sábado, janeiro 14, 2006

DOIS HÔME E UMA MUIÉ

Marcus Ottoni


O verdadeiro Duda Mendonça é personagem forjado nesse mundo. Ele está envolvido com superfaturamento de contratos com órgãos públicos, remessas ilegais de dinheiro para o exterior, contas secretas em paraísos fiscais, sonegação de impostos e crime eleitoral. Pode-se creditar à sua genialidade a invenção de uma nova categoria da propaganda – o marketing bandido. É nessa modalidade que ele é um grande especialista.
Alexandre Oltramari, Julia Duailibi e Otávio Cabral na Veja desta semana

"Se o presidente tomar a decisão de fazer o melhor governo possível, sem estar tão preocupado com a questão da reeleição, que muitas vezes atrapalha, ele seria um candidato muito forte em 2010, quando ainda estaria jovem, com muita força aos 65 anos."

Senador Eduardo Suplicy, do PT de São Paulo





INVENENAMENTO, CABARÉ, ARREPINDIMENTO E CUNFISSÃO

Eu vô contá uma istóra,
acredite e faça fé.
De um triângo amoroso,
dois hôme e uma muié.
Tiria invenenamento,
findô in arrepindimento,
in vêiz de num cabaré.

O Dunga mais dona Ivone,
tramaro divagaríin,
um crime passioná,
cum malíguino caríin.
E era inté mêi aberto;
tava quage tudo certo,
mode invenená Pêdíin.

Quando Pêdíin se reiasse,
uis dois ía se casá.
A budega in cabaré,
ía logo transfóimá.
E cum essa riviravorta,
o casazíin vida torta,
num parava de sonhá.

Baibinha mais Paparazzi,
já tava a cumemorá.
Geraldo Assunção e Albérico,
mais uis dois vêi se ajuntá.
Quando uis quato se ajuntava,
nôta coisa num falava,
meu fíi, pode acreditá.

Dizía: Cum o cabaré,
o Beco vai se animá.
Mió qui Maria Boa,
o do Beco vai ficá.
E é bom í logo pensando,
Dunga, vá logo istudando,
qui nome nóis vai butá.

Cumo todo cabaré,
qui se preza, é prá tê lá,
meio mundo de rapariga,
e um salão, mode dançá.
Vai tê luz vremêia e bicha,
a radiola de ficha,
e uis quarto, prá furunfá.

Vêiz purôta um sanfonêro,
vêiz purôta um violão,
vêiz purôta uma rabeca,
cunfóime ais ocasião.
Gardênia é a cunzinhêra,
de mão cheia, de premêra,
nóis quato é uis cafetão.

No beréu a entrada é franca,
pode chegá quem quisé.
Muié atráis duis marido,
marido atráis dais muié.
Pode entrá bicha iscrachada,
sapatão cum namorada,
nêsse nosso cabaré.

O beréu é do povão,
do aluno e do professô.
Puta de bêra de istrada,
de bebum e trabaiadô.
De todo e quaiqué sujeito,
duis pulítico, do Prefeito,
do gari e Gunvernadô.

Vai todo tipo de artista,
músico, cumpositô,
desenhista, repentista,
artista prástico e pintô.
Vai produtô curturá,
prá acabá de amisturá,
poeta e decramadô.

Dispôi qui vocêis casá,
pode vivê viajando,
qui nóis, aqui, do beréu,
de conta, fica tumando.
Acredite, cumpanhêro;
o qui entrá de dinhêro,
prá vocêis, nóis vai mandando.

Uvindo essas coisa tôda,
dona Ivone só pensava,
in se livrá de Pêdíin,
dia e noite, ela sonhava.
Caminhando p'ro artá,
cum a marcha nupiciá,
ela já se imaginava.

Inquanto isso, o remorso,
cumeçô a castigá,
a cunciênça de Dunga,
e o pobe a se aperriá.
Quando oiava prá Pêdíin,
tinha pena do bichíin,
e só fartava chorá.

Aquele pêso de curpa,
in Dunga, dava uma prensa.
Sem um sigundo de forga,
sem sussêgo, sem cremença.
E Dunga se aperriava,
cada vêiz mais aimentava,
seu drama de cunciênça.

E o Dunga, boa gente,
segue seu drama a sofrê.
Bebia uma, ôta, mais ôta,
dispôi, tornava a bebê.
Sendo um cabra boa praça,
já sufria c'á disgraça,
qui tava prá acuntecê.

Na lua nova, crescente,
no reduto curturá,
chega o pade no pedaço,
nosso vigáro gerá.
Dunga pede prá Subríin,
tocá p'ro pade Agustíin,
pru mode se cunfessá.

Chamô o pade num canto,
e dixe cumpenetrado:
Pade, eu vô lhe cunfessá,
qui tô cum um grande pecado.
Num tenho nem um inimigo,
mais quero matá o amigo,
Pêdo Abech, invenenado.

O pade lhe arrespostô,
num portuguêis misturado:
Meu fíi, uma coisa dessa,
é bem grave e má pensado.
Se cunsiguí êsse intento,
será no mêrmo momento,
ao inferno, condenado.

Seu pade, o pecado é séro.
Qué vê ? Eu vô lhe amostrá.
Cunvocô a dona Ivone,
mode a cunversa, iscutá.
E dixe: É essa danada,
seu pade, a maió curpada,
do qui eu quero praticá.

Cum uis istrupiço dela,
faiz gato virá cachorro.
Tira o juízo da gente,
e eu tô pidindo socorro.
Se eu cuntinuá cum ela,
vô caí na isparréla,
ô eu inlôqueço ô môrro.

É munto mais pirigosa,
isso eu digo mêrmo a ela.
Faiz o cabra se jogá,
do úrtimo andá, da janela.
É pió qui a da Bahia,
qui o véi Jorge Amado, um dia,
chamô de cravo e canela.

Ela é tão infernizante,
qui tava alí, ixpricando,
qui se Pêdíin ficá vivo,
vai vivê infernizando.
Nóis vai tê sofrê eterno,
a vida vai sê um inferno,
cum êsse turco atanazando.

E tem mais, pade Agustíin;
vô lhe dizê, cumpanhêro.
Dispôi de matá Pêdíin,
nóis vai casá bem ligêro.
E adispôi do cassamento,
daquele mêrmo momento,
nóis vai butá um putêro.

E o pade, nessa artura,
meu fíi, danô-se a rezá.
Na defesa de Pêdíin,
resôiveu imburacá.
Supricô, dixe: Assim seja,
pidiro mais uma cêiveja,
mode Dunga se acaimá.

Saiu mais Dunga e Ivone,
e Pêdíin, lá do seu bá,
mais Maria do Socorro,
e uis cinco, bem divagá,
fôro lá p'ro Bá do Nardo,
cada um bebê um cardo,
e a saidêra tumá.

Lá práis tanta, ais oração,
do pade fizero efeito.
Uis pensamento de Dunga,
mudaro logo, de êito.
E Dunga se alevantando,
a dona Ivone chamando,
dixe, batendo nuis peito.

Dona Ivone, o perdão,
lhe peço nêsse momento.
Pruquê mode ais oração,
disistí do meu intento.
É incríve, mais vô dizê:
A sinhora pode crê,
num vai tê mais casamento.

O pade me cunvenceu,
adispôi de munta luta.
Cum oração e cunversa,
sem usá a fôrça bruta.
Pêdíin, pode cunfiá,
qui eu num vô mais matá,
tu, turco fela da puta.

Sastisfeito c'á nutiça,
Pêdíin entrô no chevette,
deu de garra in dona Ivone,
qui nem um marionete.
Paricia um carnavá,
êles a cumemorá,
e a se jogare confete.

Adispôi de tudo isso,
foi só comemoração.
E cada um mais melado,
se abraçaro cumo irmão.
Num teve mais casamento,
nem o invenenamento,
só reconciliação.

Foi nisso qui terminô,
a trama contra Pêdíin.
Nem findô invenenado,
e munto menos sòzíin.
Terminô mais dona Ivone,
mais uma ruma de aspone,
rudiado de caríin.

Roberto Coutinho da Motta,
O nome, papai iscuiêu.
Bob Motta é pseudônimo,
E cum êle, assino eu.
Rimo, amostrando in meu verso,
Tudo o que ai no universo,
O dom, foi DEUS QUEM ME DEU...

Natal,RN, 13 de janeiro de 2006
Autor: Roberto Coutinho da Motta

Bob Motta

por Alma do Beco | 7:53 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

.. .. ..

.. .. ..

Recentes


.. .. ..

Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

.. .. ..

A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

layout by
mariza lourenço

.. .. ..

Powered by Blogger

eXTReMe Tracker