quarta-feira, maio 31, 2006

APAGARO O GÁS

Marcus Ottoni


“A resistência do Centro Histórico de Natal empunhou a bandeira da cultura popular no fim de semana e expôs as feridas de uma cidade iluminada que vive às turras com o brilho de seus artistas.”
Rafael Duarte, na Tribuna do Norte, sobre o I MPBeco

Alex Gurgel
Alexandro Gurgel
Túlio Ratto, da revista O Papangu (dir), conversa
com Rafael Duarte na redação de Tribuna do Norte

Sarau:
Antoniel Campos é homenageado na Siciliano

31/05/2006 - Tribuna do Norte

O homenageado da vez no projeto Poéticas e Prosas Potiguares, idealizado pela livraria Siciliano, no shopping Midway Mall, é o poeta potiguar Antoniel Campos. O sarau poético “de cada poro um poema”, ocorre hoje a partir das 19h. Em junho, as honras serão oferecidas ao escritor ficcionista, Francisco Sobreira.

O tema é o título do segundo livro de poesias de Campos, lançado em 2003. Antes desse, o poeta já havia publicado “Crepes e Cendais”. A terceira obra dele, “Esfera”, foi lançada em 2005.

Na esteira dos títulos, Antoniel Campos coleciona o primeiro lugar no Concurso Literário Eros de Poesia Sensual, com o poema “é como se as paredes respirassem”, além de menções honrosas nos concursos literários Othoniel Menezes e Luís Carlos Guimarães.

Engenheiro por formação acadêmica pela UFRN e natural de Pau dos Ferros pela sorte do destino, o poeta não esconde dos amigos que ainda carrega o sonho de se tornar um poeta por tempo integral.

Serviço:
Sarau poético “de cada poro um poema” Homenagem a Antoniel Campos
A partir das 19h
Livraria Siciliano do shopping Midway Mall

Papangus em Natal

Nessa quarta-feira, a partir das 18 horas, será lançada o 28º número da revista Papangu na AS Livros do Praia Shopping, em Natal. A mais irreverente revista do Estado destaca na sua capa, o Senador José Agripino no maior dilema político do mundo. Afinal, José Agripino não ganha nem para vice, imaginem do que esse homem é capaz. Conquistou o Troféu Papangu do mês.

Uma matéria especial com o poeta Bob Motta, o Trovador do Sertão, mostra seu talento e sua insatisfação pelo preconceito que sente na sua poesia por parte de alguns “modernistas”. O forrozeiro Elino Julião será homenageado nas páginas da revista.

Com fotos de Hugo Macedo, o presidente da Academia Norte-riograndense de Letras, poeta Diógenes da Cunha Lima é entrevistado pelos papangunistas Alexandro Gurgel e Lívio Oliveira e conta sua história como advogado e poeta, além de falar sobre o baobá, Nova Cruz, cultura, política, Saint Exupéry, etc...

O escritor Pery Lamartine está na seção Artigo com “A última boiada do Piauí”. Na crônica de maio, o professor Márcio de Lima Dantas conta como se deu o encontro com uma das professoras de sua infância.

A revista Papangu ainda tem nas suas páginas a colaboração de Damião Nobre, Antônio Capistrano, Marcos Túlio, Railton Lucena, Céfas Carvalho, Amâncio (charges), Túlio Ratto (editor), David Leite, Antônio Alvino e a estréia da jornalista Yasmine Lemos como papangunista, assinando a coluna “Deunomundo”.

SERVIÇO:
Lançamento da Papangu
Data: 31 de maio
Local: AS Livros (Praia Shopping)
Hora: 18:00

Alexandro Gurgel



Casa da Ribeira
Um espaço sempre aberto para a arte do RN

O segundo Prêmio Cultural Diário de Natal contemplou a Casa da Ribeira com o troféu O Poti, por ter sido a escolhida a Instituição Sem Fins Lucrativos que mais Apóia Cultura. ‘‘Estamos muito felizes, é importante observar que se trata de um prêmio analisado por um júri conhecedor de todos os aspectos avaliados, curadores que sabem o que estão fazendo, o que agrega diretamente valor ao prêmio’’, comentou Gustavo Wanderley, representante da Casa da Ribeira.

Desde 2001, a ong Casa da Ribeira realiza ações e projetos em parceria com artistas, públicos e empresas, com o intuito de promover uma política cultural que privilegia a formação de públicos apreciadores da arte e a defesa de iniciativas nos setores do ‘fazer cultura’ e do ‘sentir cultura’, priorizando assim ações em áreas não cobertas habitualmente pela indústria ou mercado cultural.

‘‘Os conceitos contemporâneos de produção cultural nos dão esse sinal de que a cultura e a mídia precisam estar em comum acordo para que a população como um todo tenha acesso e valorize as manifestações culturais e artísticas, e esse prêmio vindo de um grupo de mídia local fortalece essa vertente. O Diário esteve muito presente no processo de reabertura da Casa, e agora reafirma esse compromisso’’, afirma Gustavo.

Com programas nas áreas social, de fomento e de acesso, articulados a processos educacionais de sensibilização, a Casa vem desenvolvendo projetos a favor da sustentabilidade da cultura potiguar. Entre eles estão: Cosern Musical 2005 (programa de incentivo à música), Casa da Ribeira em Cena (programa de incentivo ao teatro), Natal Arte Contemporânea (espaço aberto para a arte contemporânea produzida em Natal e no Brasil), Da Escola pra Casa (promove e amplia o acesso à cultura de jovens da rede pública de ensino), ArteAção (projeto aprovado pelo Ministério da Cultura que promove ações que buscam o desenvolvimento artístico da cidade. Dirigido para jovens acima de 16 anos do bairro das Rocas), Ruas da Memória (classificado pelo Minc como Ponto de Cultura no Brasil, esse projeto promove a diversidade cultural no bairro das Rocas), Clube do Professor (garante aos professores do ensino infantil, fundamental e médio acesso gratuito aos espetáculos oferecidos pela Casa em 2006) e Projeto Terceira Idade (garante 50% de desconto para pessoas com mais de 60 anos nos espetáculos artísticos da Casa).

O segundo Prêmio Cultural Diário de Natal contou com o patrocínio da Cosern, do Governo do Estado, Prefeitura de Natal e de Mossoró, Banco do Brasil, Fiern, Sebrae/RN, Assembléia Legislativa, Fecomercio e Sesc. Além do apoio do grupo ADS, Capuche, Delphi Engenharia, BRA Transportes Aéreos, UnP e Unifarma.




O ATLETA

Desci dois lances de escadas aos pinotes, algo heróico para quem sofre de poliartrite congênita. Entrei no carro, corri o quanto o bom-senso e a fiscalização eletrônica permitiram e, mesmo assim, perdi as primeiras apresentações. Pudera, Cid Filho avisou-me que lutaria caratê nos Jerninhos vinte minutos antes do início da competição.

O importante é que, embora sujo, despenteado, sentindo gosto de guarda-chuva na boca e o peso de dois quilos de remela em cada olho, cheguei a tempo de vê-lo em ação, de torcer, de gritar, de xingar o juiz, essas coisas típicas de pai babão.

Ao final do torneio, que felicidade, que maravilha, que orgulho, o cabra estava no podium recebendo mais uma medalha para a coleção. Ficou em terceiro lugar. Eu, na platéia, sentia-me o vencedor por merecer aquele sorriso povoado de dentes, aquele aceno largo, aquele beijinho lançado de longe rumo ao centro do meu coração e o privilégio de gritar "É meu filho! É meu filho! É meu filho!".

Só não me perguntem a quem esse menino puxou, porque o pai dele, além de frouxo militante, é o único caso registrado pela literatura esportiva mundial de dono da bola que emprestava a bola na condição de não ser convidado para jogar.

Tentei futebol, basquete, tênis, pingue-pongue, natação... Ah, fui campeão de handball. A reserva da equipe do Colégio Diocesano estava incompleta, então emprestei meu nome para constar na súmula e desapareci sem assistir à partida.

Sim, preciso dizer de minha experiência nas artes marciais. Comecei, a exemplo de Cidinho, treinando caratê, mas desisti no primeiro dia de aula para não morrer de rir. Cada vez que alguém gritava "Iáááááá!" eu caía na risada.

Depois passei cinco ou seis anos no judô, atingindo a faixa laranja e até vencendo uma luta memorável. Apliquei o golpe no sujeito e o dito-cujo reagiu suspendendo-me do chão pela cintura, mas não agüentou meu peso. Caí sentado na barriga dele, que desmaiou.

De outra vez, mal o professor Deusdete Couto pronunciou a palavra que autoriza o início do combate e eu já estava no chão com o oponente apertando-me a goela e gritando, para ganhar força, algo parecido com "Suuuuuuuuul!". Na falta de alternativa decente, respondi-lhe berrando desesperado: "Noooorrrrrrteeeee". Risada geral, fim da disputa.

Experimentei capoeira, para horror de certos parentes metidos a besta. Sucumbi à falta de ritmo. Por último, matriculei-me na musculação tentando reduzir o colesterol e quase morro de tédio repetindo à exaustão movimentos chatíssimos.

Hoje, estou convicto de que meu lugar no esporte é o de torcedor, de tiete, na denominação afetiva do poeta Genildo Costa, do "velho Cidinho".

Cid Augusto




"Tem Maimota"

Uma das figuras mais conhecidas da região do açude Gargalheiras, no município de Acari, no Seridó, é o pescador e dono de bar Dudé. Ele não é de muitas brincadeiras, mas o seu jeito de ser o torna divertido, singular. Os avisos do seu bar, por exemplo, são hilariantes. O que proíbe som de carros é no mínimo complacente: "Atenção! É proibido som de carro, mas se outro carro estiver com o som ligado, espere a sua vez."

Como o seu estabelecimento, que serve excelentes tira-gostos e mantém a cerveja sempre na temperatura ideal, fica no entroncamento principal de acesso ao açude, é um dos mais procurados. Mas, Dudé não gosta muito de trabalhar no bar. Ele gosta mesmo é de pescar e cuidar de um pedaço de terra que tem na beira do açude, onde cria umas ovelhas e coloca suas redes. E, como dorme cedo, detesta clientes que entram noite adentro, mesmo que seja uma mesa lucrativa. Tanto, que num sábado de chuva e movimento fraco, quando estava quase por optar em ir pescar, já por volta das 11 horas, e viu o carro de um farrista conhecido que vinha chegando, ficou contrariado.

Quando a velocidade diminuiu e o veículo começou a fazer a curva, que pode significar parar no seu bar ou continuar em direção ao Gargalheiras, ele virou o rosto dizendo baixinho e compassadamente: Passando, passando, passando...

Ele nasceu na região e construiu sua casa vizinha ao bar, sendo que num outro terreno, mais próximo de uma montanha, mas também perto, ergueu outra casa para alugar ou, até para vender, como apregoa.

Ele é assim, diferente. E quem cuida da cozinha do bar é Aparecida, sua esposa, por quem nutre um grande amor. Nota-se. Mas Dudé também é teimoso e gosta das coisas organizadas do seu jeito. Se não for da forma como planejou, "o mundo cai" e, como todo casal já briga sem trabalhar juntos, imaginem reunidos num bar.

Por lá existe uma espécie de confraria liderada pelos artistas Dimas e Tatá, o primeiro escultor em granizo e o segundo escultor em madeira, que se reúne diariamente para tomar uma saideira, antes de seguirem para a rua - Acari -, onde moram.

Num final de tarde, chegaram e pediram a cachaça habitual, sob a complacência financeira do jornalista e fotógrafo Hugo Macedo, que atualmente mudou-se para aquele paraíso, e que relatou o caso ao cronista. Segundo Hugo, todos notaram que Dudé estava sombrio, triste, pensativo e olhando muito para a montanha. Nem tira-gosto de tilápia tinha.

- O que foi Dudé? Aconteceu alguma coisa?

- Aparecida me deixou. Foi embora morar naquela casa perto das pedras. Não sei porque. Foram somente umas tapinhas...

- Vige, emendou Dimas, é por isso que você não tira os olhos daquela casa...

- É, concluiu Tatá, ele fica somente pastorando.

- Tem maimota, Hugo, disse Dudé, olhando para a casa com expressão de extrema desconfiança. Eu sei que tem...

Ele estava mortificado, acreditando que Aparecida tinha ido embora por outro homem. Nunca pensou em viver sem Aparecida. Estava triste, arrasado. Olhou para Hugo em busca de auxílio. Não disse nada e seu olhar era recorrente, como o de uma criança. Mas, antes que Hugo dissesse qualquer coisa, Tatá, que não mede palavras e adora parecer perspicaz, foi logo admoestando:

- Calma, meu amigo, ninguém é de ninguém.

Ele não respondeu. Não precisava. Seu olhar foi mortal e aquela foi a noite mais longa de Dudé, que ficou olhando a casa, e a única em que o bar ficou aberto até o amanhecer.

Leonardo Sodré




DA PETROLÍVIA À VENEZUELA BRASILEIRA

Vareite, San Ernesto de La Higuera!

Um vate lá dos Esteites, um tá de Eliot, já dixe em suas escrevecenças qui "Jerônimo outra vez enlouqueceu".

Será qui êle já aduvinhava qui o índio pancadão Evo Morales ia butá pra reiá na Petrobrás do campãeiro Inaço?

E agora, acuma é qui fica a camisa do time do Framengo? Será qui a urubuzada vai carregá no lombo a marca da "PETROLÍVIA", hem!?

Já pensaro se o coroné Champolim Colorado, em nome do generá Abreu e Lima, arresorve mudá o epíteto (vixe!) de Recife pra "VENEZUELA BRASILEIRA", a troco de bancá a refinaria pros pernambuquins abestaiados qui vévem cantano goga e dizeno qui "a refinaria é nossa"?

Desse jeito e nessa pisada o majó Fidé Castro vai ganhá é muntcha sustança e vivê mais uma carrada de tempo pra mode George Bucho nenhum butá defeito, visse? "El Comandante" já mandou desenterrá inté "Camilo Cem Fuegos" e seus malungos qui sustentaro fogo com a macacada de Fulgêncio Baptista lá em Sierra Madre...

Inté o Ché Dieguito Maradona já tá de sobreaviso em "Boi nos Ares" pra mode subí os Andes e defendê o bugre cocaleiro no causo do camarada vira-casaca brasileiro arresorvê tomá os conselhos da negona Condoliza e mandá os milicos tupiniquins tirá õinda fuleira lá em riba dos Andes bolivianos.

O mió mermo era qui Lulinha "Peace and Love" matasse de réiva e de uma só tacada, tanto o pinta-braba boliviano, acuma o bode véio de Havana e o coroné metido a arrochado e a cavalo-do-cão, o tá do Champolim lá de Caracas na venta!

Era só radicalizá às avessas, qui nem fez "Collor Culhão Roxo" e o tucano Efiagacê... bastava trazê de vorta a "Light", a "Great Western", a "São Paulo Railway", a "Western Telegraph Company" e todo o resto do truste ingrêis e americano de cabo a rabo e priu! Queria vê só os três patetas arrumá jeito pra dá!!!
Ou será qui Inaço vai ficá escuitano o chará e conterrâno Lua Gonzaga cantá e puxá o fole:

- "Eu nesse coco num vadeio mais, apagaro o candeeiro e derramaro o gás".

Rocas Quintas
http://www.sanatoriodaimprensa.com.br/colunista.asp?idu=6&ida=2200

por Alma do Beco | 6:22 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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