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“Passado o impacto da derrota de 2002, a oposição se recompôs, sobretudo a partir do caso Valdomiro Diniz. Ao lado de um discurso sobre a ética republicana, para cuja autoria não tinha autoridade política ou moral, e que ganhou força em 2005, ela tentou sucessivamente caracterizar o Governo como “autoritário”, ou mesmo “totalitário”, “aparelhista”, desprovido de projeto nacional, buscando o poder pelo poder. Em sua ofensiva beneficiou-se dos erros cometidos pela direção partidária e de desacertos do governo em matéria de coordenação política e comunicação. O Partido não foi capaz de construir um discurso de apoio ao governo e, ao mesmo tempo, manter sua independência. Não mobilizou a sociedade. Ficou impotente e perplexo quando inteirou-se que membros de sua direção haviam enveredado pelo caminho da aventura, tentando, em forma temerária, construir uma base de sustentação governamental a partir de prebendas a partidos aliados.”
Das DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE GOVERNO DO
PARTIDO DOS TRABALHADORES - Eleição presidencial de 2006, documento preliminar para discussão
PRESIDENTES DO BRASIL
Em São Borja me retiro
grito “petróleo é nosso”
com Lacerda eu não posso
o ditador dá um tiro
ao trabalho me refiro
Getúlio Vargas de novo
seu testamento é um ovo
para nascer na memória
em seu Catete de glória
caiu nos braços do povo
O progresso dá um cheque
de Minas Gerais a prova
presidente bossa-nova
Juscelino Kubitschek
os salões abanam leque
com Lúcio Costa real
construiu a Capital
da arquitetura do mundo
Oscar Niemeyer vai fundo
no Distrito Federal
Com bilhetes e esquadros
da São Paulo da lavoura
vem aí com a vassoura
o professor Jânio Quadros
do seu povo ouviu brados
um galo na rinha morre
a gramática socorre
o biquíni proibia
acabou a mordomia
no poder tomou um porre
Brizola dá o recado
luta por legalidade
patrono da liberdade
João Goulart é empossado
logo depois derrubado
por força da companhia
mobilizou toda a “CIA”
contra reformas de base
o povo comendo frase
em nossa democracia
A liberdade findou
vale a força militar
ninguém mais pode votar
Castelo Branco assinou
nosso congresso fechou
um país em pé de guerra
as cidades vão às serras
há o maior rebuliço
por um novo compromisso
o Estatuto da Terra
Um estudante passou
no grande vestibular
pelas ruas vai lutar
Costa e Silva decretou
com seu 477 mudou
o nosso comportamento
as bandeiras do momento
gritam “fora ditadura”
na faculdade perdura
a força do pensamento
Somos milhões em ação
é gol para o mundo ver
a Taça “Jules Rimet”
Médici é tri-campeão
Pelé, Zagalo, Tostão
nas celas geme uma dor
nas mãos do torturador
a liberdade sofreu
brava gente padeceu
nesse filme de terror
As flores encarceradas
fazem das ruas jardim
o debate chega ao fim
mandam as Forças Armadas
O povo dá suas passadas
com esforço juvenil
ao encontro do Brasil
luta por democracia
indo às ruas resistia
a multidão dos cem mil
Um mar turvo navegou
na busca de “n” portos
manda enterrar os mortos
Ernesto Geisel pensou
uma anistia planejou
pondo fim a ditadura
um homem de cara dura
seu sorriso prometia
voltando a democracia
da gradual abertura
Até chegar esse dia
da ordem e do progresso
o exílio tem regresso
Figueiredo explodia
homem de Cavalaria
galopa no pensamento
de idéias é portento
com estudantes brigou
de seu palanque bradou
hoje prendo e arrebento
O capital quer usura
trabalhador explorado
patrão e assalariado
há imprensa na censura
de redator linha dura
estão cheias as prisões
o jornal só tem chavões
um repórter se perdeu
seu artigo escreveu
com os versos de Camões
Tubarão e lambari
corrupto e subversivo
na memória está vivo
o general Golbery
do “monstro” SNI
descobriu muita trapaça
se um dia é da massa
outro do pacificador
esse grande “cassador”
era o gênio de uma raça
Vem primeiro de abril
para o povo agitar
a multidão vai gritar
“diretas já” no Brasil
do movimento perfil
Ulisses velho valente
organiza nossa gente
a mais nova geração
quer ter livre expressão
quer votar pra presidente
Vem um novo Prometeu
para quebrar a corrente
fazer o povo contente
Tancredo Neves viveu
presidente se elegeu
com o voto congressista
um Del Rei idealista
de conversa no ouvido
deixa o povo comovido
na pátria tropicalista
O povo falou e ouviu
mas o destino desdisse
quem assume é o vice
José Sarney assumiu
o seu mandato cumpriu
com poesia nacional
liga canal a canal
da imagem mais amiga
sua Academia abriga
com fardão de imortal
O candidato do “belo”
vence o operário Lula
anda, corre, joga, pula
Fernando Collor de Mello
eleito quebrou um elo
de justiça e lealdade
confundiu a liberdade
com os amigos de campa
deixou de subir a rampa
do povo ganhou verdade
Dei meu voto de artista
ao votar pra presidente
há quarenta anos ausente
eu votei no comunista
quem bateu pegou a pista
a história registrou
o mundo todo mudou
o repórter deu um furo
ficou em cima do muro
o comunismo acabou
Mas o povo é arteiro
bebe, fuma, joga, dança
exercita a liderança
o impeachment brasileiro
o mordomo tem cruzeiro
ourodólar é o fundo
do fantasma vagabundo
em cada conta de banco
a justiça deu um tranco
é exemplo para o mundo
A nação votou em branco
mas chegou em boa hora
de Minas, Juiz de Fora
Presidente Itamar Franco
como vice era manco
no Planalto sem caderno
agora diz “eu governo”
e é isso o que se vê
igual a mim a você
um estadista moderno
Abril de noventa e três
vamos ter mais requisito
escolher em plebiscito
um governo de altivez
o sim, o não, o talvez
com o parlamentarismo
ou um presidencialismo
brasileiro quer um dia
República ou Monarquia
para sair do abismo
E assim a vida passa
um país se agiganta
Tiradentes tem garganta
os políticos têm graça
jogam de “passa-repassa”
esquecem eu e você
o que dizem ninguém vê
só em mês de eleição
levam mente e coração
para falar na tevê
Das velhas capitanias
aos novos governadores
de escravos e senhores
de guerras e sesmarias
das infames tiranias
no turbilhão da memória
há também dias de glórias
injustiças, maldizeres
dentro dos podres poderes
no cadafalso da história
Morto Getúlio, o vice
Café, o filho das Rocas
homem de nossas malocas
vem governar “self-service”
o povo falou e disse
Zé Areia gritou: “ei”
cumpre mandato por lei
muda tudo novamente
mas um vice é a semente
da monarquia sem rei
João Gualberto Aguiar