segunda-feira, setembro 11, 2006

AOS CUS-DE-CANA DA CIDADE ALTA

Marcus Ottoni


"Neste quinto aniversário (dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra os EUA), o xeique Nasralah e seus Hezbollahs estão firmes no Líbano, o Hamas governa a Palestina, o Irã aparece como potência dominante no Oriente Médio e os americanos se afundam na democracia que plantaram no Iraque. Osama, mesmo sem comparecer, está mais presente do que nunca."
Lucas Mendes

Orf


Negociar sempre

não esse volume do som, mais baixo.
deixa eu ver o controle (remoto) . (isso: não quero ver isso.)
quem acorda primeiro, não; quem levanta para fazer isso ou aquilo (qualquer isso ou aquilo).
quem dá o primeiro afago. faz tanto tempo que não sinto (ele ou ela, qualquer um dizendo isso).
a conta (qualquer). a porta a abrir (qualquer). a espera (qualquer).
já que você está aí, me traz... (qualquer coisa).
virá ao meio-dia? então me leva... (qualquer um na fala, qualquer o canto).
(celular:)
— oi, tá onde?
— chegando já.
— passa ali...me traz isso...
(qualquer um na fala, qualquer o canto, qualquer isso).
acabou o gás. ninguém passa sem gás. cortaram a água e a energia. ninguém passa sem água ou energia.
(qualquer um na fala).
reclamos? mas que nada...

o nome disso é magia.

Antoniel Campos



a panturrilha. o calcanhar. o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos


pudesse, lamber-lhe-ia a panturrilha.
e o calcanhar. e o joelho. e a coxa. e o cotovelo. e as mãos.
pudesse.
mas não posso.

sim eu posso.
então lambo-lhe a panturrilha, o calcanhar. o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos.

mas,...
tens a panturrilha mais disputada.
e...
enciumo-me ao vê-la objeto de predileção de outrem.
salva-me saber que, de mim — e não de outrem—, é-me o calcanhar.o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos.

ápice ao saber que, à panturrilha (prometa-me: segredo), idem.

então eu lambo tudo o que é meu: a panturrilha. o calcanhar. o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos.

quero todas as ruas antigas. quero o dizer de ana luísa amaral. rua que for de antanho, quero-a no cheiro na ibéria.

sei dela perto; quero-a próxima.
dizer-lhe versos.
cantar-lhe e, ao mesmo tempo, sorver: a panturrilha, o calcanhar. o joelho. a coxa. o cotovelo. as mãos.

Antoniel Campos



Xêque Rocas Quintas


Minha gentinha reiada do Rio Grande do Norte.

Não é sopa de capão gordo nem escaldado de farinha seca o cabôco ficá num sei quantos anos se alevantano derna do cantá do galo, tumano café preto com pão carteira nas carreiras pra mode levá "catabilho" o dia inteiro na porra duma lotação, assentado num banco duro, estufano as hemorróias, aturano passageiro malcriado e rodano catraca na bunda da humanidade.

Por isso mermo vô logo avisano pro sinhô, seu Clárqui. D'agora em vante, neste lugá de budejado e latomia, eu vô cumeçá a fazê minha campanha política pra mode vê se me arrumo e me dô bem na vida.

Eu sei, sinhô redatô, qui carioca já votô em "Cacareco" e "Macaco Tião", assim cuma pernambucano deu voto pro "Bode Cheiroso de Jaboatão". Mas aqui nesse meu Errigenê lascado, o inleitô tem muntcho mais conciença de crasse e termina votano em gente qui nem eu só mermo pra mode fazê cachorrada e serví de mangação. Abasta vê qui nos anos sessenta o povo deu voto pro jornaleiro "Cambraia" e pra cambista "Maria Mula Manca", uma inleitora aleijada e arriada pelo véio "fechadô" Dinarte Mariz.
Tomém já foram alembrados pelos inleitores - principamente os de Natá - os candidatos "Cu-de-Ouro"; "Velocidade"; "Duruca"; "Tubiba"; "Barrabás" e "Chevrolé". Eu lhe agarantcho, seu Clárqui, qui nenhuma dessas incelenças ia fazê mais desfeita pro povo de Poti do qui toda a catrevage oficiá qui nóis tem hoje, sêje a níve municipá, estaduá ou federá.

Por via disso mermo foi qui um cabra pusitivo de nome Geraldo Lafayette, paraibano lá das bandas do Monteiro, dixe qui "Nada de bom nem de mau acontece no Nordeste que não comece em Natal. A melhor invenção...começou em Natal. A maior safadeza... começa em Natal".

Eu só num sei mermo pruquê, inté hoje, o "Ovni" ainda num adecolô na carreira... sostô!

Pissuíno tanta ciença e fama, abastava prumetê um campo de pouso de disco avuadô lá nas dunas de Genipabu pra mode truvê turista de tudo quanto é praneta, becos e adjacenças, néra mermo cumpádi Dunga?

Queria só vê a ruma de nêga parino menino cabeção, dos óios abuticados e de tudo quanto é cor. Principamente os mais puxados no cinzento e no verdoso. Pense no rebuliço de quenga passiano em Marte, Netuno, Saturno e Plutão!

Mas eu num tô aqui pra mode ficá vendeno ginga e tapioca dos ôtros não, visse? A minha prataforma política é muntcho mais arretada e aprumada.
Em premeiro lugá, pra cumbatê o anarfabetismo, vô apoiá o ABC Futibó Crubi e mandá tudo quanto é frasqueira pra escola.

Num é pussive um time dessa qualistria, por num sabê o bê-á-bá cumpreto, ficá seno sujingado a vida toda e passano vergunha por num dá conta nem do devê de casa, sêje lá no Machadão ou no chiqueirinho de Parnamirim. Todo ano essa prejura num passa da "corrente" e num bota quêxo nem prus times da Paraíba!Já na inducação sexuá, pra desarná tudo quanto é menino cabido e menina com cabelo no priquito, vai sê obrigatóro se escuitá todas as musgas do compositô Cabrito. Agarantcho qui num vai escapá nem a Escola Doméstica da prefessôra Noilde. Quem quisé suas fias pra sê santa qui bote no Patronato!!!

Como segunda medida, vô erguê um Cristo Redentô lá no morro de Ponta Negra. Adispois, mando serrá na base o pico do Cabugí e carrego pra Natá no lombo de carrinho de cocão e patinete de rolimã. Só nesse tipo de transporte já economizo uma grande soma pro erário público dos Alves, dos Maias, dos Melos e dos Faria. Aí, basta alinhá o bruto com o Morro do Careca e atochá toda a produção de açúcar das usinas Estivas e São Francisco em riba dêle... pronto! Tá feito o comprexo "Corcovado - Pão de Açucar" pra mode intelectuá daqui se sentí acuma se tivesse no Rio de Janeiro.

Será tomém um grande marco culturá de minha guvernança, sinhô Supermã, a construção de uma torre muntcho mais paidégua do qui aquela de Paris... a tá da Eiféu. Boto ela em preno Grande Ponto, na encruzilhada da avenida Rio Branco com a rua João Pessoa, no merminho lugá onde o prefeito Djalma Maranhão alevantava suas árvores de natá, lá pelo cumeço dos sessenta.

Tal investimento terá a serventia de mirante turístico pra mode se urubuservá o "maió pôr-do-sol do mundo", já qui o alcance da vista vai além do Potengi, podeno se vê, em tardes desanuviadas, inté o Alto de São Manoel lá no país de Mossoró.

Juntano o cajueiro de Pirangi com essa "torre do Grande Ponto", eu quero só vê a chiadeira de pernambucano dizeno qui tudo de lá é o maió e o mió do mundo!
Pra acabá de compretá, sinhô redatô, prumêto arremudelá totalmente o "trem do grude". Ao contráro de se chamá "trem-bala", vai sê batizado de "trem-bola", apois o carburêto de Cabrobó vai cumê solto dentro de cada vagão com muntcho sonzão de roquininrôu...brúis...régui...forrobodó nordestino e a gota serena.

Por derradeiro, vô inaugurá chafariz no Beco da Lama e adjacenças pra mode distribuí zinebra e celveja gelada de graça. Tal inovação faz parte do "Birináite Rocas", um programa de apoio aos cu-de-cana e papudinhos da Cidade Alta e Canto do Mangue, apois eu num sô doido de butá persiga pra riba de xaria e canguleiro.

Por isso, eu pido encaricidamente a tudo quanto é conterrâno daqui e do ôco do mundo.
Aos meus pariceiros e meus desiguais. Num interessa qui sêje cumunista, bucetista, cachaceiro invertebrado ou maconheiro de marca maió. Vamu "tudo encangado" nessa empreitada e adivulguem o meu prefixo, bando de côrno!!!!

- "Vote Rocas Quintas, o candidato dos pintas".

Rocas Quintas

por Alma do Beco | 1:00 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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mariza lourenço

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