“Como o presidente está abstêmio há 40 dias, acompanhamos com Coca-cola light.”
Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento
Marcelus Bob
DIPLOMA
Tem certos nomes que a gente não esquece.
Numa dessas minhas muitas viagens por esse interior brasileiro, certa feita estava passando por Carnaúba dos Dantas, num janeiro ensolarado com 40 graus à sombra de um juazeiro, tentando acertar, com o GPS, as coordenadas de uma Olaria, quando de uma casa próxima sai uma senhora com uma vassoura na mão gritando:
- Diploma! Diploma!
Achei aquilo realmente diferente e, como curioso que sou e, aproveitando que era estranho ao lugar, me aproximei da senhora e perguntei o porque daquele chamado. Foi quando vindo do nada apareceu um garoto magrelo vestindo apenas um calção.
- Que é vó? Atendeu o garoto.
Aquilo então me deixou mais curioso ainda, mas a senhora me esclareceu tudo:
- O nome dele mesmo é Fernando, mas é que minha filha foi estudar em Natal e depois de um ano voltou aqui pra casa com esse... Diploma.
Tudo esclarecido!
Tadeu Neri
Banda ensaia para a folia
Diário de Natal, hoje
Todos os preparativos, animação e ritmo carnavalesco. A banda Independente da Ribeira afina os instrumentos e realiza hoje às 18h o seu penúltimo ensaio no Bar das Bandeiras, que prepara a saída oficial na próxima sexta-feira pelas ruas do centro histórico natalense.
Há oito anos a agremiação agita o período de pré-carnaval da cidade. E este apressenta suasn novidades. Será lançada a Ribeira de Pau e Corda e será lançada oficialmente a camisa oficial .
O ensaio vem sendo realizado todas as quintas-feiras, a partir das 19h. A saída oficial da banda será no dia 17, às 17h, do Beco da Lama em direção ao Largo da Rua Chile. ‘‘A proposta é resgatar a espontaneidade do carnaval de rua, trazer as novas gerações para a Cidade Alta e a Ribeira. É uma grande festa que reúne a população e não tem cordão de isolamento. A banda utiliza o carnaval como veículo da educação patrimonial’’, garante o arquiteto Haroldo Maranhão, coordenador da banda.
O Ribeira de Pau e Corda é um dos principais destaques desta edição. Grupo coordenado pelo músico Marcelo Tinôco que resgata antigas marchas carnavalescas, frevos pernambucanos e autores potiguares ligados ao carnaval. na forma/cão estáo instrumentos populares como cavaquinho, bandolim, clarinete, flauta, pandeiro, além de um coral formado por cinco vozes femininas. ‘‘É um regional voltado para o bloco de rua formado por 17 integrantes’’ Na seqüência, o palco será entregue ao Ribeira de Pau e Cordas, ‘‘Marcelo e José Gaudêncio Torquato, também organizadores do evento, sempre tiveram a idéia de montar um grupo para tocar canções carnavalescas com instrumentos de cordas. Eles serãocompanhados por um coro formado por mulheres’’, complementa Haroldo Maranhão.
A Banda Independente, que tem 35 músicos e é regida por Gilberto Cabral, conduzirá os foliões até a Ribeira, onde se apresenta por mais 30 minutos. A banda também fará parte da programação oficial do carnaval, sairá no sábado 25, às 11h, do Beco da Lama e percorrerá as ruas do centro histórico. A banda conta com o incentivo da Lei Djalma Maranhão e o patrocínio da empresa Cidade das Dunas
FÉRIAS
Abençoado período, que sempre traz, implícitos, surpresas, descanso, fuga da rotina, realização de sonhos, novidades...
Época de desfrutar grandes prazeres, dentre eles, poder dispensar o relógio. Nada de despertadores, celulares ou rádios-relógios programados para atanazar nossos ouvidos nas primeiras horas do dia. Dormir até o sono dizer: “OK, já estou morto. Pode acordar!” é a maior delícia das férias. E na impossibilidade de cruzar os mares a bordo do polêmico Queen Mary, lá vamos nós para a Praia do Forte, fugir daquele mini-inferno tropical internacional chamado Ponta Negra. Nos preparativos, itens indispensáveis: biquíni, canga, óculos, sandálias, livro, bolsa com loção FPS 50 para o corpo e 100 para o rosto, pente, creme para o cabelo, espelho, baton, documentos, dinheirinho para a ginga com tapioca, churrasquinho de frango, picolé ou a laite água de coco. Na última hora, a dúvida cruel: combinar os brincos com a canga, o biquíni ou a viseira? Ufa, essas férias já estão dando uma canseira!
Ao chegar, muita areia à disposição. Ainda há espaço para sentar sem ter que pagar aos donos da praia. E, se preferir, claro, terá a postos aquele simpático vendedor de coco, cerveja, água, inclusive a que passarinho não bebe, oferecendo sombra e líquidos frescos.
Como o tempo é para descanso, espichar-se ao sol, isto é, metade do corpo ao sol, metade à sombra, para uma boa leitura, é a melhor pedida. Entre uma página e um gole de caipirinha geladíssima, uma prece para agradecer a Deus pela vida boa, pelo azul do céu que se funde com o do mar e pelo dom da visão para tudo apreciar. Mas os olhos de tanta beleza e leitura começam a ficar pesados, cansados. Repentinamente, o meu olhar cruza com o do comandante. Ele, um tipo longilíneo, bem torneado e bronzeado como deve convir a todo bom comandante, tem olhos que refletem as águas do Atlântico. No horizonte, já vislumbramos as formações rochosas do Rio de Janeiro. A cidade, envolta pelas brumas douradas do pôr-do-sol, parece um paraíso perdido no meio do mar. Em breve, atracaremos para viver suas maravilhas. Mas, se preferirmos, podemos usufruir das surpresas e brincadeiras que acontecem no navio: piscinas térmicas com água do mar, hidromassagens com vistas para o Corcovado, frutas de todos os matizes, drinques coloridos e perfumados, crianças esfuziantes que mais parecem pássaros saudando o dia nascente. E, novamente, os olhos cansados de tanta beleza olhar.
Mas o tempo passa, mesmo sem nos atermos a ele. Nesta noite, durante uma grande festa, serão dadas as boas vindas pelo comandante aos participantes do Cruzeiro. Um vestido fino, fluido, esvoaçante. Sandálias altíssimas e delicadas. Um perfume marcante e uma jóia discreta para brilhar na noite de gala. Entre o tilintar das taças de cristal e dos talheres de prata pousando na louça chinesa, ouvem-se os acordes do piano e uma voz magnífica cantando What Wonderful World. Casais bailam de rostos colados e olhares apaixonados, Entre eles, percebo o comandante dirigindo-se a nossa mesa. Caminha com elegância e sua bela farda branca contrasta com a tez curtida pelo sol. Estende as mãos em minha direção num gesto delicado e convidativo. Sinto, de súbito, uma estranha frieza nos pés. De volta à realidade, percebo que adormeci e as ondas da maré enchente me alcançaram e retornaram, levando consigo o meu belo comandante, o transatlântico e todo seu glamour que se desmancharam no ar como espumas flutuantes, sugadas pela areia quente e sedenta.
Se foi sonho ou realidade, não importa. Foram momentos maravilhosos que permanecerão guardados na memória. Basta fechar os olhos, abstrairmos o agora e viajarmos novamente até eles. Afinal, é tão tênue a fronteira entre os sonhos e a realidade! Sábio foi Shakespeare quando fez Próspero dizer: “Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos”. Ele sabia das coisas!
Cristina Tinôco