segunda-feira, maio 07, 2007

TIRÉSIAS

Marcus Ottoni


Resta pintar um quadro aberto como o universo
Eduardo Alexandre

Orf


8 de Maio, DIA DO ARTISTA PLASTICO
1977 - 2007 Galeria do Povo, 30 anos

nem tirésias

teço em teia de silêncio esse mosaico
que se lança quase líquido em cortina
e reflete o sol da tarde e o dissemina
nas paredes do sobrado — quase arcaico
como fosse o arco-íris mais prosaico
ou colares de turquesa e turmalina
desfiados em rosário de opalina
recitado em arremedo de aramaico
tudo falso tudo frio tudo laico
num contraste que repele e que fascina
coquetel que une cicuta e adrenalina
que se alterna do abissal ao himalaico
movimento pendular que não termina
e em silêncio faz sangrar teia e retina

Márcia Maia



LIÇÃO DE GEOGRAFIA

Repare o tempo em qualquer parte
e deixe o toque ouvir cada momento.
Tire a luva invisível
e sinta sob a máscara invisível do meu rosto
o gosto que eu fiz para você
durante todo o tempo:
de esperas
de segredos
de medos
de recuos, desencontros, desesperos


(em suma, de desejos).

Releve a ruga, a barba por fazer e algum cabelo branco
(brinque-me.
Pela janela, além da brisa, só a noite).

Pare no meu queixo e aí queira a sua boca.
Só não deixe que um beijo lhe sacie,
lhe baste,
porque um beijo rouba a história de outros beijos
e eu quero do beijo o motivo
vivo
porque sou feito de ânsias, de antes, nunca de depois
(e eu com essa cara de depois...).

Toque-me os ombros,
mas não tire o peso que imagina que eu carregue.
Todo o peso eu trago nos olhos
—testemunha dos instantes em que você não veio.

Experimente as minhas mãos.
Aqui o aparente frio me desmente.
queimando, ainda, o cheiro da sua.


Mire-me os olhos
e deixe-me ficar.

E essa brisa eu já nem sei se é de mim quando respiro
ou de você quando se vai.

Antoniel Campos



José Alexandre Garcia: altivo, íntegro e bom

É realmente um autêntico exemplo de vida a ser seguido, pelo que tinha de grandeza e nobreza de caráter. Mesmo com gestos dóceis, serenos e suaves, conduzia consigo uma energia contagiante, vibrando alegremente com o que fazia, com gestos largos de solidariedade e bondade de coração.

Orgulho-me de te-lo conhecido e dele recebido só estima, carinho e gestos de profunda amizade. Era um mestre inigualável na maneira de conduzir uma conversa e de fazê-la alvo de participação de todos, sem pedantismo, esnobismo ou supremacia de tom.

Vivia a amizade em todos os seus termos, fazendo-a grande e profunda.

Éramos despachantes. Ele aduaneiro. Eu, estadual. Conhecia profundamente o seu trabalho, ensinando-me a fazê-lo e como sempre com simpatia, elegância e disponibilidade, sem nunca tergiversar ou vacilar. Para mim foi, além do amigo dedicado, um mestre.

Pertencíamos, ambos, ao movimento leonístico. Desempenhou no leonismo um papel de grande e reconhecida significação e importância, daí ter exercido, com competência e dedicação, diversas funções, honrando e dignificando os cargos ocupados. Foi um leão admirado e querido por todos, no Distrito L – 14, de Lions Internacional, com jurisdição nos Estados de Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Lembro-me de uma reunião maçônica em Mossoró. Ele era. Eu, ainda não.

Muita gente reunida, num encontro comemorativo na granja de um amigo. Alguns oradores da maçonaria se fizeram ouvir. Estava ao seu lado, próximo ao Comendador Armando Fagundes. Sussurrando, inclinou um pouco a cabeça e com palavras entrecortadas, disse: “agora é a sua vez.” Relutei, mas sem êxito, ao ouvir a sua voz.

“Agora vai falar o futuro maçom Elder Heronildes”.

A emoção me dominou.

Grande Alexandre, de grandes gestos. Quem tinha um coração daqueles não podia ter gestos pequenos. Seu coração era grande demais, por isso, conseguia juntar nele, a multidão de amigos que deixou, lamentando e chorando ainda hoje, a sua partida, para engrandecer com a sua presença, outras dimensões.

Nós, eu e minha esposa, Zélia, o estimávamos muito. Estima que se estende, ainda hoje, a Dona Isabel, que com sabedoria e sensibilidade, percorria com simplicidade e nobreza, os seus caminhos.

A homenagem a José Alexandre Garcia é justa, oportuna e feliz e atende os anseios de todo o Estado, de vez que abrangente era a sua presença marcante.

Daqui de Mossoró, cidade que amo o quanto Alexandre amou Natal, expresso a minha alegria e a minha emocionante satisfação por tão grato acontecimento, abraçando efusivamente, Eduardo e Dona Isabel.

Elder Heronildes

por Alma do Beco | 5:39 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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