"Comigo não tem acordo, acordinho, nem acordão. Com Miguel Mossoró é na mão."
Miguel Mossoró, candidato a prefeito de Natal
Do meu nome
Não me lembro
Lugar de nascimento
Esqueci
Faz de conta que não sabe
Com você aprendi
Taboada tímida
Pendurada no muro
Dos lamentos,
Dos momentos,
Dos pedidos
Dois perdidos
Que por acaso
Se esbarraram ali,
Ou aqui?
Deborah Milgram
Leonardo Sodré
Ele trabalhava de domingo a domingo. Era padre de uma cidade do interior e tinha que atender vários distritos, principalmente nos finais de semana, quando presidia, no mínimo, umas seis missas por dia. Somente no início da noite, voltava para casa, ainda meio azedo de tanto vinho doce que tomava por causa do ritual católico.
Além das missas, ainda era obrigado a ouvir confissões, fazer batizados, casamentos e atender às mais diversas pessoas em busca de conselhos, de uma benção. Enfim, um trabalho pastoral intenso. Ele viajava de uma capela para outra dirigindo o seu próprio carro.
Tinha ficado feliz com a nova lei que penaliza fortemente quem bebe e dirige nas cidades e estradas. Calculou que o número de mortes trágicas iria diminuir muito em todo o Brasil, e agradeceu a Deus no primeiro sermão que fez após o anúncio da medida tomada pelo governo.
Sabia que a lei estava desagradando muitos homens que bebiam moderadamente, mas calculou que eles entenderiam os efeitos positivos. Um dono de bar chegou a procurá-lo para abençoar uma velha Kombi que iria ser usada para transportar bêbados. “A minha ‘Kombêbado’ vai fazer o maior sucesso na cidade”, disse excitado. Devidamente molhada por água benta e muitas orações para que fosse bem usada, a Kombi partiu para recolher a primeira carrada de papudinhos.
Naquele domingo, ele vinha cansado na BR. Dirigia devagar, mas um farol queimado chamou a atenção de policiais rodoviários que mandaram parar o carro ao longo do acostamento. Enquanto mostrava os documentos, os policiais notaram o forte cheiro do vinho doce de missa e imediatamente submeteram o padre ao bafômetro.
- O senhor está dirigindo com alta quantidade de álcool no organismo. O senhor e sua carteira de motorista estão presos.
- Mas eu tomei o vinho por obrigação... Argumentou.
- Ora meu amigo, onde já se viu beber por obrigação. Fique calado e entre aí no camburão.
- Mas eu sou padre! Disse, enquanto se acomodava na traseira do camburão da Polícia Rodoviária.
Os policiais olharam um para o outro, enquanto se acomodavam no banco dianteiro do veículo. Lá dentro, explodiram em gargalhadas.
- Eu já ouvi todo tipo de desculpa, mas essa de ser padre foi à primeira...