quarta-feira, março 29, 2006

POR TRÁS DA LUA NEGRA

Marcus Ottoni


"Se for necessário para as investigações, podemos pedir que o ex-ministro seja proibido de sair do país."
Benedito Antônio Valencise, delegado titular da Delegacia Seccional de Ribeirão Preto

"O caseiro Francenildo dos Santos Costa está longe de ser a única vítima de violação criminosa de dados sigilosos sob proteção do Estado. A Corregedoria da Receita Federal investiga um caso envolvendo o acesso irregular aos dados fiscais de cerca de 6.000 pessoas físicas e jurídicas. A lista de vítimas inclui juízes, desembargadores, jornalistas, empresários e autoridades do governo."
Josias de Souza, nos Bastidores do Poder - Folha Online

Hugo Macedo


Sol por trás de Lua negra

Cá embaixo, a estrela dos Reis
Branca
Em Pedra e Cal

Entre a imensidão do mar
E o infinito do firmamento
A grandeza de um astro rei engolido pela Lua
Logo ela, solitária fêmea
pequenina e bela:
Negra
Sem luz

O dia que já era claro
fez-se quase noite
E as estrelas voltaram ao céu.

Eduardo Alexandre



Lacerdinha em tour pela cidade

Outro dia, resolvi sair do meu galho, ainda cheio de confetes jogados por Dunga, na Praça André de Albuquerque. Estava sem graça de ir para o Beco. Queria ver novos horizontes e resolvi descer para a Ribeira "velha de guerra". Resolvi que iria tomar umas três cervejas lá na Peixada Potengi, e pensei: "é capaz de eu encontrar o cineasta Lula Augusto, para, "além do Beco", colocarmos a conversa em dia. Quem sabe, falar de Palocci, da política econômica de Mantega, do caseiro, etc.

Acontece, que quando eu comecei a descer a ladeira da Avenida Câmara Cascudo, veio uma ventania de arrepiar. Me levantou alto e somente por milagre eu não caí nas águas sujas do Potengi amado de Newton Navarro. Subi tão alto, que entrei pela janela da Prefeitura, que estava aberta - justo no gabinete do prefeito -, que, em meio a um redemoinho de papéis, olhava para o nada, com aquele jeito distante que ele tem, sorriso de campanha no rosto, pensamento distante, a cabeça torta para a direita.

Aí, eu gritei:

- E aí, Táta?

E não é que ele respondeu? Sem olhar para mim, foi logo dizendo:

- Aquelas pesquisas estão erradas. Eu sou é popular! Muito!

Mas nem deu tempo de bater um papo com ele, porque o vento me levou em direção à Capitania das Artes. Era um vento tão forte que eu emburaquei pela janela e fui bater num pátio onde tinha uma ruma de menino aprendendo a dizer "brurrarrá".

Uma mulher gritava:

- "Brurrarrá"!

E a turma respondia:

- "Brurrarrá"

Uma beleza! Quando passei por cima – no meu vôo acidental –, provoquei:

- "Tá melhor! Tá melhor! O Rio Grande do Norte tá melhor!" - bem alto.

E sabe o que aconteceu? Todo mundo estirou o dedo para mim.

Bom, eu queria ir para a Ribeira, mas o vento me deixou lá nas Rocas. E, aí, eu pensei: como é que eu vou voltar? Do tamanho que eu sou, vou levar um mês!

Mas como sou sortudo, peguei carona num vira-lata que estava indo para a cidade. Ele nem notou e a única parada foi para comer um cadela sem-vergonha que estava fazendo ponto na esquina da Tavares de Lyra. Aí, fiquei enjoado com aquele fuque-fuque e com os músculos doídos porque tive que fazer força para me agarrar nas costas daquele tarado, que sentiu prazer bem umas três vezes.

Quando cheguei em Nazaré, só tinha Alex Gurgel conversando com Seu Milton. Falavam sobre o amor e Milton estava dizendo que ía comprar um buquê para Naza e escrever um bilhete.

Com os olhos revirando em direção ao ventilador, ele disse:

- Vai começar assim, com o título: "Uma fulora do mato para uma dama linda".

Aí, Alex não se agüentou e corrigiu:

- Fulora não, seu Milton. Flor, que fica mais bonito...

Humilde, ele concordou na hora, completando:

- Você veja o que é a natureza... Ultimamente, o povo anda errando é muito nos títulos, mas não tem nada não, que eu ia levar para aquele menino careca, corretor de imóveis, que mora lá no Tirol. Ele sabe um português danado!

Alex ficou confuso:

- O careca que mora no Tirol é Dunga. E ele também vende imóveis?

- Foi você quem disse na Internet – retrucou o apaixonado Milton, com olhar de quem não está entendendo mais nada.

Fícus Lacertae,
Do Galho da Imprensa




ACHADOS E PERDIDOS

Leve-me daqui
Seja no tempo
Seja no sonho
Seja no sono
Seja no outono

Deixe-me aqui
Seja sozinha
Seja perdida
Seja contida
Seja esquecida

Beije-me
Seja na cara
Seja na praia
Seja na cama
Seja na boca

Diga-me
Sua verdade
Sua mentira
Mesclados ao verso
Que de todo me fascina

Deborah Milgram



VIDE-BULA

Natural
Essa sede de pertencer
Natural
Essa fome de entregar
Natural
Esse prazer de conhecer
Natural
Essa sabedoria de amar

Matem a sede
Saciem a fome
Deliciem o prazer
Aprendam a amar

Deborah Milgram




AVIDEZ

E eu que imaginava
estar chegando ao fim,
tu vens e inauguras
outra vida em mim.

Francisco Alves Sobrinho



PÁSSARA

Uma fêmea
de hímem-fogo
aninhando-se no ventre
da noite.

Francisco Alves Sobrinho




SAMBA
Inscrições de Chapas só até amanhã


As inscrições para a eleição da Diretoria Executiva da SAMBA – Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências, triênio 2006/2009, encerram-se amanhã, 30 de março, até às 20 horas, improrrogavelmente.

Os interessados podem deixar envelope lacrado contendo a formação da chapa concorrente “aos cuidados da Pré-comissão Eleitoral”, no Bar de Nazaré, à rua Cel. Cascudo, 130, Cidade Alta ou diretamente com os integrantes da Comissão: Oswaldo Ribeiro Filho, Plínio Sanderson Saldanha Monte ou Leonardo Sodré de Siqueira.

No documento, a chapa deverá indicar um membro para compor a Comissão Eleitoral que presidirá o pleito e que será formada no dia seguinte ao término do período de inscrições de chapas, ou seja, a 31 de Março do corrente mês. A Comissão Eleitoral, composta pelos membros indicados pelas chapas concorrentes e um membro indicado pela Direção Executiva da entidade, será formalizada no dia 31 de Março, no Bar de Nazaré, para redigir e tornar pública a Convocatória da Eleição, estabelecida para o sábado, dia 29 de Abril, entre as 10:00h e 17:00h.




Paixão silenciosa

Meu filho Pedro me confidenciou que está apaixonado por N..., ora, que tolice a minha, eu estava prestes a revelar o nome de sua amada e ele me pediu segredo... Sei que sou um privilegiado por ter tal informação, afinal, este amor é um segredo de estado, como, aliás, o são todos os amores na infância. Perguntei a Pedro se N... sabe de sua paixão. No alto de seus nove anos Pedro arregalou os olhos e respondeu indignado: “Claro que não! Ela jamais poderá saber disso!”.

Antes que eu questionasse a razão de uma paixão na qual o objeto do sentimento não poderia saber de sua existência, lembrei da minha infância, das paixões igualmente secretas e silenciosas que cultivei. Por quantas meninas não me apaixonei no primário nos idos anos oitenta, quando estudava no Colégio Maria Auxiliadora nos bons tempos das irmãs Brígida e Reuzuyta? Lembro pelo menos de três cujas imagens me acompanharam ao longo dos anos e cujos nomes omitirei por discrição e cautela, que, como caldo de galinha, mal não faz a ninguém.

Ah, aquelas paixões... eu me contentava em ficar na sala de aula olhando para as amadas... Quando alguma delas vinha falar comigo eu tremia, balbuciava frases desconexas, para usar de um termo popular, chulo e exato, a verdade é que eu me cagava todo! Na época eu não sabia quem era Platão, mas minhas paixões eram todas platônicas. Pelo menos Pedro é mais extrovertido e despachado do que eu era. Ele brinca com as meninas, conversa, só não quer que elas saibam que ele está apaixonado. Ainda questionei com Pedro se era possível se apaixonar aos nove anos...Ele me respondeu com um olhar enviesado e um meio sorriso como se dizendo “Como se você não soubesse, pai, que é possível se apaixonar em qualquer idade...”. Continuem a matutar sobre a paixão...talvez as crianças estejam certas em não desejarem que o alvo da paixão saiba o que se passa conosco. Paixão não é amor, paixão passa rápido, vai embora. Conheço pessoas que estão loucamente apaixonadas por alguém em um determinado dia e na semana seguinte já estão se apaixonando por outra pessoa.

Talvez o grande barato da paixão seja justamente esse, curtir o sentimento sem que o alvo da paixão saiba. Vai ver é por adotar esta filosofia que Pedro, como a maioria das crianças, são mais tranqüilas, relaxadas, felizes, enfim. Apaixonar-se é bom, mas revelar a paixão pode ser maravilhoso ou problemático. Boa parte dos amigos e amigas perde noites de sono e dias de alegria por paixões, sejam elas não correspondidas ou correspondidas de forma inadequada. Mas, pela sua própria essência, a paixão jamais permitiria tranqüilidade, calma... A paixão pede sangue e lágrimas. Pelo menos se a revelarmos para a pessoa por quem nos apaixonamos.

Talvez o melhor da paixão seja a paixão silenciosa.

Cefas Carvalho

por Alma do Beco | 11:03 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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mariza lourenço

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