quinta-feira, junho 15, 2006

RELÓGIO

Marcus Ottoni


“A nove dias da convenção que vai oficializar o seu nome como candidato à reeleição, Lula ainda não atraiu para a sua chapa nenhum partido político. Corre o risco de disputar a eleição com o apoio solitário do PT. O PC do B, única legenda que admitira a hipótese de coligar-se à sua candidatura, ameaça dar meia-volta.”
Josias de Souza





Retrovisor na Casa da Ribeira

Ângela Castro, Khrystal, Luiz Gadelha, Simona Talma e eu, Valéria Oliveira, estaremos, pela primeira vez, todos juntos, no palco da Casa da Ribeira, dia 17, sábado, às 21h, em única apresentação, mostrando nossas parcerias e canções conhecidas, escolhidas livremente por cada artista.
Nos acompanharão neste show Antônio de Pádua (trompete, cavaquinho e pandeiro) e Fidja (percuteria).
Esse é o novo formato escolhido pelos que fazem o Retrovisor para o mês de junho.

Informações (a partir das 16:00h): 3211 7710

E o melhor!
Daremos como brinde o CD demo do Retrovisor para aqueles que pagarem o ingresso inteiro.

Agradecemos aos nossos apoiadores e esperamos a presença de todos vocês.

Acessem nosso blog e saibam mais novidades sobre o show.
http://www.projetoretrovisor.weblogger.terra.com.br

Valéria Oliveira



O Relógio

Fatos, fotos
Atos mortos
O tempo
Não volta mais
Fatos, fotos
Ratos e a flor de lótus
Mas o tempo
Não volta atrás
Fatos, fotos
Lembrar e esquecer
Pois o tempo
Não volta jamais.

Marcelo Bolshaw



Nossa gastronomia morta

Aulas pela manhã e o nada para fazer à tarde, porque estudar mesmo só em véspera de prova, e, assim mesmo, de cara amarrada, revolta toda da vida com aquela obrigação inquisitorial de conhecimentos.

Adolescência chegando, o melhor programa era tomar rumo da Cidade Alta para assistir uma chanchada no Cine Rio Grande. Oscarito, Grande Otelo, Zé Trindade. Era o máximo, todo o reino da Atlântida aos nossos olhos!

Melhor ainda era o pós-filme no canteiro que separava as duas pistas de rolamento da Avenida Deodoro da Fonseca, numas biroscas de madeira onde se vendia caldo de cana com pão doce e cachorro-quente de carne-moída e vinagrete, entre duas fatias de pão francês.

Ali, servia-se o melhor elixir da vida: o refresco de mangaba, fraquinho, que delícia!

A combinação das duas preciosidades, o nosso cachorro-quente e o refresco de mangaba, era tudo: a receita gastronômica mais simples e saborosa da cidade. Nem com Crush, aquela combinação perdia parada. Nem com refresco de cajá.

Dava nem para lembrar os decotes e coxas das vedetes nos musicais de enredos bestas.

Para trás, havia ficado o compra-e-vende e o troca-troca de revistas em quadrinhos das manhãs dominicais nas calçadas do Cinema Rex. Os seriados e o filme do dia.

Tarzan, o Zorro da espada e do pançudo sargento Garcia, filmes de piratas atraíam multidões de meninos às casas de projeção da cidade. Casas cheias também em vésperas de semana-santa, com ‘Marcelino, Pão e Vinho’ ou algum épico bíblico. Rio Grande, Rex, Nordeste, Poti, São Luís e São Pedro, o dito pulguinha, coitado, eram os cinemas da cidade.

Se alguém queria namorar alguém, convite para assistir um filme era fatal. Era a senha para o sim, se aceito. E podia reservar dinheiro para a compra do drops Dulcora.

Depois, o cachorro-quente ganhou salsicha e pão especial e ‘evoluiu’ para hot dog, ficou sem graça, entrou para a família dos amburgueres importados e os acompanhamentos passaram a ser batata-palha, quetitchupe e maionese, mostarda e Coca-Cola.

Os quiosquezinhos do canteiro central próximos ao Cinema Rio Grande foram mais tarde demolidos e deles só restou a saudade dos doces e deliciosos refrescos de mangaba. Quem perdeu, perdeu. Nunca vai se deliciar da mais simples e apetitosa iguaria de rua do cardápio natalense de antanho.

Quem muito procurar os sabores daquela época pode até ser que ainda encontre, em algum ponto perdido, um caldo de cana com pão-doce.

Nem isso, porém, também de doce e deliciosa combinação de sabores, vai substituir o prazer das papilas gustativas diante das fatias de pão com carne-moída e vinagrete, o nosso legítimo cachorro-quente, também servido nos jogos do velho Estádio Juvenal Lamartine, acompanhado do refresco de mangaba fraquinho das biroscas do canteiro central da avenida Deodoro.

Eduardo Alexandre



Professor Napoleão - V

- E aí, como é que vamos viver com toda essa água cobrindo o planeta? Ninguém perguntou isso a Napoleão, Sanderson?

Sim, Andréa havia perguntado. Napoleão respondera que se ainda houvesse humanidade nessa ocasião, com certeza ela saberia sobreviver a isso.

Dito isso, a classe estourou em curiosidade, contou Sanderson.

- Vamos viver no fundo do mar, feito aquelas estórias dos quadrinhos, em bolhas? Perguntara o próprio Sanderson.

Napoleão quis se esquivar, disse não querer fazer projeções, mas acabou conversando sobre o assunto, como sempre.

- A humanidade, apesar de tudo, tem se mostrado sábia em todos os momentos de sua existência. Ela poderia até optar por viver embaixo das águas, dela retirando o seu alimento e o oxigênio necessário a sua existência. Mas creio que ela teria outras alternativas, bem mais simples, como viver sobre as águas, em ilhas flutuantes ou cidades construídas sobre palafitas de concreto, aproveitando melhor a luz do sol. Depois de um certo tempo, com certeza o nível das águas estabilizaria e essas cidades sobre palafitas não seriam de todo impossíveis. Acho que seria uma opção viável ao homem. Ele poderia até fazer tudo o que vem fazendo durante todo esse tempo, plantando, criando animais, construindo cidades, mas que seria obra de vulto para a engenharia, seria. Mas não impossível.

Sanderson contou que, dito aquilo, tocou, e o professor prometeu voltar ao assunto, já que a turma pedira para que continuasse por mais um tempinho falando sobre aquela possibilidade do homem viver sem os pés no chão.

Conversamos mais um pouco e aí tivemos que ir embora, a aula acabara e somente nós ficávamos ali, sem ver o tempo passar, conversando sobre a aula de História.

Quando cheguei em casa para o almoço, papai, já na mesa, foi logo me perguntando:

- Como é, meu filho, você já teve a aula do professor Napoleão?

Aquilo me intrigara, pois, apesar de muito impressionado com a aula do professor Napoleão, eu não fizera nenhuma referência em casa, apenas correra para os livros de História, pesquisara sobre assuntos que sempre atraíram a minha curiosidade, mas nada dissera. Com certeza, nenhuma referência eu houvera feito ao professor na minha casa. Como, então, papai se referia a ele? Perguntei e ele me disse que havia sabido do milagre, daquele feitiço de um professor fazendo com que todos se voltassem para o estudo de sua disciplina, através de uma colega sua, de hospital, que também tinha um filho no colégio. Que o assunto foi tratado entre os médicos do hospital, por um bom tempo, antes que se dispersassem cada um na sua função.

Durante a tarde, pelo menos cinco dos meus colegas me telefonaram combinando assuntos que levaríamos para a sala de aula, no outro dia, no primeiro horário. Todos estávamos combinando para nos deter em História do Rio Grande do Norte, como eu propusera, ao final da aula anterior. Mas havia aquela pergunta sobre a possibilidade do homem vir do macaco e, aí, com assunto tão controvertido, podia até ser que eu nem tivesse chance de abordar o assunto.

Na manhã daquela segunda aula do professor Napoleão, poucos não foram os alunos que madrugaram na escola. Era uma coisa impressionante: o assunto professor Napoleão dominava todas as atenções, e até algumas mães de alunos se mostraram interessadas em assistir a aula, sendo desaconselhadas pelo diretor, que disse aquilo poderia atrapalhar a preleção, encabulando o professor.

Mesmo antes de tocar a entrada de aula, todos já estavam em seus lugares, livros de História abertos em assuntos que iam da diáspora do povo judeu até a chegada do homem a Lua, do naufrágio da embarcação que levava o bispo Caminha em nossas costas, tendo sido o bispo comido por canibais após escapar do afogamento, até o governo Collor, com as trapalhadas de PC Farias.

Quando Napoleão entrou em sala foi logo respondendo a pergunta da aula anterior, mesmo sem ninguém sugerir.

- Charles Darwin, um brilhante pensador, estudando a evolução dos animais, foi quem propôs a tese da descendência humana através de um processo evolutivo que vem de um primata que, com o tempo, vai se transformando por motivos diversos, como os recursos que cria para a sua sobrevivência, até se tornar o Homo Sapiens Sapiens dos nossos dias. Uma coisa boba, hoje fartamente comprovada através de achados fósseis que nos permitem ver com mais clareza essa afirmação. Qualquer livro de História Geral traz essa evolução, mostrando o homem ainda curvado, andando quase de quatro, até os nossos dias, depois de passar por uma fase denominada Homo Erectus, quando ele deixa a postura dos símios e assume definitivamente a que tem hoje, caminhado com equilíbrio sobre os dois pés.

- Cruz credo, professor! Nós então não fomos criados imagem semelhante a Nosso Senhor?

© Eduardo Alexandre

por Alma do Beco | 3:44 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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