domingo, abril 16, 2006

DEMOCRACIA X REPÚBLICA

Marcus Ottoni


"Penso que a trajetória da República não é necessariamente o mesmo percurso da democracia. A democracia, como construção do espaço político de igualdade, de aplicação das leis, e afirmação da cidadania, tem sofrido avanços e recuos desde 1930. Enquanto isso, a República moderna vem se consolidando de maneira mais positiva, porque os poderes, apesar de todos os intervalos, funcionam cada vez melhor e cada vez com mais autonomia.
Tarso Genro, Secretário das Relações Institucionais do governo Lula

Diário de Natal
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Democracia X República

A afirmativa de Tarso Genro, em destaque aí acima, vai de encontro à realidade exposta pelas denúncias de Roberto Jefferson e que depois foram confirmadas através de depoimentos às CPIs e investigações diversas.

Uma República como a nossa, que sobrevive através da quebra do pacto de independência entre os poderes, não pode ir bem. Aliás, não pode sequer ser chamada de República.

Se há uma inter-relação fraudulenta entre Executivo e Legislativo, Executivo e Judiciário, o pacto republicano está quebrado.

Foi esse o grande medo que se abateu sobre a Nação brasileira pós Jefferson. Daí a tese do Caixa 2 defendida pelo PT de Tarso e pelo governo Lula.

A democracia, hoje, poderia até estar sendo exercida com certa qualidade no Brasil, mas também não está. A tese do Caixa 2 de campanhas de PT, PSDB, PP, PL, PTB e outros partidos ficou evidente como praxis coletiva, apesar de procurar encobrir pecado maior, mas deixa claro que o fator "capital" (no Nordeste chamado 'milho') é de fundamental importância para os eleitos, e, portanto, mascarador do verdadeiro desejo do povo - que é o fim a que se destina a democracia.

Hoje, no Brasil, a bem da verdade, a democracia é falsa e a República aviltada, espezinhada, jogada a um 'Deus acuda' em terra de Satanás. É tratada, enfim, se nenhum valor tivesse.

O maior pecado do governo Lula, do primeiro governo do Partido dos Trabalhadores no Brasil, foi exatamente o de não respeitar o bem maior que é a República, construída pelo nosso povo, no decorrer de nossa História de lutas, revoltas e sangue para a afirmação da cidadania nacional.

A fala de Tarso, portanto, cai no vazio como, de resto, todo o governo do presidente que poderia ter sido e não foi.

Faltou responsabilidade. Faltou compromisso.

Sobraram, sim, muitas mentiras.

E vergonha para quem a tinha e tem.

Eduardo Alexandre




"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor"



Quando a mão derramando sutileza
Solta pingos de água num jardim
Cada pétala se abre dum jasmim
Num sorriso de dúlcida pureza.
Uma essência se exala com leveza
Dando beijos na mão com seu olor
Perfumando com plácido fulgor
Numa oferta divina do seu lume
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".


Cada dedo oferesse os orvalhos
Derramados do céu da sua mão
E a flor faz surgir do coração
O presente divino dos seus galhos.
Colibris fazem vôos dos carvalhos
Numa pressa coberta de temor
Como lindos parceiros do amor
Beijam flores morrendo de ciúme
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".


A presença dos pingos cristalinos
Derramados da mão como presente
Faz a flor se abrir toda contente
Igualmente o sorriso dos meninos.
Do seu corpo surgem perfumes finos
Com mil beijos dum grande sedutor
Infiltrando-se nos dedos com ardor
Sem ouvir beija-flores com queixume
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".

Gilmar Leite
Mote do poeta Chico Borges



"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor"


E do encontro se fez a despedida.
Do sorriso de então se fez o choro.
Da palavra singela, o desaforo
— a intenção se calou despercebida.
Mas se é fato que há vida além da vida,
tu serás minha vida aonde eu for.
Se do instante impensado resta amor,
em amar-te o instante se resume:
Sempre fica a presença do perfume
entre os dedos da mão que rega a flor.

Antoniel Campos



LAVAGEM DE ROUPA

Nunca imaginei que minha existência conturbada, meio maluca e boêmia interessasse ao high society da Capital da Cultura. Tenho notícia de que certa dondoca, bonitinha e passível de trato não fosse o miolo amolecido pela absoluta falta de afazeres, vem demonstrando excessiva preocupação no tocante ao meu bem-estar afetivo. Telefona para Fulana, aborda Beltrana, pergunta a Cicrana. Quer saber tudo e mais alguma coisa sobre mim e sobre a menina de há 20 anos que me apareceu de repente em carne de mulher, o brilho de nossos olhares, a força de nossos beijos, quantas vezes nos aninhamos, os decibéis de nossos suspiros e, como diz o inesquecível poeta Cazuza, os nossos confessáveis, mas particulares "segredos de liquidificador".

Será corista de Antônio Maria, cantando "Ninguém Me Ama"? Estará interessada em brincadeiras de alcova? Ou estaremos diante de um caso clássico de falta de boas palavras cruzadas? A curiosidade alheia quanto ao que faz ou deixa de fazer um reles cronista situado na fronteira étnica dos cabeças-chatas e papa-jerimuns, liso de pegar verniz, freqüentador de bares, amante da madrugada, amigo íntimo da embriaguez e da loucura, é digno de rigorosa abordagem científica. Imagine a relevância de um mapeamento psicanalítico capaz de levar a desgrenhada humanidade à suprema compreensão do desejo que muita gente nutre pela fofoca a ponto de, em vias patológicas, esquecer-se da própria vidinha em função da vida dos outros.

Sinto-me envaidecido com o interesse da beldade. Preocupo-me, no entanto, com os problemas conjugais que ela sofrerá insistindo nos comentários ao meu respeito. Ocorre que o marido dela, dublê de bode sonso metido a galo-cego, pode desconfiar da verdadeira face das palavras de escárnio. Preventivamente, declaro-me inocente e indisponível. Conheço a jovem senhora apenas de nome e jamais a encorajei a vasculhar os rastros de minhas paixões, inclusive porque, tomando emprestada a filosofia do mestre Laércio Eugênio, domador de ETs, meu negócio é "chupar juízo". Quer dizer, mulher de miolo-mole não me seduz. E para finalizar, fica aqui uma sugestão terapêutica para a tal dondoca: criatura, arranje uma lavagem de roupa!

Cid Augusto

por Alma do Beco | 9:58 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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