quarta-feira, outubro 31, 2007

AGORA-VAI-NÃO-FOI

Marcus Ottoni


"Ontem foi um dia curioso na Fundação José Augusto. Mas foi definitivo para compreendermos a dimensão da sujeira com que jogam os inimigos da administração petista da instituição. E mais do que isso aferir o nível baixo do jogo, de gente profundamente mau-caráter que movida por interesses escusos, não perde oportunidade de jogar a lama do esgoto moral onde vivem para tentar recuperar espaços."

Crispiniano Neto, diretor geral da Fundação José Augusto, Jornal DeFato, 28.OUT.07


Foto: Karl LeiteEduardo Alexandre

Carta aberta à Governadora Wilma de Faria


Exma. Senhora Governadora,

Hoje, Dia do Funcionário Público, infelizmente não temos nada a comemorar. Nós, funcionários de carreira da Fundação José Augusto, passamos por vários governos e em todos, em nome do crescimento da nossa instituição, sempre procuramos ajudar aos que aqui chegaram, pois, ao longo dos anos, aprendemos a amá-la e respeitá-la. Aqui, é parte do nosso lar, e onde nos formamos profissionalmente e também para a vida, difundindo a cultura e o conhecimento.

Sabemos do seu valoroso trabalho em prol da cultura do Estado, sem sombra de dúvidas o Governo que mais tem trabalhado pela cultura, tão esquecida em alguns governos.

De repente, nos deparamos com uma administração do PT. A princípio, até gostamos da idéia, pois a sigla significa PARTIDO DOS TRABALHADORES.

Ledo engano, companheiros: "suas idéias não correspondem aos fatos"!

A nossa Fundação se transformou num inferno. Vir ao trabalho, hoje, significa tristeza, insatisfação, falta de vontade.

Essas pessoas que aqui estão em cargos diretivos, indicadas pelo PT, têm transformado nossos colegas em servidores sem qualquer valor. Revoltados, profissionais com 20, 30 anos de Casa, pensam em pedir demissão em decorrência de pressões e humilhações sofridas. Transferem de setor, sem que nos seja dado o direito de optar. Impuseram um ponto eletrônico que só funciona para os funcionários da Casa e para os que têm cargos comissionados indicados pelo governo. Os "deles", raros são os que têm essa obrigação, inclusive a de comparecer ao expediente. Sem contar com as diárias de viagens, a troco de quê não se sabe. Culturalmente, muitas não se justificam.

Em nome dos funcionários desta Fundação, digo que admiramos muito o seu trabalho em defesa do desenvolvimento da cultura do nosso Estado e esperamos que, em breve, todo esse engano seja resolvido; esse pesadelo deixe as nossas vidas.

Essas pessoas trabalham com rancor e jamais serão como nós, que trabalhamos cultura com o carinho que a cultura merece: parece trazerem consigo os dramas da incompetência do próprio partido.

O senhor que veio para ser o diretor geral, a qualquer platéia, em qualquer ambiente, não pára de fazer críticas abertas aos funcionários da Casa. Fala as coisas mais absurdas, faz intrigas, é indiscreto, mal educado, caluniador, falastrão. Fala, como se nós fôssemos os responsáveis pelo fracasso cultural de sua gestão, batizada pela crítica de arte como “agora-vai-não-foi”: acusa-nos pelo seu fracasso; faz da cizânia arma para administrar interesses próprios, jogando servidor contra servidor.

Escrevo esta carta aberta de desabafo para pedir SOCORRO em nome de todos nós funcionários da Fundação José Augusto. Não assino, porque temo a retaliação que, com certeza, se assinasse, viria: a truculência é outra característica bem deles.


Quem não pode com o pote...

O Bom Dia RN mostrou hoje (29.OUT.07) mais uma situação de abandono que está relegado o patrimônio histórico e sentimental de Natal e do RN.

Desta vez, foi a Estação (ferroviária) Central, na velha Ribeira disposta a guerras, segundo depoimentos de moradores, inconformados com a situação.

Quando deixamos o Centro de Documentação Cultural Eloy de Souza, projeto arquitetônico de reforma e utilização estava pronto, com a assinatura de Haroldo Maranhão. Equipamentos de informática estavam comprados. Trabalho de Isaura Rosado.

Quando a "administração petista" assumiu a FJA, aquilo que era um dos grandes projetos da instituição foi colocado à margem, relegado. Os equipamentos adquiridos foram para as salas de direção da FJA. O CEDOC, que havia planejado e trabalhado em projetos que tiveram resultados, era chamado de "primo rico da FJA" pelo novo diretor geral, que dizia aos quatro cantos ter descoberto uma mina de computadores e outros equipamentos.Tratava-se de um projeto Isaurista, portanto fadado às iras da atual gestão, que "desaparelhou" ou "expropriou" os equipamentos que estavam previstos para o Projeto Estação Central.

O diretor geral da FJA, Crispiniano Neto, diz estar numa guerra contra um inimigo que não ousa declinar publicamente, apenas insinuar, deixando margens a muitas dúvidas. Mas quem a ele tem acesso, sabe a quem ele se refere: Isaura Rosado, a quem credita todas as "tramas" assacadas contra ele.

O fato é que Isaura está quieta no seu posto de trabalho, a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do RN, realizando uma administração profícua e merecedora de aplausos, como, aliás, tem sido por quase todos os setores que passou e teve tempo de mostrar disposição, que a ela não falta, como pode atestar qualquer pessoa que com ela trabalhe ou trabalhou, enquanto a administração de Crispiniano na FJA tem se mostrado ineficiente e equivocada.

Ao chegar à FJA, no lugar de angariar a simpatia dos funcionários, declarou guerra a estes.

O resultado foi o teor manifestado pelos próprios, em carta anônima (por medo de retaliações) à governadora. Anônima, mas com conteúdo verdadeiro, cuja carga de insatisfação pode ser atestada em qualquer conversa na instituição.

Eventos programados, ali são cancelados com uma facilidade espantosa. A FJA tornou-se uma casa de vai-e-vens. Raras são as realizações, e projetos, esses, não há.

Ali, o planejamento caminha ao largo.

A entidade está visivelmente dividida entre petistas e governistas wilmistas, até o diretor geral escancara isso em qualquer conversa. Mas a divisão é maior do que parece e ele diz. Entre os petistas, as divisões também existem: o que um faz, o outro desmancha. É um caos de desentendimentos a Fundação.

O nível de linguagem do diretor geral é de dar pena. Para ele, seus críticos são "escroques", "gente profundamente mau-caráter que movida por interesses escusos, não perde oportunidade de jogar a lama do esgoto moral onde vivem para tentar recuperar espaços", esquecido, talvez, do boato que fez espalhar de que Isaura não queria administrar a FJA, onde era a diretora geral, para ocupar a Secretaria de Educação, de onde, aliás, viera como secretária.

Boataria publicada em jornais de sua própria terra, Mossoró, e que tinha um único objetivo: ocupar o lugar de Isaura na fundação de cultura do Estado.

A atual administração até tenta realizar coisas, mas não consegue. Falta-lhe CREDIBILIDADE.

O próprio Crispiniano escreveu em sua coluna do Jornal Defato: "a Fundação José Augusto realizou há poucos dias um Seminário sobre Turismo Cultural e de todo o trade, somente João Sabino compareceu e nenhum outro respeitável deu sinal de vida, visto que Turismo Cultural nunca foi o forte em nosso Estado de turismo tão competente." É essa a sua linguagem, também capenga na pontuação. Em vez de insistir em trazer os investidores do turismo para a cultura, fazendo uma auto-crítica do insucesso, uma avaliação sensata do fiasco do intento, reage a coices e ponta-pés contra quem precisa de convencimento.

Não sabe ele que a ironia e o desdém, em vez de aproximar as pessoas, distanciam. E depois reclama do pouco ou nenhum sucesso obtido.

O mesmo resultado pífio acontece quando convoca os artistas para as reuniões de suas Câmaras Setoriais de Cultura: o vazio é imenso.

Cansados de tanta decepção ao longo dos anos de pouca verba e atenção, os artistas já não crêem em solução para a área cultural do Estado e da cidade. O desencanto e a desilusão povoam as conversas de quem produz cultura.

No nosso querido Beco da Lama de todos os dias e de cultura espontânea e verdadeira, não imposta pelos poderes políticos, uma apreensão é comentada com o poder de fogo que encerra: a atual administração teria perdido o prazo, para a apresentação à Secretaria de Administração e Finanças, do seu plano plurianual para o setor de sua responsabilidade.

Espero que a notícia seja falsa. Porque, se verdadeira a apreensão dos artistas, queda e coice no futuro nada promissor: quatro anos sem um único centavo minguado do governo do Estado para a cultura, a não ser o que a governadora e o futuro governador(a), a ser eleito(a) em 2010, tenha piedade e remova dinheiro de qualquer outra fonte para a instituição imprevidente e, porque não dizer, irresponsável.

Eduardo Alexandre

Poeta, Artista Plástico

Ex- presidente da Associação dos Artistas Plásticos Profissionais do RN

Ex- Diretor Executivo da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências

Prêmio Diário de Natal de Produtor Cultural do RN

Criador da Galeria do Povo


por Alma do Beco | 10:31 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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