quarta-feira, julho 08, 2009

VAZIO ANTECIPADO

Marcus Ottoni


"Num cenário de recessão e queda na arrecadação, os gastos da Presidência com cartão corporativo duplicaram no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2008 - de R$ 2 milhões para R$ 4 milhões. A Presidência também aumentou os gastos sigilosos - não detalhados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) com a indicação do responsável pela despesa -, na contramão do discurso de transparência nas contas públicas. Do total de saques com cartão registrados no Siafi no primeiro semestre deste ano, 99% não têm identificação do responsável."
Regina Alvarez, na edição desta quarta em O Globo.



Muito
Diário de Natal
Edição de quarta-feira, 8 de julho de 2009


Em memória de um doce vândalo
A música natalense perde Afonso Lima, o Fon, figura emblemática da contracultura natalense
Sérgio Vilar // sergiovilar.rn@diariosassociados.com.br

Um pedaço da história da contracultura natalense se perdeu nas entrelinhas do tempo com a morte do músico Afonso Lima. Fon, como era conhecido, falecido em São Paulo, vítima de um câncer, guardava memórias libertárias naqueles cabelos compridos; vontade de Liverpool, embora o jeito compenetrado trouxesse à lembrança um Bob Dylan de respostas aos ventos. Fon nasceu mesmo foi na década de 60. Apareceu para os festivais na Fortaleza dos Reis Magos ou no Juvenal Lamartine; para a contracultura a favor de uma democracia distante das marchas e encontros musicais na Praia dos Artistas. Época de Vândalos - o conjunto de jovens roqueiros inebriados pela doce rebeldia de James Dean.


Fon toca seu baixo em show dos anos nos anos 90: personagem importante da cena alternativa Foto: Arquivo/DN/D.A Press
A psicodelia desfilava pelos corredores da UFRN. "Calças coloridas, bolsas à tiracolo e o som da música#", lembra o amigo Véscio Lisboa. Pelo inglês fluente de Fon, as mensagens do "velho mundo" pintadas pelas cores de Woodstock chegavam aos rebeldes da província. A residência de Fon era (a) Praia dos Artistas da época; um Cavern Club versão jerimum, voltado para o mar e aberto à música, sobretudo aos sábados de microfones e instrumentos plugados para farras musicais durante a noite. "Gerações de músicos se formaram na casa de Fon: Enock Domingos, Babal, Carlos Moreno, entre outros", lembra o músico João Galvão.

Fon sumiu há um ano da cena musical. Ficou em estado lisérgico (músico que é músico não vegeta) devido a um tumor no cérebro. Na última segunda-feira ressucitou seu contrabaixo em outros ares. Valeu o esforço, como afirma o amigo de colégio e de rock Nelson Freire: "Há pouco mais de um ano formou-se essa grande corrente torcendo pela sua saúde. A sua partida não invalidou o esforço feito. Até porque sabemos de antemão que temos o bilhete da volta já comprado. Só não sabemos o dia da viagem. É a prova de que a amizade é artigo que não se compra, se conquista. Como você fez, meu primo Fon".
______________________

Adeus por décadas antecipado

Recebi a notícia da morte de Fon por e-mail, através de seu irmão Lola, músico natalense radicado na Itália há mais de duas décadas, período em que ele, Fon, também esteve ausente de Natal.

Nos conhecemos no Marista, onde estudou sua mulher Kathy. Enquanto em Natal, logo após o casamento, Fon residiu na Praia dos Artistas, no final do quarteirão, diante da praia, onde fazíamos a Galeria do Povo.

Foi um amigo de muitos e muitos frequentavam a sua casa em busca de música e amizade. Tinha um carisma todo especial, contagiante. Foi um dos líderes de sua geração, cheia de grandes figuras.

Depois que ele e Lola partiram, foi como se a música da cidade tivesse ido embora com eles. Ficou um vazio que nunca foi preenchido. O que era um movimento tornou-se um nada, calando definitivamente uma geração que migrou para a profissionalidade em outras áreas de melhores sucessos financeiros, ensejando o fim de uma era que poderia ter sido mas não foi.

Parte Fon, como estão partindo vários de minha geração de Marista e de uma Natal romântica, contaminada pelas grandes transformações que chegaram ao mundo nos anos 60. Uma geração que sonhava e lutava contra uma opressão que fazia doer o nosso cotidiano.

Essa ida definitiva de Fon para todo o sempre é para mim como algo que me parecera antecipado, a cidade sepultando prematuramente os seus artistas, compelidos a busca de outros caminhos que lhes permitissem melhor sobrevivência.

Sobrevivência que deixou ao vazio toda uma produção artística de excepcional qualidade, para dar lugar a uma frustração nunca reclamada pelos que ficaram.

Realidade triste essa da nossa geração que sonhou, mas infelizmente não pode realizar o que tinha em potencial.

Fica um vazio que já não fora preenchido, uma saudade cortante, um adeus por décadas antecipado.

Dunga

por Alma do Beco | 9:41 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

.. .. ..

.. .. ..

Recentes


.. .. ..

Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

.. .. ..

A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

layout by
mariza lourenço

.. .. ..

Powered by Blogger

eXTReMe Tracker