terça-feira, janeiro 01, 2008

NOVA CHANCE

Marcus Ottoni

“As intensas operações realizadas na zona (em que os reféns seriam entregues) nos impedem entregar, como era nosso desejo, os reféns. Insistir seria arriscar a vida das pessoas e dos guerrilheiros.”

Comunicado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC - lido pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, por telefone, no canal de televisão estatal da Venezuela.


Danielle Cristine
Ano Novo

A recriação do Mundo

Mesmo as culturas e os povos considerados mais primitivos na maneira de pensar; mesmo os mais tecnologicamente atrasados dos povos; mesmo os bandos mais longínquos no tempo; mesmo os grupos humanos mais arcaicos, quer estivessem eles em qualquer latitude deste globo terrestre, todos, sem exceção, entendiam que a natureza e a vida são cíclicas, obedecendo, ad perpetuam, a ritmos e espaços temporais que se desgastam, terminam e voltam a ser, recomeçando interminavelmente, ciclos eternizados.

Não existiu sociedade humana, por simples que tenha sido, que não possuísse o sentido da passagem inexorável do tempo, da duração efêmera das coisas materiais, da exigüidade da existência dos seres vivos.

É desta sensação de brevidade, da incompreensão desta subitaneidade, da imprevisibilidade da vida biológica, que nasceu a ansiedade da raça humana no confronto cotidiano gerado pelas suas ações e comportamentos. Esta ansiedade se acumula e se potencializa com o correr do tempo, e vai jogando o ser humano em uma torrente inescapável, que se torna cada vez mais pesada e cansativa, com o amontoado de medos, sustos, tristezas e fracassos que pejam o seu cotidiano.

Não há como recuar, nem compensar, pois, se algo agradável acontece, é sempre misturado ao que de ruim já aconteceu. A média, portanto, tende sempre para a diminuição do que é positivo. Afinal, são as tragédias que deixam marcas quase que indeléveis. São elas, ou melhor, o medo de que elas venham a acontecer, que geram a ansiedade e a sensação de insegurança no viver.

Portanto, mesmo fatos bons serão ‘amortecidos’ pelos fatos ruins que lhes foram anteriores. Isto quer dizer que, uma vez acontecido algo negativo, a vida do homem jamais voltaria a ter harmonia e ele jamais voltaria a ser feliz. Tudo teria ficado contaminado pelo acontecimento negativo.

O ser humano, no entanto, sempre possuiu a capacidade de criar meios para enfrentar os desafios do viver. É daí - precisamente da necessidade de romper com as vicissitudes que se perpetuariam -, que o homem entendeu a simbologia do tempo cíclico, a concepção do ‘eterno retorno’, no dizer de Mircea Eliade, um dos grandes estudiosos do tema. Toda a criação, porque advinda da divindade – seja ela qual for, pois o principal atributo da Divindade é o poder de criar - é perfeita, sem jaça ou defeito congênito. O Tempo Primordial, o tempo original, onde tudo inicia, onde tudo tem origem, é hígido, são, impoluto, sem pecados. Assim, sem culpas.

O tempo cíclico – como a vida, também cíclica – envelhece, se contamina no seu dinamismo, na sua senda. Enfim, se gasta com o uso, adoece e, então, fenece e morre. Mas sofre uma morte-ressurreição, pois reaparece – rejuvenescido – no mesmo tempo em que desaparece. Na realidade, o mundo, junto ao tempo, é re-fundado, é recriado, para reiniciar novamente – sem máculas nem falhas – um novo ciclo de tempo, um novo ano.

É nessa nova fundação do mundo que se estabelece e atua a força de viver do ser humano, pois é através desse entendimento simbólico do tempo, que ele se aproxima e convive com a criação, com o poder de criar, o que é, como vimos, atributo das divindades maiores. Tudo sendo renovado, as culpas são aliviadas, as tristezas aplacadas, os medos postos de lado e a esperança retomada. Afinal, eis que temos nova chance de iniciarmos – justos e perfeitos – mais uma vez.

Feliz Ano Novo


Walner Barros Spencer

Ilustração: Valderedo Nunes

por Alma do Beco | 9:05 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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