sábado, abril 01, 2006

LENDAS E MITOS

Marcus Ottoni


" O poder não subiu à minha cabeça, e muito menos o poder fez com que houvesse o distanciamento dos companheiros que, no fundo no fundo, é para onde vou voltar quando sair daqui."
Presidente Lula

Karl Leite

Escultor Etewaldo

1º DE ABRIL

Vim para ficar
E no mais só deliciar
O choro calado
Desse poema desbotado
Instantâneo, decadente
Assim mesmo
Impertinente
Repete poeta
Que não haja dúvidas
Vim e só vou
Quando o último dos moicanos me levar

Deborah Milgram




Lendas e Mitos

Alta noite, beira mar,
ouço vozes, gritos, brados
— é Deus, Ele vem buscar
os meus sonhos afogados.
/ Afogados /

O feitiço e a macumba,
só quem trabalha pressente.
Macaco a dançar rumba?
É a inveja dessa gente ...
/ Feitiço /

Segundas-feiras, provava
o mingau que as almas comem.
Às sextas-feiras, uivava,
transformado em lobisomem.
/ Lobisomem /

Encosto em espiritismo
vem do sobrenatural,
aprendi no catecismo:
é o homem quem faz mal.
/ Espiritismo /

Assombros, encantamentos,
as estórias do lugar,
são causos, são passatempos
— ninguém vê: ouve falar.
/ Estórias /

Tentei olhar o meu rosto,
vi somente escuridão ...
O rosto era puro encosto,
a rolar de mão em mão.
/ Escuridão /

Vela branca singra o mar
em noite de assombração:
lentos ventos a levar
a alma do bravo Gangão.
/ Gangão /

Dou o dito por não visto,
sem nenhuma ilusão:
quem anda com Jesus Cristo
tem medo de assombração?
/ Medo /


Do passado, do destino,
as histórias do vovô
contadas para o menino,
são tradições do nagô.
/ Nagô /

Frio correndo pela espinha,
o boêmio quase entala,
ao ouvir uma voz, baixinha:
“Sou o fantasma que fala”.
/ Fantasma /

O aluno leva pito,
professor quer ensinar:
Câmara Cascudo, mito
da cultura potiguar.
/ Cascudo /

Na porta do cemitério
crescem ramagens de horto
e ouve-se a voz do mistério
— “estou morto, estou morto”.
/ Cemitério /

Lendas, mitos brasileiros,
possuem um valor infindo:
são estudos verdadeiros
do professor Gumercindo.
/ Gumercindo /

Rangem portas com ferrugens,
sombras povoam os momentos,
assombrações vêm das nuvens,
os fantasmas são os ventos.
/ Assombrações /

Veríssimo professor
ensina antropologia,
no folclore é doutor,
da vida sabe a magia.
/ Veríssimo /

Encontrei, num arco-íris,
botijas que botam ouro,
acendi vela no pires
para afastar mau agouro.
/ Agouro /

Preto velho e inhansã,
num ebó aos orixás,
ofertavam a manhã
a oxóssi e oxalá.
/ Ebó /

Acendo vela a São Jorge,
ogum, o santo guerreiro,
minha fé é meu alforje,
prece melhor que dinheiro.
/ Prece /

Cantadores e vaqueiros,
as alegrias do sertão,
são cantares brasileiros
que nascem do coração.
/ Sertão /

Sozinho faço da vida
a vitória de quem ganha,
nessa estrada percorrida
só o bom Deus me acompanha.
/ Deus /

Ao morrer ficou no limbo
o diabo quase estupora
saci acendeu o cachimbo
pediu fumo a caipora.
/ Limbo /

À beira-mar, com encanto,
aos deuses faz oferendas,
de branco, o filho de santo,
lançando n’água suas prendas.
/ Oferendas /

Dobram sinos encantados,
acordam dentro de nós
lendas e mitos sobrados
dos extremos de Extremóz.
/ Sinos /

É um pranto de saudade
a cruz na estrada erguida.
Além disso, é a verdade
que nos conduz pela vida.
/ Cruz /


Encantos dos meus amores,
ouço o canto da sereia,
vendo os bravos pescadores
na força da maré cheia.
/ Sereia /

Era um grande vencedor,
só apostava na sorte.
Seus planos de jogador:
derrotar a própria morte.
/ Morte /

Nas estradas ou na igreja,
nas quebradas do sertão,
ouço cantar a peleja
dos cabras de Lampião.
/ Lampião /

Já começa a anoitecer
e a lua com tanta mágoa
ficava triste por ser
o reflexo da “mãe d’água”.
/ Anoitecer /

Ao voltar de uma caçada,
o caçador, se perdeu
— ouviu, bem perto, a passada
do morto que não morreu.
/ Caçador /

Rei de paus: é madrugada,
e o carteado continua ...
Vem, da noite assombrada,
o grito da “mãe da lua”.
/ Madrugada /

As lendas, os folclorismos
— tradição universal —
os mitos, os misticismos,
são coisas de Portugal.
/ Portugal /

Em todo o mundo é assim:
há muitas bruxas malvadas,
procurando dar um fim
à eternidade das fadas.
/ Bruxas /

Na escola foi reprovado,
do serviço foi deposto,
ouviu ao ser consultado
— só pode ser encosto.
/ Encosto /

Menino, cuspindo a papa,
levava um beliscão ...
Babá dizia, dando tapa:
“Lá vem o bicho papão”.
/ Papão /

Velas figas, oferendas
ao preto velho em agosto,
são o princípio das lendas
— só pode ter sido encosto.
/ Encosto /

Almas vestem puros linhos,
das alvuras do algodão,
são visagens, são anjinhos
em fila na procissão.
/ Almas /

Desde os tempos de Jesus,
os ladrões têm seu lugar:
os bons são presos na cruz,
os maus tentando salvar.
/ Ladrões /

O povo diz: “Virou anjo
a moça que a lua comeu ...
De noite, ouve-se um banjo” ...
Quem toca o banjo, sou eu.
/ Anjo /

Derramo um gole no chão,
antes de um trago tomar,
só faz bem ao coração
e aos deuses faz alegrar.
/ Gole /

O negrinho do pastoreio
ilumina o caminhante.
Hoje, fruto do que leio,
é uma lenda ambulante.
/ Caminhante /

João Gualberto Aguiar

por Alma do Beco | 8:29 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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