segunda-feira, janeiro 21, 2008

DEVIDA HOMENAGEM

Marcus Ottoni

"O secretário Adelmaro é uma pessoa séria, entende de saúde pública, agora é necessário que ele seja o comandante do processo, inclusive passando por cima do próprio partido dele porque ele tem que administrar com base nas normas do Ministério da Saúde e do governo do estado."
Wilma de Faria


Mercado Público da Avenida Rio Branco


Volta ao Beco

Edgar Allan Pôla


A coisa mais difícil do mundo é chegar uma carta no Sítio Praladetrombas, onde me refugiei para tratar uma cirrose insistente, herança de quando eu vivia tomando umas num beco famoso aqui da capital, mais um tal de Rocas Quintas, outro alcunhado de Cabrito e uma mulher formosa, apesar de parecer já meio cansada de tanta carraspana vida afora, conhecida por Neuza da Transflor. Imagine um telegrama!

Pois imagine um carteiro com cara de Helmut Cândido montado no lombo de um jumento, papel na mão, anunciando novidades naquele fim de mundo:

- Telegrama pro senhor La Pôu!

Duvidei, mas confirmei:

- É comigo mesmo.

Assinei a contraprova, devolvi-a ao carteiro ainda no seu jumento, e fui ver que novidade estava a mim reservada.

Não é que Raminho, aquele menino da cabeça bem pequenininha do Sebo Balalaika, estava querendo que eu fosse a Natal, para o relançamento do jornalzinho que leva o nome do sebo? Mais: queria que eu escrevesse um texto para o acontecimento e, surpresa maior, bancava a viagem, pagava cachê e eu ainda teria uma semana inteira hospedado no Hotel Sol!

Pensei na cirrose, mas não hesitei: depois de cinco anos sem ver a cara de certas pessoas, bem que eu merecia matar algumas saudades. Eu só pensava chegar à Rua Heitor Carrilho, descer o elevador do hotel, e me deparar com Fátima, a afável mulher de Aluízio. Depois dos coices, ir ao bar de Pedrinho, perguntar pelos babados novos e me mandar beco abaixo, a procura de Mainha, Dona Odete, o Rato e toda aquela trupe do bar do Nasi.

Logo ao chegar, vi que as coisas estavam diferentes. O bar de Aluízio já não era mais ali, na esquina da Gonçalves Ledo. Procurei o Sebo de Ramos em frente ao bar de Pedrinho, e o Sebo já não estava mais ali nem o bar era mais o Abech Pub, mais um tal de Bardalo’s Comida e Arte.

Entrei para comer uma arte e beber uma conversa, e fui logo avisado: o turco agora era gente decente, administrador da Fortaleza dos Reis Magos, Patrimônio da Humanidade. Quem me contou a novidade foi um tal de Serrão Jorge, que me falou da morte de Mainha em frente à Odete, agora aposentada, e que o Rato, eu esquecesse, pois havia sido assassinado em pleno Beco da Lama, à luz do dia.

O relato do Jorge Serrão, que eu conhecera, naquele mesmo espaço, ainda boy, ainda não metido nem a pintor nem a cronista, deixou-me meio engasturado. Resolvi, então, pegar o Beco e ver as demais novidades, que havia de ter, era certo!

Fui direto para o Bar do Nasi, que eu soubera havia morrido, mas que o bar continuava a receber clientes. Não encontrei mais o Bar do Nasi, mas o Bar da Meladinha. Aquilo, para mim, foi o cúmulo, a senhora das decepções! Tá certo que Bar da Meladinha faz jus ao produto que serve, mas, e a memória de quem o imortalizou no Beco, Nasi, não mereceria uma referência sequer que o lembrasse?

Voltei ao hotel, e eis a crônica que prometi a Raminho: o Beco não é o Beco sem uma devida homenagem a Nasi.

por Alma do Beco | 2:25 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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