quinta-feira, fevereiro 16, 2006

PROGRAMAÇÃO DO CARNAVAL




"Incrível perceber como o carnaval era lúdico naquela época. A poesia, as melodias e os arranjos não têm nada a ver com a vulgaridade que vemos por aí.”
Camilo Lemos


Ilustração: Marcelus Bob Arte final: Valdelino



Hoje, Ensaio Final da Banda da Ribeira

Banda Pau e Corda traz a nata carnavalesca da cidade
16/02/2006 - Tribuna do Norte

Capiba, Tota Zerôncio, Nelson Ferreira, Levino Ferreira e Dosinho, mais Erivelton Martins, Noel Rosa, Chiquinha Gonzaga, Lamartine Babo e Zé Keti. Sejam ou não do seu tempo, o fato é que esses compositores fazem parte da ‘nata’ carnavalesca da música brasileira. As mesmas músicas que animavam os antigos bailes na primeira metade do século, se transformaram em clássicos e continuam embalando os carnavais da atualidade. É justamente esse encontro de gerações que impulsiona a recém formada Ribeira de Pau e Cordas, desdobramento ‘sofisticado’ da Banda Independente da Ribeira.

O último ensaio, antes da prévia oficial nesta sexta-feira, acontece hoje a partir das 18h, no Beco da Lama, onde a Banda Independente esquenta os foliões antes de sair em cortejo até a Ribeira — a previsão é que a turma aporte no largo da rua Chile lá pelas 22h. “Quando a Banda Independente parar de tocar, entramos em cena”, adiantou o músico Marcelo Tinôco, um dos integrantes da Ribeira de Pau e Lata. Em oito anos de existência, a Banda Independente da Ribeira busca resgatar a tradição e o clima descontraído dos carnavais de rua.

Sob regência do maestro Neemias Lopes, a Ribeira da Pau e Corda irá interpretar antigas marchinhas com instrumentos pouco utilizados nos carnavais de hoje em dia: violões, bandolins, cavaquinho, flauta e clarineta, mais coral feminino, ganharão o palco montado no coração do bairro histórico. “É um privilégio tocar essas músicas, verdadeiras pérolas. Incrível perceber como o carnaval era lúdico naquela época. A poesia, as melodias e os arranjos não têm nada a ver com a vulgaridade que vemos por aí”, observa o vilonista Camilo Lemos.

Ao todo serão 18 músicos, contando com Neemias. “As bandas de Pau e Corda surgiram para agradar pessoas da alta sociedade. Foi a forma encontrada para provocar o início de uma interação entre diferentes níveis sociais, para integrar moças de famílias aos bailes carnavalescos”, arrisca Tinôco.

Além de Marcelo (bandolim) e Camilo (violão de 7 cordas), ainda fazem parte da Ribeira de Pau e Corda os músicos Jr. Primata (baixo), Jorge Lima (bateria), Antônio de Pádua (cavaquinho), Domingos Câmara (violão), Heraldo Popó e Carlos Peru (pandeiros), Janilson Guanabara (surdo), Enéas (clarineta), Rodrigo (flauta), e as vocalistas Regina Guanabara, Lourdinha Ferreira, Yara Fabiana, Luciana e Rosaneide Trigueiro.


Serviço:
Último ensaio da Banda Independente da Ribeira e da Ribeira de Pau e Corda. Camisas do bloco estarão à venda no local. Hoje, 18h, com saída do Beco da Lama — previsão de chegada no largo da rua Chile: 22h. Acesso gratuito.




I CARNAVAL DO CENTRO HISTÓRICO
PROGRAMAÇÃO
Maestro Mainha – Patrono do I Carnaval do Centro Histórico

Dia 24 – Sexta - Feira
16h – Folia de Rua
17h – Prêmio Câmara Cascudo Destaque de Grupo Folclórico:
Homenagem a Tota Zerôncio
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
20h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
21h – Lucinha Lira – Canta sambas do carnaval dos anos 50,60 e 70
23h – Cirleide Andrade – Canta o carnaval pernambucano

Dia 25 – Sábado
11h – Banda da Ribeira
Troça Manicacas no Frevo
15h – Bloco do Shopping Popular
Bloco Cabeça Feita
Carlança e Banda
16h – Prêmio Melhor Fantasia do Carnaval do Centro Histórico
17h – Prêmio Câmara Cascudo Destaque de Grupo Folclórico: Homenagem a Nauda Medeiros
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
20h – Orquestra de Frevo de Maxaranguape – Clássicos do frevo pernambucano
20h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
22h – Waldir Luz – Canta o carnaval de Alceu Valença

Dia 26 – Domingo
12h – Folia de Rua
– Prêmio Câmara Cascudo Destaque de Grupo Folclórico:
Homenagem a Nonô Barros
16h – Rodolfo Amaral – Canta o carnaval de Lamartine Babo e Carmen Miranda
17h – Desfile das Kengas
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
20h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
22h – Alexandre Moreira – Canta clássicos do carnaval de Pernambuco e da Bahia

Dia 27 – Segunda -Feira
12h – Folia de Rua
15h – Galo da Santa Cruz da Bica
18h – Prêmio Câmara Cascudo Destaque de Grupo Folclórico
Homenagem a Evaldo da Silva
20h – Isaque Galvão – Canta o carnaval do RN
21h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água
22h – Donizete Lima – Canta o carnaval de Moraes Moreira

Dia 28 – Terça – Feira
12h – Folia de Rua
15h – Galo da Rua do Caminho de Beber Água

16h – Rachell Groisman – Canta sambas enredos do carnaval carioca
17h – Entrega dos Prêmios de Fotografia, Fantasia e Prêmio Câmara Cascudo de Destaque de Grupo Folclórico do Carnaval Natalense:
Homenagem a Rubens Pessoa
18h – Galo da Santa Cruz da Bica
22h – Khrystal e Banda – Cantam o carnaval de Caetano Veloso, Moraes Moreira e Alceu Valença
00h – Banda do Centro Histórico, do maestro Duarte



Taí, um lugar que era um paraíso!

Meados dos anos setenta eu tinha um jipe Gurgel e andava por todo o litoral do RN. Acampei lá muitas vezes. Íamos por estrada até Barra do Cunhaú e, depois, só o jipe encarava as dunas e conseguia chegar à beira do Rio Catu. Tinha umas piscinas naturais fantásticas na praia.
Os 'quilombolas' apareciam para ajudar. Sempre arranjávamos gente para fazer serviços e até para trazer comidas (peixes, beijus deliciosos, cocos verdes, mangabas, etc.). Paraíso, repito!

Mas...

Passaram os anos e, quando eu era coordenador do Cluster do Camarão,aqui no RN (até 2002), fizemos um debate na Assembléia Legislativa que contou com a presença da hoje ministra Marina Silva (na época, senadora) e fato engraçado aconteceu: os ambientalistas levaram caravanas e caravanas de pessoas para se contraporem aos carcinicultores, dentre eles, os quilombolas de Sibaúma, que já enfrentavam esses mesmos problemas. Durante o debate, eu fui falar com uma pessoa e, perto, escutei um negão, cabelo rastafari, cheio de colares e anéis, com um bafo de maconha de deixar qualquer um lombrado de longe, dizer para os amigos deles: 'Esses porcos burgueses quando a gente pegar nas armas vão todos para o paredón’ (assim mesmo).

Eu olhei para o cara e o reconheci no ato, por um sinal que manchava o rosto 'melado', um menino que muito conviveu conosco durante os acampamentos... Olhei para ele, fui lá e disse: 'Diga aí, Melado, como vai você?' o susto dele foi grande, ficou branco e respondeu ríspido: 'quem é você?'. Eu disse que era aquele do jipinho branco, lá de Sibaúma, lembra? Lembrou-se, apertamos as mãos cordialmente, mas a 'luta de classes' tinha nos afastado. O moleque que vivia no nosso acampamento, que fazia uma festa toda vez que chegávamos, praticamente ficava conosco todo o tempo, tinha virado um militante pelo socialismo, defensor da luta armada.

Meses depois, um amigo da Emater de Arez me liga dizendo que ele - Melado - tinha sido preso com maconha, estava na delegacia de Goianinha e tinha pedido a ele para pedir minha ajuda. Mandei uma cesta básica para sua família, mais um dinheiro (uns 30 reais, se bem me lembro) e umas coisas para ele na delegacia. Foi solto e, meses depois, preso novamente. Dessa vez não recebi pedido de ajuda. Em 2004, fui jantar na Pipa e ele estava como pastorador de carros, só o caco, o crack o estava consumindo. Não tive mais noticias desde então.

Pois é: quem sabe, o desencanto dele com a assunção ao poder pelo PT tenha desencadeado a entrada feroz dele nas drogas... Pois antes de 2002, Lula ainda não tinha assumido e o Paraíso estava logo ali.

Oswaldo Ribeiro Filho
P.S.: Claro que é um caso isolado, mas uma mensagem de Chagas desencadeou em mim essas memórias e essa ilação.



CHET

Sulcos na face.
Palato em feridas.
Tua cena, na madrugada,
é o grito curtido
do trumpete.
Os acordes do instrumento
enferrujado
são golpes
de gilete
em garganta de meretriz.
O comprimido
se encrustra
no olho
que fecha
no escuro.
Silêncio pontua
o som manso,
e o éter
é cuspido,
pela derradeira vez,
na noite.
Serve-se o fel
em tua mesa
cercada de perfumes
e vômitos.
Não se vê,
no ambiente,
presença do esquisóide
denunciante.
O veneno
é a oferta
que sobra
de tua platéia
invisível.

Lívio Oliveira



Amor de rapariga
“Amor de rapariga é bom demais/amor de rapariga é que é amor...”
Sirano e Sirino

Pobre coitado... apaixonara-se por uma puta. Mais exatamente por uma puta de um cabaré na rua São Pedro, nas Rocas. Todos nós tentamos abrir os olhos do nosso amigo Miguel, mas parecia inútil. O homem estava “de quatro”, como se diz, por ela. Mercedes era seu nome. No início pensamos que era apenas empolgação. Depois que ele trepar com elas umas três vezes tudo acaba!, vaticinou Dedé. Ledo engano. Dois meses após conhece-la e dezenas de programas em motéis mais tarde, Miguel continuava tão enlouquecido como antes. O que essa mulher terá no xibiu para enfeitiçar assim um sujeito?, questionou Magalhães durante uma bebedeira.

Bem, o fato é que encarávamos o assunto com bom humor e galhofa (quem entre nós não havia se apaixonado por uma puta antes?). Porém, quando Miguel começou a faltar às sagradas cervejadas da sexta-feira concluímos que o caso era realmente grave e designamos uma força-tarefa para investigar a questão in loco e achar soluções para o problema. Eu, Dedé e Rubinho fomos escalados para descer numa noite de quarta-feira – quando Miguel estava trabalhando - até os cabarés das Rocas e conhecer a tal Mercedes. Não foi difícil faze-lo, graças a algumas perguntas, rum com coca-cola e fichas de música. Não era das piores, admitimos...morena, baixinha, de cabelos curtos e olhar sonso...talvez até fosse bonita, mas nem por isso deixaríamos um amigo preso naquela armadilha.

Claro que Miguel descobriu que fomos atrás de Merdeces e decidiu primeiro quebrar a cara de cada um de nós, depois, mais prudente, resolveu apenas romper a amizade com nós todos. Decidimos então deixa-lo em paz com sua Mercedes, com a condição de que a noite de sexta continuaria sagrada com a turma. Selamos a trégua com uma bebedeira que começou em Nazaré, passou por Nazir e findou numa barraca da decadente Praia do Meio em altas madrugadas, quando tentamos empurrar uma doidinha que Dedé havia feito amizade para Miguel, para testar sua fidelidade a Mercedes. Inútil. De tão bêbado, o homem mal conseguia trocar duas frases com a menina – que no final das contas caiu na lábia de Rubinho – e acabou vomitando dentro do carro de Magalhães. Amor de rapariga é assim mesmo, devastador!, sentenciou sabiamente Dedé, prevendo que só o tempo daria cabo de tanto sentimento.

Eis que uma noite Miguel chega de repente no Bar das Bandeiras, onde estávamos bebendo com umas amigas de Recife, e comunica que estava pensando em se casar com Mercedes. Bêbado, Rubinho começou a cantar Eu vou tirar você deste lugar, do velho Odiar José, e escapou por pouco da fúria quase assassina do pobre Miguel. Rapidamente escalamos uma outra força-tarefa formada por mim e Cristiano – recém chegado de uma viagem a Manaus – para dissuadir o apaixonado de tal insensatez. Lançamos mão de diversos argumentos...ele era jovem demais, ganhava pouco dinheiro, não tinha onde morar etc. Mas sabíamos que era questão de tempo que ele voltasse ao tema.

Na sexta seguinte, em reunião etílica de cúpula, decidimos por unanimidade imitar Pilatos e lavar as mãos quanto a Miguel...se ele quisesse se casar com Merdeces que o fizesse e que fossem felizes! Resolvemos não tocar mais no assunto, não dar opiniões, não tentar dissuadi-lo, nada mais! Iríamos até o casamento, de terno e gravata, se necessário fosse. Bem, fosse por um acaso do destino ou pelo instinto natural do ser humano de ser do contra, o fato é que Miguel passou a falar cada vez menos de sua amada e a ser cada vez mais assíduo nos encontros da turma, como antes. Até que em uma bela noite de janeiro, nosso amigo comunicou que tinha terminado o, digamos, romance com Merdeces. Por que?, perguntamos. Sei lá – respondeu – Acho que a relação se desgastou... – continuou, para nosso espanto. Mas disse ainda que já tinha uma paquera na alça de mira. Levantamos um brinde a nosso companheiro e desejamos mais felicidades no seu possível novo romance.

Passada uma semana, nos preparávamos para o aniversário da namorada de Dedé, um evento daqueles que chamávamos de “reuniões sociais” na qual íamos na companhia de esposas, noivas e namoradas e evitávamos os assuntos do “lado escuro” de nossa vida. Cristiano lembrou que Miguel talvez estivesse namorando a tal menina – Shirlene era seu nome - que ela havia mencionado e que seria de bom tom estender o convite a ela. Quando o fizemos, percebemos uma névoa no olhar de Miguel... Não sei se seria conveniente leva-la à festa... – respondeu. Indagamos o porquê. Bem, é que ela não é exatamente estudante de Letras como eu falei... – murmurou. Qual é a profissão dela? – Magalhães perguntou. Miguel esboçou um sorriso sonso e conformado como se dissesse “que eu posso fazer?”. Havíamos todos compreendido. Fazer o quê?

Cefas Carvalho



por Alma do Beco | 8:11 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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