quarta-feira, outubro 22, 2008

PRIMA VERA

Marcus Ottoni


Não adianta ansiedade para definição de secretário A, B ou C porque isso eu não vou decidir agora. Vou decidir qual a estrutura administrativa que vai funcionar já preparada para este momento de crise econômica que estamos vivendo.""
Micarla de Sousa, prefeita eleita de Natal

Gardênia's Day

Para se compreender o espírito do Gardênia's Day, há de se dizer que estamos na primavera, estação das flores e que garden é jardim, jardim florido.

Será a festa das flores.

As mulheres estão convidadas a comparecer vestindo muitas cores, ostentando arranjos florais na cabeça. Homens e mulheres estão sendo chamados a levar flores, muitas flores ao beco amado.

Quanto mais cor, mais bonita será a festa.

Gardênia será oficialmente designada representante dos Boêmios Amigos do Beco para o concurso Kenga's 2009 e um concurso entre estilistas será realizado para ver qual grife a vestirá na data da grande disputa.

Versos de amor serão levados à festa.

Além das apresentações musicais, teremos exposições da Aphoto e da Associação dos Artistas Plásticos.

Pergunta-se se os Amigos do Beco são uma dissidência da Samba. Não, não são. São amantes do Beco que sentem falta do antigo e fraterno convívio que um dia foi e hoje não é mais. Longa vida para a Samba, é o que desejamos, vida repleta de muitas e vitoriosas realizações.

Portanto, nada de dissidências ou divisionismos, mas espírito elevado para a compreensão da necessidade de superação de um momento adverso que precisa ser vencido, para que possamos trazer de volta ao nosso centro histórico a alegria perdida.

Uma festa para resgatar essa alegria hoje escassa. Festa das flores e da alegria.

Dunga
Um boêmio do beco

Programação:

Dia 8 de novembro, na Rua Cel. Cascudo – Cidade Alta, a partir das 15:00 horas

Exposição fotográfica: Aphoto – Associação dos Fotógrafos do RN

Exposição de Artes Plásticas – Associação Potiguar de Artistas Plásticos

15:30h - Edja Alves
17:00h - Pedro Mendes
18:30h -
Mostra de Curtas Metragens - Projeto Cinema na Rua – NAC/UFRN/CURTACOM
19:20h - Tertuliano Aires


REALIZAÇÃO:
Boêmios Amigos do Beco da Lama e Adjacências - BAMBA

APOIOS:
Agência Cultural SEBRAE
Capitania das Artes
NAC/UFRN
OFFSET Gráfica


Meu pai, Odilon de Amorim Garcia

Nasceu em 19 de dezembro de 1919 na casa da avó, Maria Amália de Amorim Garcia, que ficava à rua Dr. Barata nº 222, vizinho à agência do Lloyd Brasileiro na Ribeira. De acordo com o costume da família, recebeu o nome do avô por ser o seu primeiro neto e o primeiro filho varão do despachante aduaneiro do Lloyd, José Alexandre de Amorim Garcia, pertencente à tradicional família de ascendência espanhola que chegou ao Brasil por volta de 1790. Sua mãe, Anália Lyra, tinha ascendência holandesa, pautava pela elegância, educação, habilidade manual e culinária.
Quando criança, divertia-se na praça Augusto Severo onde andava de bicicleta ou jogava futebol e bolinha de gude no Beco da Lama, já que morava na rua Vigário Bartolomeu tendo dentre os vizinhos os irmãos Protásio e Veríssimo de Melo, além de Armando Fagundes, e a movimentação da criançada era motivo de admiração do vizinho poeta, Jorge Fernandes. A alegria da infância feliz perdurou até a velhice. Em vários momentos procurou transmitir esse sentimento no convívio com a família e amigos.
Os seus estudos foram realizados inicialmente em Natal no Colégio Pedro Segundo e no Colégio Santo Antonio dos irmãos Maristas que funcionava nos salões da Igreja do Galo. Depois foi para Recife onde terminou o científico e depois ingressou na Faculdade de Odontologia onde se formou. No entanto, o primeiro ano de Faculdade foi feito em Fortaleza, onde fez em tão pouco tempo inúmeras amizades que duraram a vida inteira. Quando terminou a Faculdade foi obrigado a fazer o "tiro de guerra" no CPOR, em plena 2ª Grande Guerra. Transferido para Natal chefiou como 1º Tenente vários grupos, como o famoso destacamento na Barra de Maxaranguape, quando ficou sob a mira do inimigo, já que os alemães se preparavam para invadir a costa de Natal, cidade conhecida como o "Trampolim para a Vitória" dos Aliados.
Terminada a guerra, montou consultório na Ribeira à rua Aureliano, onde trabalhavam os mais ilustres profissionais da saúde como os dentistas José Cavalcante Melo e Rui Lago, os médicos Silvino Lamartine e João Tinoco Filho. Depois foi para o Edifício Rian no Grande Ponto.
No primeiro consultório aconteceu um fato que mudou para sempre sua vida quando substituiu José Cavalcante Melo que precisou fazer uma viagem. Chegou ao consultório uma moça para ser atendida, então notou que algo estranho estava acontecendo, ou ele estava sonhando ou aquela bela moça que parecia ter saído do écran cinematográfico ou das páginas de O Cruzeiro, existia realmente? A flechada de Cupido atingiu os dois imediatamente. Então o tratamento demorou mais que o necessário. Ao término de um mês de namoro, já estavam noivos e nove meses depois se casaram e em seguida chegaram cinco filhos que cresceram em um clima de amor e harmonia.
Um amor que foi solidificado com compreensão e amizade chegando aos 61 anos. A fortaleza de suas mãos se cruzando ao som de um Noturno Chopin, do Bolero de Ravel, de uma Fuga Bach, da Quinta Sinfonia de Beethoven, ou ouvindo Tom Jobim, Vinicius de Morais, Silvio Caldas, Elizete Cardoso. Um era como se fosse a sombra do outro. Conduziram os filhos a escolher suas profissões, quase todos se tornaram professores de universidades.
Pode-se afirmar que Odilon de Amorim Garcia foi um homem íntegro, inteligente, de fino trato que pautava as suas ações sob o prisma da honestidade e cautela. Circunspecto, às vezes, meio carrancudo impondo autoridade, características herdadas da família Amorim Garcia. Determinado e entusiasta na realização dos seus sonhos, vivenciando-os na hora certa e planejando-os com afinco e executando-os com galhardia.
Um desses sonhos foi criar um seleto grupo de cirurgiões-dentistas para implantar a renovação na Odontologia. Na ABO, Odilon prestou relevantes serviços organizando, juntamente com um grupo de amigos, várias jornadas odontológicas das quais participaram inúmeros profissionais renomados de outros estados. Esses encontros visavam a melhoria dos serviços no interior do estado e a integração da classe odontológica.
Como professor de Prótese Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia sentiu a necessidade de aprofundar suas informações, então foi para a USP assistir ao curso do Prof. Cícero Brito Viana. Anos depois, realizou um curso de especialização na Universidade Federal de Porto Alegre sob a orientação do Prof. Gaspar Soares Brandão.
A Federalização da UFRN pode ser considerada o mais entusiasta dos seus sonhos. Trabalhou durante meses, ao lado de Dr. Onofre Lopes para colocar as primeiras pedras. E anos depois, entusiasmado, chegou a contribuir na feitura do livro comemorativo do cinqüentenário da Universidade, no ano de 2007. Assistindo às solenidades constatou que a primeira semente plantada na instituição conseguiu atingir o mais alto patamar de desenvolvimento científico e tecnológico: a criação de cursos de pós-graduação e o constante incentivo às pesquisas.
Nos anos de 1970, quando assumiu a direção da Faculdade de Odontologia, a experiência e a vontade de modificar o velho levaram-no a intensificar o intercambio cultural com o Sul do país, principalmente com a USP e Bauru, dois centros de excelência na Odontologia. Organizou o primeiro curso de pós-graduação latus senso com a colaboração de professores paulistas. Conseguiu trazer mais de 100 professores de renome para ministrar cursos em nossa Universidade. Ainda recebeu durante sua administração o Projeto HOPE. Devido ao seu relacionamento com o diretor da Faculdade de Bauru, Dr. Paulo Amarante, conseguiu enviar 14 dentistas recém-formados para realizar o curso de mestrado, objetivando a melhoria do ensino, por isto, hoje, todos eles são professores da UFRN. Também contribuiu para a criação da UNP por solicitação do Chanceler Paulo de Paula.
Por amor à Odontologia, Odilon foi um profissional competente. A Clínica que leva o seu nome demonstra o apreço dos colegas e o reconhecimento de seu dinamismo entusiasta tanto como cirurgião-dentista quanto professor universitário.
O seu traço característico assemelha-se ao da música de Ravel: o dinamismo, em movimentos constantes, característica predominante nos descendentes de origem ibérica. Seus movimentos em torno das coisas que o fascinavam como a família, o América, a Odontologia resultaram em ações orquestradas em acordes melódicos firmemente delineados que indicavam o homem reconhecido por todos, como o amigo, o professor, o dentista, e maravilhosamente o pai, o companheiro nas horas incertas.


Maria Lúcia de Amorim Garcia


Os antigos mequetrefes

De 1865 a 1866, o naturalista suíço Luiz Agassiz e sua esposa Elizabeth Caty Agassiz permaneceram em nosso País. Era uma viagem não somente de observação científica, pois também descreveram o nosso País sob vários aspectos da vida social, como educação, cultura, clero, etc.
Eles, bem como outros viajantes da época, contribuíram com notícias históricas, geográficas e folcloristas do Império e das Províncias visitadas, que deixaram registradas em suas anotações.
Desde aquela época, já existiam no Brasil Antigo, os mequetrefes, pessoas que queriam fazer os outros de bestas (atuais vigaristas). Mequetrefe tinha também outras denominações: fulustreco, qualquer, fulaninho, beldroega, gente sem classificação. O termo valia, inclusive, para as prostitutas.
Naquele período colonial já apareciam uns "cabras-de-peia"
, que, desde 1850, agiam com esperteza, astúcia e trapaças, sendo, no entanto, logo desmascarados. Depois de conhecidas suas alicantinas, eram desacreditados, repudiados e execrados da sociedade.
Figuras conhecidas dos tempos antigos eram os carcamanos, que eram hábeis vendedores de produtos alimentícios e costumavam ajudar a aumentar o peso das suas mercadorias, usando a mão para empurrar o prato das balanças para baixo.
Usavam também o artifício de calcar com os dedos o flandre da lata de medida utilizada nas épocas passadas, pois dava a impressão aos compradores de que o recipiente estava cheio, quando, na realidade, continha menos quantidade do produto vendido.
Quando o comprador percebia que estava sendo enganado, segundo um linguajar típico do Rio Grande do Norte, "inchava de raiva", pois estava sendo surrupiado.
Então, surgiu no Brasil, oriundo de Portugal, o termo calote, segundo o mestre Cascudo, palavra muito comum nos dias atuais.
Naquela época, embora não existisse o Procon, os comerciantes inescrupulosos, carcamanos, eram levados ao ridículo, escárnio, e perdiam por completo a confiabilidade de todos.
A partir do século XVII, as pessoas desonestas, de má fama, eram chamadas de "boa pedra". Atualmente, usa-se pedra boa, com o mesmo sentido. Às vezes, vendiam produtos velhos (não existia data de validade), boiados, nos mercados ou feiras, iludindo os compradores.
A partir de 7 de novembro de 1831, os traficantes de escravos passaram a ser denominados de piratas, pelos abolicionistas e por grande parte da população, sendo repudiados por quase todos.
Existiam até os ladrões de tempo, que, com as suas interrupções para conversar besteira, atrapalhavam quem tinha o que fazer.
Naquela época, já cunhavam moedas falsas de cobre, fabricadas de tachos velhos, pedaços de navios, sucatas de caldeirões, que eram laminadas em máquinas muito rudimentares. Eram chamadas popularmente de "chanchan", sempre côncavas e convexas, nunca planas, facilmente identificadas pelo som característico que produziam, quando manuseadas.
Aqui, no Nordeste, essas moedas eram chamadas de "xenxém", e quando o povo queria se referir a alguma coisa sem valor dizia: Não vale um xenxém furado.
Em 1833, o ministro da Fazenda Cândido José de Araújo Viana, futuro Marquês de Sapucaí, recolheu as moedas de cobre em circulação e inutilizou-as, substituindo-as pelas legitimas, em peso e contagem.
Os vinténs fraudulentos foram substituídos pelas moedas de prata divisionárias e pelo papel moeda.
Esse trabalho levou vários anos para ser concluído, mas a imagem negativa do xenxém (que não valia nada) e do homem xenxém (que não prestava) era o símbolo da desvalorização financeira e moral, respectivamente.
Parece-me que continuamos na mesmice de sempre, alguns sempre atuantes a tirar vantagem de tudo e de todos, enquanto a população ainda sonha com a chegada do milenarismo, quando haverá no Mundo paz, justiça e felicidade gerais.


Elísio Augusto de Medeiros e Silva

por Alma do Beco | 10:49 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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