sábado, abril 08, 2006

PREBENDA

Marcus Ottoni



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“Passado o impacto da derrota de 2002, a oposição se recompôs, sobretudo a partir do caso Valdomiro Diniz. Ao lado de um discurso sobre a ética republicana, para cuja autoria não tinha autoridade política ou moral, e que ganhou força em 2005, ela tentou sucessivamente caracterizar o Governo como “autoritário”, ou mesmo “totalitário”, “aparelhista”, desprovido de projeto nacional, buscando o poder pelo poder. Em sua ofensiva beneficiou-se dos erros cometidos pela direção partidária e de desacertos do governo em matéria de coordenação política e comunicação. O Partido não foi capaz de construir um discurso de apoio ao governo e, ao mesmo tempo, manter sua independência. Não mobilizou a sociedade. Ficou impotente e perplexo quando inteirou-se que membros de sua direção haviam enveredado pelo caminho da aventura, tentando, em forma temerária, construir uma base de sustentação governamental a partir de prebendas a partidos aliados.”
Das DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE GOVERNO DO
PARTIDO DOS TRABALHADORES - Eleição presidencial de 2006, documento preliminar para discussão



PRESIDENTES DO BRASIL

Em São Borja me retiro
grito “petróleo é nosso”
com Lacerda eu não posso
o ditador dá um tiro
ao trabalho me refiro
Getúlio Vargas de novo
seu testamento é um ovo
para nascer na memória
em seu Catete de glória
caiu nos braços do povo

O progresso dá um cheque
de Minas Gerais a prova
presidente bossa-nova
Juscelino Kubitschek
os salões abanam leque
com Lúcio Costa real
construiu a Capital
da arquitetura do mundo
Oscar Niemeyer vai fundo
no Distrito Federal

Com bilhetes e esquadros
da São Paulo da lavoura
vem aí com a vassoura
o professor Jânio Quadros
do seu povo ouviu brados
um galo na rinha morre
a gramática socorre
o biquíni proibia
acabou a mordomia
no poder tomou um porre

Brizola dá o recado
luta por legalidade
patrono da liberdade
João Goulart é empossado
logo depois derrubado
por força da companhia
mobilizou toda a “CIA”
contra reformas de base
o povo comendo frase
em nossa democracia

A liberdade findou
vale a força militar
ninguém mais pode votar
Castelo Branco assinou
nosso congresso fechou
um país em pé de guerra
as cidades vão às serras
há o maior rebuliço
por um novo compromisso
o Estatuto da Terra

Um estudante passou
no grande vestibular
pelas ruas vai lutar
Costa e Silva decretou
com seu 477 mudou
o nosso comportamento
as bandeiras do momento
gritam “fora ditadura”
na faculdade perdura
a força do pensamento

Somos milhões em ação
é gol para o mundo ver
a Taça “Jules Rimet”
Médici é tri-campeão
Pelé, Zagalo, Tostão
nas celas geme uma dor
nas mãos do torturador
a liberdade sofreu
brava gente padeceu
nesse filme de terror

As flores encarceradas
fazem das ruas jardim
o debate chega ao fim
mandam as Forças Armadas
O povo dá suas passadas
com esforço juvenil
ao encontro do Brasil
luta por democracia
indo às ruas resistia
a multidão dos cem mil
Um mar turvo navegou
na busca de “n” portos
manda enterrar os mortos
Ernesto Geisel pensou
uma anistia planejou
pondo fim a ditadura
um homem de cara dura
seu sorriso prometia
voltando a democracia
da gradual abertura

Até chegar esse dia
da ordem e do progresso
o exílio tem regresso
Figueiredo explodia
homem de Cavalaria
galopa no pensamento
de idéias é portento
com estudantes brigou
de seu palanque bradou
hoje prendo e arrebento

O capital quer usura
trabalhador explorado
patrão e assalariado
há imprensa na censura
de redator linha dura
estão cheias as prisões
o jornal só tem chavões
um repórter se perdeu
seu artigo escreveu
com os versos de Camões

Tubarão e lambari
corrupto e subversivo
na memória está vivo
o general Golbery
do “monstro” SNI
descobriu muita trapaça
se um dia é da massa
outro do pacificador
esse grande “cassador”
era o gênio de uma raça

Vem primeiro de abril
para o povo agitar
a multidão vai gritar
“diretas já” no Brasil
do movimento perfil
Ulisses velho valente
organiza nossa gente
a mais nova geração
quer ter livre expressão
quer votar pra presidente

Vem um novo Prometeu
para quebrar a corrente
fazer o povo contente
Tancredo Neves viveu
presidente se elegeu
com o voto congressista
um Del Rei idealista
de conversa no ouvido
deixa o povo comovido
na pátria tropicalista

O povo falou e ouviu
mas o destino desdisse
quem assume é o vice
José Sarney assumiu
o seu mandato cumpriu
com poesia nacional
liga canal a canal
da imagem mais amiga
sua Academia abriga
com fardão de imortal

O candidato do “belo”
vence o operário Lula
anda, corre, joga, pula
Fernando Collor de Mello
eleito quebrou um elo
de justiça e lealdade
confundiu a liberdade
com os amigos de campa
deixou de subir a rampa
do povo ganhou verdade

Dei meu voto de artista
ao votar pra presidente
há quarenta anos ausente
eu votei no comunista
quem bateu pegou a pista
a história registrou
o mundo todo mudou
o repórter deu um furo
ficou em cima do muro
o comunismo acabou

Mas o povo é arteiro
bebe, fuma, joga, dança
exercita a liderança
o impeachment brasileiro
o mordomo tem cruzeiro
ourodólar é o fundo
do fantasma vagabundo
em cada conta de banco
a justiça deu um tranco
é exemplo para o mundo

A nação votou em branco
mas chegou em boa hora
de Minas, Juiz de Fora
Presidente Itamar Franco
como vice era manco
no Planalto sem caderno
agora diz “eu governo”
e é isso o que se vê
igual a mim a você
um estadista moderno

Abril de noventa e três
vamos ter mais requisito
escolher em plebiscito
um governo de altivez
o sim, o não, o talvez
com o parlamentarismo
ou um presidencialismo
brasileiro quer um dia
República ou Monarquia
para sair do abismo

E assim a vida passa
um país se agiganta
Tiradentes tem garganta
os políticos têm graça
jogam de “passa-repassa”
esquecem eu e você
o que dizem ninguém vê
só em mês de eleição
levam mente e coração
para falar na tevê

Das velhas capitanias
aos novos governadores
de escravos e senhores
de guerras e sesmarias
das infames tiranias
no turbilhão da memória
há também dias de glórias
injustiças, maldizeres
dentro dos podres poderes
no cadafalso da história

Morto Getúlio, o vice
Café, o filho das Rocas
homem de nossas malocas
vem governar “self-service”
o povo falou e disse
Zé Areia gritou: “ei”
cumpre mandato por lei
muda tudo novamente
mas um vice é a semente
da monarquia sem rei

João Gualberto Aguiar

por Alma do Beco | 9:18 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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