domingo, outubro 14, 2007

NOVA NATAL

Marcus Ottoni


"Quero dar um exemplo de ex-presidente: quero deixar a Presidência e não vou virar palpiteiro."
Lula



VERSÍCULOS

Faz de conta

Que esse capítulo não foi lido

Escolha um lindo happy end

Para seu epílogo

Embaralhe, troque

As escritas

Economize elogio

Rasgue os rascunhos

Permita-se erratas

Sublinhe o poder

Rasure o saber

Traduza a única

Palavra que falta

Leia o que não foi escrito

Lembre do que foi esquecido

Deborah Milgram


DE NATAL A MANHATTAN

(HOLANDESES E JUDEUS)

Pero Mendes de Gouveia, Capitão-mor (espanhol, segundo alguns), ferido nos combates, muito macho, não entregou a Fortaleza. A rendição (1633) se deu por obra e graça da covardia dos subalternos. Começara mal, assim, a dominação holandesa no Rio Grande. A galegada flamenga de Olinda e Recife, cinco anos depois da conquista de Pernambuco, estava de olho no gado, no açúcar e na mandioca da terra. O Reis Magos virou Castelo Keulen, a incipiente vila de poucas palhoças, na Cidade Alta, foi rebatizada: Nova Amsterdã. Começou a inhanha: a exploração, a violência, os massacres – um deles, o de Uruaçu, poucos dias depois da conquista.

Jacó Rabi (rabbi, em hebráico, significando “mestre”), Conselheiro da Companhia das Índias, judeu alemão, pintou e bordou em Cunhaú, em 1645, matando muita gente. Esse camarada arranjou amizade com os tapuias Janduís, comandando uma tropa de choque, violenta longa mano dos interesses batavos. Era tão ruim que os próprios judeus, portugueses e protestantes, prejudicados com suas façanhas, forçaram o seu assassinato, a mandado do coronel holandês Garstman, casado com uma brasileira.

Significativa, intensa até, foi a presença israelita no Nordeste durante a ocupação flamenga. Tangidos de Portugal e Espanha, acusados de heresias - vivendo outros na própria Holanda mas originários da Península, - os sefardins, ricos, chegavam aos nossos portos, atraídos pelo comércio, ganhando dinheiro, prosperando. No Recife, fundaram a primeira sinagoga das Américas. Gilberto Freyre afirmava que, desde Cabral, de dez portugueses que vinham para cá, oito eram judeus marranos (cristãos-novos).

No Rio Grande, hoje, pouca gente se dá conta da sua origem hebraica. Vencidos os holandeses nos Guararapes, liberada a Capitania, seu forte e sua vila primeira (Natal), a maioria dos judeus afortunados da região - marranos ou não - se escafedeu para o Caribe e para uma outra “Nova Amsterdã”, um entreposto flamengo, na ilha de Manhattan – que depois, sob o guante da espada inglesa, viria a ser chamada de Nova Iorque. Esse grupo ajudaria a fundar o império capitalista americano. Os outros, os menos bafejados pela sorte, obrigados novamente a se cristianizarem, foram palmilhar os caminhos do sertão, misturando-se às populações indígenas. Ficaram, todavia, os sobrenomes reveladores: Carvalho, Moreira, Nogueira, Oliveira, Pinheiro, Lopes, Dias, Nunes, Souza ou Sousa, Medeiros, Costa, Cardoso, Fonseca e tantos outros. Dos costumes e manias - afirmam, por aí - , deixaram-nos a carne de sol; o comércio à prestação, de porta em porta; a pintura das casas no final do ano; a sangria dos animais para a alimentação; o sepultamento dos defuntos envolvidos em mortalhas.

Os holandeses, por sua vez, parece (ainda bem, ainda bem!), só nos deixaram os Wanderley do Assu - salvo algumas poucas exceções -, gente de brio, de prumo, de engenho e de muita arte, até nossos dias.

Laélio Ferreira

Setembro de 2007-10-14

por Alma do Beco | 6:14 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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