domingo, julho 09, 2006

ÚLTIMO JOGO

Marcus Ottoni


“Deve-se ao repórter Fabiano Maisonnave a descoberta da última peripécia de José Dirceu. O ex-chefão da Casa Civil esteve na Bolívia nos dias 23 e 24 de abril. Uma semana depois, o companheiro Evo Morales decretou a nacionalização das reservas de gás e de petróleo, impondo a refinarias da Petrobras uma incômoda ocupação militar.

Descobriu-se que Dirceu teve reuniões com o presidente boliviano e com políticos de oposição. Embora afastado do governo há um ano, apresentou-se como emissário de Lula. O Planalto negou ter dado procuração a Dirceu.”

Josias de Souza


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Os agouros de Galvão

Não foi muito fácil assistir o jogo da seleção brasileira no último sábado ouvindo os comentários do jornalista Galvão Bueno, da TV Globo. Aliás, somos obrigados a ouvi-lo devido ao contrato exclusivo que aquela a emissora fez com a FIFA para ser a única a transmitir a Copa do Mundo para todo o Brasil. Isso também chama a atenção: Como é possível uma única rede de televisão deter o contrato para transmissão do maior evento esportivo do mundo para um país do tamanho do Brasil?

É no mínimo estranho que esse espetáculo fique nas mãos de apenas uma empresa de comunicação, nos obrigando a ouvir os comentários de Galvão Bueno, que durante toda a partida somente reclamava do time brasileiro. Não é fácil ver nossa seleção jogar tão ruim ouvindo os desairosos discursos de um comunicador que passa a impressão de ser o absoluto dono da verdade. Até com os seus companheiros de transmissão, os ex-jogadores Roberto Casa Grande e Falcão e o ex-juiz Arnaldo César Coelho, ele é impertinente, o sabedor de tudo. Tanto, que uma revista de circulação nacional noticiou um desentendimento dele com Casa Grande e outros que teria tido com César Coelho ao longo das transmissões dos jogos preparatórios para a Copa do Mundo da Alemanha. Aliás, é visível a truculência com que ele trata os seus companheiros de trabalho.

Mas, a maior pérola de Galvão durante a transmissão do jogo contra a França, foi quando ele reclamava do jogador brasileiro Kaká, que caiu na grande área do selecionado francês. Ele disse, reclamando que o jogador teria se jogado para cavar um pênalti: "Assim não dá, ele se jogou caindo". Como se alguém pudesse se jogar sem cair. Mas, era a ânsia de ser, repito, o dono absoluto da verdade. Ele, assim como o Rei Pelé, deve ter "previsto" a apática atuação da seleção brasileira e apostou nisso as suas fichas para sair como vaticinador do resultado do jogo. Pelé até disse o placar: um a zero para a França.

O agourento Galvão Bueno acertou em cheio quando começou a exprimir toda a sua raiva contra o selecionado de Parreira logo depois dos primeiros dez minutos de jogo. Mas, imaginemos que o time tivesse conseguido virar e ganhasse, digamos, de dois a um. O que ele iria dizer? Como é que ele iria chegar em casa dizendo que torceu contra o Brasil? E ele torceu mesmo contra o Brasil.

No local onde assisti a insólita partida, todos estavam estarrecidos com os comentários do principal comunicador de esportes da TV Globo, porque mesmo jogando mal, perdendo oportunidades de gol, deixando - no segundo tempo - até de chutar em direção ao gol dos adversários, todos torciam, desejavam, arregalavam os olhos em busca de um milagre, um golzinho no final do segundo tempo para irmos, pelo menos tentar ganhar na prorrogação. Ninguém deixou de admirar a atuação do time francês, principalmente do jogador Zidane, que jogou feito um brasileiro. Mas, mesmo vendo o Brasil ser batido, um Brasil cansado, torcíamos para que a virada fosse possível, que viesse um gol "salvador da pátria", daqueles que emudecem uma nação desejosa.

Uma moça de uma mesa vizinha pulava, não se conformava, roía as unhas em busca do gol. Em alguns momentos até ensaiava um chute. Quase a vi correndo pela ponta direita do bar Delícia da Praça para cruzar um bolinho de bacalhau em direção aos nossos atacantes. Outros gritavam se aproximavam do telão. Sabíamos que estávamos indo mal, mas torcíamos, desejávamos uma virada. Menos Galvão, o agourento.

Leonardo Sodré




Vive Le Renaissance

Três a zero para a França. Três shows de Zinedine Zidane. Não estou “a falar” (vai Felipão!) das três vitórias francesas nos últimos vinte anos contra a seleção brasileira. É que assisti três vezes ao jogo do sábado, a primeira vez ao vivo, envolto num clima de torcida dos amigos ao redor, e depois, mais duas vezes, nas reprises de domingo da Band Sports e da ESPN Brasil.

Contemplar três vezes a categoria exuberante de Zidane é ser afetado instantaneamente pela “síndrome de Estocolmo”, o fenômeno psicológico que provoca na vítima uma explosão de afeição e admiração pelo carrasco, paixão pelo algoz. Zidane é como um último moicano, um guerreiro elegante dos gramados com direito a sentar-se no panteão onde já estão Pelé, Garrincha, Maradona, Zizinho, Di Stefano e Puskas.

Zidane é um carrasco romântico, um gentleman quando humilha o adversário. Com a mesma leveza que deitou dois brasileiros com seus dribles, estendeu a mão para levantar um Zé Roberto aos prantos. Com a mesma magia que deu um balão em Ronaldo e Gilberto Silva, afagou com um beijo as cabeças de Robinho e Cicinho, dois candidatos a seus pupilos no Real Madrid.

A manchete do diário espanhol Marca, “no te jubiles nunca!”, é o sentimento dos que amam o bom futebol, o futebol de craques como Zidane, que não precisam das jogadas de marketing como lentes de aumento do seu talento. Sua maestria com a bola tem a objetividade da arte do jogo, não a ilusão do malabarismo circense. O talento de Zidane tem a dimensão que os olhos dos deuses do futebol alcançam.

Horas antes dos embalos de sábado à tarde, brasileiros idiotizados pelo ufanismo midiático gritavam nas ruas de Frankfurt, “ô, ô, ô, Zidane aposentou”, enquanto apresentadores de TV gozavam dos seus 34 anos e o intragável Zagallo declarava “Zidane já era”. Logo nos primeiros minutos da partida, o francês com sangue africano mostrou que na sua terra não são apenas os vinhos que adquirem perfeição e sabor quando envelhecem.

Em campo, Zidane se tornou a própria Renascença, o grande movimento de renovação das antigas escolas filosóficas de padrões clássicos, surgido na Europa do século 14. E nada mais clássico do que esse Platão da bola a destruir em noventa minutos a pobre ciência de resultados de um técnico quadrado e sem magia. Parreira não soube transformar duas dezenas de craques numa equipe, mas a França viu renascer uma equipe na manifestação de arte de um homem só, bailando em vésperas da despedida.

Quisera ter agora a dádiva de traduzir gênios como Zidane, ser um Leonardo Bruni da paixão platônica que arrebata amantes da bola na adoração dos campos. Me sinto privilegiado por ter visto em vida metade desses homens incríveis e suas jogadas maravilhosas. Eu vi Pelé jogar e o vi parar, vi Maradona, Zico, Beckenbauer, Cruyff, Tostão, Garrincha e Rivelino. Não queria ver agora o Zidane parar. Até porque não sei quando verei outro igual a começar.

Alex Medeiros

por Alma do Beco | 8:50 AM


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