sexta-feira, junho 20, 2008

BEM MAIS QUE

Marcus Ottoni



POR UM PONTO DE CULTURA PARA A SOCIEDADE ARARUNA DE DANÇAS ANTIGAS E SEMI-DESAPARECIDAS

Foto: Hugo Macedo
Seu Cornélio Campina - 100 anos
1908 - 2008




De início, fim
Antoniel Campos

Se é no fim ou no início,
faço, de início, ser fim;
e nesse fim quero início,
só pra fazer outro fim.
Dá-me prazer cada fim,
bem mais que qualquer início.
Sou assim desde o início,
pois desde o início sou fim.
Só sou dúvida no início,
sou só certeza no fim.



LINHA DO TEMPO
Carlos Gurgel

assim como um assum
preto eu vou
por entre fornalhas
porcarias
lixeiros
e escarros
por entre monte de bostas
de anarquias fuziladas
por entre pestes
postes apagados
e o meu folhetim
que cobre o meu corpo nú
vou
que ainda me volto
como um assum
um assim
assado
bem passado
cozido
tão mal estado
de tão pouca ambrosia
que de mim pariu
assanho
tão tamanho
de uma obra de fezes
feixes de merda
um tornado de nada
um espécie
troglodita assum preto prestou
restou como do passado que cinge
que me parte
e que me espatifo entre poucos
e traidos mestres
que do chão que habito
só me restou descartes.


Deus e o Diabo
Cláudia Magalhães


Quero deixar bem claro que não estou aqui em busca de compaixão. A minha única intenção é a de compartilhar a minha história com o maior número possível de pessoas, já que, a qualquer momento a vida poderá me cuspir, e sempre que falo sobre o assunto em questão, sinto um grande alívio na alma.

Alguns de vocês podem ficar horrorizados, outros, talvez, admitam para si, que já cometeram algo do gênero em pensamento, e um ou outro, o tenha realizado com a mesma intensidade e o ache bastante natural.

Eu me chamo Carlos. Sempre fui amável, bem-humorado e comunicativo. Uma excelente companhia na roda de amigos. Tive inúmeras namoradas e com todas o relacionamento foi bastante equilibrado. Até que conheci, aos 35 anos, Helena. Aos 34 anos, ela era bela, inteligente e tinha um humor como poucos. Fui tomado por um sentimento monstruoso, forte, que me deixava insuportavelmente feliz. Não demorou para nos casarmos.

No início, tudo tranqüilo, mas com o passar dos meses fui ficando cada vez mais inseguro, com fortes crises de ciúmes. Passei a beber compulsivamente. Sentia um ciúme especial por Marcos, um amigo em comum, e que sempre estava presente na roda de amigos. Ele era um empresário bem sucedido, metido a galã, boa conversa. Todas as pessoas o admiravam, inclusive Helena. No bar, ele fazia questão de sentar ao lado dela. Como isso me irritava! E os olhares? Ah... Os olhares que eles trocavam cúmplices, cheios de desejo.

O ódio que passei a sentir por ele, é difícil de descrever. Quando nos encontrávamos, o meu corpo era tomado por um pavor que me causava espanto. Tentei, juro que tentei, reverter essa situação, me aproximando mais dele. Mas quanto mais agradável e amigo ele era, mais ameaçador ele se tornava para mim. Entrei no inferno. Pensava, em Carlos e Helena se amando, o dia inteiro. Até que, numa terça-feira, não suportando mais essa situação, saí mais cedo do trabalho. Fui direto para o bar. Para minha surpresa, lá estava ele, o meu rival, sozinho numa mesa lendo o jornal do dia. Maldito!

O meu corpo todo tremeu, Não sabia se estava com boa ou má sorte. Demônio! Entrou em minha vida pra tentar destruir o meu amor e estava lá, tranqüilo, sereno. Ele sorriu na minha direção. Um sorriso largo, amigo. Canalha! Ele nunca pareceu tão demoníaco quanto nesse momento. Não havia mais ninguém conhecido no bar. Era a minha grande oportunidade. Desliguei o telefone e fui em sua direção. Nunca fui tão agradável, tão simpático como naquele dia. Conversamos sobre futebol, livros, filmes... Enquanto isso, um filme, em especial, ia passando na minha cabeça, onde ele e Helena eram os protagonistas. Filho do cão! Fingindo ser meu amigo com um único objetivo: seduzir Helena, a minha doce Helena!

Entrei no jogo pra vencer. Ele só sai daqui embriagado, pensei. Dito e feito. Paguei a conta. Disfarçadamente, peguei uma das facas que serviu para cortar o tira-gosto e coloquei dentro do meu casaco. Era pequena, porém pontuda e muito afiada. Serviria para o meu intento. Saímos do bar abraçados. Vou levar você em casa e de lá eu pego um táxi. Onde está o seu carro, perguntei. Está na rua ao lado, respondeu, me entregando a chave. Era uma rua perfeita, deserta. Entramos no carro. Fechei a porta. Carlos, embriagado, logo adormeceu no banco do passageiro com a cabeça encostada no vidro, deixando o lado esquerdo do pescoço completamente exposto. Me senti Deus naquele momento, ou o Diabo, se preferirem. Qual é mesmo a diferença de um para o outro? Não importa.

Eu transpirava muito. Pensei em Helena, meu grande amor... Ela era inocente, eu conhecia bem o seu caráter, era somente uma vítima daquele canalha! Estava decidido. Peguei a faca e mirei na jugular. Quando desferi o golpe, ele se mexeu, acertando no seu ombro. Ele acordou assustado. Olhou pra mim com aqueles malditos olhos do inferno. O meu sangue fervia. Estava possesso e deixei os meus instintos me guiarem. Desferi vários golpes, na barriga, no rosto, na perna... Eu sentia prazer enquanto ele gemia de dor.

Sinto-me constrangido ao dizer isso, mas não é esse alternar de estado de espírito dos homens, onde uns têm que chorar para que outros possam sorrir, que sustenta a vida? Sim, eu sentia um enorme prazer ao ver o seu espírito se contorcendo, lutando contra a morte. Até que, finalmente, puxei a cabeça dele para trás e desferi o golpe fatal. Pronto. Estava tudo acabado.

Estou preso há dois anos. Fui condenado pelo assassinato de um homem que todos consideravam bom, um santo... Ele foi o culpado! Ele estava infernizando a minha vida! Eu não tinha saída. Se algum de nós é Deus ou o Diabo, pouco importa, os dois gostam muito de sangue...

Desde aquele dia, nunca mais vi Helena... A minha doce Helena... Matei um homem pensando em começar uma vida nova ao lado do meu grande amor. Mas, desde aquela noite, o Sol se recusa a nascer.



Eu, referenciador da mentira
Eduardo Alexandre

E surge o terceiro candidato. Também da base aliada do governo Lula, do governo Wilma: Wóber, para disputar com Fátima e Micarla quem da base aliada vai governar Natal.

Outros candidatos nem parecem existir. O PSOL não terá candidato? Nem o PSTU?
Joanilson é candidato? Miguel Mossoró é candidato?

Nas páginas, o importante agora é saber para onde vão João Maia e Robinson Faria. E tem gente esperando gestos.

E a sucessão na Intendência jerimum parece não cativar a população, como se existisse um vácuo de candidatos.

Os apresentados pelas cúpulas partidárias não agradaram aos eleitores. Os eleitores, sem chamarem a si o comando de fato do jogo político, referendam a mentira republicana.

No dia aprazado, vamos estar lá nas urnas, referendando a “democracia” que vivemos.

Que democracia é esta? É a democracia do mando do capital. Manda o poder do dinheiro que erige o poder.

Hoje, como ontem, mas em mais larga escala de desmedimento, o voto é vilipendiado, o líder é peça de uso, parlamentares, executivos, resultados jurídicos, partidos são comprados.

É a democracia dos interesses grupais subordinados a altos interesses financeiros, que a tudo e a todos controla e compra, domina.Eu, cá, elemento bobo, acredito que o meu voto é sagrado. Que a democracia existe... um dia virá!

por Alma do Beco | 8:34 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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