"O ACORDÃO JÁ FOI PARIDO COMO UM MONSTRO.
Vicente Serejo
Eduardo Alexandre
De um eleitorado de 393.797 eleitores em 2004, Natal chegou a 418.153 eleitores em 2008, com um aumento de 24.356 cidadãos, pelo menos teoricamente, aptos a votar.
Eleito em segundo turno em 2004 com 192.513 votos, Carlos Eduardo Alves obtivera 137.664 votos no primeiro turno das eleições daquele ano.
Em 2008, já no primeiro turno, Micarla de Sousa ultrapassou a marca do atual prefeito em 682 votos.
Quem teve um crescimento eleitoral surpreendente foi Fátima Bezerra. Ela cresceu 512,04%.
Em 2004, já com apoio de Lula, obteve 27.331 sulfrágios, enquanto que, agora, com o apoio da governadora Wilma de Faria; do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho e; do prefeito Carlos Eduardo Alves, unindo as três esferas do poder executivo, obteve 139.946 dos votos da capital do Rio Grande do Norte. 512,04% de crescimento! Uma marca.
Mas não logrou seu intento.
Esses números dizem que o apoio recebido a nível local surtiu efeito: que os votos a si transferidos por Wilma, Garibaldi e Carlos Eduardo tiveram peso decisivo nessa alavancagem. Ou seja, não houve corpo mole dos novos aliados, nem dos aliados de antes, Lula especialmete.
Todos se empenharam e o crescimento eleitoral de Fátima foi surpreendente.
Surpreendente mas não suficiente para impedir uma derrota de 53.249 votos.
Essa marca em torno de, no mínimo, 50 a 60 mil votos, na minha opinião, parece ser a do voto verdadeiramente independente de Natal. Esse eleitorado, insatisfeito com os candidatos apresentados em 2004, votou em Miguel Mossoró e, agora, em 2008, revoltado com o plano pulo do gato de Fátima, unindo todos os poderes, no que veio a ser chamado de acordão, votou em Micarla de Sousa e a ela ajudou nessa vitória.
É, portanto, um eleitorado que deve ser respeitado.
Apesar de todo o crescimento eleitoral de Fátima nessa eleição, isso não foi suficiente para eleger sequer um vereador. Seu partido, que tinha dois representantes na Câmara Municipal do Natal, salvo alguma providência de alavancagem de algum suplente, a partir de janeiro não terá nenhum.
Ou seja, o PT precisa repensar sua maneira de fazer política em Natal. Algo de errado deve estar acontecendo e o eleitorado que ajudou em muito nessa diferença pró Micarla não é tão idiota como quizeram fazer pensar: sabe das coisas e vota com independência, sem cores partidárias ou imposições de quem quer que seja.