segunda-feira, maio 14, 2007

CIRCO GARCIA

Marcus Ottoni



"A ambição desmedida de riqueza e de poder leva à corrupção pessoal e alheia; não existem motivos para fazer prevalecer as próprias aspirações humanas, sejam elas econômicas ou políticas, com a fraude e o engano."
Papa Bento 16

Alexandro Gurgel

Franklin Nogvaes interpreta "O Bobo da Corte" e a classifica para a final do II MPBeco

Classificadas da 1ª eliminatória do MPBeco, por ordem alfabética.

01 - A Rainha do Tapete Vermelho - Drica Duarte/Letto - Elegia e Seus Afluentes
02 - Blues das Horas - Gil Oliveira - Jack Black
03 - O Bobo da Corte - Flanklin Nogvaes/Dunga
04 - Potiguaras, Guaranis - Ricardo Baia/Zé Fontes - Khrystal
05 - Potiguarina - Geraldo Carvalho/Graco Medeiros/Tertuliano Aires - Geraldo Carvalho


Poesia do Beco

a
poesia
do beco
faz
a confissão
da cidade
beco de luz
e de profunda
esperança
onde encontrar
teus poetas
peregrinos?
no santuário
da paz!!!

Franklin Capistrano

Tango

Apurar o sabor
Respeitar a dor
Sentir o calor
Estar a favor
Espantar o pavor
Cuidar a flor
Chamar o valor
Tocar a cor
Deliciar o amor
Seja como for...

Deborah Milgram



MÃE

Talvez você nem se detenha sobre este texto, afinal, hoje, os jornais, TVs, out doors, monitores de celulares e computadores e muitos outros veículos de comunicação estão lhe bombardeando com mensagens alusivas à data. E nada mais justo, mesmo sabendo que um só dia ainda é pouco para quem foi tão corajosa ao escolher ser mãe.

Algumas mensagens talvez evoquem a velha e doce imagem do avental todo sujo de ovo. Apesar de estarmos na época dos pré-prontos e fast food, ainda existem mães que fazem questão de preparar aquela comidinha especial que os filhos tanto gostam. Outras, mais românticas e saudosistas, talvez insistam no gasto "ser mãe é padecer no paraíso". Não acredito nisso. Dez, entre dez mães, querem mesmo é gozar no paraíso, nem que seja por breves e efêmeros minutos. Mas que paraíso seria esse, para uma mãe sentir-se nele?

O paraíso para uma mãe pode ser a visão de seu bebê saudável, brincado entre gargalhadas nos braços do pai ou ao lado dos irmãos; pode ser o sorriso tímido do filho que lhe estende o teste com nota máxima, de cuja disciplina ela esforçou-se tanto para ensiná-lo, tentando superar sua própria deficiência para ajudar. Pode ser também aquela sensação maravilhosa de confiança ao saber que seu bebê agora é um rapazinho e, para sua surpresa, já vai para as baladas com a carteira abastecida com camisinhas. Agora, mérito dos méritos, é saber que a cada sucesso ou decepção amorosa, ele aluga seus ouvidos – e ficamos nas nuvens com isso – para desabafar.
Ser mãe é ainda sair para curtir a noite com os filhos; assistir seus shows na primeira fila; divulgar e buscar público para suas apresentações; perdoar seus solos de guitarra às duas da manhã, em plena temporada de TPM. É saber impor limites. Dizer não, mesmo quando o coração diz sim, e ser chamada de capitão. É preparar um cozido sendo naturalista, e rezar para que um dia, depois deles muito se esbaldarem nos prazeres da carne, possam entender, valorizar e respeitar a moderação. É dizer adeus na fila de embarque, lágrimas escorrendo para os lábios que sorriem, tentando entender que aquela separação dolorosa servirá para aumentar alguns centímetros no amadurecimento do seu rebento.

Ser mãe não é fácil! Mesmo que possamos contar com pessoas para nos auxiliar, a mãe, assim como o mordomo, é sempre a culpada por tudo que não saiu a contento em relação ao caráter e/ou comportamento dos filhos. Portanto, mulher, muita atenção e discernimento: na hora H, antes de passar para o ponto G, lembre-se que a próxima etapa pode ser para sempre. E mesmo que o co-autor do empreendimento desapareça magicamente da sua vida, você terá vínculos biológicos, afetivos e espirituais com o novo serzinho que em breve poderá estar lhe promovendo a mãe; e, se não os três laços, ao menos dois, para toda a eternidade.
Mas, agora é tarde demais. Se você chegou até aqui é porque já é mãe. Então relaxe e aproveite este dia que é só nosso. Nós merecemos!

Ana Cristina Cavalcanti Tinôco



O CIRCO GARCIA

O Circo Garcia já esteve entre os cinco melhores do mundo, no seu auge, na década de 80. Após 75 anos despertando a alegria e os risos de crianças, jovens e adultos, o circo arriou a lona definitivamente em 2003, desestabilizado por uma infindável crise financeira.

As histórias dos circos e das suas personagens são bem parecidas com a própria vida em si, e com a de qualquer indivíduo. Os artistas têm a missão de tornar mágico um espetáculo de pouco mais de uma hora e fazer deste instante um fato inequecível à cada um que o presencia. O palhaço fazendo rir. Os trapezistas nos dando a lição de que vale a pena correr certos riscos quando a finalidade é grandiosa. Os malabaristas mostrando que a dedicação a uma certa atividade durante algum tempo enseja resultados incríveis. Os domadores deixando claro que é possível dominar feras quando temos o controle de nós mesmos. Os adestradores ensinando, com os cachorrinhos e elefantes, que a obediência é uma regra natural, indispensável a qualquer sociedade.

De todas as personagens do circo a que sempre me despertou maior encanto foi o mágico. Lembro-me que nos espetáculos eles atravessavam espadas pelo corpo, sem dor, sem sofrimento, sem sangue. Transformavam objetos, dinheiros em bugingangas e vice-versa. A cada mágica nova, uma novidade maior era retirada das mangas. Sempre haviam coelhos nas cartolas, baralhos com diversas figuras, moedas... ilusões. Hoje entendo que foram eles que me ensinaram que fazer mágica não é o exercício regular apenas daquela profissão, e que truques mal feitos são sempre descobertos.

Pessoas de todas as classes e idades vão ao circo. Cada qual traz no íntimo o seu encanto pela apresentação mas todos vão a ele na intenção de se divertir.
As crianças chegam fascinadas, ouriçadas pelo início das apresentações. Acham os apresentadores uns chatos, eles falam demais, agradecem demais, são sérios demais. Ficam extasiadas com as perigosas empreitadas dos trapezistas, impressionadas com o mágico, enfeitaçadas pelos animais, amedrontadas com as feras, saltitantes ao fitar os animais, irrequietos com os malabaristas. Choram de rir com o palhaço, o personagem preferido delas. No fim de tudo, acham o espetáculo a coisa mais grandiosa e perfeita do mundo.

Os adultos insensíveis vão ao circo porque talvez seja uma boa idéia distrair-se um pouco, ou, agradar as crianças. Gostam da linguagem imponente dos apresentadores, embora muitas vezes percebam os deslizes no bom português. Acham os trapezistas interessantes, mas admitem que as exibições não são tão perigosas assim. Assistem o mágico, tentando revelar seus truques. Reparam que alguns animais estão um pouco mal cuidados. Não acham graça na palhaçada, mas no palhaço. Pensam que os malabaristas devem ter perdido um bom tempo repetindo aqueles movimentos. Gostam mesmo é de ver as feras. Ao final, acham o espetáculo interessante e certamente foi uma boa forma de passar o tempo.

Já os idosos chegam a conclusão que não é importante apontar os defeitos que perderam a vida inteira procurando nos espetáculos de circo quando eram adultos, e que o bom mesmo é ser criança. Existem alguns que não se tornam adultos insensíveis e sempre observam o circo com a mesma magia que uma criança. E eu acho que meu avô era um desses.

Bastava anunciada a chegada do circo, seja ele rico ou pobre, pequeno ou grande, modesto ou suntuoso, e ele fazia questão de ir e levar todos os netos. Ele ficava embasbacado, olhava-nos efusivo em saber que estavamos nos divertindo. Demonstrava, a qualquer preço, que tinha o objetivo de tornar inesquecível aquele momento.
Eu achava meu avô o "cara". Todos o admiravam e eu queria ser igual a ele quando ficasse mais velho. Ele se preocupava com a família, queria ver todos alegres, e o nosso divertimento era também o dele.

Batizou a família de circo Garcia. Talvez apenas pelo fato de termos este sobrenome; ou por achar que todos nós parecíamos personagens de um circo e este nome era o mais adequado; ou por gostar de circos e da família e para associar os dois. Pode ser que gostasse de apontar cada membro da nossa troupe como um dos personagens do circo: um era o palhaço, outro o macaco, o trapezista, a fera, etc. Talvez por tudo isso ou por nada disso.

Por bem, muitas vezes pudemos ter sidos palhaços para que ele nos alertasse de volta à seriedade. Alguns podem ter bancado o trapezista e, na queda, ele fez questão de reerguer; equilibrando todos na corda bamba, com malabarismos, com mágicas, domando as feras. Meu avô ocupava na nossa família tudo que um circo precisa e ocupava no circo tudo o que nós precisavamos.

Meu avô deixou a lição de amar o circo. Deixou a lição de amar a família. Deu a cartilha da família circo Garcia. Sua caminhada à evolução espiritual legou o dever de zelar pela continuação do grande espetáculo das nossas vidas.

Arisvaldo Ribeiro, o apresentador do Circo Garcia, mesmo triste não perde as esperanças. "No lugar de adeus, vou me despedir como sempre fiz, dizendo apenas até o próximo espetáculo" – afirmou antes de sua última apresentação.

- O Circo fechou. Eu gostava daquele circo. Eu estou triste porque aquele circo fechou. Eu estou com saudades daquele palhaço. Acho que vovô também está triste porque aquele circo fechou...

Guilherme Garcia

por Alma do Beco | 8:01 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

.. .. ..

.. .. ..

Recentes


.. .. ..

Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

.. .. ..

A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

layout by
mariza lourenço

.. .. ..

Powered by Blogger

eXTReMe Tracker