“Pela primeira vez, este povo está comendo, os pobres estão tomando café da manhã, almoçando e jantando.”
Lula
Léo Sodré
Troféu O Poti
Hoje, às 16:30h e amanhã, às 18:30h, a TV Câmara, Canal 37, a cabo, estará mostrando a entrega do Prêmio Cultural Diário de Natal.
Confira a lista dos ganhadores do troféu O Poti
Instituição que mais apóia a cultura sem fins lucrativos - Casa da Ribeira
Empresa que mais apóia a cultura - Banco do Brasil
Produtor cultural - Eduardo Alexandre
Dança - Edson Claro
Cinema - Jussara Queiroz
Escultura - Dimas Ferreira
Literatura - Oswaldo Lamartine
Teatro - Lenilton Teixeira
Pintura - Erasmo Andrade
Música - Manoca Barreto
Conjunto da Obra - Grupo Araruna
Artista do Ano - Elino Julião
No Programa Câmara Cultural, também na TV Câmara, amanhã, às 09:30h, Eduardo Alexandre entrevista o jornalista Osair Vasconcelos, diretor de redação do Diário. Ele fala de jornalismo e da cerimônia de entrega do Prêmio Cultural Diário de Natal.
Bardalo’s na Copa
Neste domingo, a partir das 11h, tem feijoada no Bardallo’s e telão para os que quiserem assistir ali o jogo Brasil X Austrália.
Em exposição, a série Futebol, desenhos de Newton Navarro, e coletiva de artes plásticas "Um time de arte na Copa", com Marcellus Bob, Eduardo Alexandre, Marcelo Fernandes, Carlos Sergio Borges, Valderedo Nunes, Serrão, Falves Silva, Fábio Eduardo, Venâncio Pinheiro e J. Medeiros.
Destaque: O dono da bola, de Franklin Serrão.
Escanteio
No campo, os deuses existem
consagrados nas arquibancadas
da fama
Há que fazer o gol
E fazer muitos
Fazer bonito
Driblar o adversário
e a maldade do mundo
da notícia
São santos os edsons
Arantes de nascimento
Leônidas
da Silva, Zicos
Garrinchas
A eles não basta ser ronaldos
há que ser romários
robinhos
gérsons e rivelinos
domingos de guia
A eles, uma partida
gloriosa partida
de gols
ou o impedimento e vaias
à falta deles
Na rede, a bola repousa
Venceu a meta
Foi explosão e lágrimas
esquecidas na discussão
sobre o jogo seguinte
Eduardo Alexandre
Abolerado poema visual
Na teoria do conhecimento,
o pensamento mítico é uma forma de compreender intuitivamente a realidade. Ingênuo, fantasioso, não critico, anterior à razão,
é atribuído as sociedades mais arcaicas como maneira de se situar no mundo,
dando substância a ação humana.
Não obedece a lógica, nem verdades (empírica ou científica),
nasce do desejo de entender o mundo
para afugentar o medo e a insegurança.
O desenvolvimento do pensamento reflexivo
(dos gregos à idade contemporânea)
condenou à morte o “pensamento mítico”?
Negar o mito seria negar uma das forças fundamentais da existência humana.
O ritual é mito tornado ação. Práxis deificante.
O futebol é exemplo nato de um ritual.
Esquecer o cotidiano e irracionalmente,
exacerbar o desejo de fazer o atual sagrado.
Uma bola, vinte e dois ridículos humanóides, onze de cada lado,
em busca do gol faceiro.
Ato sublime de banalidade que assume um contorno mágico.
Uma copa do mundo é a materialização cabal da globalização
a imagem e semelhança da “aldeia Global” macluhaniana.
Todo planeta abobalhado em volta da tela quadrática,
massa estupefata no vácuo de um evento irascível,
público transmutado na simultaneidade efêmera.
A única prática hegemônica geopolítica do mundo é o futebol.
A FIFA detém a supremacia inconteste.
Enquanto noutros esportes existem várias federações,
no futebol a FIFA é absoluta.
Em qualquer lugar da terra
(até em Itajá, terra do “mexicano” Zinha e do nosso Souzinha)
só é possível exercer a profissão de jogador
se for ligado à instituição toda poderosa.
Sem choro, nem vela ou (H)avelange.
No nosso terreiro, que tange a alegria além da prova dos nove,
o futebol tornou-se entidade nacional, aglutinador de identidade.
O país se confunde ou foi salvo pelo esporte.
No futebol a nossa miscigenação condenada à sua inferioridade inata:
climático-telúrica, asnal-lusitana, católica-humanita,
resplandeceu aos quatro cantos da geóide.
Alertando que todos os gens sapiens reunidos numa persona só,
corporissantificado na malandragem macunaímica,
poderia representar uma tênue possibilidade
de as zonas tórridas vingarem
mesmo que seja num futuro - que teima em porvir.
Ginga, suor, e, claro, lágrimas.
Na inversão da realidade,
o simulacro da felizcidadania ("do tamanho de um super Maracanã")
a bordo da incauta cultura do aviltamento desmemoriado.
Como filosofar se não sabemos alemão?
Brasil: macunaímico país de domingoooools!
Plínio Sanderson
Professor Napoleão - VI
Napoleão nunca ficava a vontade quando abordado sobre questões divinas. Preferia mudar a conversa. Homem de ciência, um historiador, decerto não acreditava em nada que não tivesse comprovação científica, já deixara isso claro. E essas coisas de fé, de paixão, preferia não se posicionar, deixara claro quando lhe perguntaram, ninguém sabe porque, se ele torcia pelo Flamengo.
- Gosto muito de futebol. Muito mesmo. Mas não me acho no direito de escolher um time para mim. Gosto de todos. E gosto quando ganha o que joga melhor. Aprendi a não me prender a paixões materiais, dissera, deixando clara a sua posição.
Quando estava nessa parte de sua fala, vendo que o assunto poderia se esgotar por ali, sem maiores conversas, ou se prolongar pelo dia todo, resolvi arriscar sobre a História do Rio Grande do Norte.
- Professor Napoleão, é verdade que mesmo antes de Cabral, o Rio Grande do Norte já havia sido visitado por navegantes europeus?
Napoleão não levou muito e já estava respondendo.
- É possível. Naquela época, a América já havia sido descoberta por Colombo e navegantes tanto da Espanha como de outros países navegadores da época, como franceses, holandeses e ingleses, já se aventuravam ao mar Atlântico, buscando riquezas ou atraídos por imensa curiosidade, com certeza em busca de algo que se transformasse em riqueza. O mundo sempre girou em torno do dinheiro, do poder e da glória.
A turma, simplesmente, estava paralisada, boquiaberta, esperando sempre o minuto seguinte, a nova informação trazida pelo baixinho.
- O primeiro registro que se tem de Rio Grande do Norte na História é um fato até bem pitoresco para nós. Vocês se lembram que após descobrir o Brasil, que ainda não era Brasil, era Ilha de Vera Cruz, Cabral continuou seu caminho para as Índias, mandando para Portugal a famosa carta de Pero Vaz de Caminha, aquela que fala que aqui, em se plantando, tudo dá? Pois bem, essa carta foi levada para Portugal por Gaspar de Lemos, que não seguiu a esquadra de Cabral exatamente para levar a boa nova ao Rei. Esse mesmo Gaspar de Lemos foi incumbido de voltar à Ilha de Vera Cruz para chantar alguns marcos de terra, garantindo sua posse para Portugal, apesar da garantia do Tratado de Tordesilhas, que lhe assegurava esse direito.
© Eduardo Alexandre