"Segura a cabra."
Rocas Quintas
Fot'Orf
Show de Paulo Varela, no Dia Nacional da Poesia
FIM DO MUNDO
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SOBRE A RAMPA
email enviado por Rejane Cardoso
Do capitão-de-mar-e-guerra Edmilson Franco da Silva, encarregado do Patrimônio, recebemos carta sobre o projeto de ocupação da área da Rampa para a construção da sede do III Distrito Naval, que transcrevemos a seguir, na íntegra.
Prezado Sr. Vicente Serejo,
Com o intuito de esclarecer V.Sa sobre as intenções da Marinha do Brasil para a área da RAMPA, em função da matéria CENA URBANA inserida na vossa coluna no Jornal da Tarde (sic) de 08/mar/2007, participo o seguinte: Em 2004, a Força Aérea Brasileira reverteu para a Gerência Regional do Patrimônio da União no RN (GRPU-RN) a área em torno do antigo prédio da RAMPA, que compreende também a área ocupada pelo Iate Clube do Natal e pela Companhia que explora a Balsa Natal-Redinha. Nessa ocasião a GRPU-RN solicitou que a Marinha do Brasil assumisse a posse do terreno para garantir a preservação do patrimônio lá existente. A Marinha, procurou, então, desenvolver projeto para construção nessa área de uma nova sede para o Comando do Terceiro Distrito Naval, único Distrito marítimo cuja sede não se encontra adjacente ao mar, ou em via navegável de acesso ao mar. Por outro lado, nossa Instituição sempre se preocupou com a preservação do acervo histórico-cultural da Nação brasileira, consoante às diretrizes estabelecidas pela Diretoria do Patrimônio Histórico Cultural da Marinha. Nesse mister, vem buscando ao longo dos últimos anos a aproximação com diversos atores para a elaboração de um projeto conjunto e sinérgico visando a revitalização da Rampa e a transferência da sede do Comando do Terceiro Distrito Naval para as proximidades do mar. Assim, em 6 de março foi realizada reunião com diversas entidades/órgãos do Governo Estadual e Municipal, Ministério Público Estadual, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Fundação José Augusto (FJA), Academia Norte-Rio-Grandense de Letras e Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte para apresentação simultânea dos projetos de estabelecimento de um Espaço Cultural Rampa, elaborado por arquitetos da Casa da Ribeira, e da sede do Comando do Terceiro Distrito Naval, bem como para ratificar os compromissos anteriormente assumidos pela Marinha com o povo potiguar. Essa reunião buscou identificar alterações vislumbradas nesses projetos iniciais de modo a buscar um consenso visando preservar o Patrimônio Histórico e o sítio arqueológico bem como não interferir na paisagem e nem na sua visualização do prédio histórico da RAMPA, tanto pelo Rio Potengi quanto por terra. As discussões iniciais indicaram a viabilidade das adaptações dos dois projetos arquitetônicos, a partir da alocação, pela Marinha do Brasil, de uma área de cerca de 9.000m² no entorno do prédio tombado pelo Estado do Rio Grande do Norte para a construção do Centro Cultural RAMPA. A Marinha do Brasil cederá o acervo do Almirante Ary Parreiras para o futuro museu que será instalado no Centro Cultural RAMPA. O Almirante Ary Parreiras foi uma das grandes figuras da História de nossa Instituição e certamente do Estado do Rio Grande do Norte, que viabilizou a construção da Base Naval no Alecrim por ocasião da Segunda Guerra Mundial. Seu nome encontra-se em rua e escola dessa cidade do Natal. Finalizando, esclareço a V.Sa que não é desejo da Marinha do Brasil desrespeitar o Patrimônio Histórico desta cidade e coloco-me à vossa disposição para quaisquer outros esclarecimentos julgados necessários. Atenciosamente,
Edmilson Franco da Silva, Capitão-de-Mar-e-Guerra – Encarregado do Patrimônio.
NOTA
Custa acreditar, Senhor Capitão-de-Mar-e-Guerra Edmilson Franco da Silva, sem embargo do sincero reconhecimento da elegância de sua carta, que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não tenha consciência técnica e cultural do que representa, conceitualmente, um Sítio Histórico. Não cabe, data vênia, a não ser para servir simpatia, confundir uma edificação, no caso o prédio encravado na Rampa, com as históricas e indispensáveis áreas de servidão que caracterizam sua magnitude intrínseca e inseparável, preservando-se também seu isolamento e sua solidão. Um edifício não basta para caracterizar um Sítio Histórico, expressão empregada com abrangência de propriedade para significar o seu ‘em torno’, formador do conjunto e do pitoresco, e não apenas uma de suas partes. A Rampa, em qualquer civilização superior, seria intocável. Aquela embocadura de rio, muito antes de ser a Rampa, foi porto de descanso e ambição de portugueses, franceses e holandeses, nas viagens do período colonial; ali amerissaram os pioneiros das travessias aéreas do Atlântico; foi o mais histórico dos pontos de encontro de Chefes de Estado deste lado do mundo - Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt - na decisão da participação do Brasil na II Guerra Mundial; ali embarcaram e desembarcaram visitantes os mais ilustres quando iam ou vinham do front. Acredite: somos, por conta daquele local, uma presença no mundo, desde os mapas coloniais mais importantes. Não bastasse o lugar histórico, temos usucapião cinco vezes secular, legitimado pelos dias e as noites do nosso tempo inteiro de vida e história, se considerarmos a partir das viagens do ciclo de viagens do Descobrimento. Todas as vozes ali reunidas entoam o grande concerto do passado. Talvez, por essa importância, nunca fomos povoado ou vila, já nascemos cidade, como atesta o nosso grande historiador, Câmara Cascudo. Como se não bastasse, Natal é um exemplo de generosidade para com as Forças Militares, com vastas áreas em seus bairros nobres: são três unidades do Exército, além do Hospital Militar; duas da Marinha, uma delas à margem do Potengi; além de uma imensa faixa de terra em toda margem da Avenida Roberto Freire, entre a BR 101 e Ponta Negra, propriedade da Aeronáutica; grandes extensões de terras valiosíssimas nas duas margens da estrada que leva a Pirangi, área da Barreira do Inferno; para não falar na Base Militar da Força Aérea na faixa contígua entre Parnamirim e Natal; e nas grandes áreas residenciais. Creia: mesmo assim, não temos sido bem tratados, apesar de tantos gestos. O Ministério da Aeronáutica nos negou fazer na Roberto Freire o Parque da Cidade; o novo Hospital da Guarnição, construído incorretamente próximo à Hermes da Fonseca, feriu a visão livre dos Morros que os urbanistas chamam de Cordão Dunário; e para erguermos a nova ponte sobre o rio Potengi, símbolo de desenvolvimento e progresso para os natalenses, tivemos que pagar em obras cada metro, mesmo para uma realização pública de uso coletivo. Agora, querem edificar a sede do III Distrito Naval no Sítio Histórico da Rampa, com o argumento de que é preciso erguê-la perto do mar. Querem ocupar uma área especial, e non aedificandi, por seu próprio valor histórico, com edifícios administrativos que bem poderiam ser construídos na larga faixa da Base Ary Parreiras; ou, no ainda livre e vasto terreno militar, depois do Iate Clube, bastando apenas a cessão da área, a nascer de simples entendimento entre duas forças militares, no caso, o Exército e a Marinha, sob a égide do Ministério da Defesa, e o apoio do Patrimônio da União, todos da esfera federal. A Rampa é nossa, senhor Capitão. Tão nossa que, se no Estado Maior da Marinha do Brasil estivessem norte-rio-grandenses - e é neles que nasce o verdadeiro amor à terra – a própria Marinha seria, a essa altura, a nossa melhor trincheira. É grave, gravíssimo, que instituições sérias da cidade concordem com a perda desse traço de nossa fisionomia, pedaço da nossa história, parte integrante de nossas vidas. Respeitá-la e restaurá-la integralmente, diante de tudo quanto esta cidade tão generosa já demonstrou, seria o mínimo a que teríamos direito. Não se surpreenda. A reação deste cronista é a mesma de alguns anos, quando da primeira tentativa, e o arquivo deste jornal pode atestar. Defender esta cidade é uma coerência marcada por 37 anos de jornalismo na defesa da terra, sem interesses pessoais. O plano do III Distrito Naval, ao querer substituir um Sítio Histórico de presença mundial por um prédio, não fere apenas a História de um povo, e já bastaria. Fere a própria História da Marinha que, por mais gloriosa, não faz parte daquele local, mas pode cometer a terrível insensibilidade de assumir, para sempre, a autoria de sua destruição. Basta de tantas agressões e de tanto abandono ao Sítio Histórico da Rampa com aquelas ruínas, barracas, embarques de lanchas, automóveis e sujeira. E não nego ao senhor, por tão evidente: nossos governos, estaduais e municipais, têm sido imperdoavelmente negligentes e desrespeitosos para com o patrimônio histórico da Rampa. Daí, quem sabe, esse complexo de obediência. Prova disso, é aquele cenário triste, abandonado e degradado, agora ameaçado de desaparecer de vez. Como seria bom que o Sítio Histórico da Rampa encontrasse na Marinha do Brasil, de tantas tradições, a consciência que tem faltado aos governos que nos tem legado, ao longo de décadas, uma herança perversa feita de populismo incurável e empobrecedor. A Marinha erra quando insiste em construir naquele local, como erram terrivelmente as instituições culturais e governamentais, e o Ministério Público, signatários de acordos nascidos sobre um erro histórico. Auxiliares transitórios de governos e gestores passageiros de instituições jurídicas e culturais não podem espalmar agressões contra a História de um Povo e, o que é pior, em nome desse Povo. Pelo contrário: deveriam refletir o espanto diante de tão grave desrespeito, com se um escambo de compensação pudesse justificar a agressão a uma cidade que faz parte da História do Mundo. Lamento, pois, senhor Capitão-de-mar-e-guerra Edmilson Franco da Silva, mas esta voz que outra vez se ergue, e é a mais humilde de todas, não pode aceitar a destruição do Sítio Histórico da Rampa.
Com o mesmo e sincero respeito,
Vicente Serejo.
CASA, COMIDA E ROUPA LAVADA"
Pia praí, seu Clárqui... é cuma o sinhô mermo dixe naquele dia lá no Natá Xópi:
"E eu vou ser contra um povo e um lugar que já deu pro mundo ouvir blues, jazz e rock 'n' roll!!!"
Parece inté qui nóis tamos é vortano pra caninga dos tempos do "go home" e do "fora o trust", a manjada malhação da estudantada vermêia em riba da Esso, da Xéu, da Texaco e da Coca-Cola, visse?
Prum país qui já censurô a "Ave Maria" de Godá mas passa pros bestas vê a ôtra "Maria" do padreco puladô Marcelo Rossi, nada me admira e causa mais comichão no cordão do saco preto...
O pobrema é qui as "novas patruias indeológicas da petelhada" tá muntcho puta por causa da sugesta no começo do filme "Turistas": "num país onde vale tudo, tudo pode acontecer".
Magine o sinhô qui a queimação do filme é todinha com o Rio de Janeiro, onde o Zé Carioca de Mister Disney já fez escola e tirô diproma de vadiage!
Agora, por ôtro lado, já pensô se a gringaiada qui vem aqui pro nosso véio Errigenê lascado, começá a falá ruim dessa oca de Poti???
E se a chapa começasse a esquentá lá pras bandas de Pipa ou em quarqué ôtro beiço de mar desse litorá paidégua, onde a lavação de bufunfa come solta, hem???
Era bão mermo qui o guverno daqui, pra butá morá, arresolvesse tomá de vorta o terreno de Ponta Negra qui foi agraciado ao Rei Pelé!
Apois... se já tomaram a casa de "Areias Prêta" dada de mão beijada a Mário de Andrade, lá no finá dos anos vinte ( por causa da rivulução de trinta ), pru quê, entonces, num se breca o terreno do negão? Pregunto na tóra pra todas essas otoridades daqui:
- Agora, inté Pelé tomém já tem dereitcho à cota nessa terra onde forasteiro sempre lava a égua e as nêgas daqui???
Acuma se não bastasse, ainda arrumaram uns trinta beatos da gota serena, lá das bandas de Sumpalo, Pernambuco, Portugal, Ilha dos Açores, Espanha e inté da França, cujos nomes de mais da metade desse povo ninguém sabe ao certo. Só se sabe qui o "tampa" da curriola era ôtro padreco paulista, um tá de André de Soveral.
Tomém era de fora o besta-fera qui butô pra reiá nêles tudim - um judeu-alemão chamado Jacob Rabbí - qui veio lá do Pernambuco a selviço dos holandeses, junto com uma reca de índios tapuias e potiguares, arripiando e sentando a macaca lá pras bandas de Cunhaú e Uruaçu.
Nesse rolo todo da bixiga, ainda tinha um frechado dum gringo por nome Dirck Maeller, qui tinha uma casa na beira do Potengi... Foi justamente na saída da casa dêle, adispois duma janta, qui atucaiaram o carrasco Jacob Rabbí, coisa de um ano adispois do massacre da beataria de Cunhaú e Uruaçu.
Aí, na maió cara de pau, aparece a santa madre igreja de Natá e qué, por fina força, qui o povo tenha devoção por esse bando de cafuçu lá de fora! Parece inté coisa propositá pra mode fazê pouco do meu padim João Maria, o verdadeiro santo do povo natalense. Adispois dele, só a devoção por "São Baracho", lá no campo santo do Bom Pastô, tão ligado?
Mas do jeito qui essa terra tem gosto pra mode chaleirá gringo, só farta mermo butá pra sê santa as duas alemoazinhas filhas da fraulein Ruth Looman, mortas e estrupadas por Vilarim - "O Monstro de Capim Macio" - lá pelo ano de 1975...
Num é à toa qui Natá é a capitá qui mais comemora o tá do "ralouín" ( o dia das bruxas americano ). Coisa dos "Ci-Ci-Ei-Ei" e qui, na verdade, já vem derna dos anos sessenta, com a curriola do "SCBEU" e da "Casa do Maine". Tô mintino?
Por isso qui tomém é o lugá onde se toca mais blúis e roquinrôu no nordeste todim!
Tem inté um abestado daqui qui véve lá no Recife (o sinhô conhece muntcho bem) qui arresorveu, junto com ôtro pariceiro papa-jerimum chamado Moisés de Lima, a fazê e cantá "blúis em Português". Por isso qui quage ninguém entende qui "Potiguarina", musga do mermo galadim lá de Recife, juntamente com Tertuliano Cabrito e Geraldinho Carvalho, na verdade, é a "Macunaíma" das musgas feitas nesse véio Errigenê de guerra. A mais "descolonizada" de todas. Digo e sustento. Quem ficá enciumado e com inveja qui vá enfiá peido num cordão!
Agora, pelos anos dois mil, qui já num tem mais "Quarentena", nem "Arpége", nem "Ideal", nem "Maria Boa" e nem cabaré nenhum, aí o povo qué empatá as putas de darem o qui é delas lá na avenida Roberto Freire e na Ponta Negra... de qui jeito?
Afiná, adispois qui os americanos foram imbora, Natá pegô gosto pela safadeza e pela sacanagem.
Nos anos sessenta, "bundeira" era as moças de famía qui davam o rabim pros cadetes e oficiás forasteiros das forças armadas e guardavam o cabaço pra mode casá com os doutô e adevogados daqui. Quano acabá, só queriam ser as "pregas de quelé" e butavam a maió banca lá no "Aéro Crúbi" do Tirol, acuma se sêssem mió do qui as piniqueiras lá do sítio de "Dotô Choque".
Tá vendo tu?
Afiná, num foi a "filosofia" de um dos premeiros Motés da cidade qui dixe qui "turista merece casa, comida e roupa lavada?" Agora é segurá a õinda e os chifres, apois cabaço e anel de couro pros "Turistas" tá vuando de ruma e de apôito!
É cuma diz o mestre Genivá Lacerda:
- "Segura a cabra, segura a cabra, segura a cabra que ela gosta de chifrá, uma chifrada dessa cabra meu amigo, é um perigo, faz a gente budejá!"
Rocas Quintas