domingo, novembro 19, 2006

ENCANTAMENTO

Marcus Ottoni


"Algumas fábricas italianas estão cortando o salário de funcionários fumantes para compensar o tempo que eles gastam fumando - em média uma hora, segundo uma pesquisa divulgada recentemente."
BBCBrasil

Plínio Sanderson
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PEDRO PERALTA

Ainda no desbunde dos Festivais de Arte do Forte, explorava os corredores da fortaleza em companhia do jornalista Moura Neto, quando esbarramos numa barraquinha do Atelier Central e lá estava aquele rapaz vendendo licores naturais e um inusitado retrato do poeta João da Rua - óleo de Alcides Sales. Ficamos pasmos, da rua ao cosmo, João nosso contemporâneo já virara estrela? Porém, o que nos chamou mais atenção foi o cara franzino que se dizia poeta. Trocamos rápidas figurinhas e para surpresa geral o bendito (e feito, pois já havia lançado um livro com o musicista errante Wlamir Cruz) poeta sobe ao palco e começa a recitar suas poesias com seu peculiar jeito interiorano e cognição incipiente. No entanto, havia ritmo, pureza, uma força de vontade excepcional; era uma preciosa pedra bruta e gutural, com um brilho intrínseco, carecendo o polimento do tempo e da verve. Assim, as Moiras do destino nos revelaram o Pedro Pereira, caba nó cego!

Encontramo-nos depois em vários locais, eventos, ele fazendo road e back vocal na banda Cabeças Errantes, e, principalmente, nos chás da cinco no boteco "Verso & Prosa", do Dunga. Passei a admirar o Peralta pela sua determinação e incessante alegria de viver. Na época, ganhava a vida como sargento de proletariado em uma empresa de construção civil. Mas, pulsava arte por todos os seus poros, como sina ou catarse.

Convidei-o para uma coadjuvância no 3º Festival de Poesia e Música da UFRN (86) e ele rufou os tambores na performance "Vis lumbrâncias pó te guares". Arrebatamos os prêmios de melhor poesia e melhor apresentação. Em 88, devolvo a gentileza, fazendo a claque na sua apresentação no Circo da Cultura durante o concurso de poesia da Candelária, quanto também se sagrou campeão com "Pós-Lennon" - dois laureados pimentas do planeta.

Inauguramos uma parceria que marcaria espetaculosamente os happenings/performances posteriores na capital do futuro. Foram inúmeras participações nas comemorações do Dia da Poesia, sempre um Dom Quixote e/ou Sacho Pança do outro. Nossas vidas se fundiram ao ponto de marcar a arte na terra de Poti com teimosia, criação e práxis. Via de regra, gastando romanticamente os últimos trocados que nos arranhavam os bolsos, pegando no pesado para viabilizar a celebração da musa dadivosa. Quando não realizávamos nada e o branco do papel suplantava o santofício, a maledicência nos imputava na fogueira das veleidades, ossofícios.

Predestinado, Pedro, corajosamente, foi além. Deixou sua função na construção civil, dedicou-se de alma, troncos e membros à labuta artística. Derrubando a idéia do "dom", provou que na arte o determinante é o movimento corpo/mente. Lembro quando morando na vila de Ponta Negra, lançou-se sem volta nos percalços da plástica. Exercitando, imolação, penitência até desabrochar na primavera de 90 em um estilo próprio e instigante - conceituei de florense. O Artista Pedro, eclodia oriundo das próprias entranhas, sempre rebuscando novas linguagens, suportes (arte camiseta), novas formas de expressão. Reconhecido, ganhou vários prêmios, tornando-se persona obrigatória em exposições e vernissagens. Heroicamente, sobrevivendo de Arte (e pela Arte) nessa cidade tão ríspida e desmemoriada com seu patrimônio cultural e humano. In memorian, o desabafo do Rei-Vassalo prof. Melquíades: quem quiser me prestar uma homenagem que seja em vida. Deixarei escrito e registrado em testamento e cartório que não poderão usar meu nome para grupo escolar, de logradouro ou rua, ficando proibido a minha alma baixar em centro espírita e/ou terreiro de umbanda!

Não, essa não é uma homenagem moribunda! É um suspiro, um lampejo de vida. Lutando o bom combate, guerreiro aguerrido, Pedro vai contradizer a filosofia fatídica de Augusto de Campos: "Arte longa vida breve". "Tu es petrus et super hamc petram aeclesiam meam aedificabo". Pedros Est, ele está no meio de nós. E, testemunhará com arte os muitos caminhos que ainda iremos trilhar, todos juntos, numa pessoa só. Pedro Pereira, poeta peripatético, plástico pintor, peralta prático, pajé pai-d’égua, perito praxista, professor performático, Passa e Fica.

Plínio Sanderson

Plínio Sanderson
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Rodolfo Amaral, ontem, no Pratodomundo do Beco

A distâça entre nóis dois,
é grande, quage sem fim.
Prá qui ela fique pequena,
minha fía, eu faço assim:
Irmago, qui nem cicrone,
entre o uvido e o telefone,
trazendo você prá mim...

Bob Motta



ENCANTAMENTO

Como um náufrago
que não resiste ao canto mágico da sereia
e se atira às águas, por querer,
eu vou ao seu encontro.
E ao mergulhar, sem medo e sem pensar,
na imensidão oceânica da sua ausência,
sigo em busca do seu abraço.
Logo à minha frente
você me estende os braços e eu vou indo...
enquanto vou sendo tragada, pouco a pouco,

pelas ondas gigantescas da minha própria saudade.

Neide de Camargo Dorneles



Filatelia

Rodas de bicicletas
transportavam,
junto com os pesos-meninos,
irmãos,
seus sonhos de mundos outros,
ensolarados.

A busca das cores
partia de um bairro
em vermelho.

O homem do guichê
filatélico,
na agência Ribeira,
idílica,
dos correios,
fornia às mãos
cores e filigranas,
marcas d’água,
carimbos comemorativos.
E a data era mesmo
monumental.

Selos do Brasil,
perfeitos, lustrados,
impressos e picotes,
nenhum pedacinho faltando.

O homem do guichê
era exigente,
fazendo medo:
– Se rasurar, paga!

Dinheirinho pouco,
o classificador aberto
e os dedos soltos,
delicados.
Imberbes tateavam,
levemente,
música, cromática história,
obliterações no papel couchê.

O valor facial era o sorriso infantil.

Lívio Oliveira



ENCONTRO NATALENSE DE ESCRITORES VAI
MOVIMENTAR A CIDADE COM ATRAÇÕES NACIONAIS E LOCAIS


Mega-estrutura montada no Largo da Rua Chile vai reunir nomes nacionais e locais . Ao final de cada noite, shows musicais com Paulinho da Viola, Ná Ozzetti e Roberta Sá. A entrada é gratuita

Natal será palco de um grande evento da área literária, com direito a shows de alto nível ao final de cada noite. A Prefeitura do Natal, através da Fundação Cultural Capitania das Artes, promove, entre os dias 23 e 25 de novembro, o Encontro Natalense de Escritores (ENE), no Largo da Rua Chile. Evento inédito na Cidade, primará pela discussão do momento atual da literatura no Brasil: formas de linguagens, temáticas, público-alvo e público atingido. Nessa sua primeira edição, o Encontro presta uma homenagem ao escritor e folclorista potiguar Luís da Câmara Cascudo.

O ENE vai reunir 32 nomes com reconhecido talento literário para debater o momento atual e os rumos da literatura brasileira. A metade é composta de escritores potiguares — ou que aqui moram. Doze mesas de debates serão distribuídas na tenda climatizada, estrategicamente armada no Largo. Shows musicais de nível nacional encerram cada maratona.

Grandes nomes da literatura brasileira participam do ENE, como Zuenir Ventura, Ignácio de Loyola Brandão, Affonso Romano de Sant’Anna, Murilo Melo Filho, Ruy Castro, Heloísa Seixas, Antônio Cícero, Nelson Mota e Villas-Boas Côrrea. Escritores potiguares consagrados também participarão do Encontro: Nei Leandro de Castro, Humberto Hermenegildo e Marize Castro, entre outros. Os “Jovens Escribas”, grupo de novos escritores natalenses com visível atuação no cenário da literatura, estarão no evento discutindo a nova literatura.

A proposta do ENE é proporcionar discussões com grandes escritores da literatura brasileira, oportunizando ao público formador de opinião natalense o debate com os escritores mais lidos do Brasil e colocando Natal no circuito das cidades brasileiras que promovem eventos literários. O Encontro pretende também promover uma discussão sobre as correntes literárias da atualidade.

Durante os três dias, o Encontro de Escritores contará com quatro sessões diárias, começando sempre às 16h.

Para o primeiro dia (quinta-feira, 23/11), está programada a participação de Carlos Fialho, Patrício Júnior, Pablo Capistrano e Thiago de Góes, que vão discutir o tema Jovens Escribas – Uma Nova Literatura. Logo em seguida, às 17h30m, os escritores Marcelino Freire, André Laurentino e Antônio Prata vão abordar o tema Novas Narrativas: Do Blog Ao Livro. Às 19h, Affonso Romano de Sant’Anna e Jorge Mautner discutem o Centro e a Periferia. Dando seqüência ao evento, os escritores Rui Castro e Heloísa Seixas apresentam, às 20h30m, o tema Ficção e Não-Ficção. O primeiro dia do ENE será encerrado com show do cantor e compositor Paulinho da Viola.

Na sexta-feira, 24/11, segundo dia do Encontro, as escritoras potiguares Cristina Tinoco, Marize Castro e Carmem Vasconcelos e o pernambucano Antônio Mariano abrem o evento, às 16h, com a comunicação Qual é o texto novo?. Na seqüência, Evanildo Bechara, Murilo Melo Filho e Arnaldo Niskier discutem com o público natalense A Importância das Academias de Letras na Vida Literária, a partir das 17h30m. Às 19h, os escritores Zuenir Ventura e Villas-Bôas Corrêa debatem o tema Jornalismo Político e seu parentesco com a Literatura. Às 20h30m, Nelson Motta e Antônio Cícero discutem Poesia e Música. O segundo dia do ENE será encerrado com show “Piano e Voz”, de Ná Ozzetti e André Mehmari.

No sábado, 25/11, último dia do evento, os estudiosos da Literatura Potiguar Manoel Onofre Junior e Diva Cunha e o editor independente de autores locais Abimael Silva discutem Literatura Potiguar — História e Futuro, a partir das 16h. Em seguida, às 17h30m, os escritores Humberto Hermenegildo, Marcos Moraes, Constância Duarte e Emerson Tin discutem A Escritura Epistolar de Câmara Cascudo. Às 19h, o poeta e compositor baiano José Carlos Capinam e o poeta pernambucano Jomard Muniz de Britto conduzem a comunicação Entre a Poesia e o Poema. Ignácio de Loyola Brandão discute, às 20h30m, o tema Processo de criação. O romance. A crônica. O Encontro Natalense de Escritores será encerrado com show da potiguar Roberta Sá.

O ENE terá acesso gratuito, com senhas distribuídas antecipadamente, sobretudo para professores da rede municipal de ensino. A estimativa de público direto é de seis mil pessoas.

Mais informações:

Capitania das Artes
Telefone: 3232-4599
Dionísio Outeda – Assessor de Imprensa
Anna Maria Jasiello - Estagiária

por Alma do Beco | 9:11 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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