sexta-feira, julho 07, 2006

NA BASE DOS PÊNALTIS

Marcus Ottoni


“Acho que o PT já teve a sua oportunidade. Agora, como o presidente gosta de metáfora futebolística, é hora de ir para a reserva. É hora de time novo, energia nova.”
Geraldo Alckmin

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O BONDE NOVO

O bonde que inauguraram
É amarelo e muito claro...
Sua campa bate alegre e diferente das outras...
Os seus olhos vermelhos indicam Petrópolis...
Anda sempre cheio porque é novo...
Chega na balaustrada espia o mar...
E os passageiros todos nem olham pro mar...
Só vêem o bonde novo...
Só ouvem a campa nova...

Aquele bonde só devia sair aos domingos
Pois ele é a roupa domingueira
Da Repartição dos Serviços Urbanos...

Jorge Fernandes



DEDO DE DEUS

Diálogo, dueto
Dinâmico, dublado
Dosado, daninho
Dopado, despido
Domado, derradeiro
Direito, desperto
Direto, defeito
Decerto dolorido
Dramático, dobrado
Decadente dupla
Decente dilúvio
Déjà vu

Deborah Milgram



Quem ri por último...

...sempre ri melhor. Velho ditado brasileiro que ao lado de outro ditado bem brazuca, "Quem nunca comeu melado, quando o come sempre se labuza" ou um outro que diz, "Quanto maior o coqueiro, maior a queda."

Assim sendo, se vocês aí no Brasil têm um Galvão Bueno, a imprensa francesa, rádio, jornais e TVs estão repletas de galvões, melhor dizendo, de gaviões para elogiar ou criticar. Ao lado dos espanhóis que aos quatro ventos gritavam que eles iriam aposentar o velho e careca Zidane.

A seleção francesa foi tocada em seu brio e reagiu.

Assim foi como chegaram à final.

A Inglarerra, a Itália e mesmo o Brasil e a Espanha marcaram gols espetaculares, de uma sutileza e beleza que faz do futebol uma arte.

No jogo do Brasil, o gol de Henri foi uma chance, pois Roberto Carlos, preocupado com suas meias, deixou o atacante livre.

Mas a França chega à final na base dos pênaltis. Um válido e outros dois, inválidos, contra a Espanha.

Queiram ou não queiram, o pênalti que teria ocorrido quando Henri entrou na área nunca existiu.

Felizmente, gravei o jogo, pois a TF1 jamais mostrou, logo após o pênalti batido, a
falta. Podemos ver claramente que Henri tropeçou no pé do defensor e caiu, mergulhou no gramado.

Outro pênalti que ajudou os franceses foi aquele negado quando o jogador espanhol foi deliberadamente empurrado dentro da área. Pênalti claro e evidente, mas que não foi "visto" pelo juiz.

Assim sendo, a França chega às finais na base de pênaltis inventados e ignorados.

Aos franceses resta uma esperança: se ganharem a Copa, eles precisarão de mais três Copas para igualar os títulos do Brasil.

Será suficiente convocar Zidane para as Copas de 2010, 2014 e 2018 e, quem sabe, de cadeiras de rodas ou com bengalas, ele ajudará a França a igualar o Brasil em números de títulos conquistados.

Naturalmente, com pênaltis inventados ou ignorados.

Joel Conrado Veiga




O que é o futebol de Copa do Mundo

Na madrugada de Pequim, o chinezinho assistia França X Espanha. O jogo estava emocionante e o 1 X 1 não dava pinta de ampliar-se para 3 X 1 pró França nos minutos finais. E o chinezinho ligado.

Por quem torcia, nem ele mesmo sabia, desligado do mundo que estava.

Antes do segundo gol da França, o alerta da vizinhança:

- Fogo! Fogo!

E ele achava que o calor que sentia era o nervosismo que a correria em campo trazia da tela a si.

A mulher e os filhos dormiam em seus quartos e os gritos de alerta aumentavam de intensidade.

- Fogo! Fogo! Fogo!

E o chinezinho, nem aí.

Estava alucinado diante da TV, o futebol a hipnotizá-lo de forma fulminante.

- A casa está pegando fogo, Fu-Tung! Gritou a mulher de olhos puxados, que correu para o quarto dos filhos pequenos para colocá-los na rua, fora de perigo.

A casa em chamas e o chinezinho ligado, na televisão.

A mulher pegou o filho mais novo, e o levou para longe do perigo.

E o chinezinho na poltrona, o fogo chegando, e ele abestalhado, ligado em Zidane.

A mulher volta, pega outro filho, dá uns gritos para tirar Fu-Tung da hipnose, nem, nem, porém.

Depois que a mulher salvou todos os filhos, a casa já desabando, o chinezinho ainda ali, vidrado, a mulher puxa o fio da tomada e ele acorda.

Empurra a mulher para o lado, pega a televisão e sai, louco para encontrar, na rua, uma tomada salvadora.

Quando encontra, o aparelho anuncia o fim do replay do terceiro gol da França, gol do seu ídolo, que metera, em 1998, três gols no Brasil, levando a França ao pódio mais alto do futebol mundial.

É quando chegam os bombeiros e a casa já está no chão, totalmente consumida.

Acaba o jogo, e ele, então, toma uma atitude:

- Cadê Cah Fu? Cadê Tos-Thon? Cadê Zin Dahnn? Você deixou os meninos lá dentro, Xinran?

Eduardo Alexandre

por Alma do Beco | 6:57 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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