudade
Tenha amor, queira bem e viva ausente.

Quer saber o valor de um carinho?!
Ou um beijo que é dado de surpresa?!
Se afaste do amor, que com certeza,
Vai sentir a distancia como espinho.
O amor quando está longe do ninho
É um pássaro que tem a asa doente,
Que distante do ninho canta dolente,
Derramando o seu pranto de verdade,
Quer saber quanto custa uma saudade
Tenha amor, queira bem e viva ausente.

As palavras, os beijos, e o abraço;
O olhar, os carinhos, o sorriso,
São as flores mostrando o paraíso,
Que a lembrança demonstra sem embaço.
A distancia aparece e joga o laço
Pra prender o amor numa corrente.
É um monstro voraz, que ferozmente,
Faz a vida sofrer com intensidade,
Quer saber quanto custa uma saudade
Tenha amor, queira bem e viva ausente.

Se alguém quer saber como é ruim
Ter amor que reside em outro canto,
Vai saber como é triste a dor do pranto
Que corrói, parecendo não ter fim.
É preciso ser forte, ser enfim
O jasmim do amor sempre crescente;
Pra no peito vingar eternamente
Os momentos sutis da intimidade,
Quer saber quanto custa uma saudade
Tenha amor, queira bem e viva ausente.

Gilmar Leite



TRATADO DE TORDESILHAS E PRIMEIRO MARCO HISTÓRICO

A disputa entre Portugal e Espanha em relação à posse das terras descobertas e por descobrir, instaurada logo após a chegada de Cristóvão Colombo nas terras americanas (1492), e antes de Vasco da Gama ter chegado a Calicute, na índia (1498), resultoutas no Tratado de Tordesilhas (1494), pelo qual, por meio de um meridiano traçado a 370 léguas ao ocidente das ilhas de Cabo Verde, a Terra era dividida em duas zonas de influência desses dois países. O Tratado, obviamente, não comprometia a outros países, como a França, a Inglaterra.

D. Manuel I, o Venturoso, rei de Portugal, preparou uma poderosa e competente esquadra para garantir o domínio do comércio das especiarias nas Índias, e tomar posse do quinhão correspondente às terras do Novo Continente no qual chegara Cristóvão Colombo. O nobre português Pedro Álvares Cabral foi designado para o comando geral dessa expedição diplomática-militar que primeiramente chegou ao Brasil em 22 de abril de 1500.

Em 1501, Gaspar de Lemos, comandante da caravela que retornara a Portugal com a nova do achado da terra brasileira, retorna por ordem do Rei, para explorar a costa da nova terra e firmar-lhe a posse. É então que foi chantado o marco português em uma enseada de ondas fortes do litoral setentrional, hoje na divisa dos municípios de Pedra Grande e de São Miguel do Gostoso, no local atualmente chamado de Praia do Marco, no Rio Grande do Norte. Nesta expedição veio o florentino Américo Vespúcio.


BANDEIRA DA ORDEM DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO (1332 A 1651)
A Ordem de Cristo, como era mais comumente conhecida, era na realidade a haerdeira da Ordem dos Cavaleiros Templários, que fora extinta por graves acusações manipuladas pelo Rei Felipe, o Belo, de França, em 1311. Muitos reis aproveitaram-se da ocasião e confiscaram o enorme patrimônio da Ordem do Templo em seus domínios. Com a exceção de Espanha e Portugal. O rei português, D. Diniz, transferiu o fabuloso patrimônio dela para uma outra ordem que ele criou: a Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja função será a de combater os mouros e, mais tarde, financiar as navegações e descobrimentos na intenção de salvar as almas dos gentios.

O Grão-Mestrado da Ordem esteve quase sempre na família real, e após 1551, com D. João III, tornou-se privilégio hereditário perpétuo dos sucessores reais da Casa de Portugal.

A insígnia da Ordem é uma cruz vermelha, quase quadrada, fendida no meio com outra branca, diferente da cruz templária, que era toda vermelha. Este símbolo decorava o velame das caravelas de Cabral e dos outros navegantes portugueses, e ornava igualmente os estandartes dos bandeirantes e entradistas do século XVII.

Walner Barros Spencer

por Alma do Beco | 7:56 AM | | Ou aqui: 0




sábado, novembro 11, 2006

ENDEREÇO CERTO

Marcus Ottoni


"Auto-reajuste deve elevar os vencimentos de cada um dos 513 deputados de R$ 12.847 para R$ 24.500 - um acréscimo de 90,7%."

Folha

Alexandro Gurgel


Odoceyá das águas

Doce Ya

Odoceyá
Oh, doce Ya!
Ya.
Ya.

Odoceyá
Ya das águas
de mares e rios
lagos, lagoas
Odoceyá
das nuvens

Odoceyá!
Odoceyá!

Ya das águas!

Dunga



Beco da Lama

Em Natal, a lama tem endereço certo e muitos visitantes: é o Beco da Lama. Estreito, antigo, fica como que escondido no Centro da cidade. O beco, que na verdade não tem mais lama alguma, traz em seu calçamento gasto os caminhos que muitos fazem para tomar uma boa lapada de cana, comer um tira-gosto, beber uma cerveja, reencontrar os amigos.

Beco da Lama. Beco do velho turco Nasi e sua meladinha incomparável. Beco de todos os orixás. Onde, quem for de fé, encontra remédio para todos os seus males, sejam eles de amor, de dor, de comércio, de futuro.

Beco da Lama, ruazinha quase esquecida de Natal, um ponto de referência na topografia humana da cidade, que caminha pelos seus bares como quem, a sós, descobre na simplicidade a melhor forma de viver.

Emanoel Barreto



Petit Das Virgens
<11355836187295813322@mail.orkut.com> para meus
11 Nov (18 horas atrás)

Você detesta chegar na festa cheia de gringos azarando sua mulher como se fosse piranha?
Você está cansada de chegar nos bares e boates e ser confundida com piranha?
Você já não agüenta tanta notícia de turista envolvido em pedofilia, pornografia, lavagem de dinheiro ou especulação e outros delitos, nos lugares que você freqüenta?
Você não consegue mais ouvir axé e outras porcarias musicais?
Você gosta de uma festa onde vai encontrar os velhos amigos e amigas de adolescência ao som de uma roda de bamba e uma orquestra de frevo?

SEUS PROBLEMAS ACABARAM

Chegou a VI Festa "AMIGOS DO TIROL", este ano com o tema "UMA FESTA NATALENSE".

Serviço
Sábado dia 18/11/2006, na AABB.
Edição: 6º ano.
Início: 12 horas.
Camiseta: R$ 10,00, na secretaria da AABB.
Bandas: Banda de Debinha e orquestra de frevo do maestro Zé Carlos.
Mais informações: Fernando Mousinho (9935-9558) e José Guedes (9981-0845)



OS INDÍGENAS DO RIO GRANDE DO NORTE

TUPI
Pouco se sabe sobre a origem dos índios que dominavam este território quando da chegada dos europeus. Pode-se dizer que a faixa litorânea era ocupada por índios agricultores, do grupo lingüístico Tupi. Chegaram à região entre os anos 500 e 1000 de nossa era. Os índios encontrados pela frota de Cabral, na Bahia, eram dessa etnia.

Eram sedentários, bem organizados socialmente, bons canoeiros e antropófagos, isto é, comiam carne humana, de maneira ritualística. Orgulhosos, bons guerreiros, hábeis no arco e na flecha, bem como no uso da borduna, um tacape de madeira dura.

Expulsaram os índios tapuias para o interior. Seu principal plantio era o da mandioca, com a qual produziam farinha. Sua cerâmica tinha influências da cultura marajoara, da Amazônia.

Os índios potiguares, que eram Tupi, dominavam toda a costa litorânea do Estado e grande parte do litoral cearense. Possuíam grandes aldeias, como a de Igapó, a de Macaíba, e as que margeavam a Lagoa de Guaraíras, assim como aquelas da região de Georgino Avelino e do rio Curimataú.

O Tupi, no decorrer do tempo, irá misturar-se, biológica e culturalmente, com os colonos europeus, ou com os escravos negros, a depender da maior ou menor posição na estrutura social da época. Houve mistura racial a partir dos mais nobres dos portugueses, aqui radicados, até o menos conhecido dos soldados. É bom salientar que estudos recentes, baseados na comparação de componentes do DNA, demonstraram ser bastante expressiva a contribuição do sangue indígena na população branca do Brasil. No Nordeste, por exemplo, o percentual dessa miscigenação racial ultrapassaria 60%. No sul, estaria acima de 45%.

Esses índios foram elementos importantes e eficientes nas tropas portuguesas, tendo tomado parte, praticamente, em todas as guerras, lutas e campanhas coloniais, tanto no Brasil quanto em outras colônias lusitanas na África. Guerreiros versáteis formaram as forças auxiliares que atuaram na conquista e na expansão européia de nossa região. Não se deve esquecer que as famosas tropas de sertanistas paulistas – desde as primeiras bandeiras – eram formadas de mamelucos (índio e branco) e de índios puros. A maior parte deles era Tupi, ou formada de seus descendentes.

TAPUIAS
O sertão abrigava uma enormidade de grupos de variados tamanhos, os quais falavam línguas diversas, e eram conhecidos pelo nome genérico de tapuias ou tapuios. Esse nome nada mais representa do que a maneira com que s Tupi denominava a todo e qualquer indígena que não falasse o idioma túpico. Os tapuias dividiam entre eles algumas características homogêneas adquiridas na luta pela sobrevivência em um meio-ambiente freqüentemente hostil ao homem.

As tribos tapuias eram temidas por todos os demais indígenas. Eram diferentes em suas maneiras de ser. Corredores incansáveis e velozes, somente os animais podiam competir com eles. Astutos e cheios de manhas, preparavam emboscadas e armadilhas para os outros. O vigor físico e a valentia desses guerreiros sempre foram características admiradas e respeitadas pelo restante dos indígenas. Eram silenciosos e cautelosos quando iam à guerra. Ao avistarem seus inimigos arremetiam contra eles numa rapidez sem igual. O barulho que faziam, então, era ouvido ao longe, por entre as ramagens da caatinga ou da mata litorânea.

Exímios flecheiros, suas flechas certeiras eram letais. Excelentes rastreadores seguiam os inimigos por lugares difíceis e ásperos. Conhecedores dos terrenos que palmilhavam, reconheciam todos os seus acidentes, o que lhes permitia aparecer de surpresa por sobre as tropas européias.

Era típico de algumas tribos – dos janduís, por exemplo – o uso de propulsores de arremesso. Construídos em madeira, esses instrumentos de lançamento de dardos, podiam multiplicar por dez a força de impacto, sem perda da precisão no atingir o alvo. Os dardos, geralmente, tinham pontas de pedra cortantes que atravessavam o corpo de um homem.

Um aspecto peculiar desses indígenas foi sua adaptação à maneira do europeu lutar. Ela incluía o perfeito conhecimento do manejo dos diversos tipos de armas de fogo. Esta característica será a grande responsável pela vigorosa resistência que eles irão impor aos portugueses durante mais de 25 anos nos sertões do Rio Grande do Norte e Ceará. Esta resistência – o Levante do Gentio Tapuia – era, anteriormente chamada, errônea e preconceituosamente, de Guerra dos Bárbaros (Séc. XVII-XVIII).

Muitos índios tiveram papel de destaque tanto na conquista da terra auxiliando os europeus, quanto na resistência à colonização do território. Nunca são lembrados, em que pese os indígenas terem sido sempre, em quase todas as circunstâncias, os responsáveis pelo sucesso da dominação européia da terra brasileira. Seja como o principal contingente guerreiro – em quantidade e em qualidade – quanto pelos ensinamentos de como sobreviver em um ambiente tropical, completamente diverso do ambiente da Europa.

Os documentos históricos estão repletos de nomes nativos, nomes que os livros de história teimam em não fazer conhecidos, mas cuja memória merece igual respeito ao menos do que qualquer prócere português.

Assim, nessas terras soaram milhares de vezes o som de chamada de um Itaobo, Pirangibe, Paraguassu, Zorobabé, Ibiratinim, Metaraobi, Ipanguaçu, Jaguarari, Canindé, Janduí, dentre centenas de outros.

Walner Barros Spencer

por Alma do Beco | 10:57 PM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, novembro 09, 2006

POTIGUARES

Marcus Ottoni


"Acredito que começou a cair o governo de Bush. Por moral, ele (Bush) deveria renunciar.”
Hugo Chávez

Orf
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IMPORTÂNCIA DO INDÍGENA NA FUNDAÇÃO DE NATAL


Durante boa parte do século XVI, o litoral da capitania do Rio Grande recebeu constantes incursões de corsários e piratas franceses. Tendo somente a intenção de comerciar, tornaram-se amigos dos índios potiguares. Tal comércio causava prejuízos à União Ibérica, formada por Espanha e Portugal, desde 1580. A expansão da colonização também sofria dificuldades, pois o Rio Grande se interpunha entre Pernambuco e a Amazônia. Com a união das coroas, desapareceu o confronto de interesses entre as duas nações européias. Era necessário, portanto, terminar de vez com a presença francesa nesse litoral.

Em 1597, Filipe II, na busca de eliminar os prejuízos que vinha tendo, ordenou que se construísse uma fortaleza nessas terras; e que se fundasse uma cidade, para solidificar a colonização do território. Essa missão coube às forças das Capitanias vizinhas. Dentre as mais importantes personagens de então, estavam Mascarenhas Homem, Feliciano Coelho e Jerônimo de Albuquerque. O último era filho de um fidalgo português e de uma índia, Ubirã-Ubi, filha de Arco Verde, um cacique potiguar. Assim, no novo projeto colonizador para o Rio Grande, além das tropas lusitanas, estavam também envolvidos grupos indígenas, movidos por laços de parentesco dos portugueses com os índios de Pernambuco.

... E A CIDADE NASCEU!

Em relação à criação de uma cidade, a escolha da via militar, através das armas, para solucionar o problema criado pela resistência dos potiguares, era possível. No entanto, levaria muito tempo para que eles fossem vencidos. Além de serem milhares de homens, excelentes flecheiros, eram bravos e aguerridos. Não só eram senhores de si como eram senhores da terra, tendo domínio sobre ela e conhecendo-a muito bem. Isto lhes dava enorme vantagem tática.

Contatos feitos por religiosos jesuítas permitiram que um TRATADO DE ALIANÇA E PAZ PERPÉTUA entre a nação portuguesa e a nação potiguar fosse formalizado. Isto aconteceu no dia 11 DE JUNHO DE 1599. A paz finalmente se instalava. Os índios potiguares serão, a partir de então, aliados dos portugueses na conquista do norte brasileiro: Ceará, Maranhão, Pará e Amazonas. Esse fato bem merece ser mais conhecido e lembrado em nossa história. Teria tudo para ser a data em que se comemora o Dia do Estado do Rio Grande do Norte.

É a paz com os indígenas que torna possível a construção de uma cidade. Realizava-se, assim, um feito tão almejado pelo Rei da União Ibérica. Mas, na prática, a cidade foi erguida somente quando os indígenas concordaram. Foram eles, na realidade, os verdadeiros responsáveis pela construção da Cidade do Natal. Que justiça lhes seja feita. Pouco mais de seis meses depois do acordo de paz, foi demarcado um sítio para a construção de uma cidade, no alto de uma das colinas que margeavam o Rio Grande. Ela seria oficialmente fundada EM 25 DE DEZEMBRO DE 1599. Pode-se dizer que Natal foi construída com a licença dos índios potiguares.

Walner Barros Spencer

por Alma do Beco | 8:23 AM | | Ou aqui: 0




domingo, novembro 05, 2006

ACHEGAS

Marcus Ottoni



"Saddam Hussein é condenado à forca por crimes de guerra"

Manchete da Folha de São Paulo

Alexandro Gurgel
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Achegas sobre os tapuias

Tapuia é um termo genérico que os índios de etnia Tupi usavam para designar todos aqueles outros grupos que não falavam o idioma Tupi, quase, portanto, na acepção de “bárbaros”, povos sem nome, ao modo, e pela mesma razão, que os antigos Gregos empregavam em relação aos povos que não falavam o idioma da Grécia.

Sendo uma designação genérica, não se refere especificamente a nenhum grupo em particular, nem a qualquer etnia em especial, mas engloba no termo todos aqueles grupos indígenas que, no caso do Rio Grande do Norte, ocupavam o sertão, lembrando sempre que o litoral era dominado pela população portadora de cultura Tupi, principalmente os Potiguara.

Considerando que os portugueses entraram em contato, desde o início, com estes dominadores litorâneos – os Potiguara, dos quais serão aliados a partir de 1599, não é de estranhar que os primeiros tenham recebido – e adotado – a terminologia nominativa túpica em relação aos outros indígenas. Assim, para os portugueses, dois grandes grupos formavam a massa autóctone das Capitanias do Nordeste: os brasilianos (tupis), que demoravam-se na planície litorânea, e os índios tapuias, que habitavam as terras interioranas, abrasadas pelo sol.

Na realidade, eram diversas tribos – geralmente com número não muito expressivo de pessoas – que dividiam certas características peculiares. Embora possuíssem tradições diferentes e modos diversos de organização social, nas dimensões da religião, do sistema de parentesco, da educação dos jovens, dos ritos de passagem, das sociedades etc., muitos de seus costumes eram similares, principalmente aqueles relacionados com o domínio do sertão e da sobrevivência nele. Para manter a vida de um grupo humano em um ambiente hostil e de pouca fartura como a caatinga nordestina, fazia-se necessário um conjunto de atitudes e táticas singulares que não primavam pela variedade. As peculiaridades do meio-ambiente, tanto geográfica quanto em relação ao clima, apoucavam as chances de diferenciação na luta pela sobrevivência, resultando, assim, uma que semelhança entre os diversos grupos.

É salutar que se diga que estes grupos humanos falavam idiomas muito diferentes uns dos outros. Não só isso, mas note-se que utilizavam idiomas isolados, sem nenhuma contraparte lingüística entre os índios americanos, bem como não formavam nenhum tipo de “confederação”, embora alguns tenham lutado juntos contra os portugueses, na maior revolta indígena contínua do continente americano, chamada – preconceituosamente – na historiografia brasileira, como “Guerra dos Bárbaros”.

Esta guerra que envolveu lutas com diversas tribos indígenas, de variadas etnias – embora não necessariamente unidas estrategicamente ou por alianças – durou algo mais de 20 anos, dos fins do século XVIII até praticamente o início da segunda dezena do próximo século. Em grande número de guerreiros - chegavam a 5 a 6 mil às vezes -, grande parte armada com de armas-de-fogo -que compravam de piratas ou corsários, na foz do Açu, ou recebiam-nas vindas dos Países-Baixos, provavelmente -, treinados e acostumados nas táticas européias de guerra, pois muitas dessas tribos tinham, alguns anos antes, lutado ao lado das tropas da Companhia das Índias Ocidentais, da Holanda, quando então quase inviabilizaram o seguimento da colonização da Capitania do Rio Grande.

O levante geral destes índios sertanejos deveu-se à pressão exercida sobre suas terras de caça devido ao movimento de expansão da pecuária nordestina, quando se iniciam as doações de datas de sesmarias de terra na região.

A maior parte dos índios ditos tapuias, eram índios de corso, isto é, andarilhos, geralmente sem aldeias permanentes, não só pelo fato de serem grupos que viviam da caça miúda e da coleta, mas também porque o ambiente que ocupavam não apresentava maiores facilidades para a sobrevivência.

Os tapuias ocupavam diferentes espaços do território norte-rio-grandense, paraibano e cearense. Eram tribos de diferentes números de integrantes e ocupavam espaços particulares dos territórios desses Estados, como o oeste e sudoeste do Rio Grande do Norte, aa Chapada da Borborema, na Paraíba, e o leste e sudeste cearense.

Esses guerreiros índios, que lutaram uma guerra de mais de vinte anos, dominando em momentos a maior parte desta mole de terra nordestina, fez com que a Coroa Portuguesa, receosa do abandono das terras pelos colonos, movesse mundos e fundos para vencer aquela guerra cruenta. Trouxe tropas de sertanistas de contrato diretamente de São Paulo, acostumados ao embate com os indígenas, bem como contratou a Domingos Jorge Velho, paulista conquistador do Piauí, para trazer suas tropas índias a combater e submeter à ‘ordem’ os tapuias.

A ocupação portuguesa da região do Açu deu-se, por exemplo, em função da estadia de tropas paulistas nas casas-fortes lá construídas para formar um núcleo de onde as tropas pudessem se mover de maneira mais expedita em qualquer direção.
Os índios acabarão vencidos - mas não derrotados - em parte através de acordos de paz – inclusive um que foi realizado a instâncias de Bernardo Vieira – personagem que merece um estudo mais pontual – e, em parte, devido a derrotas militares, incluída nessa a luta na Serra da Acauã, em que um famoso chefe tapuia – Canindé – foi aprisionado.

Depois, esses índios foram aldeados em diversos lugares, sob a responsabilidade de variadas ordens missionárias religiosas, e finaram-se, praticamente desaparecendo com sua cultura e tradição. Mas findam mais pelo fato de não serem mais registrados como índios nos censos, bem nos idos do século XIX, justamente quando também surge o orgulho de ser brasileiro. Talvez haja algo escondido nesse fato peculiar, que transcenda a pura coincidência. Pode bem ser um fenômeno do tipo do sincronismo junguiano.

Eram os mais antigos grupos humanos que habitaram este território onde hoje estamos. Estão atualmente ressurgindo, buscando readquirir suas identidades, mas há que ter cuidado apara não acabarem sendo simples ‘objeto de estudo acadêmico’. Merecem ter suas histórias recuperadas, sem hipocrisia, sem falsas verdades, sem fantasias inconseqüentes, sem compromisso com o ‘politicamente correto’, sob pena de novamente serem dizimados, só que dessa vez pela ‘boa vontade egoísta’ de alguns. Não basta que seja ela oriunda da boa fé, pois disso o inferno não só está cheio como há fila para entrar.

Walner Barros Spencer

por Alma do Beco | 12:37 PM | | Ou aqui: 0




quinta-feira, novembro 02, 2006

HONREM-NOS

Marcus Ottoni


"Sem farinha, homem não vive. A farinha é a camada primitiva, o basalto fundamental na alimentação brasileira. Todos os elementos são posteriores, assentados na imobilidade do uso multicentenário, irredutível, primário, instintivo."
Luís da Câmara Cascudo

Karl Leite
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De 4 a 25 de Novembro, III Festival Gastronômico do Beco da Lama e Adjacências - PRATODOMUNDO

VAMOS AOS PRATOS, TODOMUNDO?


E serão muitos, variados, suculentos, caprichados. Agora diversificados, estarão passando das tradicionais buchadas, rabadas, favadas e outras coisas danadas de boas, para pratos mais elaborados, globalizados. Xiiiiii! Aqui estou eu rimando de novo. Falar do Beco é isto: uma inspiração; um rebuliço. Mas, é justamente isto que os idealizadores querem. Então, desde ontem, e durante os próximos sábados de novembro, estará acontecendo o 3º Festival Gastronômico do Beco da Lama e a premiação "Pratodomundo ".

O Festival, que tem como foco principal apresentar o roteiro gastronômico dos bares e restaurantes do Centro da Cidade, é uma realização da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências e vem sendo viabilizado em parceria com instituições culturais governamentais e não-governamentais do RN, através do esforço conjunto da sua diretoria oficial, outra designada para tal, a substituta, a eleita e afeita a este pleito.

Mas, não será só de pratos feitos o Festival. Estarão acontecendo, nos dois dias que antecedem cada sábado, oficinas, exposições, lançamentos de livros, mostras de vídeos, intervenções poéticas, algumas loucas, devassas, outras com belas métricas; gente bonita, cervejinha sabiamente gelada, luz, câmera, ação, amores, vida. É esta a pretensão do Pratodomundo. Tudo bem juntinho, como o nome sugere, trazendo animação, novos ares e resgate de um passado, não tão distante, onde as pessoas conviviam e celebravam a vida no coração da cidade.

E, se depender da galera que já participou dos anteriores, certamente teremos, nesta edição, muita movimentação. Estarão participando, direta e indiretamente do evento, cerca de... impossível precisar. O povo do Beco é mesmo de veneta e sempre que vem, consegue adeptos e anexos para acompanhar.

Nas mesas, estarão desfilando aos olhos e paladares mais exigentes, pratos da culinária regional, tais como: arrumadinho, vaca atolada, feijoada, peixe e galinha preparados como a vovó sempre fazia. Para os mais curiosos com novos sabores, vale uma degustada nas costelinhas de porco ao molho Samba; na língua ou cupim ao molho Beco; no pato com laranja, no Churrasco com carne de Caicó.

Para os ouvidos, sons para todos os gostos. O melhor da música popular potiguar, com Khrystal, Rodolfo Amaral, Geraldo Carvalho, Romildo Soares, Carlança e Pedro Mendes. As guitarristas virtuosas do bendito Raul da Alcatéia e d'Os Grogs; as batidas energéticas do Folia de Rua, Congos de Calçolas, Caboclinhos de Ceará Mirim e a dancinha maneira do Boi de Manoel Marinheiro.

O final do ano se aproxima. Já estamos chegando ao limite máximo da saturação. Acordar cedo, enfrentar trânsito, chefe mau humorado, cliente estressado, salário defasado, paletó apertado, confusão para todos os lados... Ufa, precisamos urgentemente de festas, gente, conversas, calor humano. E isto não falta no Beco. São pessoas de todos os credos, cores, preferências de amores. Mil odores se espalham pelo ar. Sons naturais, de vozes agradáveis falando palavras gentis; outros estridentes, gasguitas, que se elevam exponencialmente proporcional ao volume de mililitros alcoólicos ingeridos. Pipocas nos carrinhos, nos cabelos das meninas e meninos que participam despreocupadamente das festas, sabendo que estão em território de paz. Crianças que celebram a liberdade juntas aos seus pais num ambiente festivo, descontraído. Senhoras e senhores maduros, quase passando do ponto, devidamente monitorados para estarem bem assistidos.

O Beco é isso. Vale conferir.

Ana Cristina Cavalcanti Tinôco



ODE AO INDÍGENA NORTE-RIO-GRANDENSE


A poeira do tempo vai aos poucos cobrindo a memória indígena do Rio Grande do Norte.
Quem lembra das orgulhosas tribos que dominavam essas vastidões encandeadas de sol?
Quem lembra dos indígenas como eles gostariam de ser lembrados: senhores de si, plenos de vitalidade, valentes no domínio de seus chãos, grandiosos na peculiaridade de suas culturas?
Quem guarda seus sonhos? Quem cultua seus nomes para a posteridade? Quem zela pelos lugares que lhes foram sagrados? Quem lhes garante a eternidade através da lembrança de suas façanhas? Quem marca, em honra deles, um só lugar onde viveram?
Quem recorda as vitórias que tiveram e as glórias que conquistaram?
Quem ensina às crianças o valor de seus costumes, a dignidade de suas lutas, a virilidade de suas resistências, a fidelidade de suas alianças, o direito de suas opções?
Quem as ensina que o sangue e a cultura indígena não se esvaíram, mas estão em nós e em nossos atos, pois eles também são nossos ancestrais e avoengos, como os outros que costumamos lembrar?
Onde existe um memorial que lhes faça homenagem, um monumento que lhes assegure o crédito da parte que lhes toca na formação histórica e social desta terra?
Por que estão na história como figurantes, se foram seus agentes? Por que estão sempre como pano de fundo dos atos europeus, se foram seus altivos autores?
Somos um povo miscigenado, fruto de uma simbiose cultural e biológica, acontecida na terra dos brasis. Povo único e diferenciado. Como esquecer a parte da herança que nos faz diferenciados?
Como tirar a dignidade de uma parte de nós mesmos, seja esquecendo-a, seja negando-lhe, através de utopias deformantes, a realidade que tiveram?
Se tanto foi perdido, há muito que recuperar. Mas há que se recuperar primeiramente a realidade histórica do indígena, para que a memória dele possua a altivez que sempre demonstraram, e não a comiseração que nunca suplicaram. Há que se recuperar a dignidade de que sempre se revestiram, como seres reais, e não inculcar-lhes ingênuos valores e virtudes advindos do imaginário europeu ou das frustrações da sociedade moderna.
Escutemos com atenção, pois das planícies sertanejas, dos serrotes empedrados, das serras que balizam as solidões, ergue-se um grito de séculos: NÃO SE ESQUEÇAM DE NÓS! HONREM-NOS!

Walner Barros Spencer




POTI OR NOT TUPI?

Índios, sim! A recente audiência pública realizada na Assembléia Legislativa do RN, sob o auspício do mandato Fernando Mineiro e a batuta do Grupo Paraupaba de estudos da questão indígena, propicia uma pertinente reflexão na área de memória e patrimônio cultural, enfocando a identidade das populações indígenas remanescentes no estado.

Do paraíso à quase extinção. Em 1500, quando Pindorama foi invadida pelos lusitanos, estima-se que cá habitavam cinco milhões de indivíduos em harmonia com o meio ambiente. Na égide e usura do capitalismo comercial, o colonizador empreendeu uma das maiores barbáries da humanidade, quando em 1978 restavam apenas 210 mil pré-colombianos. As causas de cruel depopulação foram: no passado (genocídio consciente), guerras de extermínios, expedições para captura de escravos; no presente (genocídio por omissão), massacres, impunidade de crimes contra índios, deportação para lugares inadequados, doenças contagiosas, subnutrição, redução de territórios abaixo do mínimo necessário. Os índios sofreram colonialismos externo entre 1500 - 1822 (português) e interno a partir de 1822, pelos brasileiros.

No decorrer do processo de produção do espaço geográfico, o estado brasileiro tem expropriado e expulsado os nativos de suas terras sempre alegando a cantilena da segurança e do desenvolvimento nacional (exploração de minérios e madeiras; construção de rodovias, barragens e hidrelétricas; ou implementação de projetos agropecuários).

No RN, a realidade foi mais obscura. Os livros didáticos afirmam que apenas dois estados da federação não possuem população indígena, aqui e no Piauí - curiosamente onde o índio Poti/Puti é reverenciado como herói... A nossa proto-história é marcada pela presença de duas vertentes silvícolas: no litoral, os Tupis (Potiguares, Guaraíras, Paiguás, Jundiás), já os Tapuias/Carriris (Caicós, Pegas, Icós, Janduís, Moxorós) nos sertões, cenário de um movimento nativista emblemático, a "Guerra dos Bárbaros", o "Levante do Gentio Tapuia" perdurou por décadas.

Na verdade, deveria se convencionado "guerra dos civilizados", pois estes, movido na ganância por terra e mão-de-obra escrava (proibida desde 1537 pela Bula Veritas IPSA), deflagraram o processo de extinção através do subterfúgio da "guerra justa", instigando os índios para o combate inglório. O colonizador utilizou-se inclusive das bandeiras (terço dos Paulistas) de Domingos Jorge Velho e Navarro Moraes.

Sanguinária e tenebrosa a história provincial. Sorobabé, Jaguarari, Camarão, Clara, Potiguaçu, Mar Grande, Pau Seco, Paraupaba, Pedro Poti, Janduí, são nomes tremulantes no espólio fantasma. Vae Victis (ai dos vencidos)!

No entanto, concomitante à política oficial de extermínio, mediante a ideologia da integração, há um reaparecimento sócio político dos povos indígenas. No nordeste, 50 comunidades com 110 mil indivíduos. O Censo de 2000 revela que no estado três mil pessoas se auto-proclamaram índios, negando a generalização residual de pardo ou cabloco. Instigando um embate antropológico: povos emergentes ou ressurgentes? Muito além dos (pré)conceitos, são resistentes aos impiedosos processos de aculturação e etnocídio. Quatro comunidades almejam reconhecimento: os ‘’Mendoças do Amarelão", (João Câmara, com dois mil membros; os "Eleotérios do Catu", em Canguaretama, com 600 pessoas; os "Banguê", da Lagoa do Piató/ Assu, de 300 indivíduos; e, a comunidade dos "Caboclos do Riacho", em Assu, com 200 membros. Arregimentando forças as comunidades reinvidicam a legitimação de suas identidades indígenas. Relutantes, celebram suas pertenças e memórias ancestrais pulverizadas na tradição, mas latente no orgulho, impregnado no código genético.

O problema comum a todas as comunidades é a carência social (não física) da terra. A estrutura fundiária brasileira, das Capitanias Hereditárias (Sesmarias e Datas) à Lei de Terras de 1850, é matriz de todos os males nacionais. No modelo cultural herdado de uma mentalidade euro-ocidental, o território é interpretado sempre pelo prisma pragmático, como fonte de lucro e/ou medida do poder aristocrático-oligarca.

Chega de etnocentrismo ufano. Abominemos o narcisismo das últimas diferenças - "que acha feio o que não é espelho". "Brancos, índios, pretos, mulatos não há nada de errado em nossa etnia /o meu e o seu são iguais". Comungar a certeza mitológica da imortalidade dos filhos no seio da própria terra. Inclusão e pertencimento cultural fundamentam uma luta urgente e de toda sociedade - principalmente, quando esta se reconhece POTlGUAR!

Plínio Sanderson

por Alma do Beco | 12:59 PM | | Ou aqui: 0


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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