Em matéria de O Poti/Diário de Natal
Alexandro Gurgel
Buraco da Catita será inaugurado dia 23
Panteísta
dia chumbo
poeta do sangue e da chuva
zingra mares, pontes e dunas dromedárias
em transumância à Santíssima Rita
passárgada oceânica
atlântida suspensa em rede atlântica
na chuva, plantar
lantanas, nuvens e onze-e-meias
no chão/jardim molhado pelo céu.
e, se todos os deuses e deusas
comungarem
num frame de instante zênite
adentrar em (mais um) arco-íris
reverberando em mim
pó de estrelas em matizes cintilantes.
Plínio Sanderson
Os chorões pedem passagem
Com o jeito meio bossa nova, seguindo o estilo jobiniano de ‘‘um banquinho e um violão’’, foi assim, na informalidade, sem compromissos com regras e fiel apenas ao desejo de praticar a música, que surgiu em 2006, em pleno Beco da Lama (reduto tradicional da boemia natalense), um grupo disposto a tocar o choro, ritmo genuinamente brasileiro. A reunião de instrumentos e vozes começou a atrair curiosos e, através de uma das mais antigas formas de divulgação, o boca a boca, a cada encontro mais e mais pessoas apareciam. Esse é o embrião de mais um espaço cultural, voltado para o fazer musical brasileiro, que será inaugurado em 23 de abril, na Ribeira. Por enquanto o local estampará na fachada o nome ‘‘Buraco do Catita’’ (alcunha provisória).
Os idealizadores são enfáticos ao garantir que não têm qualquer pretensão comercial, o único objetivo é o fazer musical, em especial a divulgação do chorinho. Apesar de ainda não ter sido inaugurado, o espaço, localizado na Rua Câmara Cascudo (atrás do ateliê do artista plástico Flávio Freitas), está funcionando às sexta-feiras, a partir das 19h, para abrigar a roda de choro que era promovida desde 2006 no Beco da Lama. Também não existe qualquer cobrança de ingresso ou taxa para assistir aos ‘‘ensaios’’, por enquanto as despesas estão sendo bancadas pelos próprios músicos, ‘‘nem a cerveja que vendemos a gente tem lucro. Compramos e vendemos pelo mesmo preço. Tudo que temos lá, como freezer e outros objetos foram fruto de doação’’, revela um dos idealizadores do espaço, o músico Camilo Lemos.
Inspiração
O nome do local, que também inspirou o nome do grupo Catita Choro e Gafieira surgido após os encontros no Beco, tem como base o choro Catita, composto por K-Ximbinho, o maior nome do chorinho potiguar. A data escolhida para a inauguração, 23 de abril, é a data de nascimento de Pinxinguinha, o grande compositor do choros do país. Além disso, na mesma data é comemorado o Dia do Chorinho.
A inauguração contará com 14 atrações locais, distribuídas ao longo de três noites. O repertório será composto apenas por chorinhos, entre os convidados estão: Manoca Barreto, o duo Groove & Primata, Diogo Guanabara, Takasax, Jubileu Filho, Beethoven e outros. Na noite do dia 25 a programação será entregue a roda de chorinho. O encerramento das festividades de inauguração será em 26 de março, com uma feijoada, a partir do meio dia, na qual o microfone será comandado por Khrystal cantando apenas sambas.
Além das apresentações musicais haverá três debates sobre música brasileira, que serão comandados pelo produtor musical José Dias e pelos professores Márcio Tassino e Agostinho Jorge de Lima. ‘‘Com isso também faremos uma homenagem a João Juvanklin, um grande compositor de choros, que está com o trabalho esquecido aqui em Natal e ainda compõe’’, lembra Camilo.
Após a inauguração, o grupo que idealizou o espaço pretende estabelecer uma programação fixa para o Buraco da Catita. ‘‘A princípio funcionaremos só na sexta com a roda de choro e no sábado com a feijoada e o samba. Mas depois queremos fazer saraus poéticos às quartas, nas quintas ter apresentações de jazz ou bossa nova’’. Também será reservado um dia para os ensaios da banda regida pelo maestro Neemias Lopes. ‘‘Será um espaço para os músicos se encontrarem, a idéia é ser um ponto aglutinador. Também queremos fazer no local um dia dedicado ao teatro, poesia, literatura. Pretendemos criar uma biblioteca e uma cdteca, mas ainda estamos em fase de experiência. Depois vamos promover alguns eventos e tentar viabilizar patrocínios. Queremos trazer músicos de fora também, mas manteremos as noites de sexta com a entrada gratuita e sem o pagamento de cachê aos músicos’’, revela.
Opinião
‘‘Acho Camilo um louco. Ele está bem intencionado e teve a oportunidade de abrir um bar voltado para a divulgação da música brasileira. Isso é coisa de gente que quer bem a vida. Normalmente as pessoa abrem lugares e não se preocupam em transformar a sociedade, mas nós temos a obrigação de tentar melhorar. É uma iniciativa louvável’’, elogiou o produtor José Dias que na época da inauguração do Buraco da Catita irá comanda um debate sobre a música brasileira a partir de 1900 até os dias atuais.
HAYSSA PACHECO
Da equipe de O Poti
Amado amor
(Para o meu amor maduro)
Leonardo Sodré
Às vezes sonho em me dirigir ao “meu redator”. Mas, nesse caso, estaria escrevendo para mim mesmo, único no silencioso espaço das crônicas. Mas, acho charmoso ter uma direção, um alvo entre o escrevinhador e os leitores, como uma justificativa do pensamento que irá circular sabe Deus por onde. Penso que nessa terra de Poti quem inventou isso foi o saudoso cronista Berilo Wanderley. O jornalista Vicente Serejo faz isso diariamente na sua “Cena Urbana”, com uma maestria impar.
O redator existia para organizar o que os repórteres escreviam nas antigas redações de jornais. E, para alguns repórteres especializados em assuntos polícias, muitos dos quais não escreviam “uma vírgula”, para escrever a notícia que lhe era passada de forma oral. Mas, veja senhor leitor, estamos chegando ao terceiro parágrafo com um assunto totalmente divergente do título. Um redator agoniado com o horário de fechamento do jornal, já estaria de cara amarrada.
Ah! O amor, o amado amor, senhor leitor, tão falado e tão discutido desde que o tempo é tempo e que as noites e os dias se sucedem neste Mundo de contrastes. E quem haverá de defini-lo?
Lembro-me de muitas discussões nesse campo de quando eu era jovem. Muitos esbravejavam dizendo que não havia definição para a palavra e o sentimento “amor”. Outros, no afã dessa descoberta, veja só senhor leitor, se reportavam a uma antiga história que relatava a melhor definição de “saudade”, outro sentimento intensamente discutido. Contavam que uma alta autoridade federal havia perguntado a um matuto numa beira de estrada:
- O senhor pode me dizer o que é saudade?
Para florear o relato diziam que o matuto havia olhado com pena para aquelas homens dentro daquele carro de luxo, com ar-condicionado, cuspido os bagaços de cana que estava chupando encostado ao seu jumento e dito:
- Ora, “saudade” é a vontade de ver de novo...
Dizem que o “Aero-Willys” com placa de Brasília saiu mais rápido do que chegou.
E o amor, senhor leitor, como será que um homem simples como aquele definiria? Existem amores de variados tipos? Quem sabe, um departamento do amor dentro de cada um de nós?
Durante toda vida sentimos o amor. O amor pelos pais, pelas coisas que conquistamos, pelas pessoas que entram em nossas vidas e se instalam tão completamente, que quando saem deixam vazios incômodos que somos incapazes de preencher, embora o mundo nos ofereça inúmeras opções.
E a decepção senhor leitor, quando você maldiz o amor que sentiu, quando se sente traído por ele e o gosto de éter invade a sua boca de tristeza? Por que fui amar? – pensa. O que fazer senhor leitor? Morrer de amor? Quedar-se à solidão no meio de uma multidão que não entende o seu sofrimento e diz: “ora, parta para outra, dê a volta por cima”, enquanto você se espreme diante de todos pensando na música: “Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor...”
Inimaginável em forma, ele, senhor leitor, o amor, é para permanecer sempre conosco. É para ser guardado como bem precioso. É para servir de inspiração. Para ser a bengala que muda a trajetória de um tempo ruim. Para ser vetor do perdão...
O amor não deve ser motivo de vergonha, de arrependimento. O amor é para ser exercido em nome de um recomeço, de uma nova vida, de suporte de mudanças e determinações. O amor, ora senhor leitor, é para ser amado como companheiro e entendido como dom de Deus: O amado amor.
HIPÓCRITA
Natal, anos 60. Vestia um paletó que o tornava muito mais velho que os vinte e poucos anos que tinha. Saía de casa, num dos bolsos, com um velho terço deixado pelo avô. A noite começava a cobrir a cidade e a enfrentar o calor escaldante. Durante o dia, o cidadão que ainda não era pai, mas haveria de ter lindos herdeiros fiéis em Cristo, dava aulas de Educação Moral e Cívica, numa das tradicionais escolas da província.
Defendia os bons costumes, a fé como instrumento de sucesso na vida e a disciplina como rainha da harmonia. Pregava a concórdia, sorria um sorriso sempre igual a cada um dos seus alunos entediados. Corrigia os desatentos, lamentando não acumular então, a disciplina de Educação Religiosa (na época, só o catolicismo), geralmente sob a responsabilidade dos padres de verdade, ele que sonhara com uma batina até a descoberta do nanismo. Na maldita noite do pecado, penitenciara-se com os joelhos dobrados sobre caroços de milho, que quase perfuraram sua ossuda pele de coroinha.
Na Igreja, igualmente ajoelhado, arquejado porque tinha quase 1,80 de altura, construía uma visão gótica sob os anjos, arcanjos, santos e santas da velha catedral. Recitava, calado, salmos, versículos, orações, segurando o terço e penetrando mistérios. Deus estava acima de tudo, há, sim, só ele.
A pé mesmo, chegava à livraria onde era tratado como prodígio, pois já lera, rapazinho, Eça de Queiróz, Machado de Assis, José de Alencar e rejeitara blasfêmias como Marx e Engels. "Dionisíacos!", berrava certo fim de sarau, empolgado com os vinhos servidos e a matreirice dos velhos freqüentadores, quase todos reacionários, conspiradores, alguns remanescentes espiões nazistas.
Naquele dia que a noite acariciou e expulsou o calor e ele caprichara na reza solitária na igreja, não beberia. Havia vestido o terno preto, gravata da mesma cor por cima da camisa branca, porque seria iniciado noutra missão. Os velhotes estranharam quando ele saiu mais cedo do que o habitual horário.
Sorrateiro como um vampiro, na quase-madrugada que colocara os últimos boêmios para dormir, bateu na porta de uma elegante residência à rua próxima. Veio um cidadão formal que o atendeu já sabendo da visita. "Ele o espera". Por não haver espelho, o cristão professor não viu brilhar os seus olhos nem deles desabrochar um sorriso idiota. "O senhor não sabe a alegria e o prazer de estar aqui", derramou-se dobrando a coluna quase a ponto de beijar a mão do senhor sisudo a quem entregou uma lista. "Aqui estão, aqui estão todos, esse é da turma A, esse é da B, esse é da C, agitadores, comunistas. Em nome de Deus, peço-lhe humildemente que cumpra sua missão". E despediu-se, sem ouvir resposta.
Na manhã seguinte, fez um olhar compungido quando vários carros militares pararam em frente ao colégio e homens armados desceram, algemando e prendendo adolescentes. Alguns deles, nunca voltariam. Teatral no movimento de contorcer a cabeça, o jovem cristão fez o sinal da cruz: "Deus os leve". E foi dar sua aula estranhando toda a algazarra jamais vista por ali.
PS. Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com personagens ou fatos terá sido mera coincidência. Mesmo.
Três variações sobre um mesmo tema (solidão)
Cefas Carvalho
1
Clarissa estava na sala, com a TV ligada sem som e ouvindo uma música qualquer no rádio. Tomava um sorvete de flocos e tentava não pensar na solidão. Contudo, jamais se sentira tão solitária na vida, a tal ponto que a solidão parecia circular no apartamento, como um incenso.
O telefone tocou. Clarissa se levantou sobressaltada. Era raro alguém lhe telefonar. Terminara com Marcos havia coisa de um ano, tinha poucos pretendentes, se afastara das amigas e tinha poucos e distantes familiares. Por vezes pensava que seu telefone era um objetivo decorativo da casa, como o elefante indiano de porcelana na estante. De qualquer forma, correu e atendeu o telefone:
- Alô?...
- Juliane?
Pensou em dizer que era engano, que ali não havia nenhuma Juliane. Contudo, hesitou um minuto. Achou a voz masculina ao telefone bastante atraente e sentiu uma inveja quase demente da tal Juliane, fosse ela quem fosse...
- Aqui não tem nenhuma Juliane. Tem eu, Clarissa, serve?
Silêncio do outro lado da linha. Percebeu que o homem hesitara um segundo.
- Desculpe, Clarissa, pensei que era o número de Juliane...
- Não, esse é o meu número, de Clarissa Romão dos Santos, a seu dispor...
- Bem, não queria te atrapalhar...
- Você não me atrapalhou em nada. Eu estava na sala do meu apartamento, sozinha, sem nada para fazer, tomando um sorvete de flocos...
- Nossa, você é sempre assim direta?
- Pelo contrário. Costumo ser tímida e introspectiva, mais do que devia, pelo que dizem meus amigos. Tanto que estou há um ano sem namorado.
- Você não parece do tipo que fica sozinha...
- Eu pareço de que tipo?
- Não quis ofender... você parece ser aquele tipo de mulher decidida, determinada, que fala o que pensa e luta pelo que quer...
- E você parece ser o tipo de homem que não perde a oportunidade de galantear uma mulher, é... como é mesmo seu nome?
- Felipe.
- Pois é, Felipe. Bem, acho melhor você ligar para sua namorada, a Juliane, ela pode estar preocupada...
- Minha namorada? Eu nem a conheço. Apenas tenho que dar um recado para ela ir numa livraria pegar um material... Estou fazendo um favor para amigos...
- Ah, sim...
- Você deve ser uma pessoa bem interessante, Clarissa...
- Isso é uma cantada, Felipe?
- Não. Contada é se eu a convidasse para tomar um chope hoje a noite no Praia Shopping...
- Isso é um convite.
- Com certeza.
- Não sei se devo aceitar... Eu nem te conheço...
- Isso não combina com você. Nos encontramos hoje às nove na praça de alimentação do Praia Shopping, ok? Vai ter um, show de Isaque Galvão, vai ser bem legal. Depois eu te deixo em casa. Não aceito um não como resposta.
- Eu... Está certo. Às nove estarei lá.
- Se você furar comigo ligarei para seu número amanhã...
- Pode deixar que eu vou.
- Acredito em você Clarissa. Um beijo e até às nove.
- Um beijo, tchau.
Clarissa desligou o telefone e lentamente caminhou para a sala. Terminou o sorvete, desligou a TV e o som e correu para o guarda roupa para ver se aquele vestido preto que as amigas diziam que realçava seu busto estava limpo...
2
Clarissa estava na sala, com a TV ligada sem som e ouvindo uma música qualquer no rádio. Tomava um sorvete de flocos e tentava não pensar na solidão. Contudo, jamais se sentira tão solitária na vida, a tal ponto que a solidão parecia circular no apartamento, como um incenso.
O telefone tocou. Clarissa se levantou sobressaltada. Era raro alguém lhe telefonar. Terminara com Marcos havia coisa de um ano, tinha poucos pretendentes, se afastara das amigas e tinha poucos e distantes familiares. Por vezes pensava que seu telefone era um objetivo decorativo da casa, como o elefante indiano de porcelana na estante. De qualquer forma, correu e atendeu o telefone:
- Alô?...
- Juliane?
- Sou eu...
- Olá, quem fala é Felipe. Você não me conhece, eu sou amigo de Tales, da editora. Ele quer que você passe na livraria Siciliano, do Midway Mall, até as cinco e pegue o material de divulgação do livro com Rafaela...
- Ora...está bem...
- Anotou tudo, não? Alguma dúvida?
- Nenhuma...
- Então tá legal. Boa sorte e obrigado!
- Tchau.
Desligou e caminhou para sala, refletindo no que fizera e no que deveria fazer. Terminou o mousse, desligou a TV e o som e sentou-se á mesa da cozinha. Não deveria fazer nada. Mas, algum demônio cochichou algo em seu ouvido, de forma que as quatro e quarenta daquela tarde, vestida em seu blazer azul marinho, entrou na Siciliano e perguntou por Rafaela.
- Sou Juliane... – murmurou, temendo ser desmascarada, humilhada, ficar pior do que jamais estivera na vida.
- Ah, muito prazer. Aqui está o material – falou, colocando em seus braços um pacote – Pode mandar os CDs para a imprensa e distribuir os cartazes. Não vou ensinar padre nosso a vigário, você sabe o que fazer. Deixe-me ir que estou ocupadíssima hoje.
Clarissa subiu até a praça de alimentação, pediu um café expresso e abriu o pacote. Tratava-se do material de divulgação de um livro: “Poesia e textos do Beco da Lama”, organizado por um tal de Eduardo Alexandre. Já ouvira falar do Beco da Lama, mas não sabia exatamente o que era. Leu nos cartazes coloridos vários nomes, Antoniel Campos, Chagas Lourenço, Leonardo Sodré, entre outros, mas jamais ouvira falar de nenhum deles. Viu o material, CDs, disquetes, marcadores de livros, esboços... subitamente se arrependeu do que fizera e sentiu vontade de devolver o material. Mas tinha vergonha de voltar á livraria. Na verdade, jurou nunca mais entrar naquela livraria. Pegou o ônibus de volta para casa e, entre lágrimas, jogou o material pela janela do ônibus, desejando jamais ter atendido aquele maldito telefonema, jamais ter fingido ser a tal Juliane. Desejando jamais ter nascido.
Em casa, mal entrou abriu a geladeira e pegou um pote de sorvete napolitano de um litro. Sentou-se ao sofá, sem ligar a TV e o som e começou a tomar o sorvete, deixando as lágrimas caírem na colher...
3
Clarissa estava na sala, com a TV ligada sem som e ouvindo uma música qualquer no rádio. Tomava um sorvete de flocos e tentava não pensar na solidão. Contudo, jamais se sentira tão solitária na vida, a tal ponto que a solidão parecia circular no apartamento, como um incenso.
O telefone tocou. Clarissa se levantou sobressaltada. Era raro alguém lhe telefonar. Terminara com Marcos havia coisa de um ano, tinha poucos pretendentes, se afastara das amigas e tinha poucos e distantes familiares. Por vezes pensava que seu telefone era um objetivo decorativo da casa, como o elefante indiano de porcelana na estante. De qualquer forma, correu e atendeu o telefone:
- Alô?...
- Juliane?
- Aqui não tem nenhuma Juliane. Você ligou errado.
- Ih, é 3089-7634?
- Não. É 7631.
- Ah, desculpa, digitei o número errado.