quarta-feira, setembro 13, 2006

MAIS UM CAMINHO

Marcus Ottoni


"Os Estados Unidos deveriam aproveitar a oportunidade para rever suas políticas, olhar para as causas do terrorismo e adotar políticas amplas de paz para o Oriente Médio."

Manifestação da Embaixada da Síria em Washington
































Dunga, aos 11 anos


CORES EM CIRANDA
Exposição: Cores em ciranda
Eduardo Alexandre

13 de setembro a 01 de outubro de 2006
No Bardallos - Comida e Arte
Rua Gonçalves Ledo, 671
Cidade Alta - 9409-4440

Visitação
Terça a sexta-feira, das 16:00h à 00:00h
Sábados, das 11:00h à 00:00h
Domingos, das 11:00h às 16:00h

Contatos Eduardo Alexandre
9414 - 9394
3222-0821


Criador da Galeria do Povo, movimento artístico desenvolvido entre 1977 e 1986 em muros da Praia dos Artistas, Natal, Eduardo Alexandre já realizou mais de 500 exposições de rua e apenas uma individual, em 2004, no Palácio da Cultura: Portais de trevas e luzes. Ganhou este ano o Prêmio Poti, de cultura do Diário de Natal, como produtor cultural do ano. Foi diretor cultural e executivo da SAMBA - Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências.


Ciranda viva como a cor

A arte de Eduardo Alexandre é corajosa ao redescobrir a exuberância do ato de "pintar" no acariciamento farto da tela, como se mostrasse ao mundo e ao homem desse mundo que a cor é viva, que a cor vive, que nós somos como ela, vivos, jamais cadáveres ambulantes, cegos conduzindo cegos numa via escura e úmida esperando pelo milagre de um guia protetor.

É ousada por ser antes de tudo pessoal, inimitável e intransferível. Tem sua marca visível em cada milímetro de tinta espalhada como mágica sobre a tela, como uma mandala tibetana, como um quilt navajo, como o som do shofar ao fim do dia.

Poucos foram capazes de serem fieis a si mesmos da forma fervorosa, meditativa, com que Eduardo engendra sua processualidade criativa. Ele ultrapassou o prisma teorético de indagação ou questionamento sobre "processos". Para ele, o que existe é o ato criativo, puro e claro, transfigurado pela sua inimitável compreensão do que é a cor NO mundo, do que é a cor PARA o mundo, do que seria estar COM a cor e o mundo.

Por último, a resolução do dilema bi-milenar da arte e do objeto estético. Eduardo resolve essa querela de forma absoluta: ele demonstra, mostra e anuncia o fato artístico como a única realidade existente. Qualquer indagação ou abordagem teórica sobre o seu trabalho é irrelevante porque, para Eduardo, pintura (como poesia, como produção/promoção cultural), arte de uma maneira geral, é um oficio, uma destinação, um compromisso inerente à sua condição de ser humano, perceptivo, sensível, e único.

Ver os seus quadros é obrigação de qualquer um que participe e seja atento (por um mínimo que seja) a essa perturbadora ciranda intersubjetiva à qual damos o nome de vida.

Marcílio Farias

Sobre sua pintura, disseram:


Vicente Vitoriano, crítico de Artes Plásticas do Diário de Natal e professor de Artes da Universidade Federal do RN:
Portais de Trevas e Luzes, a exposição de Eduardo Alexandre, na Pinacoteca do Estado, é uma overdose, pois se compõe de uma quase infindável série de pinturas, todas se dirigindo ao padrão "all over" de aplicação gestual das tintas. (...). É preciso atentar para a sutileza cromática por sob o manancial de tinta preta e de gestos apreensível nas telas. Aliás, ... está no uso literalmente incrível de tinta preta a grande sacada deste artista tão prolífico. Alexandre consegue manter uma limpeza genérica e uma integridade de cada cor em particular que faz alçar a sua prática pictórica a uma maestria. Daí ser necessário fixar-se na observação de cada obra, no esforço de abstrair-se das demais.

Amélia Freire, diretora do Centro de Promoções Culturais, da FJA:
A pintura de Eduardo Alexandre é impactante, instigante: ela nos obriga a penetrar em si mesma.



Morais Moreira e Sinfônica
na Praça do Campus


A Orquestra Sinfônica do
Rio Grande do Norte fará,
na sexta-feira 15 de setembro,
mais um concerto
popular na Praça Cívica da UFRN,
com a participação
de Moraes Moreira.
O espetáculo é gratuito e
começa às 20:30 horas.
Você está convidado!


Réquiem para Jean brasileiro de Gonzaga

Oito tiros mataram um trabalhador
Oito tiros roubaram a vida em flor
Oito tiros mataram a ameaça.
Oito tiros atingiram o tronco de uma nação partida
Nenhum remorso diz o imperador.
Vamos continuar atirando
Tu que criaste a máquina a vapor.
Ensinaste a fazer ciência,
e aprendestes logo cedo a dominar
hoje mata um trabalhador
A nação que sepultou aquele que mais entendeu a “mais valia”
Estilhaça o cérebro frágil de alguém que tem medo
E transforma cada trabalhador em homem bomba
Ele é sempre uma ameaça:
Correndo
Com fome
Parado.
Étnico
Gritando
Professando outro credo
Ou atravessando a nado
Um mar de impunidade.
Não, não adianta correr.
Em cada canto um olhar.
O menor gesto fotografado.
E a arma apontada para o crânio de cada trabalhador.
Assim foi, assim será.
E ninguém sabe o próximo alvo a ser atingido.
Quem se eu gritasse?

João da Mata Costa



Caminho e praça

Defronte à capelinha
Rua Grande traçada
foram moldadas em taipa
residências perfiladas

Terreiro destocado, praça
e um caminho
a beber água

Anos e anos
de caminho e praça
vida sem graça
pouco afazer

Cidade nem era,
mais era um caminho
ou Rua do Caminho
De água beber

Eduardo Alexandre




"O espinho é o vigia
Da inocência da flor"


A flor com doce candura
Representa a singeleza
Onde a mão da natureza
Lhe defende com bravura
Ela mostra a forma pura
Tendo ao lado um protetor
Pra vencer o agressor
Na defesa da magia
"O espinho é o vigia
Da inocência da flor".

O espinho de prontidão
Protege a sua criança
Que de leve se balança
Como um mundo de ilusão
Deus lhe pôs um coração
Onde habita o puro amor
Que mostra todo esplendor
Quando a essência extasia
"O espinho é o vigia.
Da inocência da flor".

Suas pétalas delicadas
Precisam da proteção
Do aguçado guardião
Com as pontas afiadas.
As formas sofisticadas
Seduzem o invasor
Que logo sente uma dor
Através duma sangria
"O espinho é o vigia
Da inocência da flor".

Só quem pode invadir
A sua pura inocência
E tirar a doce essência
É um sutil colibri.
O seu beijo faz fluir
A grandeza do amor
Fazendo o seu protetor
Render-se a tal fantasia
"O espinho é o vigia
Da inocência da flor".

Gilmar Leite




ENCASTELADOS


Bardallos/sexta-feira, Dunga convida para a missão de tomar posse do Castelo de Engandy, em Caicó, no dia seguinte. Interessante a idéia da viagem pendular ao Seridó, principalmente se no programa a volta é via as paragens do Gargalheiras, para comemorar o natalício do amigo Huguito e conhecer sua encantada Pasárgada, em Acari.

Entretanto, quem diz que o poeta tem alforria para embarcar na tarefa nada árdua. Depois de curtições da galera (Orf, Serrão, Sandrinha e Zécarlos), a estratégia foi Dunga ligar para patroa e argumentar um habeas-corpus preventivo ao manicaca juramentado. Saiu pela culatra. Telefonema atrevida da madame (que me doma). Resoluto, enfrento a fera em meio à hecatombe. Que se dane, ô bicho macho!

Sábado, 4.30, despertador anuncia as providências... Cinco e quarenta e cinco, o Santana chega com Karl, Dunga e piloto Érico. Dez para seis, Orf liga querendo saber se tinha lugar. Como o mesmo ainda não havia feito sua higiene pessoal, declinou; e seguimos, o cheiro do orvalho no ar, e o sol nasce (renasce, morre, remorre) despertando as chalanas...

Em Tangará, café na parada tradicional. Encontramos o staff do Cláudio Porpino (dep. da cultura, êpa!). Em campana, podemos fazer uma leitura da conjuntura política a partir da presença dos carros na estrada ou dos cartazes afixados nas casas e cidades. Sem dúvida, no Seridó, ficou nítida a presença do candidato João Maia.

Entrando em Caicó, e a profª Isaura liga, dizendo que nos espera no castelo. Barrados no castelo. Encastelados. Sem contatos prévios, Dunga ainda precisa entender o funcionamento da estrutura, a única informação era de Marcotoni, que afirmou ter uma família morando nas dependências do Engandy. Então, cadê as chaves, não havia nenhuma família morando lá, o Padre, tinha sido visto numa van, só Deus sabe pra onde embarcara. Os funcionários da FJA de Caicó, também não sabiam de nada. Incrível como ninguém sabe de nada neste, país, neste estado, naquela cidade, eis o problema do Brasil, falta de conhecimento.

Imaginem o propósito inusitado de construir um castelo no meio do semi-árido nordestino. A idéia foi do padre Antenor, edificar sob afloramentos cristalinos um castelo de estilo eclético. O Castelo de Engandy, “a erva do deserto”. È uma visão surreal, tal qual a cena inicial do filme “Cabeças Cortadas”, do cineasta Glauber Rocha. Num Castelo medieval, na península Ibérica, um rei delirante, atende dezenas de telefones, como se estivesse negociando numa bolsa de valores.

O estado do castelo é de abandono. Práxis, demência, útero: transformá-lo num espaço de ambiência cultural. Instalando em suas tortuosas dependências um acervo que aglutine víveres e saberes da cultura seridoense. Salas temáticas: ciclos do algodão e do couro; artefatos minerais, pequena biblioteca, mostra de artes plásticas, fotos memoriais da cidade e/ou região, implantação de cursos arte-profissionalizante, oficinas de iniciação à música, ao teatro, artesanato; enfim, tornando o castelo num amálgama da produção cultural da região, realizando interface entre a cultura e turismo, pensando sempre na sustentabilidade do lugar e na geração de renda. Claro que o espaço deve receber eventos multimídias. Festival de Arte Nordestina? Não sei, acho que deveriam reter-se as manifestações seridoenses, e no grand finale, Chico César, cantando Caicó Arcaico aos peitos catolaícos.

Ficamos sabendo que o motorista teria que voltar no mesmo dia, o que inviabilizaria a tão almejada dormida em Huguito. Tínhamos nos programado para festa e dormi por lá: bebidas, redes (“tipóias de amores clandestinos”) na bagagem. Sem poder nos comunicar com Hugo, só depois ficamos sabendo pelo mesmo que a festa havia ocorrido na noite da sexta, ou seja, sem raspas, nem restos. Ele estava “noivando” com Ana Lia em Cruzeta, combinamos nos encontrar no açude.

Ainda em Caipolera, bebemos cervejas com churrasco à moda caicoense no Galileu e rumamos para Acari. Entortamos outras cervejotas, esperando o Hugo e primeira dama, comemos uns filés de tilápias na Pousada do Gargalheiras. Enquanto Karl tentava descolar dois air bags fenomenais. Chega o casal, acompanhado pela dona do bristô, esposa do Francês. Despedimos-nos lamentando a falta de comunicação, “quem não se comunica se trombica”.

Indo de volta pra casa... Constamos que o Dunga, heroicamente conseguiu sobreviver a quase trezentos km de distância do beco, contrariando a tese que o cordão umbilical entre ele e o Beco agüentaria apenas vinte km de separação. Quanto à rainha do castelo acho que o bobo, dublê de rei, deveria emigrar Gardênia, que cada dia está mais lady. Chegamos a Natalópolis, recebendo a notícia da vitória do mecão em Brasília. Sou da América do Sol, do Sal. No domingo, pedalando a beira do atlântico, protelo a morte e levito sob as águas placentárias do oceano.

Plínio Sanderson

por Alma do Beco | 1:01 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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mariza lourenço

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