domingo, fevereiro 25, 2007

14 DE MARÇO

PEDE POESIA

Marcus Ottoni


Dito curto
Posto sintético
Verso

Eduardo Alexandre

Foto: Marco Polo / DN




Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.

As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque

os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira

Floresceram as acácias

as sapucaias

os flamboiaiãs

Voltou a raiar a liberdade no horizonte do Brasil

Germinaram as sementes

os ideais

as esperanças de dias de fé

Caíram as amarras

Desprenderam-se as ilusões!

Caiu em desgraça o verdugo

Sorriram os humilhados

Voltou a raiar a liberdade

No Horizonte do Brasil

Fez-se silêncio

Longe se fez ouvir o canto

Do uirapuru

Fizeram passar as bandas

os bois-de-reis

os caboclinhos

Pediram-se as cavalhadas

as vaquejadas

Brincou-se o carnaval

Ouviram-se cânticos de louvor a Deus

Vieram as passeatas

as procissões

Algazarras de crianças nas ruas

O povo saiu às ruas

Saiu às ruas o maestro

Caiu em prantos o avô

Que viu a liberdade chegar

A paz se fez na avenida

Na praça, a democracia surgiu

Ninguém pagou pra ver o palhaço

O circo também saiu

Os justos encontraram conforto

Todas as mães sossegaram

Os urubus não desceram pro pasto

O girassol não morreu

Pôs-se o sol num horizonte

Num outro a lua nasceu

- Boca de forno !

- Forno !

- Tirando bolo !

- Bolo !...

e se fez festa

Cantaram as crianças

os passarinhos

Ouviram-se as flautas

os oboés

o sono dos que morreram

Cantaram as juritis

as pombas-rolas

Saiu da gaiola o canarinho !!!

Eduardo Alexandre

Natal, 1977

PROJETO

PÉ DE POESIA

Local: Praça André de Albuquerque

Data: 14 de Março de 2007

Instalação: poemas pendurados em árvores, como frutos, a altura do leitor

Técnica: papel ofício em várias cores, envelopados em sacos plásticos


Foto: Alexandro Gurgel


Varal Fotográfico - Dia Nacional da Fotografia - APHOTO

POESIA DO BECO À PRAÇA DA POESIA
VIA NAZARÉ/JÁCIO/MUSEU CAFÉ FILHO/LARGO VICENTE LEMOS/PRAÇA ANDRÉ DE ALBUQUERQUE

EVOCAÇÃO DA CIDADE DO NATAL

José Bezerra Gomes

Beco da Lama, o maior do mundo,

tão grande que parece mais uma rua...

Cidade do já teve,

de boêmios

seresteiros,

que não alcançei...

Lourival Açucena (Lorênio),

o poeta Ferreira Itajubá,

regressando, de manhã, cedinho,

das últimas noitadas,

cheias de serenatas,

lapinhas e pastoris,

vestido de fraque, segundo dizem,

com uma enfieira de caranguejo

dependurada no dedo da mão,

ali na antiga feira da Tatajubeira...

Onde estão os teus vendedores de vendagens?

-rolete de cana...

-tapioca de côco...

-cuscuz de milho...

-bolo de pé de moleque...

E os teus turcos prestamistas?

que se foram das Rocas e doAlecrim,

com os seus baús de miudeza,

para a Rua das Lojas

da Ribeira, Cidade Alta...

Cadê o teu Porto do Padre?

de-frente do Paço da Pátria,

com os teus canoeiros,

com os teus boteiros,

com as tuas negras louceiras

lá de Barreiros...

-urinóis...

-xícaras...

-mealheiros...

tudo era feito de barro...

Em todas as bodegas,

para todos os paladares,

bastavam dois vinténs de meladinha,

com parede de camarão...

Nos domingos, dias santos,

apanhava-se caju, madurinho,

no tempo das matas ensombradas

das Quintas e do Goitizeiro

com muita fartura de

-cajá...

-mangaba...

-pitomba...

Do Canto do Mangue,

das salsas águas do Potengi amado,

abriam velas os teus Jangadeiros,

para, lá fora da costa, em alto mar,

ferrarem os peixes de linha:

-xaréu...

-cioba...

-cavala...

E os teus becos, Natal, tão teus?

-O Beco da Tatajuba,

ali pertinho do velho Cais da Praticagem,

ali pertinho do velho cais Tavares de Lyra

(com um ipsilon)

lembrando velhos embarcadiços,

um dia ancorados no teu porto...

-O Beco do Engole, de nome tãogozado,

sem falar no Beco da Lama, o maiordo mundo,

tão grande que parece mais uma rua...

Natal, cidade do já teve,

te-queremos assim mesma,

com um palácio que já foi presidencial,

onde passou a funcionar o Wander Bar,

em plena Rua do Comércio...

Natal, te-queremos com todos os teus recantos: a Areia Preta, o Areal, a Limpa

com a Fortaleza dos Três ReisMagos...

Lagoa Seca,

a Bica da Telha, a Baixa da Coruja...

O Carrasco,

o Cemitério Novo, transformado,

até bem pouco tempo,

num grande campo de futebol...

por Alma do Beco | 8:49 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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mariza lourenço

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