"Perder é parte do jogo democrático: o PT e Lula podem voltar em 2010 ou 2014."
Ex-ministro José Dirceu
"Lula será mesmo candidato a um novo mandato? Há duas semanas, por exemplo, ele surpreendeu um amigo com o convite para fazerem juntos uma longa viagem pelo interior da Espanha no início do próximo ano."
Ricardo Noblat
"Não interessa se foi a, b, ou c. Todo episódio foi uma facada nas minhas costas."
Luiz Inácio Lula da Silva
"A política nacional começa 2006 sangrando."
Eliane Cantanhede, FSP
Alexandro Gurgel
Esquina 16
escrever.
tal assim eventual leitor. eu que tenho o mundo à volta. e tu não sabes do meu mundo. no momento é aquele em que gloria geinor canta: i will survive. tipo: eu vou sobreviver. me corrijam. nenhum mais. esse é o que me circunda. poucas coisas ao derredor. paredes e livros. palavras. marize e márcia na estante e mais ninguém. . o reveião do centro histórico à espreita, escutando a conversa. eu vou sobreviver. chl, à pajé, sacaneando o ar então puro, haja fumaça. gls rabiscando umas raparigas num bar. plin confuso (redundância...). eu vou sobreviver. gosto de sentir a minha pele à flor. eu vi o cardápio do salão de dácio galvão. (haja ão). mas eu vi. de primeira. coisa bonita ali. panelas ali. "obívio". marcelo help reclamava: pô, mas como si puede comparar un salón con fotografias, instalaciones, cuadros? ele tem razão. e eu vou sobreviver.falamos hoje de e sobre dunga, esse fdp que teima em sonhar o centro nunca mais redivivo. mas ele sonha. eu me lembro de uma segunda feira de carnaval: ele, mais ninguém, e a bandinha de frevo. é um fdp. ele e eu amamos as cocadas. amamos os cantões onde nunca estivemos. amamos a tatajubeira - o 1º crime ecológico da urbe, amamos o caminho de beber por onde nunca fomos nos dessendentar. moramos na rua da palha, na rua do fogo, na rua dos tocos, na rua nova, na rua direita, na rua do meio, na cacimba, no beco do erário, na limpa, no cova da onça, no natal club, nos trilhos desde alexandrino de alencar até às praias de veraneio: areia preta. a gente mora onde a gente pensa. a gente tem medo do fogo batatão. a gente atiça e apazigúa xarias and canguleiros. porque a gente vai sobreviver. adoro quando a minha pele está à flor da.queria ter conhecido poti e jaguarari e pero mendes de gouveia. gente boa. sobreviveram quando não havia registros para dizer que sobreviveriam. e eu, que tenho, pergunto: eu vou sobreviver?
Antoniel Campos
Vingt-Un no Álbum da Memória
Desde muito cedo me acostumei a ouvir, nas melhores rodas, entre os mais autorizados formadores de opinião, o nome sonoro, de origem francesa: Vingt-Un. Minhas aulas na Aliança Francesa de Natal já me davam o simples sentido da tradução. Era o vigésimo primeiro. A família certamente era enorme. No entanto, somente passei a ter noção de que colossal era a figura mesma do homem que se chamava em francês, quando estabeleci meus primeiros contatos com a cultura de Mossoró e com a obra imensa que aquele homem construía com suas mãos abençoadas. A Coleção Mossoroense, as pesquisas paleontológicas, a construção do saber em escolas e, hoje, em Universidade, frutos e mais frutos de seu incansável labor.
Partiu, então, Vingt-Un. Partiu-se um coração ao sol posto de Mossoró e do Rio Grande do Norte. Sua importância atravessou todos os rincões, estradas, veredas deste Estado. Foi longe, nos longes do Brasil. Vingt-Un representou para todos o maior sinal de paixão pela sua terra, pelos seus conterrâneos, pela sua obra e batalha na vida cultural. Foi e será sempre um exemplo de que o coração pode parar de bater, mas o amor se perpetua nas pessoas e nos objetos amados.
Vingt-Un amava a humanidade, e, por amar a humanidade, amava as exemplares obras do gênio humano. Vingt-Un amava os livros.
Certa feita, nos poucos e recentes, porém inesquecíveis e frutíferos, encontros que tive com o Mestre Vingt-Un Rosado, ele chegou a me dizer: – Eu não sou um escritor. Sou um organizador de títulos. Organizei, mais ou menos, uns seiscentos e cinqüenta livros e folhetos. A minha impressão imediata era a de que ele estava sendo irônico quanto à primeira parte da assertiva. Ora, como não era escritor o homem que escrevera parte imensa da cultura de Mossoró e do RN? Como não era escritor o homem que amava as folhas dos livros e pouca importância dava ao papel moeda na sua vida apaixonada? Como não era escritor o homem que punha seu suor e seu sangue no bico da pena que preencheu tantas páginas?
Vingt-Un, na verdade não estava sendo irônico, até mesmo porque não era dado a temperar sua inteligência com a pouca gentileza dos pedantes. Na verdade, o que fazia o mestre era erguer a humanidade além do homem. A cultura além do cultor. Vingt-Un era uma espécie de Atlas a erguer o mundo da cultura sobre os ombros. Vingt-Un não cabia num livro, pois era uma enciclopédia, a maior do seu país de Mossoró e do nosso mundo. Tudo isto vi, presenciei, privei, nos poucos instantes que com ele estive. Enorme gentileza. Figura paternal e poética. Quanta saudade teremos todos? Quanta falta fará à família, à família da cultura mossoroense, potiguar? Quantos Vingt-Un no século que ainda está nos seus primórdios? Tão avançado era que, no século vinte, já era “vinte-e-um”. No século novo é um só. Aquele que nos deixa, deixando como legado o que um bom pai deixa aos seus filhos: os livros, o saber, a cultura, a educação e o amor.
Agora, vendo o meu álbum em que guardo como preciosidade uma foto ao lado do mestre, vem-me a vontade de falar, falar bem alto para o seu ouvido sensível: Guia-nos, Vingt-Un, imortal que tu és, no caminho da sabedoria e da cultura nesta terra! Faz-nos um caminho para o céu a partir de tua montanha de livros! Naquilo que tu dizias ser prioridade, Mossoró, Rio Grande do Norte, Brasil e Mundo, põe tua mão leve e terna! Abençoa-nos, Vingt-Un!
Lívio Oliveira