"O PT é uma página virada em minha vida."
José Dirceu
Hugo Macedo
Papo no becodalama@yahoogroups.com
Quem sugere o quê?
Estava pensando sobre o carnaval. Como fazê-lo no Centro. Na Cidade Alta.
Uma banda? Galo da Rua de Beber do Caminho da Santa Cruz da Bica?
Corso de blocos alegóricos e carros de carnaval. Baterias de Escolas de Samba. Papangus. Fantasias. Frevo. Rock. Baião. Bonecos. Os Cão. Kengas. Independente da Ribeira. Carnaval do Centro Histórico? Largo do Rosário? Largo de Santo Antônio? Praça da Matriz da Apresentação? Rua Direita? Rua do Meio? Da Palha? Beco da Lama? Praça da Alegria? Praça da Poesia? Larguinho da Capitolina? Onde? Nesse Centro Histórico. Todo.
Como? Quem? Com quem?
Temos parcerias com Capitania e Fundação José Augusto. E a perspectiva de fazer um bom carnaval.
Quem sugere o quê?
Dunga
Grifo em vermelho de
Antoniel Campos
Dunga,
Por que não A TROÇA DO NAZIR, com um boneco gigante em homenagem ao saudoso bodegueiro?
Bob Motta
Para o departamento de custos:
1 Boneco pro "Troço de Nasi é Meladinha"
Glorinha de Oliveira? Trio Irakitan? Bobô, Odaíres, Terezinha? Coco? Maculelê? Toré de Catu de Cima? Songa? Isaque? Esquina 16? Pedro esta é uma terra de um deus mar? Poesia? Artes Plásticas? Teatro de Rua? Feira de fantasias?
Dunga
Dunga,
Que tal concurso de papangu, Corso e a volta triunfal da querida lança-perfume?
Eu, Crys
Doida pra ficar doida
O concurso de papangu é boa idéia.
Dunga
O Barulho do Tempo
Começa a chover em cada cor dos sonhos que não consegui ter.
As tintas escorrem lavando meus cabelos curtos como se fossem roupas.
Sinto uma pressa que só se acalma na advertência:
Nada pode ser afirmado sem que uma questão surja como toda solução.
Os dias não pedem licença.
O tempo vai passando com a impressão de que se indispõe aos pensamentos.
A conseqüência mora no antes?
Percebida em seu erro, se mostra no depois de nossas vidas?
Quero a confusão de tudo o que, de tão perto, finalmente faz silêncio.
Conhecer o vazio é criá-lo desabitado?
O barulho dos passos se solta dos pés
Para em nós carregarmos o relento do mundo.
Leticia Az
ALZHEIMER
Memórias arquivadas, empoeiradas
Empilhadas, desorganizadas
Inanimadas...
É preciso restaurar a franqueza!!!
Deborah Milgram
S.O.S BARES E CABARÉS
DA RUA SÃO PEDRO-ROCAS-NATAL-RN
Eu vi Danusa de Salles,
dizer na televisão,
que nas Rocas, tão querendo,
fechar nossa diversão.
O fim da Rua São Pedro,
além de me causar medo,
me entristece o coração.
Ilustríssimo Promotor:
No aspecto cultural,
nas Rocas, rua São Pedro,
é, além de colossal;
manancial de memória,
que se confunde com a história,
da cidade do Natal.
Ali na rua São Pedro,
nossa Natal tem aos pés,
estórias maravilhosas,
do povão, que é nota dez.
Berço de ouro de escritores,
poetas e trovadores,
botecos e cabarés.
Fui lá com Newton Navarro,
numa manhã de sol a pino.
Fui também, com meus dois manos,
Clóvis Motta e Zé Quirino.
A dupla, de cara cheia,
me apresentou Zé Areia,
graças a Deus e ao destino.
Em nome da boemia,
sob o céu de azul anil,
não feche os bregas, doutor;
pois ali nunca se viu,
lhe juro, nesse momento:
Nenhum aliciamento,
nem prostíbulo infantil.
Presepadas, sempre teve.
E quando eu quero matar,
a saudade do passado,
corro ligeiro pra lá.
Volto feliz pra danado,
com o gravador carregado,
de cultura popular.
Isso, lá, tem de montão;
por isso, lá sempre eu vou.
O que falo nas palestras,
que nos colégios, eu dou,
não foi universidade.
Seu doutor, foi, na verdade,
o povão que me ensinou.
Lá eu conhecí Duruca,
cozinheiro de talento.
Dedé, Nazareno, Víulle,
e a todo e qualquer momento,
no beréu de dona Helena,
numa conversinha amena,
Piaba, Olavo e Nascimento.
Se as radiolas de ficha,
deixarem de funcionar,
doutor, com toda certeza,
o senhor vai se tornar,
digo, nos versos que faço:
O coveiro de um pedaço,
da cultura potiguar...
Natal, 27 de novembro de 2002
Bob Motta
Mulher (ontem e hoje) é tudo igual
Foi a primeira e última vez que minha mãe me arrastou a um salão de beleza.
Eu, ainda menino-buxudo, muito a contra-gosto acompanhei minha mãe a uma dessas sessões de tortura, digo, beleza.
Ao entrarmos no salão o cheiro forte dos produtos químicos capilares misturado aos aromáticos dos esmaltes adentravam às narinas como uma colherada das grandes de Emulsão Scott garganta abaixo.
Além do cheiro, o barulho daqueles secadores de cabelos enormes que pareciam tubarões engolindo as cabeças das clientes, faziam com que as conversas se processassem num tom altíssimo num verdadeiro contraste ao leve burburinho do salão de barbeiro de Seu Xico.
E foi nesse clima aromático-barulhento que minha mãe ouvia da colega ao lado, enquanto esperavam a vez de serem engolidas pelos secadores, que ela, Dona Luzia, tinha comprado um pequeno sítio em Parnamirim com um belo de um bananal de bananas-anãs (ou banana-nanica, para outros) que apesar de serem pés pequenos as bananas eram enormes. Enquanto falava, Dona Luzia fazia gestos mostrando o tamanho dos pés de banana e, afastando as mãos, mostrava quão grandes eram as bananas colhidas.
D. Luzia nem chegou ao fim da conversa quando a senhora que estava com o tubarão barulhento na cabeça próximo a ela, levantou o secador e prontamente perguntou:
- Dá pra senhora me dar o endereço ou o telefone desse baixinho?
Tadeu Neri
Uma viagem no tempo
Os limites da cidade iam até a Avenida 15 (Bernardo Vieira), onde havia um posto fiscal, chamado Corrente, que fiscalizava saídas, entradas e bandeiras. A pista de asfalto, construída pelos americanos durante a Segunda Guerra Mundial, serpenteava entre dunas, silêncios e verdes até Parnamirim. Os outros limites, a leste e oeste, tinham mais esplendor: o rio Potengi e o mar de águas mornas.
Nas marés altas, os botos vinham brincar de esconde-esconde nas águas do Potengi. Nas marés cheias de medo, diziam alguns, os cações faziam expedições, furiosos, famintos, cortando as águas com a lâmina de suas barbatanas. Os meninos pescavam morés, pulavam da Pedra da Chapuleta ou desafiavam os cações, fazendo torneios de cangapés no meio do rio.
O mar era um latifúndio azul-turquesa ao alcance de todos. Perto da Fortaleza dos Reis Magos, estrela dos lusíadas, pétrea sentinela, havia o Poço do Dentão, com suas grutas, seus mistérios, sua inexplicável profundidade à beira-mar. Itamar, que depois seria personagem de romance, jurava de pé junto: numa das grutas do poço, havia um tesouro escondido pelo pirata Rifault. Todos os dias, os meninos pobres mergulhavam à procura da arca cheia de ouro e pedras preciosas. Viviam desse sonho.
Perto da Rua da Estrela, morava uma viúva sem filhos, jovem e bonita. Não saía de casa, não cumprimentava ninguém, não devolvia a bola que caía nos seus domínios. Numa tarde, os meninos olhavam pelas brechas do portão, em busca de mais uma bola perdida, quando surgiu um daqueles alumbramentos de que fala Manuel Bandeira. A viúva brincava com seu cachorrinho, dançando e levantando a saia para o animal, que corria à sua volta. As coxas eram roliças e a calcinha, ai!, era de cor clara. Naquele dia, houve jogos olímpicos em homenagem a Onan.
Nas matinês do Rex, nossos sonhos cavalgavam na garupa do cavalo do Zorro. Ajudávamos o herói a esmurrar o vilão e também queríamos beijar a mocinha, mas isso o valente amigo de máscara negra não permitia. Tão difícil quanto beijar a namorada do herói dos seriados era beijar a namorada de verdade. O namoro tinha suas regras rígidas: com duas semanas, ela permitia pegar na mão; com três semanas, um beijo no rosto; com um mês, um beijinho na boca, mas nada de prospecções de língua. A mocinha que permitisse mais do que o estabelecido corria o risco de ficar falada.
Bons tempos, mesmo com essas restrições. As ruas descalças, o rio, o mar, os vastos espaços nos levavam a descobertas, aventuras, saudáveis estripulias. Desde cedo, os meninos aprendiam a desafiar perigos. Havia mendigos valentões, que odiavam os seus apelidos e poderiam ferir gravemente um daqueles pirralhos com uma pedrada certeira ou um murro no pé do ouvido. Mas nenhum mendigo podia passar perto da turma, sem ouvir o seu apelido gritado em coro. Caju Azedo era o mais afobado, o mais desaforado. Aos gritos de “Caju Azedo! Cadê a castanha?”, ele dizia que as nossas mães, coitadas, guardavam a castanha num lugar muito reservado lá delas... Ah, Natal da minha infância, gaveta cheia de sonhos, território das minhas grandes amizades.
Nei Leandro de Castro
O SONHO DO POETA
(o REPOUSO DO GUERREIRO)
Alexandro Gurgel
"O pior é que adormeci com Khrystal e acordei com Elino."
Dunga, depois do flagra.
No romper da madrugada
sonhava um sonho bonito
Com a careca iluminada
pelas luzes do sucesso,
Dunga dormiu, fez ingresso
no romper da madrugada !
- Sonhava com a doce amada,
sonhava com o Infinito ?
- Sonhava, sim, acredito,
com seu pai, Zé Alexandre !
- Sonhava, pois, sonho grande,
sonhava um sonho bonito... !
Laélio
No romper da madrugada
sonhava um sonho bonito
O Centro, o Beco, mais nada.
Pinta no espaço o poeta
sua tela mais concreta
no romper da madrugada !
Multisonora e animada,
Frevo, Forró e Cabrito,
à meia-noite, o apito,
brinde de Schin com Skol
e embriagado de Sol
sonhava um sonho bonito... !
Antoniel Campos
M O T E
NO ROMPER DA MADRUGADA
SONHAVA UM SONHO BONITO
G L O S A S
1. Com a carcaça arriada,
em pleno Beco da Lama,
fez do meio fio, cama,
AO ROMPER DA MADRUGADA.
Dois mil e seis, na entrada,
exagerou-lhe o agito.
Nosso Dunga, só o pito,
em sonho, era visitado,
e com seu pai, abraçado,
SONHAVA UM SONHO BONITO...
2. Dunga, acredito eu,
sonhou e aqui eu digo,
com seu pai, seu mestre e amigo,
amparado por Morfeu.
No domingo, amanheceu,
agarrado com Cabrito;
cujo bafo de priquito,
o fez dar u'a suspirada,
NO ROMPER DA MADRUGADA,
SONHAVA UM SONHO BONITO...
Bob Motta
Laélio, Bob Motta, Antoniel....
voces são MARAVILHOSOS....
nada melhor para aquecer meus dias, e, para o Guerreiro, DUNGA, muita alegria.
Beijos em todos,
Dália
Laélio,
lindo, muito lindo. Tás mudando de estilo ou foi escorrego momentâneo?
Foi porrão, visse?
Cláudio Galvão
Prezado Laélio:
Foto super legal! Ela retrata o "guerreiro" após lutar batalhas inglórias pela
revitalização do nosso centro histórico de natal.
Mas, tal qual Dom Quixote, não vamos desistir dos moinhos de vento.
Um feliz 2006 para você.
Daliana Cascudo
Caríssimo Dunga,
gostei das fotos sobre o I Revéillon
do Centro Histórico de Natal. Não ligue para as
gozações quanto à soneca. Cerveja e cansaço acaba
nisso.
Grande abraço do
Walcy
SONETO APÓS O BANHO
Te imagino perfumada e bem fresquinha,
num vestido solto e longo, após o banho.
Me coloco a imaginar e não me acanho,
que estejas sem soutian e sem calcinha.
Te agarro na porta da cozinha,
delicio-me a amassar teus seios fartos.
Passo a mão nos morros gêmeos dos teus quartos,
te fazendo arrepiar, minha rainha.
Teu vestido, arranco eu, de amor, sedento;
com a visão de tão belo monumento,
para o alto, jogo todo meu pudor.
Minha boca te beija de cima a baixo;
e ao sentir teu gôzo, rápido, me encaixo,
ansioso, em teu manancial de amor...
Bob Motta
Última flor do lácio, inculta e bela...
“Desesperadamente eu canto em português”
Belchior
Última flor do lácio inculta e bela, És a um tempo, esplendor e sepultura! O verso mais conhecido do soneto “Língua Portuguesa” de Olavo Bilac é uma das mais apaixonadas declarações de amor ao idioma e tem muitos devotos, entre os quais este escrevinhador. Nunca fui exatamente fã do parnasianismo algo esnobe de Bilac, mas esta poesia particularmente sempre me tocou. Talvez pelo amor quase obsessivo que tenho pela língua portuguesa, tantas vezes maltratada.
Recordar os versos de Bilac me fez, portanto, refletir sobre como cuidados de nossa língua pátria. Que o brasileiro não é dos mais cuidadosos com o falar e o escrever, é notório. Contudo, percebo, com certa angústia, que a Internet vem contribuindo para com o maltrato da língua portuguesa. Explico: a necessidade de escrever rapidamente e a falta de necessidade de ser formal em mensagens na rede estão fazendo que criemos uma outra língua na web, como dizem. Uns dizem que isto é besteira, que não fazemos senão ampliar o velho método de escrever mensagens e recados caseiros em linguagem sintética, quase cifrada. Será mesmo? Alguém que passa metade do dia trabalhando à frente de um computador conseguirá desligar o mecanismo de linguagem “internética” ao desligar a CPU? Um adolescente consegue com facilidade passar da linguagem reduzida da rede para produzir uma redação formal?
Faço deste texto, portanto, um apelo: que nós, amantes da língua portuguesa, não deixemos a linguagem descuidada prevalecer sobre o português claro e correto. Não se trata de entender o que a outra pessoa quer dizer, mas de ter o prazer de escrever corretamente, ainda que isso demande mais tempo. Não desejo posar de vestal do templo e jurar por Camões que escrevo sempre você em lugar de “vc” ou “beijos” em vez de “bjs. Claro que ganhamos tempo (que é dinheiro, dizem) com a redução das palavras. Claro que a língua também é construída com esta redução, como é o caso de “você”, que se origina do formal “vossa mercê”. Mas também estamos contribuindo para criar uma outra língua sem ter garantia que o português oficial continuará sendo escrito e falado corretamente fora do mundinho do computador. Além disso, damos aos mais jovens, que já começaram a escrever no computador, um péssimo exemplo. Reduzir uma ou outra palavra não mata ninguém (nem a língua), é claro. Mas podemos ler frases assim na rede: “aki ta otm, tô (: hehehe. Vms p/ balada + tarde? Vai ser D+ Rsrsrs. bjs”. O pior é saber que quem escreve assim são justamente jovens das classes alta e média, pré-universitários ou já no terceiro grau, ou seja, nosso futuros advogados, professores, médicos e engenheiros. Florbela, Quintana e Manuel Bandeira devem estar se revirando em seus túmulos.
Cefas Carvalho