sábado, novembro 19, 2005

COMO SE AS PAREDES RESPIRASSEM

Hoje é dia de
A partir do meio-dia, na AABB
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OLHA SÓ A TURMA
Leléo, Paulinho a Cores, Chagas Lourenço, Afrânio Amorim
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Encontro de Roosevelt e Vargas, em Natal


"A oposição mantém o governo num estado de sítio permanente".
Deputado José Dirceu






É COMO SE AS PAREDES RESPIRASSEM

É como se as paredes respirassem

e os cheiros misturados se sentissem
e todas as palavras não calassem
embora no silêncio se fundissem
É como se o olhar soubesse o toque
e o toque adivinhasse o que não visse
mas visse no murmúrio o mesmo enfoque
na imagem que se viu mas não se disse
É como se a manhã não mais chegasse
e o dia fosse noite todo o dia
É como não querer que se acabasse
o instante em cada instante que se adia
e o teto fosse o chão e o chão o teto
e toda a atmosfera fosse afeto

É como se de pétalas chovesse
o lustre mas tal chuva não caísse
É como se o desejo percebesse
aquilo que a razão não mais medisse
É como se a pergunta respondesse
e o ventre da resposta perguntasse
É como não se ouvisse e compreendesse
o mínimo cicio que faltasse
É como se arranhasse e não ferisse
e tudo o que sentisse, delicasse
É como se dos poros se parisse
a alma em cada gota que suasse
e o gosto fosse o gosto de um só gosto
e o fogo não soubesse de qual rosto

E sem que se pedisse, se virasse
e em forma de pirâmide se erguesse
Uma mão que no espelho se agarrasse
e a outra o travesseiro pertencesse
e o beijo noutra boca deslizasse
e enquanto esse subisse, essa descesse
e a boca desse beijo se molhasse
e o beijo nessa boca mais bebesse
e o que não fosse beijo se encostasse
e a boca mais ainda recebesse
e o beijo no pescoço assemelhasse
da boca que pulsasse a que gemesse
e o mais só sussurrasse, sussurrasse
e sem que se dormisse, mais sonhasse

Antoniel Campos



Mais nada

guardarei meus versos exclusivos.
qualquer palavra quererei calada.
tua resposta - silêncio incisivo -
quero em murmúrio: "mais nada... mais nada..."

escreverei meu grito em tua pele
(pouco importando se calma ou suada),
escreverei o que ora me impele,
só para ouvir teu "mais nada... mais nada...".

os teus cabelos que te cobrem o rosto,
com minha boca afasto os fios, cada.
descubro a face, descubro teu gosto
e eu quem te digo "mais nada... mais nada...".

sorvo teu sumo, bebo do teu mosto,

que mais? pergunto. respondo: "mais nada..."

Antoniel Campos



TATUAGEM

"... ficar no teu corpo feito tatuagem"
Chico Buarque


e leva, por bagagem, o meu no teu sentir.
e quando eu for sorrir, ou for dizer bobagem,
que seja a minha imagem, a imagem que é de ti.

tu ficas por aqui - embora de viagem -
em mim, feito bandagem, na pele a me cobrir.
e eu faço coincidir - perfeita camuflagem -
meu corpo e tua linguagem, num doido possuir.

começo a te despir - e, a mim, tu, de passagem -
e eu (de sacanagem) assim te revestir
no beijo mais selvagem, das cores da celagem
e delas me vestir.

eu quero é te curtir! e ser teu personagem
dessa longa-metragem, só para te aplaudir.
eu vou me colorir com a tua maquiagem,
fazer tua dublagem sem fala a traduzir.

e para concluir, te quero por blindagem
na máxima dosagem que a pele permitir.
e sem te resistir, entrego-me à flambagem,
pra tê-la em tatuagem enquanto eu existir.

Antoniel Campos

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Inconfidências Becodalamenses

Axé, caro Laélio, nas madrugadas desta Cidade do Natal!

Por falar em madrugadas natalenses, houve tempo em que as conheci todas. Hoje, nem tanto. Conheci, por exemplo, aquelas em que saíamos, os da Rua Camboim, para as aulas de educação física, dadas e passadas no Ginásio Silvio Pedroza, anexo ao Colégio Estadual do Atheneu Norteriograndense, celebrizado pelos feitos de seus alunos (você um deles). Tempo sobrando, sempre dávamos um jeito de passar pela Princesa Izabel, onde morava Dr. Esmeraldo Siqueira, tão sábio, quanto mal humorado. Ora, a contramão se impunha, porque havia um leiteiro/padeiro que deixava suas encomendas nas portas dos habitantes daquela artéria. Pão e leite na porta dos outros toda vida foi uma gosma para atrair meninos arteiros. Mas a gente somente beliscava os bicos dos pães e tomava um ou dois goles do leite deixado nas garrafas. Madrugada dessas, eis que o Dr. Esmeraldo abre a veneziana da porta, respira fundo e, peito cheio de orgulho, dá uma belíssima banana, dizendo: "Natal, ó, aqui pra você!". Carreirão grande, meu caro! Salvou-nos o Prof. Tião, que àquela hora se dirigia para o seu mister.

Abraços matinais.

Taumaturgo


Taumaturgo, axé também

Vossa Mercê, hoje, acordou inspirado, relembrando coisas do nosso tempo.
Na Camboim, hoje Fontes Galvão, morava meu tio-avô Gabriel Menezes. Tinha uma vila de casinhas, criava uma centena de gatos. Era alto, os olhos azuis. Foi um dos solteirões mais cobiçados da praça, chefe da Estação Central Great-Western. Conheci-o já caducando, sempre invicto (nunca casou!), elegante, empertigado, vestido de casimira inglesa, fina bengala encastoada a ouro. Na esquina de cá, da Jundiaí, morava Palmira Wanderley, sempre à janela, emperequetada, o rosto empoado, cheio de "rouge", ainda bonita - a Regina Poetarum apelidada por Othoniel.
Você, certamente, é mais "moderno" do que eu: quando cheguei ao Atheneu (novo) Sílvio Pedroza não havia, ainda, construído o Ginásio que levaria o seu nome. O Professor de Educação Física era Roque. Tião, o assistente. No "Sílvio Pedroza" joguei basquete pelo Centro Náutico e pela AABB. E lá fiz, orador do Centro "Celestino Pimentel"e da canalha toda do Ginasial, um discurso (cheio de Ron Merino) saudando a Miss RN. Esqueci o primeiro nome da menina ! Era Furtado o sobrenome, filha de um caminhoneiro da Jovino Barreto. Casou depois com Érico Hakcradt, filho de Dona Nevinha - irmão daquele cavalo batisado, Erwin, zagueiro do América. A miss era do Femenino (na Jundiaí, ainda).
Esmeraldo (uma espécie de irmão siamês de Papai, amigo de fé) morava, sim, na Felipe Camarão, onde também morávamos nós. Vocês, larápios madrugadores, escaparam de boa... Esmeraldo era afobadíssimo, brabo como os seiscentos. Havia comprado a casa quando casou com Íris, filha do Investigador de polícia Meira Lima (sempre muito bem vestido), pai, também, de dois desembargadores - um deles, João, meu amigo, uma figura notável, sem pose, falecido há pouco tempo.

Laélio


por Alma do Beco | 8:04 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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