"O avanço da maré, que em alguns pontos chegou a 500m nos últimos 20 anos, segundo relatos de proprietários e moradores, ameaça varrer do mapa construções erguidas em algumas das mais concorridas praias da região, como Pititinga, Muriú, Barra de Maxaranguape e Maracajaú."
O POTI, 09/11/2008
Nação Potiguar
Tu és a linda princesa nordestina
Sobre a margem do velho Potengi;
Os cantares do povo deixam em ti
A cultura com roupas tão divinas.
Os pintores em telas tão grã-finas
Mostram a alma dum povo a florir,
Pelo tom dum pincel que faz surgir
Os costumes de forma cristalina.
Foste outrora habitada por guerreiros,
Os caciques, pajés e feiticeiros,
Filhos nobres das terras potiguares.
Teu sorriso deságua no atlântico;
E "Praeira" enfeita o teu cântico,
Ofertando a canção aos grandes mares.
Gilmar Leite
CENTRO CULTURAL
Com a fama de andar meio parado, o Beco da Lama recebe hoje à tarde festa promovida por organização dissidente
BECO DA LAMA TENTA RETOMAR VANGUARDA CULTURAL
Onde anda Gardênia? Por aí. A tarde era quente no Beco da Lama, mas não impedia o pessoal de entornar algumas. Rum, cachaça ou cerveja, tanto faz. Faltavam pouco mais de 24 horas para a grande festa do Gardênia's Day e tanto não havia nem sinal do homenageado como os organizadores confortavelmente batiam um papo cabeça na mesa do bar. Beco da Lama é assim, baby. Não podia ser diferente.
Último reduto da boemia e da "arte de resistência" na cidade vendida dos reis magos, o beco andava parado ultimamente, dizem as boas línguas. Por isso, este respeitabilíssimo Gardênia's Day, que rola hoje a partir das 15h, em frente ao bar de dona Nazaré, no coração do centro histórico, não tem outro motivo senão dar uma sacudida na bagaça. A cantora e compositora Edja Alves será apresentada ao público. Pedro Mendes e Tertuliano Aires ainda farão os seus shows em meio a exposições de fotografia e artes plásticas.
Das veias criativas do Gardênia's Day, não sairá nada além de arte, irreverência e duas siglas. E nem precisa. Como é sabido, os visitantes periódicos do Beco da Lama um belo dia criaram a SAMBA - Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências, em fins da década de 90. Insatisfeito com a pouca movimentação, Eduardo Alexandre juntou-se a outros boêmios e criou a BAMBA - Boêmios Amigos do Beco da Lama e Adjacências.
No entanto, a dissidência não ganhará ares de rivalidade. Para ser sincero, a leveza com que os representantes da BAMBA tratam a questão é hilária. De sacanagem, já rola a onda de criar a MUAMBA - Movimento de Unificação dos Amigos do Beco da Lama. E haja sigla. Eduardo Alexandre resume a história assim. "Tudo parte da irreverência, não existe essa rivalidade. Na eleição passada, teve gente que concorreu pelas duas chapas, sem problema algum", conta, apaontando para o artista plástico Franklin Serrão.
Com certeza, não importa se é a BAMBA ou SAMBA ou a MUAMBA, ou qualquer outra, que faz a festa acontecer nos becos irregulares do centro histõrico. Contanto que aconteça. Natal precisa. Pede. Clama de joelhos. Ao definir a importância do Beco da Lama, Eduardo Alexandre contou ao JH Primeira Edição que os movimentos do beco conseguiram resgatar o centro histórico do abandono e da marginalidade. Do abandono, tudo bem. Mas não da marginalidade. Nada é mais marginal, na cidade do sol, que o Beco da Lama. Mas marginal no bom sentido, de quem está à margem e se coloca como alternativa frente à "cultura oficialesca" de "não me toques" da capital.
E olha que no fim da reportagem aparece Gardênia. De camisa rosa e unhas pintadas, ele posa para a foto com a língua para fora. O pessoal aplaude. Gardênia está com o olho machucado e algum engraçadinho também pintara a foto dele no cartaz, deixando ambos de olho roxo. Irreverência sem limite, Gardênia apareceu. Natal precisa de Gardênia.
Isaac Lira
JH Primeira Edição
08 de novembro de 2008