segunda-feira, junho 16, 2008

BOB MOTTA

Marcus Ottoni



"O gesto agora cabe a quem venceu."

Rogério Marinho

Foto: Karl leite





QUERO MEU SERTÃO DE VORTA!...
Literatura de Cordel
Autor: Bob Motta

NATAL-RN
2 0 0 8

Oi, amigo (a) leitor (a):
Esse quase que diria mini-cordel, é baseado no texto escrito pelo jornalista, cineasta, sertanejo de Serra Talhada-PE, terra do meu amigo e parceiro Assisão, Anselmo Alves. Foi divulgado no grupo aldeiapoti@yahoogrupos.com.br. Caso alguém saiba o e-mail desse parceiro que ainda não tenho a felicidade de conhecer, por gentileza passe para mim, que ficarei imensamente grato.


Amada Mãe Natureza,
é cum imensa tristeza,
qui eu cheguei à cuncrusão;
qui êsses tempo muderno,
tá transfóimando num inferno,
o meu amado sertão.

Anselmo Alves tem razão,
tá havendo discunstrução,
da curtura sertaneja.
Vô cum êle, me ajuntá,
qui é prumode nóis lutá,
e vencê essa peleja.

A tá tequinologia,
já entrô no dia a dia,
do irmãozíin sertanejo.
E ais nossas tradição,
eu percuro, mais in vão;
e ais nossas raiz, num vejo.

Forró muderno, na marra,
cum bateria e guitarra,
pru mode uis povo dançá.
A tá grobalização,
tá matando, meu irmão;
a curtura populá.

Ais musga qui a gente iscuta,
fala in rapariga e puta ,
in cachaça e cabaré.
Isso qui uis pôvo cunsome,
vai imbrutecendo uis hôme,,
e distratando ais muié.

E toda essa indecênça,
é feita c’á cunivênça,
dais Prefeitura, dotô.
O sinhô pode apostá,
qui já existe inté “jabá”,
nais rádio do interiô.

Ais campanha do Gunvêrno,
se incronta cum o disgunvêrno,
é difíce se lutá.
Pruquê nais praça, meu irmão,
só se passa p’ro povão,
bebê, caí e se alevantá.

Ais muié tem hoje in dia,
munto mais delegacia,
porém, véve tudo a êrmo.
Pôcas iscuta poesia,
só musga de putaria,
qui distrata a elas mêrmo.

Meu Deus, isso me revorta;
QUERO MEU SERTÃO DE VORTA,
do jeito de antigamente.
Quando ais Festa de São João,
preséivava ais tradição,
e ais raiz da nossa gente.

Quando ais cabôca facêra,
nais Festa de Padruêra,
ficava tudo infeitada;
cum uis lindo laço de fita,
cum uis seus vistido de xita,
ô suais saia rodada.

C’á sua bôca incarnada,
surrindo p’ro camarada,
ô fugindo do irmão.
Cum seu oiá cativante,
e cum o brio mais briante,
machucando uis coração.

A muié, p’ro trovadô,
merece caríin e amô,
é sua musa adorada.
Prá mim é munto querida;
merece casa e cumida,
e tombém, rôpa lavada.

Ela é prá sê respeitada,
in verso e prosa, isartada,
mêrmo quando acende o facho.
Mêrmo no amô iscundido,
do namôro improibido,
lá na bêra do riacho

QUERO MEU SERTÃO DE VORTA,
mode uví cêdíin, na porta,
o canto da sariema.
Cum o anum branco cantando,
cum o bizerríin berrando,
inspirando o meu poema.

Cum o forró de chão batido,
cum o papagái inxirido,
cum o jumento garanhão.
Cum uis matuto numa réca,
feliz jogando suéca,
no aipende do patrão.

Cum uis minino a jogá bola,
c’á professôra da iscola,
cum o bode pai de chiquêro;
cum uma boa panelada,
debaixo de uma latada,
na sombra de um imbuzêro.

Cum o café virge no cáco,
cum o véi chêrando tabaco,
c’ais festa de apartação.
Cum ais cuiêta de mío,
c’áis bêsta e porda no cio,
cum ais póica e cum uis barrão.

Cum o orváio da madrugada,
cum a melancia quebrada,
mêi dia in preno roçado.
Cum o vaquêro aboiadô,
tangendo o reprodutô,
de lá da mata, incorado.

Cum o carro qui vem da fêra,
cum uis tiro de ronquêra,
nais noite de São João.
Cum ais sangria duis açude,
cum a linguage pura e rude,
do matuto meu irmão.

Cum ais apanha de aigodão,
cum ais prosa duis pinhão,
dento duis alojamento.
Cum o carro de boi cantando,
cum o cachorro acumpanhando,
seu canto, quage um lamento.

Mode isso, Papai do Céu,
é qui eu tô, cum meu cordel,
batendo na sua porta.
Por Jesus crucificado,
Te peço, Pai Adorado:
QUERO MEU SERTÃO DE VORTA...

Bob Motta
NATAL-RN
15 DE jUNHO DE 2008

por Alma do Beco | 9:42 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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