Melhor tirar Adriano e adiantar Ronaldo para a função mais descansada e gloriosa de matador, escalando Robinho de titular, definitivamente.
Neuza, nossa enviada à Alemanha
Oliver Weiken/EFE/AE
Brasil 1 X 0 Croácia foi como uma final
E mais difícil que Brasil 2 X 0 Alemanha em 2002
Os que dizem que o Brasil jogou mal não viram o exuberante futebol de resultado tático apresentado pela Croácia, um time que pode chegar a final da Copa. Pela performance dos dois times, entre os melhores da Copa até agora, o placar poderia ter sido elástico: 3 X 3, 4 X 4. Ou 4 X 3, 5 X 3 para qualquer dos lados.
Demos sorte e fizemos o gol salvador, com Kaká.
Ronaldo está pesado, adoentado e desestabilizado pela gafe irresponsável do primeiro torcedor – aquele, do qual dizem a ‘mentira’ de que bebe enquanto governa – , mas deve ser mantido para poder pegar ritmo de jogo. É um imprescindível.
Robinho deu nova vida ao time brasileiro. Melhor tirar Adriano e adiantar Ronaldo para a função mais descansada e gloriosa de matador, escalando Robinho de titular, definitivamente.
Quando pequena, escutava dos meninos nas peladas: “a bola só procura os craques.” O jogo demonstrou isso: ela rolava, rolava, e chegava aos pés do melhor do mundo e do jogo: Ronaldinho Gaúcho.
Brasil X Croácia pode ter sido a final da Copa. Foi mais difícil que a Alemanha de 2002. Pelo andar da carruagem, adversário em igual nível só a República Tcheca.
Valeu, Brasil!
Neuza Margarida Nunes, enviada do Alma à Copa da Alemanha
Professor Napoleão - IV
Quando a 8ª D saiu de sala, foi uma das maiores algazarras já vistas no colégio, todos eufóricos, checando as opiniões do professor Napoleão, especulando, levantando hipóteses, algumas das mais absurdas.
Nicodemus, da 7ª A, garantia que a Lua seria habitada no seu subsolo, e que a humanidade seria destruída por essa gente, revoltada com experiências de terráqueos no seu satélite. Para ele, os terráqueos jamais iriam saber da existência deles, explodidos de vez que seriam, sem chances a defesa ou a sobreviventes, de surpresa.
Apesar da palavra final do professor Napoleão, dizendo que aquela especulação era por demais absurda, Nicodemus fê-lo dizer para todos que apesar de absurda, aquela hipótese não podia ser descartada, já que elementos não havia que provassem o contrário. Napoleão rira, disse ser Nicodemus bem perspicaz, mas insistiu na pouca possibilidade da especulação.
- A Lua é tão fria e tão quente que isso jamais poderia acontecer, Nicodemus. Teria dito encerrando a conversa, depois de mais de vinte minutos debatendo o assunto e a turma já chateada, pois queria tratar de outros temas de interesse histórico sem que Nicodemus largasse do pé do professor.
Sanderson, da 8ª A, estava excitadíssimo. Contou que o professor Napoleão, na sua turma, chegara e dissera que o mar iria cobrir todo o planeta.
- Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, vocês já ouviram isso?
Foi a resposta do mestre respondendo a questão formulada por Santuza que queria saber se com o derretimento das camadas polares em decorrência do efeito estufa, as águas iriam cobrir a superfície da Terra.
- Pois bem, continuou ele, não gosto de fazer conjecturas. Vocês bem sabem que a História trabalha com o passado. Mas nós podemos fazer projeções, disse ele enigmático, muitos sem saber o que significava projeções.
- A tendência natural do mar é avançar cada vez mais sobre a superfície. Ele vai batendo, batendo, levando tudo para o fundo das fossas abissais. É possível, pois, que esse constante trabalho da natureza, mais a ação do calor, dos ventos, das chuvas, façam com que as águas ocupem lentamente a superfície terrestre, até que não tenhamos nem mais o Evereste de pé, a água corroendo tudo. Isso é mais do que possível, mais do que certo que aconteça, se nada interromper o curso natural da nossa História.
Sanderson estava simplesmente tomado pelo espírito do professor. Contava, como se fosse o próprio Napoleão falando aquilo, um grupo enorme em volta, gente de todas as séries e até alunos de sua turma, ainda boquiabertos com as projeções feitas pelo mestre na sua sala.
- Tudo será tomado pelas águas. Tudo. Santuza saiu da aula repetindo, feito sonâmbula:
- Tudo será tomado pelas águas. Tudo. Tudo.
Felipe, da 6ª D, meio incrédulo com a invasão do mar mesmo sem o derretimento das camadas de gelo, como dissera o professor, foi logo dizendo:
- Esse Napoleão é um maluco. Vocês acreditam nessa história, seus bobos?
- Faz sentido a observação do professor, Felipe. Retomou Sanderson. E repetiu o que Napoleão dissera:
- Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura! É claro que Napoleão tem razão. Se nada nos acontecer, o tempo, os milhões e milhões de anos, farão com que o que hoje é pedra se transforme em grão. Esse grão será levado pelas águas para o fundo do mar e assim ele vai invadindo, invadindo, e cada vez mais a superfície vai se tornando menor. Faz sentido o que Napoleão disse ser projeção, não algo dito pela História, confirmado por ela através de dados concretos. Mas possível diante do comportamento da natureza.
- E aí, como é que vamos viver com toda essa água cobrindo o planeta? Ninguém perguntou isso a Napoleão, Sanderson?
Sim, Andréa havia perguntado. Napoleão respondera que se ainda houvesse humanidade nessa ocasião, com certeza ela saberia sobreviver a isso.
© Eduardo Alexandre