sexta-feira, abril 27, 2007

MIPIBU

Marcus Ottoni


Fashion is cult
Os “cadernos culturais” dos periódicos da capital, dessa quinta-feira, destacam o evento “Natal Fashion Week” e a sofisticação da beleza nas passarelas do Midway Mall. Já não bastava o evento figurar em todas as colunas sociais (as quais ocupam dois terços dos caderno culturais), agora a cultura da moda, com seus alemães e seus canhões, cobrem todas as notícias dessas editorias.
Alexandro Gurgel, no grandeponto.blogspot.com


Antoniel Campos

Era pra ser de repente,
sem que se visse e escutasse;
passasse em quase tangente,
bem rente, mas não tocasse.
Melhor se fora fugace
— prelúdio de quando ausente —
restasse a voz reticente
(no benefício do impasse).
Era pra ser, tão-somente,
meu rosto sem tua face.

Antoniel Campos

ryan o'neal é culpado


senhoras, atirem-me à fogueira: apaixonei-me por ryan o'neal lá pelos idos de 70. pelo bom-mocismo hollywoodiano, pelo marido arrependido e amante apaixonado da esposinha terminal. digo, em minha defesa, que os tempos eram outros. talento, para mim, era uma mistura de possibilidades que as personagens, dentro das telas, me proporcionavam de vivenciar algo bonito do lado de fora. acreditava em amor abnegado, em amor feito de perdão. eu acreditava que não chegaria aos 30.
cheguei aos 20 com tesão. tesão por Al Pacino. por tudo aquilo de talento. pela identificação imediata com aqueles olhos invasivos. àquela altura eu achava o amor um exercício inútil da alma. valia a cabeça em transformação. valia o posicionamento político, o cinema de Costa Gavras. e eu ainda acreditava que 30 anos era tempo demais pra se viver.
sou do século passado! alguém já parou pra pensar que é do século passado?
meus 30 anos já se foram há muito tempo. portanto, e se me permitem um pouco de arrogância, sou a soma de todos os filmes que assisti. vivi algumas histórias que se adequam às telas e deixei de viver outras tantas por incompetência. minha não, bem entendido, pela incompetência daqueles que não compreenderam minhas ânsias.
aos 40, voltei a acreditar no amor dos primeiros tempos. o tesão por Al Pacino continua o mesmo, acrescido, naturalmente, pelas sempre bem-vindas e quentes companhias de namorados ocasionais. ryan o'neal, ora, a gente sabe, não era tão bonzinho assim, mas continua cumprindo o papel de mocinho dentro da minha história.
e desta paixão definitiva pela arte que alimenta a vida.

Mariza Lourenço

SÃO JOSÉ DE MIPIBU


Instalada em 22 de fevereiro de 1762 a VILA DE SÃO JOSÉ DO RIO GRANDE. Cidade de SÃO JOSÉ DE MIPIBU em 16 de outubro de 1845.

Foi sempre região povoada pelos indígenas tupi, caçadas, pescarias e plantios. Em 1630, Adriano Verdonck visitou-a, encontrando dois engenhos de açúcar, o que vem a ser engano total, e uma aldeia de MOPPOBU com 800 guerreiros. Plantio de roçarias durante o domínio flamengo. O mapa de Marcgrave em 1643 registra MOPEBI. MOPEBI na relação do Padre Manoel de Moraes, três anos antes. Não cessou de povoar-se durante o séc. XVIII.

Já em janeiro de 1689 o Senado da Câmara de Natal dirigia-se ao Bispo de Pernambuco informando: “Nesta Capitania há huma paragem em o meio dela a que chamarão MEPEBU donde há huma Capela em que se administram os Sacramentos aos moradores desta Ribeira”.

Em 1703 já existia grande aldeamento, ampliado em 1736, mencionado em 1749 como a ALDEIA DO MIPIBU, dedicada a Sant’Ana, com caboclos da língua geral (tupis), dirigida pelos frades capuchinhos. Era acrescido pelo envio de indígenas vencidos na chamada “guerra dos bárbaros”, das últimas décadas do séc. XVII à primeira do imediato.

Em 1761, lá fora parar um bando de Pegas e Monxorós, enviados de Campo Grande. Essa aldeia é que foi elevada a VILA DE SÃO JOSÉ DO RIO GRANDE, pelo juiz de Fora de Olinda, Dr. Miguel Carlos Caldeira de Pina Castelo Branco, em fevereiro de 1762.

A justificação denominadora consta do termo de instalação: “Não só em obséquio de tão grande Santo, mas em atenção ao Príncipe Nosso Senhor, novamente nascido, e a Majestade Fidelíssima de Seu Augusto Avô”, referindo-se a São José, ao jovem Príncipe D. José Francisco, filho da futura Rainha D. Maria I, e “seu augusto avô”, El-Rei D. José.

O séc. XVIII foi de povoamento, fixando-se os moradores nas terras requeridas ao Capitão Mor Governador da Capitania. Cidade em 1845, dez anos depois, 1855, propunha-se na Assembléia Legislativa mudar-lhe o nome para CIDADE DE MIPIBU, transferindo-se para ela a capital da Província. Aires do Casal, em 1817, dizia-se medíocre, aprazível e bem situada.

Mipibu é o rio que atravessa a aldeia, nascendo na Mata da Bica, desaguando no Trairi com quatro quilômetros de percurso sob frondosa mata. Rio Mipibu ou Rio da Bica. Teodoro Sampaio diz Mipibu provir de mbi-pibu, o odre, o saco de couro, vulgarmente “borracha”. Não dá muito sentido, porque os nossos indígenas não conduziam água de odres. Foi processo trazido pelos portugueses. Talvez de mbi-mbu, o que emerge, surge, inopinado, súbito, referência à fonte do rio na pitoresca BICA, arredores da Cidade.

A matriz foi terminada em 1880 pelo Cônego Gregório Ferreira Lustosa, erguendo as duas torres ornamentais. A freguesia data de 1762, S. Joaquim e Sant’Ana.

De SÃO JOSÉ DE MIPIBU desmembraram-se os municípios de PAPARI, em 1852, MONTE ALEGRE, em 1953, VERA CRUZ, em 1963.

Pertencera-lhe o município de SANTA CRUZ, de 1864, quando se constituiu entidade autônoma. Cedeu trechos de seu território para MACAÍBA em 1877 e SANTO ANTÔNIO em 1890.

Luís da Câmara Cascudo, em "Nomes da Terra"

São João na Rua da Palha

A Rua da Palha é o local onde foram realizados os primeiros festejos carnavalescos de Natal.


O São João também era festejado ali. Provavelmente, bem antes dos carnavais.


Padre Agustin nos fala da "Praça do Ajuntamento" da sua terra Natal, a Valência espanhola.


Os primeiros ajuntamentos da Natal ainda querendo ser cidade foram na Praça da Alegria, hoje Praça Padre João Maria, santo do alto xaria e baixo canguleiro da terra do índio Poty, comandante do povo nativo da terra Brasil, em luta pela afirmação da nacionalidade colonial portuguesa, contra franceses e holandeses.


Foi no aldeamento dos Potyguares, margem direita do Rio Potengy, que a cidade foi dada como cidade, mesmo nem sendo vila.


Mas foi a partir da capelinha do 25 de dezembro de 1599, do nosso nascimento, que vieram as primeiras ruas, entre elas, depois da Rua do Caminho de Beber Água (Ruas Santo Antônio e Conceição de hoje), já buscando oriente em direção aos morros de Solidão, depois Tirol, que a Rua da Palha, pobre, frágil, porém já riscando arruamento, surgiu.


Bem mais tarde, novas gerações chegadas, palhas substituídas, essa rua se fez rica, se fez bela, com "casarões" de janelas altas e portas compridas como eles mesmos.


Aos ajuntamentos de convivência humana, para trocas de ídéias, bate-papos, Natal dava o nome de Cantões.


Na Rua da Palha (Vigário Bartolomeu de hoje), esquina com Travessa do Tesouro (Rua Cel. Cascudo), surgiu o Cantão do Potyguarânia, em torno do Bar de mesmo nome, freqüentado por intelectuais, poetas e seresteiros que faziam a boemia alegre das adjacências da Rua do Fogo, a iluminar os passos dos incautos de depois das ave-marias do chegar das noites tenebrosas.


O São João, como o Natal, eram as festas mais esperadas do ano, naquela terra sem novidades e pressa nenhuma.


Todos cuidavam das vestes e faziam festivas as ruas poucas, levando a elas cores em bandeirolas abanadoras de alegria e dependuradas em cordões que iam de frente a frente das residências perfiladas.


São João da Rua da Palha, festa de toda a sociedade natalense de duradouras épocas, hoje é folguedo morto por tradições mutantes da própria cidade.


Eduardo Alexandre

por Alma do Beco | 9:49 AM | | Ou aqui: 0




sábado, abril 14, 2007

PARA FALAR DO NOSSO AMOR

Marcus Ottoni


"A VEZ DA COMPANHEIRADA"

Aberta a porteira da FJA. O Diário Oficial deste sábado
veio recheado de exonerações e nomeações na FJA
para dar vez à companheirada do PT que esperava a
boquinha.
Da turma antiga, o pintor monotemático Vatenor foi
promovido de cavalo a burro, trocou a chefia da
Pinacoteca pela subcoordenadoria da mesma."

Cassiano Arruda Câmara


Franklin Serrão
Que las hai, las hai!
"Abril é o mais cruel dos meses" T.S. Eliot


Não sou dos que cultuam crendices, maus olhados, sortes, azares.
A sexta 13 deste abril amanheceu para mim com um aviso desses de páginas de Internet: Hoje é o Dia do Azar.
Não dei a menor importância. Passei a vista na manchete e nem sequer veio a curiosidade de abrir o arquivo.
Amanheci sem o meu velho companheiro, o poderoso Possante, que estava num prego de contato de bateria desde a tarde anterior, ao lado do Solar Bela Vista.
Fui a pé até a agência Banco do Brasil, Tirol, perto de casa, para tirar algum dinheiro.
Para sacar, teria que ir na boca do caixa, enfrentando aquela fila das sextas bancárias ou verificar se o cartão magnético que eu solicitara já estava pronto.

Eu nem imaginava, mas aquela sexta do azar já estava conspirando contra mim. Lula Augusto bem que também prevenira, numa mensagem ao grupo de discussão virtual do Beco.

O atendimento demorou um pouco por causa de uma reunião importante na sala onde estavam os cartões e a mocinha não ousava interromper a conversa provável de significativas transações.

Mas fui o primeiro a ser atendido, quando ela apareceu com os cartões.

Coisa alvissareira para quem amanheceu com a tela lembrando o Dia do Azar.

Pede minha identidade e começam os comandos, ligados à Grande Rede.

Alguma coisa dava errado. Pediu ajuda e o problema, levado algum tempo, foi resolvido.

Alívio para quem já começava a ficar estressado com a estória do Dia do Azar.

Ela me dá umas orientações de como devo proceder para as operações do auto-atendimento e enfrento uma fila até pouco concorrida. Tinha que registrar o cartão e eu não estava acertando fazer as operações. Pedi arrego, mas saí com o dinheiro que queria. Chego na Fundação e o meu amor determina: Estou indo embora para sempre!

Fiquei zonzo. Desandei. E chegam os buxixos: O homem levou a lista de nomeações e exonerações para a governadora.

Eu já me sabia exonerado porque o companheiro diretor administrativo já havia me comunicado da decisão da Executiva do PT.

O almoço foi de confraternização, por conta de Décio, apresentando um arroz carreteiro de sua especialidade. Clima denso e eu já sem a companhia querida dos meus carinhos.

Às 03:00h da tarde, a gravação do programa da TV e tudo maravilhoso.

Beco da Lama, Bar de Nazaré. Eu e Léo. E chega um "cabo" da polícia pingorando um copo de cerveja. Acordo firmado: um copo. E a ladainha do bêbado, exímio atirador.

Saco. Conversa difícil de terminar.

Quando a noite da sexta do Beco chega, chega o chorinho e a coisa melhora.

Até que: Bardallos!

Quando chego, a mesa já está formada: Plínio, Léo, Orf, Lula Augusto e Daniele.

Conversa vai, discussão rola e Lula Augusto não concede a palavra. E exige que eu me retire de "sua" mesa.

- Porra! Isso é coisa que aconteça entre amigos?

Plínio veio comigo. Tomamos umas ainda ali e depois fomos à picanha do Cervantes.

Já no sábado, de manhãzinha, Karl fechou o firo:

- As exonerações saíram. Com a data de ontem...

Não sou dos que cultuam crendices, maus olhados, sortes, azares. Mas na sexta 13 do azar deste abril, perdi emprego, amor e amigo. Espero resgatar o amigo. Só não me conformo em perder o meu amor.

Eduardo Alexandre


Saudade do meu pai

Ruy de Carvalho, meu pai, nascido em Papary, hoje Nísia Floresta, e criado na “Fazenda Pavilhão”, foi o homem a quem sempre tive o orgulho e o privilégio de chamar de pai. Era Bonito, principalmente por dentro, íntegro, honesto, honrado e digno. Homem simples, como simples foi sua vida. Rude. Mas, doce. A sinceridade e a lealdade lhe acompanharam durante toda sua caminhada. Homem que amou. Ah, como meu pai amou! Amou tanto, que acho que morreu de amor. Homem que sofreu. Ah, como meu pai sofreu! Sofreu por amor. Sentiu solidão. Quanta solidão!

E eu já adulta, trabalhando, criando meus filhos, andando pela vida... Adotei-o. Na minha casa, brincando com meus filhos, cabelos brancos denunciando o cansaço da vida e rugas marcadas pelo tempo, na luta de ser sempre um pai. E eu não via mais um pai, mas um amigo. Que saudade, pai! Que saudade, meu amigo! Saudade das nossas idas ao sítio “Coqueiros”. Saudade dos nossos planos, dos nossos sonhos... Quantos sonhos sonhamos juntos! Quantos planos fizemos juntos!

Ensinei-lhe a dizer: eu lhe amo. E como lhe amo, meu pai. E como tenho certeza do seu amor por mim.

Você sempre me dizia que eu ainda iria ser muito feliz. Na sua debilidade nunca teve a consciência das minhas perdas e, também, dos meus ganhos nesses últimos tempos.

Na última vez que eu lhe vi, talvez em seu derradeiro lampejo de consciência, eu disse:

- Eu lhe amo, papai.

Você me respondeu quase sem voz:

- Eu lhe amo demais!

Você me disse tudo meu pai. Você conseguiu.

E agora, você aí tão calmo, sereno... Pai, meu amigo, a gente se encontrará um dia para matar a saudade e falar do nosso amor... Para você mais uma vez me chamar de filha...

Mércia Carvalho

Preá com toicinho
E as mudanças na Fundação não ficaram apenas em Dunga, uma ruma de gente boa e amiga, além de competente, também foi exonerada ' A PEDIDO'... Agora vamos ver como é que o negócio ficará se no próximo ano Fátima Bezerra sair para prefeita com um vice do PMDB contra um provável candidato da Governadora... Mudam tudo novamente? ou a Gova. vai deixar a 'máquina' na mão dos Petistas?

- & a Cultura?

- Qui Cutura?

pergunta aqui do lado Chicola de Maria Gorda, cabra bom lá de Timbaúba dos Batistas que está aqui tomando umas lapadas de cana comigo com 'parede' de preá torrado no toicinho.

- Esse povo num liga prá esse negócio não, cê parece que mora n'outro país?

Pior é que tenho que concordar com esse matuto que tá aqui bebendo comigo e apenas lamentar...

Orf

Fortaleza

Dunga vinha fazendo um excelente trabalho em prol da cultura do Estado e participou de forma ampla da revitalização do Forte dos Reis Magos, que hoje é um dos pontos mais visitados por turistas que vêm a Natal.

Léo Sodré

Besteira, isso passa

Nos primeiros meses do seu segundo mandato, o presidente Luís Ignácio Lula da Silva continua com o mesmo desempenho do seu primeiro governo. Logo no início, soltou essa pérola, num discurso em Pernambuco: "Quem não acredita no Brasil, vá embora!" Será que ele se lembra de Emílio Garrastazu Médici, o mais tirano general do golpe de 64? Pois Médici disse a mesma coisa, em outras palavras: "Brasil, ame-o ou deixe-o."

Lula detesta a imprensa que divulga as suas bobagens. No seu primeiro mandato, ele só concedeu uma entrevista coletiva 27 meses depois da posse, assim mesmo sob um controle severo na escolha dos entrevistadores e das perguntas a serem feitas. No segundo mandato, afirmou que a imprensas iria se cansar de tanta entrevista - e até agora nada.

Das duas uma: arrogância ou medo de se engasgar na hora de responder. Aliás, depois de reeleito com mais de 58 milhões de votos, Lula anda um tanto arrogante, metido, bebendo Sangue de Boi e arrotando Romanée-Conti. E o besteirol presidencial continua.

Nos dias de grande comoção nacional que se seguiram ao assassinato do menino João Hélio, o presidente disse, como um advogado de defesa da criminalidade: "O crime, às vezes, é questão de sobrevivência."

E quando se começou a se discutir a antecipação da maioridade penal, ele dobrou os encantos: "Eu fico imaginando que, se aceitar a diminuição da idade para 16 anos, amanhã vão pedir para 15, depois para 9, depois para 10, quem sabe algum dia queiram punir um feto."

Além do raciocínio de toupeira, o presidente mostrou também que foi reprovado em aritmética nos dois ou três anos que freqüentou a escola. Como se não bastasse, deve ter surgido da cabeçorra presidencial a idéia de conceder bolsas especiais às famílias dos menores infratores. Uma espécie de Bolsa Crime para as famílias de assassinos como aqueles que arrastaram o menino João Hélio pelo asfalto até o esfacelamento do seu corpo.

Quando parte para o humor, Lula mantém o mesmo nível. Disse que seus ministros eram heróis, porque só ganhavam 8 mil reais por mês. Mas, pergunta-se, por que esse cargo tão mal-remunerado é disputado a foice, dentadas, baionetas caladas?

Por que Márcio Thomaz Bastos, que faturava no seu escritório de advocacia mais 150 mil reais por mês, resolveu perder essa dinheirama em troca de um ministério? O heroísmo custa tão caro assim?

Na próxima semana, mais comentários sobre os primeiros meses do segundo mandato de Luís Ignácio.

Nei Leandro de Castro


Mirabô Dantas lança "Mares Potiguares" no II Sarau da Aliança Francesa de Natal


Aberto gratuitamente ao público, o evento contará com várias atrações poético-culturais, inclusive exposição de fotografias do seridoense Hugo Macedo.
O poeta e compositor Mirabô Dantas lança no próximo dia 19 o CD "Mares Potiguares", no espaço cultural da cafétéria da Aliança Francesa de Natal. A obra reúne várias composições de Mirabô ao longo dos anos em que, vindo de Areia Branca, trabalhou em Natal e no Rio de Janeiro.
Com composições gravadas por vários cantores de renome, o autor de "Prá te esquecer" diz que não fará um lançamento e sim uma apresentação do seu trabalho durante a execução de um projeto que ele julga de grande importância para a poesia de Natal.
"Para mim será uma honra apresentar o meu CD no II Sarau da Aliança Francesa de Natal, que homenageia nessa edição poetas do porte de Carlos Gurgel, Eduardo Alexandre (Dunga) e Plínio Sanderson" , enfatizou Mirabô.
O sarau contará também com uma exposição de fotografias de Hugo Macedo, onde ele aborda o sertão e o mar, e a presença dos representantes do Poesia Esporte Clube (PEC) e da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins (SPVA), além de uma performance poética a cargo do ator Rodrigo Bico sobre as obras dos escritores homenageados.
Sobre os homenageados

Carlos Gurgel - Nasceu em Natal (RN), a 05 de Maio de 1953. É considerado um dos grandes poetas da geração "alternativa". Seu primeiro livro data de 1976, chamado "O Arquétipo da Cloaca - 3X4", em parceria com Sávio Ximenes, Carlos Paz e Flávio Américo. Em 1979 lançou "Avisos & Apelos". Em 1982, juntamente com o poeta Eduardo Alexandre, lança no Instituto Histórico Geográfico o livro "Batman e Robin", considerado por muitos, o maior lançamento performático da poesia potiguar. Carlos é colaborador de diversos suplementos literários e se considera um animador cultural.

Eduardo Alexandre – Potiguar, jornalista, artista plástico, poeta. É o criador da Galeria do Povo, movimento semanal de arte surgido nos anos 70 na praia dos Artistas, Natal/RN. Autor de Batman & Robin - Um Poema Concreto da Abstração Vivencial, em parceria com Carlos Gurgel (1982) e Clip One (1992), ambos de poesia. A sua dedicação pela cultura potiguar torna-o como uma das referências nos movimentos de revitalização do centro da cidade. Foi também presidente da SAMBA – Sociedade dos Amigos do Beco da Lama .

Plínio Sanderson Saldanha Monte - Nasceu em 15 de fevereiro de 1963, em Caicó - RN. É antropólogo, educador, artista prático e "anima-a-dor-cultural". Participou das coletâneas, "Ainda Estamos Vivos", 1979; "Cio Poético", 1981; "Fanártico", 1984; e escreveu "Atresia", 1983; e "Afetart, 1985. Plínio Sanderson recebeu em 1986, o prêmio de melhor poesia e melhor performance, no 3o. Festival de Poesia e Música da UFRN. Atualmente prepara seu próximo livro e colabora nos principais jornais da cidade.


Serviço
Sarau da Aliança Francesa de Natal - RN
Rua Potengi, 459. Petrópolis.
19/04/2007 (quinta-feira)
Cafétéria da Aliança Francesa de Natal-RN
Horário: 19:00h
Informações: (84)8832-9261, (84)91121189 e 9431-8414, jctn68@gmail.com, leosodre1@yahoo.com.br, merciafreire@terra.com.br
Apoios: Offset Gráfica, Aliança Francesa de Natal e Cafétéria da Aliança Francesa de Natal.

José Correia Torres Neto


EM TEMPO

Deixe que o tempo trabalhe sem dó
Para que tenhamos tempo de passar o tempo
A tempo de aproveitarmos o final dos tempos.

Deixe que o tempo se desfaça ao teu redor.

Não somos assim, serenos, eternos como templos
Imensos e atemporais como o vento.

Por isso já é tempo de prever o tempo que fará:
— Irá Chover?
— Surgirá o sol?

A tempo de plantar uma semente de girassol.

Deixe que o tempo vitupere e abençoe
O destino - o bem e o mal escolher
A um só tempo,

Pois há tempo pra plantar
E pra colher.

Rios Brás Cubas

Ianê Heusi

por Alma do Beco | 10:15 PM | | Ou aqui: 0




terça-feira, abril 10, 2007

DESAFIO EM OITO PÉS

Marcus Ottoni


"Apesar de termos avançado bastante, os primeiros quatro anos também se mostraram decepcionantes, frustrantes e cada vez mais perigosos em várias partes do Iraque".
Almirante Mark Fox, um porta-voz das Forças Armadas dos EUA

Orf

Cabrito


Velas ao mar

Vida demais...
Poesia de menos...

Longe do cais...
Barco sem remos...

Eu, o mar à frente, o sol poente
E o açoite do vento em meus cabelos

Eu, o amor demente, quarto crescente
E a noite a tanger meus pesadelos

Poesia demais...
Vida de menos...

Versos? Nunca mais...
Velas? Não as temos...


Cefas Carvalho


Espartilho

A noite ruge
(como um felino)
Eu, felina!

Ponho uma perna,
a outra.
Mostro a ponta
(do pé)
Tiro o sapato
(cônico, o salto)
Desço a meia
(direita)
Finjo descer
(a esquerda)

Desato o laço
(do lado)
O outro
(desamarro)
Simulo tirar
o preto
(que me cobre)

Fujo
(um pouco)
pra instigar.

Desfaço o botão
(da taça)
Vou tirando,
Libertando
(o que de mim gasta)

Pronto,
Estou pronta
Para o intento!

Maria José Gomes



DESAFIO DE ROCAS QUINTAS
NOS OITO PÉS DE QUADRÃO:

Osvaldo não bote aqui
Nem Jane nem Erondi
Pra fazer um ti ti ti
Dentro dessa lotação
Pois a turma da matraca
Se pular minha catraca
Eu furo o bucho de faca
Nos oito pés de quadrão!!!

Rocas Quintas
O cobradô mais fulêro
do Rio Grande do Norte
Todinho!



Ô seu Graco Legião,
Rocas-Quintas é seu nome?
Pois lhe tenho fé de homem.
Acredito na versão:
Não foi por maldade não
que testara a testa dela
colocando na panela
keitleine e macarrão.

Zé de Zabumba (Lívio Oliveira)



Keitileine é o meu nome,
sou doida por esse hômi,
por ele já passei fome:
Rocas Quintas, vacilão!
Rogo a Graco Legião,
canto Barros de Alencar:
"Prometemos não chorar"
nos oito pés a quadrão.

Tóin do pandeiro (Antoniel Campos)



Lívio deixe de besteira,
Antoniel fez carreira,
Escondeu-se na Ribeira
Com medo de "Legião".
Venha o Beco da Lama,
Todos poetas de fama
Comigo vão comer grama
Nos oito pés de quadrão!

Rocas Quintas
O cantadô mais afamado do Mereto
e redondezas da lagoa do Jacó.

Rocas Quintas seu fulero
Aqui no meu terreiro
Você é um meeiro ( Medeiro)
Com muita pouca tesão. ( com muita servidão.)
Corra toda a Imbiribeira
Se esconda na Tamarineira,
Aqui você vai ficar sem eira,
Nos oito pés de quadrão!

Oswaldo



Seu Orf não me acuda,
Não preciso de ajuda,
Pois eu moro no Arruda,
Traço nêga no Fundão.
Deixe de fogo de páia,
Isso não é sua praia,
Reclame com Márcia Maia
Nos oito pés de quadrão!

Rocas Quintas
"O CABRA MAIS AFAMADO
QUE O BECO DA LAMA VIU!!!"


Dom Graco tem muita goga.
Pensa que faz muita troça.
Mas esse cabra com folga
vai deixar de fazer bossa.
Quer enfrentar toda turma,
quente em brasa de um vulcão.
Ficará de quatro pés
Nos oito pés de quadrão!

Zé de Zabumba


Lívio você tem renome,
Não confunda o meu nome,
Pois não sou o passa fome
Que se chama "Legião".
Levo a vida na catraca,
Tomando leite de vaca,
Comendo muita tabaca
Nos oito pés de quadrão!

Rocas Quintas
O flagelo dos Poetas do Beco!!!


Não me interessa o teu nome,
nem mesmo qualquer alcunha.

Rocas-Quintas? cabra homem?
Ou moça ruim, com mumunha?
Só quero é te repetir:
Se no verso prosseguir,
Tu levarás safanão
nos oito pés de quadrão!

Zé de Zabumba
(Poeta macho, plantador de cardeiro, segurando um trinchete pra cortar versos e outras coisas de um cobrador malandro, lá dos Arrecifes de Sei-lá!)


Tu podes plantar cardeiro,
Diamba pra maconheiro,
Criar bode no chiqueiro
E maniva no oitão.
Mas faça rima direito,
Trate o verso desse jeito,
Pra não perder o respeito
Nos oito pés de quadrão!

Rocas Quintas
O vate mais encardido
que o velho beco pariu!!!



Não quero saber de rima,
casar o quarto e o oitavo,
Mas já tô ficando bravo
com esse azedo de lima.
Faço verso com formão,
ninguém vai me dar palpite,
nem comedor de alpiste,
nos oito pés de quadrão!

Zé de Zabumba
(poeta danado da vida com um cabra que vive de aperrear os outros!)


Cantar com cantor assim,
Nas bandas do Alecrim,
O cheiro do pituim
catingando no salão...
Esse cabra tá com medo,
Volta pra casa mais cedo
Ou fica chupando dedo
Nos oito pés de quadrão!

Rocas Quintas
O vate sem compaixão
de cantadô intrometido

Você já tá tão cansado
que erra até no teclado.
Já soma tanta besteira
nesse papo de parteira.
Mas cuide de outra lição,
que essa ficou estragada,
e não me diga mais nada
nos oito pés de quadrão!

Zé de Zabumba
(danadim de ter que corrigir o cabra Rocas-Quintas, até no computador!)



VALEU, GRANDE LÍVIO!
OBRIGADO PELA COMPANHIA
E PELA PELEJA COM ESSE
PRIZIACA METIDO, VULGO
ROCAS QUINTAS:

Eu havia percebido
Que o cobrador metido
Já andava combalido
Aqui nessa lotação.
Pois brigou com muita gente,
Ficou firme no batente,
Cansou de fazer repente
Nos oito pés de quadrão!!!

Graco Legião




Obrigado, grande Graco, pela briga dos versos e a paz da amizade!!!
Lá vai a derradeira, que o sono bateu forte:


Num sábado d'aleluia,
cruzei com GRACO Medeiros,
inteligente e arteiro,
guardando milhões na cuia.
Fiquei com a alma feliz:
eu me salvei por um triz,
lutei com uma LEGIÃO,
nos oito pés de quadrão!!!


Zé de Zabumba (vulgo Lívio Oliveira)



Epa! Epa! E alto lá!
Que agora vai começar,
na arte de pelejar,
o grande AC do Mourão!
Pra enterrar Legião,
Rocas Quintas et caterva,
que escreva por mim Minerva
meus oito pés a quadrão!

É entre profissionais
que a arenga agora se faz.
Bandeira branca da paz,
digo logo: aceito não!
Eu tou virado num cão!
Também virado num traque,
e essa legião de araque,
não sabe os oito a quadrão!


AC do Mourão. (Antoniel Campos)



Ontem Lívio Oliveira
Passou quase a noite inteira
Levando pau na moleira
Mas aprendeu a lição.
Vem agora Antonié,
Um poeta barnabé,
Feito as pregas de Quelé
Querendo fazer quadrão!

Eu rimo sem arrodeio,
Pois não tenho aperreio
Pra fazer o meu enleio
Com poeta medalhão.
Falo a língua do povo,
Começo tudo de novo
E você baba meu ovo
Nos oito pés de quadrão!
Rocas Quintas
"A chibata do vate doido
no lombo dos poetas do Beco"


Cantador da sua igualha
é como fogo de palha
frente ao meu verso-navalha
se acaba em cinza no chão!
quem peita AC do Mourão
se borra logo nas tintas,
lá vai pisa em Rocas Quintas
nos oito pés a quadrão!


AC do Mourão



Hoje vou tirar diploma,
Vou deixar você em coma,
Deitado, cagando goma
No banco da lotação...
Que poeta mais teimoso,
Tome surra do tinhoso
Com cipó de fedegoso
Nos oito pés de quadrão!!!

Rocas Quintas


Quem avisa, amigo é:
pegue o beco, dê no pé,
que pra cantador chué
não tenho contemplação!
O meu verso é o cinturão
lascando seu espinhaço
e hoje eu tiro o seu cabaço
nos oito pés a quadrão!

AC do Mourão



Poeta peba atrevido
Leva mão no pé d'ouvido,
Se caga, fica fedido
estendido pelo chão.
Você hoje se atrapáia,
Com o peso da cangáia,
Na frente de Márcia Maia,
Nos oito pés de quadrão!

Rocas Quintas
O terror dos poetas do beco!


Vais chamar broca de breca,
catraca chamar catreca,
na frente da sua "réca"
vais passar humilhação!
hoje eu dou-lhe uma lição,
guarde dentro do bisaco,
e agora cate cavaco
nos oito pés a quadrão!

AC do Mourão



Poeta segure o tombo,
Eu vou em Pedro Catombo
Meter o pau no seu lombo,
Calunga de caminhão...
Comigo não tem perdão,
Pode ser em Nazaré,
Eu lhe pego Zé Mané
Nos oito pés de quadrão!

Rocas Quintas
O vate que bate nos poetas do beco




Cresça mais dois "palmo" e meio,
tou vendo seu aperreio
nessa pisa por e-mail
que dá o AC do Mourão!
Vá ver o seu Domingão
ou um filme na Record
que já tá me dando dó
surrar-lhe em oito a quadrão!


AC do Mourão, o tampa da região!



Você entra no cacete,
Filhote de tamborete,
Não pise no meu joanete,
Tire a mão do meu colhão...
Deixe a televisão,
Saia do computador,
São ordens do "cobrador"
Nos oito pés de quadrão!

Rocas Quintas
"The Best"



Você é muito escroto,
Na foto com Calcanhoto,
Ficou espiando "outro"
E a moça estendendo a mão...
Pense num cabra bundão
Se abrindo pro prefeito,
Antoniel tome jeito
Nos oito pés de quadrão!!!

Rocas Quintas
"The King do repente!"




DE GRACO MEDEIROS - APELIDO "LEGIÃO" -
PARA ANTONIEL CAMPOS - VULGO "AC DO MOURÃO":

Antoniel grande vate,
Nós demos um "chocolate",
Foi feroz o nosso embate
Neste choco domingão.
Você briga feito o cão,
Eu não dou folga no laço,
Vai daqui um grande abraço
Nos oito pés de quadrão!!!

*****


Cheguei agora da feira,
amolando a "lambedeira",
no caminho da ladeira,
pra açoitar Legião,
mas troco pelo abração,
pondo fim na cantoria
e lhe louvo a "qualistria"
na arte de oitar quadrão!

hehe

Valeu!

AC

por Alma do Beco | 4:18 AM | | Ou aqui: 0




segunda-feira, abril 02, 2007

SALGADO

Marcus Ottoni


"Nas Ilhas Salomão, porém, não houve tempo para alertas. Cinco minutos depois do terremoto, ondas gigantes de três a cinco metros de altura invadiram o arquipélago e avançaram por até um quilômetro."
Agência Estado

Orf


Eduardo Alexandre declama no Sarau da Aliança Francesa



como fogo fátuo

ali onde planta-se
a raiz da minha angústia
ali tu estás

aqui onde banho-me
nas águas frias da ausência
aqui tu estás

em mim onde faz-se
o desejo carne em flor
em mim tu estás

assim no entremeio
dos caminhos nos meus dias
assim tu estás

perene posto tatuagem
efêmero feito holografia

Márcia Maia


MEU CANTO

Meu canto eu invento inteiriço e pedaço,
no espaço que é disso: o cinzento — se tanto.
Fracasso o feitiço, alimento de pranto,
enquanto acrescento sumiço e cansaço.
Transplanto o momento se omisso lhe traço,
aumento o quebranto e desfaço o seu viço,
tormento o acalanto, me enlaço e me enliço,
me enguiço e me amasso e me planto no vento,
cobiço o estilhaço por manto e ungüento
no intento de um canto onde nasço demisso.

Rebento esse canto e renasço remisso
e nisso me embaço — no entanto a contento,
maciço mormaço de espanto aparento
e atento adianto meu passo enfermiço.
O alento suplanto e em bagaço aterrisso,
decanto o andamento e espreguiço o compasso,
o canto que eu tento é só isso: erro crasso,
refaço o serviço se isento me encanto,
no abraço postiço apresento o não-canto
que eu canto e me ausento e permisso me faço.

Antoniel Campos



Decisão

Hoje acordei disposto
A retalhar meus sonhos
Navalha na carne das ilusões
Esquartejar desejos...

Hoje acordei disposto
A não ser eu mesmo
A me perder na multidão
Desvanecer na fumaça...

Hoje, serei milhares
E ninguém
Hades, Eros, Hécate

Hoje, quebrarei juras
Contarei mentiras
Brincarei com meus pulsos...

Cefas Carvalho


Em defesa da Ribeira
Uma Ponte para o Passado

É preciso ficarmos atentos (e fortes)
A Prefeitura do Natal está realizando obra na praça Augusto Severo,
dentro do processo de (re)reurbanização da Ribeira.
A preocupação é com a antiga ponte que (ainda) está em pé.

Sabendo de nossa tendência ao estupro cultural
E que em nome da modernização dilapidamos nosso patrimônio histórico-arquitetônico
a praça André de Albuquerque que já havia perdido para a ditadura militar
quanto tombou a Galeria Metropolitana de Arte
e depois da recente reforma perdeu o último coreto da cidade,
derrubado pela falta de memória que nos assola
e pelo medo de atestar nosso passado provinciano e rural.

Estou receoso que os “gênios” derrubem também a ponte
um símbolo do lugar que era conhecida com o “Salgado”.

Segue um texto retirado do livro “Disfarçados”
de Lucas da Costa, 1924.

Plínio Sanderson


“Praça Augusto Severo - E um magnífico logradouro da cidade de Natal.

Circulada por diversas casas commerciaes, pelo cinema Poly­theama, Theatro Garlos Gomes, Grupo Escolar Augusto Severo, Escola Domestica, Estação da Great Western, e outros estabeleci­mentos, se estende alcançando uma área maior talvez de quinhentos metros em quadro.

Projectada pelo dr. Herculano Ramos e construída sob a di­recção do mesmo, no governo do dr. Alberto Maranhão, vê-se num dos seus melhores pontos, bello corêto para tocatas, que realça pela elegância dos seus ornatos e decorações.

Recortada por graciosas alamedas em diferentes direcções, há também dentro da mesma praça um sinuoso canal onde o rio Potengy vem deitar as suas claras águas e reflectir no seu espelho as verdes frondes dos arbustos e arvóres que ali se elevam.

Toda entremeada de pequenos bancos de madeira. Notam-se ainda nella, além de uma cabana bem artística, pequenas pontes de cimento armado que dão paisagem sobre o estreito canal.

E de extraltar, porém, que sendo a Praça Augusto Severo um esplendido ponto de distracção na cidade. Seja tão deficientemente illuminada á noite.

Lucas da Costa



Em direção a zona sul

Por volta das 12h, Eduardo Alexandre (Dunga), pai de Edgar Allan Pôla, ligou para informar que a entrevista do nosso programa “Câmara Cultural” (TV a cabo, canal 37) seria com o compositor Mirabô Dantas. Eu estava na agência terminando de redigir uns textos e repassando algumas informações para um “Fampress” que iria começar naquela sexta-feira envolvendo jornalistas de todas as partes do Brasil, e fiquei animado. Já havíamos entrevistado Mirabô em outra ocasião e conversar com o poeta era sempre muito agradável. Ele sempre tem Histórias incríveis dos anos dourados, quando a Praia do Meio virou Praia dos Artistas.

Normalmente depois da gravação do programa, que é sempre na sexta-feira, não volto mais para a Agência. Tomo, com Dunga, o rumo do Beco da Lama para colocarmos os assuntos em dia e ficar por dentro dos movimentos culturais do Centro Histórico de Natal, sempre em ebulição e cada vez mais sendo descoberto pela população e pelos turistas. Mas, naquela sexta, teria que ser diferente. Eu estava precisando voltar ao trabalho para concluir alguns telefonemas e providências referentes ao evento que estávamos organizando. Calculei que após a gravação intimaria Dunga a me deixar na agência, cerca de uns cinco quilômetros do estúdio da TV, no seu Santana 1989, conhecido por "Ferrugem".

Gravamos, e após nos despedirmos de Mirabô, já na arborizada calçada da avenida Campos Sales, pedi que ele fosse me deixar.

- É longe? – perguntou.

- Nada! – respondi – É bem ali, na avenida Romualdo Galvão, nas proximidades da faculdade FAL...

- Então é perto do Estádio Machadão... Vou não, é muito longe!

- Tudo bem – me resignei – eu pego um ônibus ali na avenida Afonso Pena. Mais tarde nos encontramos.

Quando comecei a andar ele assobiou e disse:

- Entre aqui! – Tinha mudado de idéia.

Dirigi-me para a porta do carona, mas ele insistiu:

- Entre aqui! Pela porta do motorista, que é a única das quatro portas do Santana que ainda abre...

Foi um sufoco danado. Passei por cima da chave de fenda que atualmente substitui a alavanca de marchas e me deitei no banco. Sim, me deitei porque o encosto é completamente arriado. Abri bem as pernas – tem um buraco no assoalho – e fiquei genicologicamente instalado quando começamos a nos mover. O carro, aceleradíssimo e com problemas na descarga fazia um barulho enorme. A velocidade era controlada por Dunga por meio da embreagem. E lá fomos nós, observados por algumas adolescentes que estavam na calçada e que não paravam de rir da pilotagem e do meu desconforto.

Saímos pela avenida Rodrigues Alves em direção a Romualdo Galvão e quando chegou na Praça Augusto Leite, Dunga perguntou:

- Tá longe?

- E como é que eu vou saber? Eu estou vendo somente o Céu e nuvens...

- Levante a cabeça!

Levantei e respondi, mentindo:

- Nada, faltam uns três, talvez quatro quarteirões.

- É muito longe – acabrunhou-se – eu não estou acostumado a andar por esses lados.

Provoquei:

- E o carro agüenta?

Pensei que ele ia me mandar descer, quando semi-cerrou os olhos e respondeu:

- Agüenta! Você ainda vai andar nesse carro alguns anos.

- Conserte ao menos as portas...

Ficou calado e somente falou quando eu comecei a contar, um, dois, três... Já estava bem no número trinta quando ele disse:

- Está contando o quê?

- Somente passando tempo. Olho pelo buraco do assoalho e vou contando as marcações do asfalto.

- Nunca mais lhe dou uma carona! Fica esculhambando o meu automóvel... Fique sabendo que esse carro é da família desde novo e nunca me deixa na mão!

E continuou:

- Está perto?

Já estávamos a dois quarteirões e garanti que em cinco minutos chegaríamos. Já fazia quase quarenta que estávamos rodando a uma velocidade média de 20 quilômetros por hora e atraindo todos os olhares das pessoas que estavam nas calçadas, principalmente dos vendedores de carros das muitas lojas que existem naquela avenida. Pessoalmente calculei que eles estariam apostando quando o “automóvel” de Dunga iria parar definitivamente. Talvez, fizessem apostas para adivinhar qual seria a cor original do bólido, hoje indefinida.

- Não dá para ir mais rápido? Perguntei.

- Fique frio que o bichinho não está acostumado a essa avenida. É genioso e já está puxando para a direita...

Finalmente chegamos. Desatou o cinto de segurança (ele dá um laço), desceu para que eu pudesse me esticar e sair agarrado na direção, que está sem a cobertura normal, já nos ferros.

Agradeci e quando fui abrindo a porta da agencia ele gritou do outro lado da rua, de cara feia:

- Se fizer uma crônica dessa viagem eu nunca mais lhe dou uma carona!

Leonardo Sodré

por Alma do Beco | 11:41 AM | | Ou aqui: 0


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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