quinta-feira, junho 08, 2006

VÍRGULA COMO PONTO FINAL

Marcus Ottoni


"Chuchulei ou role o lero"
Adesivo em carro

"Quando a gente atinge 60 anos de idade, a gente não tem o direito de ficar nervoso. Quem está na Presidência não tem o direito, quem está na Presidência tem que engolir sapo, rã, cururu, calango, o que tiver que engolir, mas não pode perder as estribeiras."
Lula

Assis Marinho
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PONTO AÇÃO

A vírgula para mim
É só um brinco de orelha
Eu brinco com as palavras
Porque palavras são centelhas
Gozo do vernáculo
Porque há espaço no oráculo
Vírgulas são pausas
Pausas são tempos
E tempos são passados
Brinco com as letras
Porque letras são traçados
Aprendi com a alfabetização
Que sempre antes do ponto
A vírgula exclama interrogação
Mas se o acento for agudo
E o ponto não for final
A vírgula será opção
Isso não é tudo
Enquanto esse poema for meu
Não o pontuarei pelas regras
E não o assinarei depois de um ponto
Assim ele poderá virar um conto
Um enredo de sílabas
Só por enquanto
Enquanto me acho
Esse poema não terminará com ponto
Porque não é despacho
Terá continuação,

Mário Henrique



Professor Napoleão – I

Acabávamos de fazer uma prova de matemática dessas de deixar todo mundo com dor de cabeça. Horrível! Havia tempo, não fazíamos uma prova como aquela. O professor exagerara, colocara problemas mais difíceis do que os que havia proposto em uma lista de exercícios.

A aula seguinte seria de história e todos estávamos certos de que teríamos o horário vago, já que o professor da disciplina havia viajado para resolver problemas pessoais e pedira afastamento por uma semana. A sala estava numa bagunça só, aviõezinhos de papel voando de norte para sul, de noroeste para nordeste; uma guerra de bolas de papel era travada entre os alunos do lado direito contra o lado esquerdo, quando irrompe, apressadinho, sala adentro, um senhor baixinho, careca, meio pançudo, e se põe diante de nós, calado, olhando a revolução que estávamos fazendo.

A sala, ao percebê-lo, foi se tornando silenciosa até que não se ouviu nenhum ruído, todos encarando aquela figura engraçada, que mais lembrava um palhaço, que acabara de entrar.

- Bom dia, senhores. Sou professor de História, com H maiúsculo, por favor, e vou ficar uns dias com vocês, enquanto Amenófis resolve seus problemas na Paraíba.

Eu sempre achara muito esquisito aquele nome do nosso professor de História, com H maiúsculo, como queria o baixinho ali na frente, aproveitando sua apresentação para já começar a dar lições para a turma.

- Chamam-me Napoleão, mas o meu nome não é esse. O apelido eu ganhei numa aula sobre a França, quando, empolgado, me referi ao grande general. Vocês podem me chamar de professor Napoleão, eu não ligo, pois todos já me conhecem assim.

Os alunos começaram a ficar curiosos. O baixinho parecia ter o que dizer, e a turma, o que não era de hábito, fazia um silêncio sepulcral. Thyago arriscou:

- Napoleão, e por que o nosso professor tem o nome de Amenófis? É algum apelido ligado ao Egito?

- Como você se chama, meu filho? Indagou o professor sem mostrar nenhum constrangimento.

- Thyago, professor. Thyago Cortez.

- Pois, bem, Thyago, chame-me professor Napoleão. Amenófis é realmente um nome ligado ao antigo Egito, e foi dado ao professor de vocês pelos próprios pais, o que difere do meu caso. É provável que o pai dele fosse um apaixonado por História Egípcia, daí o Amenófis, nome de um faraó.

A conversa parecia ia acabar por ali, mas Thyago, curioso, insistiu:

- Desculpe, professor Napoleão. É que eu sou muito fascinado pela História Egípcia também, e sempre tive vontade de fazer umas perguntas ao professor Amenófis, mas, como tinha vergonha, nunca fiz. É verdade que os egípcios foram os primeiros povos a habitar a Terra?

O professor Napoleão coçou a cabeça, olhou de um lado para o outro, caminhou em silêncio para frente e para trás, e respondeu, meio reticente:

- Os primeiros não sei com certeza se foram, mas dos primeiros, pode ter certeza. Quando os egípcios antigos habitavam as margens do rio Nilo, outros povos habitavam outras partes do planeta. Os sumérios, por exemplo, habitavam a Mesopotâmia, e nessa área também habitavam os acádios. É provável que chineses e japoneses também já formassem seus impérios, e caldeus e hebreus reinavam no médio oriente.

A aula mal iniciava e a todos já contagiava, o baixinho careca deixando um clima de suspense no ar, todos desejando ouvir o que ele tinha a dizer.

Serginho resolveu entrar na conversa, e, como gostava de polemizar, foi logo querendo pôr o professor em sinuca.

- É verdadeira a existência de Atlântida, professor Napoleão?

O professor Napoleão levou a mão à cabeça novamente, deu outras voltas pelos lados, pensou, pensou, todos em silêncio, esperando a resposta, até que ele disparou:

- Seu nome, por favor?

- Serginho.

- Pois, senhor Serginho, há registros escritos falando da Atlântida, que seria um grande reino além do Oceano Atlântico, uma grande ilha, maravilhosa, rica, onde o ouro seria abundante e a população inteligente, vivendo em grande fartura. Mas esses registros não são materiais, não se constituem em algo que se possa dizer “existiu”. E como não podemos dizer com provas materiais que ela existiu, então, como História, não posso confirmar que sim. Posso dizer que a Atlântida é uma lenda da Humanidade, nada mais do que isso.

Eduardo Alexandre

por Alma do Beco | 8:25 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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