Fashion is cult
Os “cadernos culturais” dos periódicos da capital, dessa quinta-feira, destacam o evento “Natal Fashion Week” e a sofisticação da beleza nas passarelas do Midway Mall. Já não bastava o evento figurar em todas as colunas sociais (as quais ocupam dois terços dos caderno culturais), agora a cultura da moda, com seus alemães e seus canhões, cobrem todas as notícias dessas editorias.
Alexandro Gurgel, no grandeponto.blogspot.com
Antoniel Campos
Era pra ser de repente,
sem que se visse e escutasse;
passasse em quase tangente,
bem rente, mas não tocasse.
Melhor se fora fugace
— prelúdio de quando ausente —
restasse a voz reticente
(no benefício do impasse).
Era pra ser, tão-somente,
meu rosto sem tua face.
Antoniel Campos
ryan o'neal é culpado
senhoras, atirem-me à fogueira: apaixonei-me por ryan o'neal lá pelos idos de 70. pelo bom-mocismo hollywoodiano, pelo marido arrependido e amante apaixonado da esposinha terminal. digo, em minha defesa, que os tempos eram outros. talento, para mim, era uma mistura de possibilidades que as personagens, dentro das telas, me proporcionavam de vivenciar algo bonito do lado de fora. acreditava em amor abnegado, em amor feito de perdão. eu acreditava que não chegaria aos 30.
cheguei aos 20 com tesão. tesão por Al Pacino. por tudo aquilo de talento. pela identificação imediata com aqueles olhos invasivos. àquela altura eu achava o amor um exercício inútil da alma. valia a cabeça em transformação. valia o posicionamento político, o cinema de Costa Gavras. e eu ainda acreditava que 30 anos era tempo demais pra se viver.
sou do século passado! alguém já parou pra pensar que é do século passado?
meus 30 anos já se foram há muito tempo. portanto, e se me permitem um pouco de arrogância, sou a soma de todos os filmes que assisti. vivi algumas histórias que se adequam às telas e deixei de viver outras tantas por incompetência. minha não, bem entendido, pela incompetência daqueles que não compreenderam minhas ânsias.
aos 40, voltei a acreditar no amor dos primeiros tempos. o tesão por Al Pacino continua o mesmo, acrescido, naturalmente, pelas sempre bem-vindas e quentes companhias de namorados ocasionais. ryan o'neal, ora, a gente sabe, não era tão bonzinho assim, mas continua cumprindo o papel de mocinho dentro da minha história.
e desta paixão definitiva pela arte que alimenta a vida.
SÃO JOSÉ DE MIPIBU
Instalada em 22 de fevereiro de 1762 a VILA DE SÃO JOSÉ DO RIO GRANDE. Cidade de SÃO JOSÉ DE MIPIBU em 16 de outubro de 1845.
Foi sempre região povoada pelos indígenas tupi, caçadas, pescarias e plantios. Em 1630, Adriano Verdonck visitou-a, encontrando dois engenhos de açúcar, o que vem a ser engano total, e uma aldeia de MOPPOBU com 800 guerreiros. Plantio de roçarias durante o domínio flamengo. O mapa de Marcgrave em 1643 registra MOPEBI. MOPEBI na relação do Padre Manoel de Moraes, três anos antes. Não cessou de povoar-se durante o séc. XVIII.
Já em janeiro de 1689 o Senado da Câmara de Natal dirigia-se ao Bispo de Pernambuco informando: “Nesta Capitania há huma paragem em o meio dela a que chamarão MEPEBU donde há huma Capela em que se administram os Sacramentos aos moradores desta Ribeira”.
Em 1703 já existia grande aldeamento, ampliado em 1736, mencionado em 1749 como a ALDEIA DO MIPIBU, dedicada a Sant’Ana, com caboclos da língua geral (tupis), dirigida pelos frades capuchinhos. Era acrescido pelo envio de indígenas vencidos na chamada “guerra dos bárbaros”, das últimas décadas do séc. XVII à primeira do imediato.
Em 1761, lá fora parar um bando de Pegas e Monxorós, enviados de Campo Grande. Essa aldeia é que foi elevada a VILA DE SÃO JOSÉ DO RIO GRANDE, pelo juiz de Fora de Olinda, Dr. Miguel Carlos Caldeira de Pina Castelo Branco, em fevereiro de 1762.
A justificação denominadora consta do termo de instalação: “Não só em obséquio de tão grande Santo, mas em atenção ao Príncipe Nosso Senhor, novamente nascido, e a Majestade Fidelíssima de Seu Augusto Avô”, referindo-se a São José, ao jovem Príncipe D. José Francisco, filho da futura Rainha D. Maria I, e “seu augusto avô”, El-Rei D. José.
O séc. XVIII foi de povoamento, fixando-se os moradores nas terras requeridas ao Capitão Mor Governador da Capitania. Cidade em 1845, dez anos depois, 1855, propunha-se na Assembléia Legislativa mudar-lhe o nome para CIDADE DE MIPIBU, transferindo-se para ela a capital da Província. Aires do Casal, em 1817, dizia-se medíocre, aprazível e bem situada.
Mipibu é o rio que atravessa a aldeia, nascendo na Mata da Bica, desaguando no Trairi com quatro quilômetros de percurso sob frondosa mata. Rio Mipibu ou Rio da Bica. Teodoro Sampaio diz Mipibu provir de mbi-pibu, o odre, o saco de couro, vulgarmente “borracha”. Não dá muito sentido, porque os nossos indígenas não conduziam água de odres. Foi processo trazido pelos portugueses. Talvez de mbi-mbu, o que emerge, surge, inopinado, súbito, referência à fonte do rio na pitoresca BICA, arredores da Cidade.
A matriz foi terminada em 1880 pelo Cônego Gregório Ferreira Lustosa, erguendo as duas torres ornamentais. A freguesia data de 1762, S. Joaquim e Sant’Ana.
De SÃO JOSÉ DE MIPIBU desmembraram-se os municípios de PAPARI, em 1852, MONTE ALEGRE, em 1953, VERA CRUZ, em 1963.
Pertencera-lhe o município de SANTA CRUZ, de 1864, quando se constituiu entidade autônoma. Cedeu trechos de seu território para MACAÍBA em 1877 e SANTO ANTÔNIO em 1890.
Luís da Câmara Cascudo, em "Nomes da Terra"
São João na Rua da Palha
A Rua da Palha é o local onde foram realizados os primeiros festejos carnavalescos de Natal.
O São João também era festejado ali. Provavelmente, bem antes dos carnavais.
Padre Agustin nos fala da "Praça do Ajuntamento" da sua terra Natal, a Valência espanhola.
Os primeiros ajuntamentos da Natal ainda querendo ser cidade foram na Praça da Alegria, hoje Praça Padre João Maria, santo do alto xaria e baixo canguleiro da terra do índio Poty, comandante do povo nativo da terra Brasil, em luta pela afirmação da nacionalidade colonial portuguesa, contra franceses e holandeses.
Foi no aldeamento dos Potyguares, margem direita do Rio Potengy, que a cidade foi dada como cidade, mesmo nem sendo vila.
Mas foi a partir da capelinha do 25 de dezembro de 1599, do nosso nascimento, que vieram as primeiras ruas, entre elas, depois da Rua do Caminho de Beber Água (Ruas Santo Antônio e Conceição de hoje), já buscando oriente em direção aos morros de Solidão, depois Tirol, que a Rua da Palha, pobre, frágil, porém já riscando arruamento, surgiu.
Bem mais tarde, novas gerações chegadas, palhas substituídas, essa rua se fez rica, se fez bela, com "casarões" de janelas altas e portas compridas como eles mesmos.
Aos ajuntamentos de convivência humana, para trocas de ídéias, bate-papos, Natal dava o nome de Cantões.
Na Rua da Palha (Vigário Bartolomeu de hoje), esquina com Travessa do Tesouro (Rua Cel. Cascudo), surgiu o Cantão do Potyguarânia, em torno do Bar de mesmo nome, freqüentado por intelectuais, poetas e seresteiros que faziam a boemia alegre das adjacências da Rua do Fogo, a iluminar os passos dos incautos de depois das ave-marias do chegar das noites tenebrosas.
O São João, como o Natal, eram as festas mais esperadas do ano, naquela terra sem novidades e pressa nenhuma.
Todos cuidavam das vestes e faziam festivas as ruas poucas, levando a elas cores em bandeirolas abanadoras de alegria e dependuradas em cordões que iam de frente a frente das residências perfiladas.
São João da Rua da Palha, festa de toda a sociedade natalense de duradouras épocas, hoje é folguedo morto por tradições mutantes da própria cidade.
Eduardo Alexandre