sexta-feira, junho 09, 2006

JAZIGOS

Marcus Ottoni


“Não estou convencido que a decisão de terça-feira seja inconstitucional. O que me comove é o fator insegurança no meio político."
Ministro do Tribunal Superior Eleitoral Cezar Peluso, ao justificar o novo entendimento sobre a verticalização.

Giovana Girardi/Folha Imagem


Nesta sexta-feira, às 20:30, acontecerá o Festival de Poetas Repentistas, versão 2006, na AABB de Natal, organizado pelo poeta repentista Antônio Sobrinho.

Está aqui boa parte do que se tem de melhor no universo da poesia feita de repentes, por poetas cantadores. Os poetas que irão se apresentar são:

IVANILDO VILANOVA
VALDIR TELES
RAOLINO SILVA
MOACIR LAURENTINO
ROGÉRIO MENESES
HOPÓLITO MOURA
JOÃO PARAIBANO e
SEBASTIÃO DIAS.

Compareça e veja a arte mais genial em termos de criação.

Apesar do Festival ser mais uma festa de confraternização, diferente das cantorias de pé-de-parede, dá para notar a grandiosidade dos poetas repentista.

Gilmar Leite




História

Essa história
imprevisível
surpreendente
que leva bárbaros
vândalos do norte
à destruição
do Império Romano

essa vontade
de onde vem?

Que forças levaram
vietcongues
a derrotar
todas as armas
do tio Sam?

Esses povos antigos
esses sérvios
croatas
esses bascos que lutam por chão
que destino cumprirão?

Essa porção soviética
esse povo da Geórgia
esses russos-brancos
como coexistirão
cazaquistaneses
com ucranianos?

Esses momentos
esses amores
tormentos em alto-mar,
movem Maomé à montanha
deslocam Thatcher
a retomar as Malvinas
carregam Castro
à Sierra Maestra!

Esses mistérios terráqueos
essas contradições
transcendem
fazem voar
um disco voador
do Lago Ness
aos jazigos eternos
dos faraós...

© Eduardo Alexandre




Professor Napoleão - II

Todos logo perceberam que o professor Napoleão não estava ali para brincadeiras, e o que nunca ninguém imaginou que acontecesse, estava ali acontecendo, todos ligados numa aula de História. História, sim, com H maiúsculo, como queria o professor Napoleão.

Tomado de um espírito de mestre, ele continuou sua aula, normal, sem alterar a voz:

- Há estudiosos que especulam ter sido a Atlântida a Civilização Azteca, ou Maia, da América Central. O que se sabe dessas civilizações é muito pouco, mas entre os historiadores há uma certeza comum, hoje. Esses povos, bem antes do descobrimento da América, tinham um grau de civilização bem mais aprimorado do que os europeus do seu tempo. Eles conheciam astronomia e dividiam o ano em 12 meses, construíam pirâmides como os egípcios e possuíam sistemas hidráulicos que os europeus só vieram a conhecer depois que os dominaram, já em sua fase de decadência, que ninguém sabe ao certo porquê.

Amélia, que era a CDF da turma, menina não só estudiosa mas de grande encanto, que a todos seduzia com graça e simpatia, entrou na conversa, tornando-a ainda mais atraente.

- Com licença, professor Napoleão. É verdade que os Vikings, estiveram na América 500 anos antes de Cabral?

- Esse é outro assunto polêmico dentro do estudo da História. Todos sabem que os Vikings foram um povo navegador. Os maiores navegadores de todos os tempos, talvez. E, sabe-se que a teoria é de todo possível, uma vez que gravuras desenhadas em paredes de pedra, em cavernas, são bem parecidas com o que eles eram, suas naus, suas roupas, o capacete que costumavam usar. Mas tudo não passa de hipóteses. Nunca se achou nenhuma prova definitivamente material para comprovar ser essa teoria verdadeira, e, como isso não ocorreu, e enquanto não for encontrada essa prova, nada a História pode dizer. Só supor. Especular.

- E o que é especular, professor? Perguntou Margarida, a burrinha da turma. Mas quantos não eram, ali na sala, os que não conheciam o significado daquela palavra: especular, ora bolas! Nem eu sabia.

- Especular, minha doce menina, como é mesmo o seu nome?

- Margarida, professor Napoleão. O que é isso, especular? Não é espetacular?

A turma ensaiou sua primeira gargalhada naquela fantástica aula do professor Napoleão. Até ele entrou na galhofa e gargalhava também com a gente, sem, no entanto, fazer com que aquilo ofendesse a pobre Margarida.

Ele logo retomou a conversa e, antes que a turma dobrasse de tanto rir, foi carinhoso com a menina.

- A especulação, Margarida, pode até ser espetacular. Mas especular significa sondar, levantar uma possibilidade que pode ser verdadeira, mas que não se tem certeza, se supõe, especula-se. Entendeu?

- Mais ou menos, professor. Respondeu ela, e resolveu ficar por ali, sem mais nenhuma dúvida, morta de vergonha diante da turma e daquele novo professor que a todos atraia com uma aula besta de História.

Eu, que até então estava calado, ouvindo aquela conversa atraente, amiga, resolvi entrar no assunto também.

- Professor Napoleão, outro grande povo navegador foi o Fenício, e vem da Grécia, através dos escritos dos seus historiadores, essa estória da Atlântida, e digo estória, por que, como o senhor bem nos mostrou, não podemos dizer História, com H maiúsculo como o senhor chama. Talvez os historiadores gregos tenham trazido da Fenícia essa especulação sobre a existência da Atlântida. E tudo leva a crer, de fato, que essa terra existiu, e que era mesmo a América dos Aztecas e dos Incas.

- Especulação, meu filho. Especulação. Foi o que ele me respondeu e nem teve tempo para se deter melhor em sua resposta, porque todos pareciam querer entrar de uma só vez na conversa.


Foi um zum-zum-zum de um minuto, todos falando, opinando, perguntando, lançando dúvidas ou comentando com entusiasmo o que havia sido a aula até ali. O professor Napoleão pediu a palavra e continuou sua preleção, também, ao que pareceu, empolgado.


- A Atlântida de que falam os gregos, com certeza, é a Atlântida de que falavam bem antes os Fenícios, só que esses só deixaram vestígios orais, tomados pelos gregos, mais adiante e em estágio de civilização superior, que os puseram em escritos que chegaram até os nossos dias. E é exatamente aí onde reina a grande dúvida. Sabemos que os Fenícios, que são navegadores que se supõe tenham navegado Atlântico adentro, é que tenham trazido à Europa a idéia da existência da Atlântida, mas pode ser que os gregos tenham recebido a notícia através dos Vikings, apesar de, devido a distância entre eles, essa hipótese ser muito remota.

Serginho, com seu nervosismo habitual, sempre disposto a assuntos polêmicos, foi direto na mudança de rumo da conversa.

- Professor, o senhor acredita na teoria da evolução humana, aquela que diz que o homem descende do macaco?

O professor Napoleão já se preparava para responder, quando toca para o recreio e todos parecem dizer:

- Oh, não! Agora, não!

Professor Napoleão pediu desculpas, disse ter um compromisso inadiável àquela hora, fora da escola, e que, portanto, ficaria para a próxima aula a discussão do tema proposto por Sérgio. Será que ele iria confirmar que nós descendemos mesmo desses macacos desengonçados, que não passamos de primos melhorados do chimpanzé?

Todos saímos leves para o recreio, na certeza de termos ganho, pelo menos até a chegada do professor Amenófis, um grande professor e amigo, alguém que se colocou diante da turma respeitando-a e impondo respeito pelos seus conhecimentos, sem precisar dar lição de moral em ninguém.

© Eduardo Alexandre

por Alma do Beco | 9:39 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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