sábado, março 18, 2006

ABRACADABRA

Marcus Ottoni


“Devo muito, mas muito de tudo que nós fizemos a um homem chamado Antonio Palocci.”
Presidente Lula

Hugo Macedo

Isaque Galvão no Carnaval do Centro Histórico

Abracadabra

Havia um bruxo
De dia só falava
De tarde apenas declamava
Virava fantasma
Nos versos se deleitava
De noite fazia orgia
Convidava duendes, magos e trolles
Bebia, sorria idealizava
Cansado, magoado, assumido
Acordava pronto pra mais uma magia

Deborah Milgram




VISITANTES MATINAIS
Poema Matuto

Moro bem pertíin do morro,
onde a fáuna, livrimente,
inda é feliz e contente,
e vê a vida passá.
E eu, poeta apaixonado,
amante da natureza,
me integrando a essa beleza,
resôiví participá.

Faiz aigum tempo, dotô,
qui eu boto in riba do muro,
fubá, xerém, míi maduro,
p'ruis passo se alimentá.
Tôdo dia de menhã,
êles se assenta cantando,
cuma quem diz: Tô chegando;
já é quage um rituá.

E cum êles e seu cantá,
eu tanto me acustumei,
qui de repente, pensei,
e fiz cum munto caríin,
duais casinha de madêra,
bem potregida e cuberta,
cum porta e jinela aberta,
mode êles fazê seu níin.

E quando eu vejo uis bichíin,
entrá e saí à vontade,
minha ritina, in verdade,
num sei cuma num discola.
Nem sei cuma um sê humano,
pode surrí sastisfeito,
vendo um passaríin sujeito,
prêso dento da gaiola.

Um cunvite mê istrãe,
eu faço e digo pruquê.
O cunvite é prá você,
qui tem passo in cativêro.
E se você aceitá,
eu duvido qui num pare,
prá pensá e num iscancare,
ais porta de seu vivêro.

Eu quero lhe cunvidá,
mode fazê uma visita,
qui num é nada bunita,
lá na colonha pená.
Mode vê hôme injaulado,
e seu sembrante qui ixprime,
qui êle tá pagando um crime,
eu acho inté naturá.

E o pobre do passaríin ?
Agora, pregunto, eu:
Quá crime êle cumeteu,
prá ficá incaicerado ?
Puracauso foi seu canto,
qui de menhã lhe acordô,
e você se alevantô,
mode êle, tão ressacado ?

Bom, meu recado tá dado;
num sô mió qui ninguém.
No meu poema, porém,
quiz chamá sua atenção.
Pois eu prifiro, seu môço,
vê uis bichíin livre assim,
cantando no meu jardim,
do que dento d'um açaprão...

Bob Motta
Poema do livro PÉ DE PAREDE-CORDEL DE CABO A RABO, edição da Fundação Vingt-Un Rosado, 2001, esgotada.

por Alma do Beco | 10:12 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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