segunda-feira, março 20, 2006

A ISTÓRA DA FÉ

Marcus Ottoni


"Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) num dos contratos da Petrobrás com a GDK aponta superfaturamento de US$ 23 milhões (aproximadamente R$ 48 milhões) e fortes indícios de favorecimento na licitação vencida pela empresa.”
De Diego Escosteguy em O Estado de S.Paulo, hoje.

Orf


ARRUMAÇÃO

Na gaveta
Guardada ficou a memória
Intacta, limpa, melancólica

Na gaveta
Amassada ficou a saudade
Latente, incoerente, irreverente

Na gaveta
Sumida ficou a loucura
Temporária, tímida, experiente

Na gaveta
Lacrada ficou a promessa
Balbuciada, proferida, escrita

Na gaveta
Armazenada ficou a paixão
Proibida, indecisa, impregnada

Na gaveta
Arrumada ficou a vida
Sem cheiro, sem pulso
Com muita naftalina

Deborah Milgram




A ISTÓRA DA FÉ
Poema Matuto

Há dois mil anos atráis,
cumeça a istóra da fé.
A istóra de Jesus,
de Maria e de José.
José era caipintêro;
e Maria, cumpanhêro,
a virge de Nazaré.

Maria era sortêra,
quando Deus Pai lhe iscuiêu,
mode sê mãe de seu fíi,
e um anjo lhe aparicêu.
Quando ela tava resando,
o anjo foi se achegando,
e a boa nova, lhe deu.

Maria, cheia de graça,
essa visita me induz,
a dizê, bindito é o fruito,
do vosso ventre de luz.
Falô num facho de brio:
Tu vai dá luz a um fío,
qui vai chamá de Jesus.

Maria lhe arrespostô,
bem alí, na aparição:
Cumo vai acuntecê ?
Eu juro qui num sei não.
Pruquê já me decidí,
sô virge, cumo nascí,
e num me intrego a varão.

Gabrié lhe dixe, intão,
abrindo o seu belo manto:
É um milagre Divino,
Maria, eu lhe agaranto.
Ela dixe: In mim se faça,
quero arrecebê a graça,
do Divino Ispríto Santo.

E alí, Maria, amostrando,
sua grandeza de amô.
Do arcanjo Gabrié,
aquele anúnço acatô.
Tornô-se Mãe, de verdade,
de tôda ahumanidade,
e de Jesus, Saivadô.

Gabrié inda ordenô,
alí, na anunciação:
Percure Zé Caipintêro,
abrindo o seu coraçaão.
Deve cum êle, casá,
pru mode legalizá,
a sua situação.

Maria casô cum Zé,
dispôi da anunciação.
Zé, normamente na lida,
ela in sua gestação.
E alí, dento de Maria,
tava aquêle qui siria,
para o mundo, a redenção.

E bem pertíin de chegá,
o isperado momento,
Zé acumodô Maria,
amuntada num jumento.
Uis anjo dissero amém,
e êles fôro prá Belém,
mode o resenciamento.

Quando chegaro in Belém,
já num tinha mais hoté.
Nem um quarto de pensão,
ninhum abrigo se qué.
Nem um pôco angustiada,
Maria, resiguinada,
dixe: E agora, José ?

Vamo dá o nosso jeito,
dixe êle prá Maria.
Adispôi de munto andá,
longe do qui êles quiria,
finamente se arrancharo,
num lugá qui incrontaro,
dento de uma istribaria.

Quando foi tarde da noite,
Maria pariu sem dô.
Recebeu duis animá,
solidariedade e amô.
Prá nossa felicidade,
na maió simpricidade,
nasceu Jesus Saivadô.

Cum seu instinto materno,
Maria, quage dotôra,
do seu fiín inucente,
cumpetente zeladôra,
pegô Jesus bem nôvíin,
e acumodô cum caríin,
no capim da mangedôra.

Meus irmão, foi nêsse hoté,
qui num tem era uma vêiz,
de uma istrêla, sòmente;
a de Belém, digo a vocêis,
qui nasceu o mais amoroso,
tombém o mais poderoso,
o Reis de Todos Uis Reis...

Bob Motta

por Alma do Beco | 10:04 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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